Quando se desce devagarinho nem se percebe o quanto se desceu

É curioso como, olhando para trás, tudo se degradou a um ponto impensável há 10 ou 15 anos atrás.

Vamos perdendo a pouco e pouco capacidade de impor os nossos direitos mas de uma forma tão suave que parece que nada muda. Como uma pedra que vai rebolando pela areia e que ao fim de uns tempo ficou sem qualquer aresta viva. Ficou suave e rolada.

O curioso é que neste país, este nivelamento por baixo tem o apoio de uma parte da sociedade. A que está em baixo. Que vê a que está mais acima como um lote de privilegiados que afinal deviam ser tão sofredores e tão explorados como os outros.

Com este "apoio", que muitas vezes não passa  de inveja mesquinha, os governos lá vão cortando aqui e acolá até só ficar alguma coisa para a elite que decide. E que decide em seu próprio favor.

Um exemplo recente ilustra bem esta pressão para tornar todos uns desgraçados.

O caso do pagamento aos professores por cada correcção de exames nacionais.

Muitos dos que acham muito bem a directiva do Governo dizem que fazem horas a mais e que não são pagas, deduzindo por isso que ninguém as deveria receber.

O exceder as horas de trabalho semanal sem receber uma compensação por isso, não só é estúpido como é também ilegal.

Essa compensação pode ser feita de muitas formas. Dias de descanso, pagamento adicional pelas horas de trabalho ou, como em algumas empresas privadas, com reflexo numa melhor avaliação anual e um eventual bónus.

Mas como há aqueles que não têm acesso a nada disto e lhes parece mal que os outros tenham, cada vez mais as empresas exigem uma dedicação TOTAL em troca de nada.

O argumento de que já pagam bem ou de que há mais gente que gostaria de ter o nosso lugar é comum e leva a um sentimento de medo que silencia qualquer réplica.
E muitas vezes vão ainda mais longe "exigindo" esforço durante os fins de semana ou fora do horário de trabalho. Em troca de nada.

Parece que já não basta trabalhar bem em troca do salário. É preciso também ter vergonha de exigir um tratamento justo.

Este nivelamento na mediocridade tem efeitos perversos.
Deixa de haver candidatos para a PSP porque são estupidamente mal pagos, deixamos de ter os bons alunos a ir para professores porque essa carreira perdeu o prestígio e o reconhecimento.
Temos gente que não passou de um aluno mauzito no secundário, que teve de tirar um cursinho manhoso numa privada a comparar-se com pessoas de muito maior qualidade académica e que se esforçou para ser alguém.
Como se tudo fosse igual.

Do ponto de vista de quem paga isso é perfeito. Com a bênção dos medíocres conseguem-se passar leis que nivelam tudo por baixo.
Os medíocres continuam a sê-lo, mas agora ficam muito mais satisfeitos porque conseguiram que todos os outros já não se diferenciem pelo que ganham ou pelo prestígio da sua função.

Finalmente acreditam que são todos iguais, Iguais aos piores.

Quando todos  estiverem numa situação em que não podem dedicar tempo à família (ou sequer tê-la), não puderem comprar uma casa porque saltitam entre empregos precários e não puderem planear minimamente o seu futuro teremos um colapso social total.
Iremos extinguir-nos como sociedade e como país. A natalidade em queda já é um reflexo disto.

A incapacidade de lutarmos pelos nossos direitos é evidente.
A reivindicação deu lugar ao silêncio. Os que reivindicam são apelidados de comunas por aqueles que acham que o sistema em que vivemos e que produz miséria em quantidades industriais, é o melhor possível.

Muitas das vezes pensam que a miséria é só para os outros. Acham que um dia se vão poder passear de descapotável com uma jeitosa no banco do lado, chegar à sua moradia minimalista e ligar o seu mega painel de LCD para disfrutar de um bom filme enquanto fazem "negócios" pelo telemóvel. Negócios, investimentos, coisas...
Mas pelo andar da carruagem, não vão ter nada disto. Comprar carros a crédito já deu o que tinha a dar, as jeitosas querem ser modelos "famosas" e preferem quem possa pagar os vícios, e no T0 em Massamá não cabe uma televisão com mais de 19 polegadas.
Mas a falta de consciência social, empatia e ideais vai impedir esta geração de lutar por alguma coisa. O individualismo exacerbado que se apossou da geração dos 20 e muitos, 30 e poucos impede que possam mudar alguma coisa.

As esperanças que tivemos com a liberdade, a esperança de ser um país ao nível de uma Alemanha ou de um país nórdico perdeu-se. Ficaram o emprego precário, as dívidas, o deficit e a austeridade.

Receio bem que já não seja na minha vida que eu veja este país ser aquilo que nunca foi - um país de jeito para todos. Estivemos perto, deram-nos todas as oportunidades mas, muito à portuguesa, estafámos o dinheiro todo em festa e fogo de artificio e fica agora o trabalho de apanhar as canas...
Continuamos a ser parte da Europa. Só que agora somos a parte menos nobre da sua anatomia, se é que me faço entender.

O campeonato dos miseráveis

Quantos pobres conheces tu e quantos pobres conheço eu?

Este é o concurso que dá pelo nome de eleições presidenciais.

Fernado Nobre viu uma galinha a fugir perseguida por um miúdo que lhe queria tirar o que ela levava no bico para poder comer (se eu tivesse tanta fome assim nem queria saber do que ela levava no bico... despachava a galinha e não se falava mais nisso). Não é político. Não faz parte dessa corja que rouba os pobres e não se preocupa com eles.

Francisco Lopes mais do que conhecer pobres, foi ele próprio um deles. Tão pobre foi que ficou comunista. Pensou que um dia ia tirar aos ricos e dar aos pobres. O facto de os ricos passarem a ser pobres não o apoquenta. Também não é politico. Ou melhor, é mas "em bom". Tem o mérito de querer tornar todos menos pobres. Com a excepção dos ex-ricos. Ah, e dos dirigentes também. Alguém tem de governar os pobres e evitar que apareçam ricos.

Cavaco Silva sempre falou dos pobres. Sempre teve apreço por aqueles tão pobres tão pobres que nem reflectem a luz, sendo completamente invisíveis. Por isso não os via. Tem desculpa. Nunca foi político. Aquele "curto" período em que foi primeiro ministro foi um deslize.

Manuel Alegre sempre falou de pobres na sua poesia. Nos almoços no Gambrinus com outros colegas de partido preocupados com os pobres sempre foi o que se preocupou mais. Nem o bife lhe assentava bem.Quer até um Estado Social que retire aos que ainda não são pobres para dar aos que já são. Não tem nada de político. É um anti fascista. Vive dos louros de uma luta contra um regime extinto há 36 anos. E a recompensa dessa luta recebe-a na reforma de deputado. Obrigado Manel, dou por bem empregue o dinheiro que pago de impostos para sustentar anti-fascistas.

Defensor Moura também conhece pobres. Tratou de alguns quando era médico. E ser pobre e doente bate tudo. Não é político. É um ex-medico, ex-autarca. Em Viana há poucos pobres. Emigraram para a Galiza para deixar de ser pobres.

Quem ganha?
Eu aposto no sr. da galinha. Já não basta ver pobres. É preciso vê-los em toda a plenitude da sua miséria. E um pobre a correr atrás duma galinha é uma combinação ganhadora.

Defensor de Moura também me parece bom. Mas um pobre doente não corre e como tal perde para Fernando Nobre.

Cavaco Silva sabe que existem pobres mas não os viu. Não deu por eles nem pelas galinhas. Mas deu pelos gatos e pelas lebres (se a vossa memória vai até 1987 percebem o que ele viu). Só sabe que quando foi primeiro ministro as galinhas começaram a ser importadas... congeladas e sem bico. Sabe que os pobres andam aí e está constantemente a chamar-nos a atenção para isso, não vamos nós passar pelo que ele passou - não os ver...

Manuel Alegre já não vê pobres há uns tempos. Mas vê galinhas. E corvos. E os corvos olham para ele e emitem uns sons nada reconfortantes. Fica-se com a sensação de enterro...

E Viva Portugal

A assembleia-geral da Associação Sindical dos Juízes Portugueses decidiu apresentar queixa contra o Governo português ao Conselho da Europa pela alteração do Estatuto dos Magistrados Judiciais.

De cada vez que uma noticia sobre os magistrados do MP ou Judiciais aparece num jornal on line, logo começa uma enxurrada de comentários mais ou menos dementes a desancar na arrogância dos juízes, nos seus principescos ordenados ou na sua "manifesta" preguiça.

Começo a ficar farto deste imediatismo aparvalhado, e triste com a constatação de que o nosso povo é realmente estúpido e impeditivo de que este país seja algo de jeito.
E não estou a falar do simplório inculto, porque esse ainda é respeitador, mas do chico esperto que embarca em toda e qualquer campanha de propaganda que lhe queiram servir pela garganta abaixo. Que do fundo da sua profunda ignorância acha que sabe tudo e que pode permitir-se opinar sobre tudo.
O típico espertalhoco que arranja esquemas para não pagar IVA e que brada porque os outros fogem aos impostos. O tal que trabalha o mínimo possível nem justificando o salário e que acha que os outros todos ganham demais. O palerma que começa a discutir a bola ao sábado, faz uma pausa na terça feira e continua até à quinta feira seguinte. O palerma que era um calão na escola e foi passando pela alergia que o ministério tem às reprovações e que não concebe que haja gente mais esperta, capaz esforçada e inteligente do que ele. É desse "palerma" que estou a falar. O que comenta os artigos de jornal e diz coisas como "deviam era ser todos mortos" o que revela não só limitações na gramática, mas também o perigo que seria ter gente dessa no poder.
O tipo de palerma que acha que se é testemunha de uma das partes (não da verdade). Que mente em tribunal com todos os dentes que tem na boca e que fica fulo se o juíz o expõe como um mentiroso e que acha que os do seu "partido" são todos umas flores e os do outros partidos são todos uns criminosos.
E que é tão palerma ignorante e estúpido que vota num partido sem fazer ideia do que ele defende. Para ele a política é como o futebol. E como é estúpido até ao osso em relação ao futebol, claro que também o é no que diz respeito à política.

E, infelizmente, há uma quantidade incrível deles neste país...

Este governo e este partido tiveram como alvo preferencial, desde que chegaram ao poder, a justiça. Por uma questão de vingança e por precaução em futuros casos, resolveram despojar o estado de direito de um dos pilares fundamentais - a justiça.
E com o aplauso destes acéfalos facilmente manipuláveis, teve um apoio calculado desde o primeiro momento. A campanha de desinformação acerca das férias judiciais foi o primeiro passo. Nunca os juízes e funcionários judiciais estiveram em pé de igualdade nesse debate. Insinuou-se que eles tinham 3 meses de férias e foi ver o povão a bradar pelas suas cabeças. Sócrates deve ter ficado com um sorriso de orelha a orelha e com a sensação (confirmada) de que podia usar esta estratégia até à exaustão com o povo estúpido que se lhe oferecia de mão beijada.

Veio depois o ataque à independência dos juízes e do MP. A sua subordinação factual (não formal) ao poder executivo. Assim, casos "delicados" como os que envolveram Sócrates acabam por nunca ver um devido castigo.

E é aqui que a dualidade dos estúpidos me deixa estupefacto. E confirma as minhas suspeitas - São realmente estúpidos.

Por um lado criticam os juízes e magistrados do MP (a maior parte nem distingue, só pensa na figura do juiz) por deixarem à solta "estes criminosos" mas por outro lado não percebem que estes actos do governo visam precisamente coartar aqueles que ainda têm alguma independência e rectidão e evitar que eles possam por estes "criminosos" por detrás das grades.

O governo trata a justiça como algo de secundário dando sempre a entender que o problema está nos agentes últimos da justiça (os magistrados) ao mesmo tempo que às claras lhes limita a independência de todas as formas possíveis, que os faz trabalhar em condições que levariam a Inspecção Geral do Trabalho a fechar uma fábrica nas mesmas condições, nem sequer assegurando os mínimos serviços dum tribunal (falta dinheiro para pagar telefones mas compram-se blindados para "malhar" nos "eventuais" manifestantes da cimeira da NATO).

As prioridades são claras. E o facto de a justiça não ser uma prioridade demonstra qual é de facto a prioridade em relação à justiça.

O povão estúpido embarca depois na demagogia e populismo fácil de um governo que tem nos juízes um alvo fácil.
Ninguém gosta do poder. Ninguém gosta de um chefe que lhe dê ordens ou de um juiz que exponha uma testemunha mentirosa ou que imponha uma sentença a um vigarista. E acreditem que vigaristas há aos milhares. Os que não pagam o que devem, os que interpretam contratos de maneiras muito sui generis, os que vivem de esquemas etc etc.
Mas ao contrário do médico que tem "poder" e que é visto como um salvador, o juiz é um malandro que obriga as pessoas a fazer aquilo que não querem fazer de livre vontade ou a fazer cumprir a mais básica ética e educação.
Os juízes são um alvo fácil e a crise é um excelente argumento para fazer aquilo que em condições normais seria impossível de fazer. Subordinar um dos pilares do estado de direito ao outro do qual seria supostamente independente.
E a Assembleia da República? Bem, essa faz o que sempre fez - nada. Fica a ver. A maior parte dos deputados nem percebem o que está em jogo e os que percebem precisam do ganha pão.
Gente com alguma rectidão moral como o Secretário de Estado da Justiça saem por não querer pactuar com isto. Outros, como José Magalhães (o tribuno mercenário digital), ou o arremedo de anti fascista que é o Ministro da Justiça, ficam a fazer o que sempre fizeram - porcaria e perpetuação no aparelho de Estado.

O que é triste é vermos depois generalizações e insultos a toda uma classe e a aprovação do "povo" de todas as tropelias que se possam fazer com uma classe profissional de elevada formação, capacidade de trabalho e sobretudo reservada e consciente das suas obrigações.

Repugna-me pensar no povo que temos. Que se deixa levar como um rebanho de carneiros em troca de uns minutos de satisfação por ver os "poderosos" ser achincalhados publicamente. E não os poderosos que merecem, mas sim uns quaisquer. Pensa estupidamente (como só os estúpidos conseguem) que sai a ganhar alguma coisa com a situação. Na verdade vai perder. Vai perder quando uma acção "dele" contra o amigo dum qualquer membro do partido de circunstância, for decidida em favor da outra parte de forma incompreensível. Ou quando mais um politico corrupto mandar destruir provas incriminatórias. E aí vai culpar quem? Os juízes, pois claro. É como culpar um tipo de mãos amarradas e com uma pedra presa aos pés de se ter afogado.

Estupidamente vingativo, estupidamente gastador, estupidamente incapaz de fazer um raciocínio, estupidamente estúpido.

Aí tens povo... Tu que votaste em Sócrates por duas vezes, que bradaste contra a justiça quando Carlos Cruz foi preso, que berraste quando o caso Freeport veio a lume, que achas normal que se passem diplomas ao Domingo em papel timbrado com telefones que só se usaram anos depois, quando Ferro Rodrigues disse que se estava a "cagar" para o segredo de justiça, aí tens a porcaria que fizeste.
O meu bem haja e o bem haja do Portugal que ainda usa o cérebro.

PS: É gente integra como esta que tutela a justiça em Portugal. O que acham vocês que este Sr. secretário de Estado pensa do tribunal que ordenou a demolição? I rest my case

Arrábida. Mulher de José Magalhães surpreendida com demolição

O fundo...

Fascinante!!

É o que me ocorre dizer desta brilhante ideia de criar um fundo para "ajudar" os empresários a pagar as indemnizações por despedimento dos seus empregados.
E que melhor maneira de fazer isto do que por os empresários que não despedem a contribuir para um fundo que paga os que despedem?

Atenção porque nos que não despedem há um pouco de tudo
  • Os que são fantásticos e recompensam os seus trabalhadores o suficiente para os manter motivados ao longo de anos. Aqueles que acham que as pessoas não se reduzem apenas ao preço que custam
  • Aqueles que são tão beras que as pessoas se despedem porque já não os podem ver mais
  • Aqueles que são tão incompetentes que afundam qualquer empresa e os trabalhadores, perante a catástrofe anunciada, tentam navegar para águas melhores.
Mas não deixa de ser notável que se introduza este factor de "justiça" em que o empresário que nada faz para despedir um trabalhador tenha de pagar os despedimentos dos outros...
Creio que esta solidariedade no despedimento não vai lá resultar muito bem...

Mas claro que já se começou a falar de plafonamento das indemnizações. Uns 3 dias por mês, o que vai dar 36 dias por ano. Pelas minhas contas isto não é muito diferente do que se tem hoje.

Só pode haver um catch... E é o facto de quem vai gerir este fundo ser o Estado. E como sabemos até que ponto os seus "gestores" são pessoas de "bem", não tarda muito veremos esse fundo ser incorporado numa qualquer caixa de pensões ou, o mais certo, é que quando esse fundo for necessário não tenha um tostão para pagar a ninguém.

E quem pode recorrer a esse fundo? Os que rescindem de mutuo acordo? os que se vêm na rua com direito a indemnização depois da empresa em que trabalham ir à falência por absoluta estupidez ou gestão danosa dos empresários?

Há dias um caso de uma empresa de "recursos humanos" que fornece mão de obra para os call centers da EDP e PT declarou falência.
Agora pergunto:
Como é possível que uma empresa com 3 ou 4 mil trabalhadores a quem fica com uma parte do que a empresa contratante paga por eles, ir à falência? Gestão primorosa sem dúvida.
Além de ser moralmente indefensável viver parasitando o trabalho mal pago dos outros e absolutamente incrível o nível de incompetência que é preciso ter para conseguir tal façanha.
Quantos trabalhadores precisavam de ter para pagar a um gestor? 500? Notável de facto. E estes 3 ou 4 mil como estavam em regime de prestação de serviços não levam nem um tostão mesmo que trabalhassem para essa empresa há anos a fio.
E ainda dizem que as nossas leis de trabalho são restritivas. Num país civilizado empresas destas eram fechadas pela inspecção do Trabalho no 1º dia. Mas cá convém a parasitas e contratantes que pagam misérias a pessoas que passam o dia sentados a fazer aquilo que nenhum "gestor" ou "director" seria capaz de fazer - gramar clientes 8 horas por dia e a ter tempos limite para o atendimento.
Recebem à chamada. Se não despacharem o cliente rapidinho começam a não ser rentáveis.

Esta medida canhestra a pedido da "Europa" (bela trampa de continente em que se converteu depois das conquistas do pós guerra. Parece que ficam contentes em transformar o Continente mais avançado em conquistas sociais numa nova China ou Índia.
Estão quase. Um dia destes só há luxo absoluto e esgoto. Nada pelo meio. A Índia é assim há séculos e a China também. O Brasil tenta deixar de ser.

Na verdade isto não se percebe. Percebe-se é que as associações patronais já estão todas contentes a pensar que se vão por na rua os trabalhadores mais antigos (e mais caros de despedir) para serem substituídos por outros mais baratos e com menos direitos.

Parece-me que os trabalhadores e os empresários vão ter uma surpresa com este belo fundo quando for preciso recorrer a ele...
Pode muito bem acabar por ser mais um imposto encapotado cuja receita vai servir para outros fins.

Mas aposto convosco que o dito plafonamento  não vai afectar os "amigos" que fazem contratos com clausulas de rescisão principescas mesmo que só trabalhem uns meros 6 meses numa empresa.
Casos como o de Mira Amaral na CGD e a sua reforma obscena (18.156 euros mensais desde 2004, aos 56 anos de idade, por ter estado 18 meses na CGD) vão continuar a acontecer e provavelmente pagos por outras empresas que além de pagar os impostos vão agora sustentar mais isto.
Se regulamentarem e pensarem isto como pensaram as portagens pagas nas SCUTS vai ser um estrondoso sucesso.
Há qualquer coisa que me diz que foi ainda pensado com mais ligeireza. E esta gente quando se deita a pensar tem uma forma de ver as coisas tão distorcida e superficial (ou desonesta que é o mais provável) que saem verdadeiros abortos legais e medidas impossíveis de implementar.

Se isto não é o "fundo" não sei o que resta escavar. Já chagamos ao núcleo e ainda continuamos.

Pela vossa saúde, ponham estes tipos na rua nas legislativas de Maio ou Junho de 2011. Pela vossa rica saúde...

O Perfil de Cavaco Silva

O perfil de Cavaco Silva visto da direita. Não deve ser muito diferente daquele que é visto da esquerda.
Portugal em pano(s) de fundo e um presidente imóvel...

EDP - Salários da Administração não são pagos pelos clientes

António Mexia dizia ontem na SIC que os salários a administração não são pagos pelos clientes da EDP.

Empresa curiosa esta...

Normalmente uma empresa paga a sua massa salarial, os seus investimentos os juros das suas obrigações bancárias as facturas dos fornecedores etc etc, com aquilo que vem da sua facturação. No fim sobra uma coisa chamada margem de lucro que é tributada em sede de IRC.
Na EDP não.
Existe uma parte da empresa que funciona assim, mas uma outra que vive num mundo paralelo em que os salários do conselho de administração caem do céu. E caem em grandes pacotes de notas e entre elas vem um envelopezinho com um cartão de crédito platina com um plafond razoável (sim, porque esta gente tem de manter o nível e não se lhes pode dar um plafond de 1000 euros por mês. Isso seria degradante).

Ao perceber isto cheguei à única conclusão possível. A administração é paga por Deus. Em Euros.
Assim se explica o bónus que Mexia recebeu pelo trabalho que os outros fizeram, ou até pelo simples facto de os consumidores não poderem trocar de fornecedor. Ao cair de céu, este dinheiro não é gasto por ninguém.

Isto contraria completamente o que eu meu pai me dizia: O dinheiro não cai do céu

Esta revelação não só pôs em causa todas as minhas convicções do tempo da juventude, como me coloca num sério dilema:

Devo eu educar os meus filhos da mesma forma que o meu pai me educou?
Ou devo ensinar-lhes o que agora aprendi?

Afinal António Mexia está numa posição da escala social que o meu pai não atingiu e portanto deve ter razão.
Por outro lado, ao contrário de Mexia, o meu pai sempre se pautou pela honestidade intelectual (e não só) e sempre lutou pelo que teve. Eu a seguir a ele também acabei por perceber que o dinheiro para mim não cai do céu.

Concluo que o que pode ser, e isto é de certeza o que se passa, é que os salários mais baixos não caem do céu. Deve haver uma espécie de limite celestial a partir do qual o dinheiro cai lá de cima.

E a julgar pelo que se passa em muitas empresas, deve haver de facto um limite a partir do qual o dinheiro cai do céu.
Assumindo que as facturas dos clientes já são tão baixas quanto possível e que delas não sai nadinha para pagar os salários mais altos, então esse dinheiro cai do céu.
Penso mesmo que a culpa de muitos salários nestas empresas serem baixos é nossa - dos clientes.
Se nós pagássemos mais pelos serviços, as empresas já poderiam pagar mais aos trabalhadores que ganham menos. 

Assim em vez de bradar contra as injustiças que acontecem com as diferenças salariais nas empresas, devíamos propor-nos a pagar ainda mais para suportar melhores salários para aqueles que ganham pouco dentro dessas empresas.

O resto, os salários altos das administrações, já vem do céu.
Este sistema de gritar para o céu a pedir "notas" explica os aumentos e os bónus que acontecem sem ninguém saber porquê. Os caminhos de Senhor são insondáveis...

Uma vez que existe intervenção divina neste processo e em face desta verdade insofismável só me resta deixar um pedido:

Deus,
da próxima vez que mandares um fardo de notas para pagar à administração da EDP, por favor afina a pontaria e vê lá se acertas com o fardo de notas nos cornos de algum. Pode ser o Mexia. Sugeria até que, em vez de notas, mandasses um saco grande com moedas de 50 Cêntimos. Ou vários. Um por cada membro do conselho de administração seria excelente.

PS. A juntar ao salário junta também as moedas correspondentes aos bónus. Nunca é demais assegurarmo-nos que os sacos têm o peso adequado...

As vitimas inocentes

Até há bem pouco tempo pensava que sabia quem eram - nós, o povo português, pagador de impostos que vê todos os dias as regras mudar em relação ao seu futuro, aos seus impostos, à sua reforma e ao futuro dos seus filhos.
A coisa parecia simples e fácil - as vitimas somos nós.

Mas começo a mudar de opinião. Depois de ver representantes do governo e do Partido Socialista desfilar na TV as razões de tudo isto, começo a pensar que as vitimas são "eles".

Com toda a retórica barata que têm usado nestes últimos tempos para justificar o estado em que estamos, começam a convencer-me de que são apenas vitimas das circunstâncias.

Ou talvez não...

Senão vejamos:
Estão no governo há 6 anos. Desde o início e a pretexto de uns tais 6.73% de deficit atiraram-nos logo para cima com uma aumento de impostos. Havia que acertar as contas do deficit.
Mas ao mesmo tempo começava um desbarato de dinheiro na administração pública sob a forma de lugares bem pagos em organismos feitos à pressa para meter uns quantos amigos. PPP's, empresas municipais, outsourcings assessorias, ajustes directos foram a imagem de marca destes 6 anos de governo.
A fazer fé nos 2 e tal por cento de deficit a que se chegou, eu diria que sem muita desta loucura e com o aumento da receita fiscal, em condições normais, teríamos tido um superavit orçamental.
Sem o desbarato louco que consumiu grande parte da receita extra, provavelmente estaríamos  hoje numa excelente situação.
Mas a verdade é que "a crise internacional causou isto tudo".

Ou talvez não...

A verdade é que a economia estava completamente estagnada bem antes da crise bater. E ao contrário de países em que a banca se enterrou em activos tóxicos (Irlanda, Espanha, Islândia) nós apenas chegamos a esta situação porque um estado completamente desvirtuado nega a toda a economia uma hipótese de crescimento saudável.
A verdade é que a catástrofe já vem de muito antes de 2008. A crise só acentuou esta letargia causando despedimentos em empresas que exportavam ou que eram filiais de multinacionais. O aumento do desemprego encarregou-se de aumentar a despesa do estado a ponto de começar a desequilibrar as contas.

Mas mesmo assim se persistiu no aumento da receita, ao mesmo tempo que com a desculpa de fomentar a economia através do investimento público, se fizeram mais contratos ruinosos que serão pagos dentro de alguns anos e que irão causar um sério impacto no orçamento (estejam ou não essas verbas inscritas no OE, porque o dinheiro para as pagar tem de vir de algum lado).

Agora as pobres "vitimas" do partido socialista alternam entre o discurso duro de quem descobriu uma crise nacional com a qual nada tem a ver (Teixeira dos Santos) e o discurso delico doce de Francisco Assis em que se coloca de fora de uma situação e se presta, qual herói, a ajudar a resolver com a ajuda do mui responsável e nobre PSD (nas suas palavras...)

Esta incrível falta de vergonha, talvez comparável à negação perante as evidências de alguns réus de Nuremberga, é dos exemplos mais despudorados de falta de carácter que já assisti durante a minha vida.
Não pensei que fosse possível um partido ter nas suas fileiras tantos indivíduos sem carácter alinhados com um discurso para parvos comerem.
É que nem a gente de cabeça mais simples vai nesta conversa.
Eles estavam lá quando a situação chegou a isto. Comeram da "gamela" estatal durante anos a fio e como tal são aos olhos de muito completamente culpados.
Durante uma maioria absoluta fizeram o que QUISERAM ao arrepio das mais elementares normas duma democracia. É que apesar do poder do voto maioritário a democracia não se esgota aí. Há limites éticos, morais e constitucionais que é preciso respeitar mesmo que se tenha uma maioria absoluta.
Mas para isso é preciso gente bem formada. E isso parece que é coisa que escasseia neste PS.
Digamos que eles nunca foram flor que se cheire mas ainda tiveram gente séria nas suas fileiras há uns anos atrás.
Agora parecem estar reduzidos a um grupo de meros aldrabões e burlões de aldeia que roubam aos idosos as suas pensões. E com uma desfaçatez incrível aparecem na TV a falar da situação como se tivessem chegado hoje e visto o estado em que isto está
"Ei, olha como isto está! Temos de fazer uma séria tentativa e um esforço patriótico para por isto em condições! Temos de nos unir com os partidos do arco da governação para resolver esta situação."
É como se fossem dotados de múltipla personalidade. Acabam de esfaquear um individuo e no momento seguinte olham para ele e alarmados tentam reanimá-lo e pedem a ajuda dos que passam. O assassino? Esse nem sabem quem é. Nem o viram.

E alternam entre isto e a arte de fazer contas como débeis mentais. O abrandamento da despesa a mais é das coisas mais hilariantes que vi um secretário de estado fazer. O raciocinio é digno de um QI de 20.
Se o orçamento mensal fosse de 1000 por mês, teriam ultrapassado 3.5 em Setembro (+35) e apenas 2 por cento em Outubro (+20) e no fim tudo ficará bem. Ou seja, têm dois meses para baixar 5 e tal por cento para ficar em linha com o Orçamento.
O problema é que não ultrapassaram só em Setembro e Outubro e segundo eles tem vindo a abrandar. Não é de estranhar que tenham um acumulado bem maior que 5% que vão ter de saldar em 2 meses.
Mas isto segundo eles não é descontrolo. Afinal está a abrandar.

Eu não creio que toda esta gente seja imbecil. Não é possível.
Apenas aprenderam a viver num sistema em que para trepar é preciso fazer favores de um lado e de outro. Ser bajulador, vender-se como o melhor do mundo.
Eles não são estúpidos. Acham apenas que basta o seu estratagema. Esquecem que é preciso competência. E tenham-na ou não, não vemos as suas manifestações exteriores.
O que vemos é um conjunto de acções desgarradas, que desafiam a lógica e que levam a pensar que as decisões são tomadas por interesses que nada têm a ver com o interesse público.
Alguns destes pobres ministros são académicos de algum gabarito. Gente que lecciona e formou gerações que lhes seguiram.
Não sei se não é de nos deixar ainda mais preocupados. É que estas pessoas que vemos hoje até à exaustão manifestar uma total incompetência, incapacidade de decisão e desfasamento total da realidade, andaram a formar universitários durante anos. Como se já não bastasse a estupidez natural de muitos delfins imberbes da nossa praça, ainda tinham que ter sido formados por gente deste calibre.

A perpetuação da mediocridade é inevitável. Os mediocres tendem a expulsar do meio deles quem os pode desmascarar como sendo medíocres. Por isso na politica partidária, nas J's ficam os alunos que normalmente são uns zeros academicamente. Que passaram toda uma vida pelas associações de estudantes a "brincar" aos politicos.

A mediocridade que vemos nos nossos governantes começou com a minha geração. A geração que apanhou o 25 de Abril no inicio da sua adolescência ou no fim da sua formação académica. E eles aí estão, formados em retórica, sem nunca terem criado nada, a viver toda uma vida adulta em lugares de "chefia" que por mérito nunca alcançariam. A decidir o futuro e a julgar a competência dos outros.
Nos "entretantos" vai-se ao congresso partidário apoiar o vencedor. Isso garante mais uns lugarinhos por uns anos quer o partido esteja no governo quer esteja na oposição.
Foram nossos colegas.
Eram umas tretas como colegas e como pessoas.
Eram uns alunos bem chochos e nunca deixaram de ser o que são. Uns zeros. Meros papagaios regurgitando retórica distorcida e dotados duma desonestidade intelectual que uma pessoa normal e decente teria muita dificuldade em atingir.

E depois admiram-se que os portugueses emigrem à razão de 70.000 por ano?

Só agora? Agora é fácil meus amigos...

Durante vários anos este governo e o partido que o suporta fizeram o que quiseram com a "coisa" pública.

Desde que este 1º ministro subiu ao poder, com a legitimidade que uma maioria absoluta lhe deu, toda a imprensa e televisão lhe lambeu os pés.
Alinhou na campanha para denegrir as magistraturas, alinhou na campanha para denegrir os professores, para denegrir a administração pública e ajudou a fazer duma família que ganhe 70.000 Euros por ano, uma corja de bandidos ricos que deviam pagar 42% de IRS.

A falta de tomates da maioria para por a nu aquilo que se começava a passar era gritante. Os poucos jornalistas sérios que se mantiveram firmes na exposição deste desvario passaram a ser alvos de um governo e de um partido completamente despudorados e adeptos de práticas de repressão e silenciamento dos críticos.

No entretanto levávamos banhos de propaganda, os boys eram metidos em todo o lado a uma cadência de fazer perder a cabeça a qualquer um. Lugares que nada têm de político viram chegar uma nova raça de incompetentes que apenas por estarem nas boas graças de alguém do partido tinham capacidade para os exercer.
Os media silenciosos preferiam engolir toda a propaganda de forma completamente acrítica, sem sequer fazerem o mínimo de esforço para perceber se um anúncio se materializava em algo de concreto. E nem é preciso memória, basta um computador para o fazer. Os anúncios e a realização dos mesmos na data anunciada.

Andaram um mandato inteiro a dormir. A dar realce a parvoíces como a irónica declaração de Manuela Ferreira Leite sobre se não seria melhor suspender a democracia por 6 meses. E apalermadamente sem sequer citar essa declaração no seu contexto.
Contexto esse em que ela dizia que perante as queixas do governo de que as coisas não se conseguiam fazer por causa de milhares de diferentes opiniões, que talvez o governo preferisse suspender a democracia por 6 meses.
O Espectáculo que se seguiu foi tão nojento, tão infantil e tão destinado a imbecis que até custava a crer. Os media atribuíram essa declaração a MFL como se fosse uma proposta dela. Nunca mais deram a sequência em que de percebia o contexto e pura e simplesmente embarcaram no mesmo tom de imbecis reconhecidos como Vitalino Canas ou outras desgraças intelectuais do PS. Prestaram um excelente serviço ao PS. A tal ponto que a contestação à líder do PSD começou a ser mais pelo seu desempenho mediático do que pelas sua ideias e seriedade.
Eminentes politólogos apareciam nas televisões a comparar o perfil de Sócrates com o de MFL (com enorme vantagem para o 1º). Politólogos esses que aparecem hoje, com o governo moribundo, a dizer as piores coisas de Sócrates, do PS e da gestão ruinosa que ele levou a cabo nestes 2 mandatos. 2 mandatos? Então durante o 1º só sabiam dizer bem, seus cobardolas da treta?
Atiraram-se a Cavaco por causa do Estatuto dos Açores como se fosse uma coisinha sem importância, apadrinharam os casamento dos homossexuais como se fosse um desígnio nacional.

Achincalharam tudo e todos os que se queixavam e denunciavam abusos e ilegalidades. Nunca se preocuparam em saber o que estava a acontecer com o louco endividamento do país, com a incompetência do MAI ou do Ministério da Saúde. Com a era ditatorial no ME com Maria de Lurdes Rodrigues. Com os números fictícios de déficit ou com o desmontar da argumentação do Governo de que tudo era culpa da crise Internacional. Nada.
Não fossem 2 ou 3 jornalistas corajosos, nos quais incluo Mário Crespo ou Manuela Moura Guedes (até me arrepia dizer isto mas pelo menos demonstrou que tinha tomates) teríamos ficado com os órgãos de propaganda do Partido Socialista e com os comentadores de treta que fomos vendo ao longo destes 6 anos. Que se insurgiam contra as investigações na justiça sobre o Freeport ou a operação Furacão. Eram cabalas, diziam alguns. Era apenas uma questão política diziam outros. Mas a verdade é que num país civilizado deixar-se-ia a justiça investigar em sossego sem emitir opiniões, muitas das vezes completamente ignorantes, acerca do avanço das coisas.

Agora que o governo está no chão juntam-se todos para lhe dar mais uns pontapés nas costelas. Já se alinham para engraxar as botas a quem vier a seguir. Sabem que é Pedro Passos Coelho e não faltarão asnos opinativos a enaltecer a sua imagem televisiva, a sua capacidade mediática ou ou seus fatos de bom corte.
Agora "descobrem" toda a podridão e roubo que se foi realizando nesta país durante 6 anos. Agora descobrem as famílias em necessidades, os professores sem autoridade, os funcionários públicos desmotivados e os agentes da justiça que lutam para se manter independentes de um poder político que a única coisa que quer é dominar quem ainda lhes pode causar mossa.
Vivemos num país de ladrões que são admirados quando conseguem chegar ao poder. Vivemos num país de cobardes incapazes de dizer o que pensam por medo de se prejudicarem 35 anos depois de re-instaurada a liberdade de expressão. Vivemos num país em que quem aponta o desonesto é olhado como um louco, como alguém com motivações políticas ou simplesmente como alguém a abater.

Os media passam a vida a alinhar-se com o poder vigente. Fazem-lhe favores e esperam benesses. São os primeiros a gritar Vitória e os primeiros a gritar Bandidos.
Não há convicções ou ética. Não investigam nada que os possa por debaixo dos focos do poder a não ser quando acham que o poder já não pode fazer nada.
Percebo agora que a democracia é algo que não estamos preparados para ter. Um ditadorzeco de meia tigela consegue dominar um país destes pelo medo e pela cobardia com uma facilidade estonteante.
E ainda se intitulam de 4º poder. Deviam ter vergonha na cara.

Contenção. O mesmo discurso lido duas vezes

O grau de ridículo a que este executivo está a chegar é algo de nunca visto.

O Ministro das Obras Públicas e o Secretário de Estado Paulo Campos repetiram o mesmo discurso no mesmo dia no  mesmo evento.

http://aeiou.expresso.pt/antonio-mendonca-repete-discurso-do-seu-secretario-de-estado=f616268

Impagável. Não só o discurso é uma verdadeira m**** pejada de lugares comuns e generalidades bacocas como é o mesmo.

As partes a bold são as partes que o ministro leu do discurso original.
O que acham disto comparado com a  tão falada tomada de posse do Governo de Santana Lopes com folhas trocadas do discurso e ministros surpreendidos com a pasta que iam ocupar?

Já nem se ralam em parecer competentes. É mesmo prá desgraça.

Discurso do secretário de Estado das Obras Públicas, Paulo Campos, na sessão de abertura do segundo dia do 20º Congresso das Comunicações
 
"Exmo. Sr. Presidente da APDC , Exmo. Sr. Gestor do Programa Compete Minhas senhoras e meus senhores
Quero, em primeiro lugar, felicitar a APDC por mais este Congresso, que se assume cada vez mais como a referência anual de balanço do sector das TIC .
Este congresso irá proporcionar uma importante contribuição para que as empresas localizadas em Portugal, melhor entendam o cenário nacional e internacional das TIC e se posicionem na senda de transformação e do crescimento, acompanhando a grande evolução deste sector no mundo.
A revolução, que as TIC nos estão a oferecer, exige, na nossa opinião, da parte dos governos políticas integradas de desenvolvimento para a nova sociedade digital que estamos a construir e o governo português assume-se um grande entusiasta desta revolução e portanto acolherá com grande expectativa as conclusões e recomendações deste congresso.
Para dar o mote podemos desde já afirmar que consideramos que as profundas mudanças em curso no sector, assentam na substituição das antigas redes de Cobre por redes de Fibra Óptica, com capacidade de transmissão de banda larga e de interactividade. Estas Redes de Nova Geração criam um novo modelo de telecomunicações, que irá alterar, o modo de vida e trabalho das pessoas e o funcionamento das empresas e da economia.
A massificação destas redes, associada ao uso de computadores, telemóveis, televisões e outros terminais inteligentes, serão responsáveis pelo surgimento de um novo mundo, que se desenvolverá a um ritmo nunca antes verificado.Portugal vai estar no pelotão da frente desta revolução
Esta evolução tecnológica vai permitir mudar muito rapidamente o conceito de ensino, a prestação de serviços de saúde, a relação do Estado com o cidadão e mais importante que tudo, o funcionamento das nossas PME, que serão as verdadeiras bases da nossa economia
As politicas do sector constituem uma prioridade europeia, cumprindo-se a Estratégia de Lisboa e a nova Agenda Digital Europeia.Portugal tem sido um impulsionador de metas ambiciosas para a Europa no domínio da Economia Digital, tendo-se batido pelo reforço da capacidade tecnológica europeia nas TIC, como motor para o desenvolvimento de uma nova geração de PMEs.
É bom lembrar aqui hoje que a trajectória de sucesso que Portugal tem vindo a construir no sector das Telecomunicações e das Tecnologias da Informação, Comunicação e Electrónica (TICE) só foi possível porque em 2005 o Governo português lançou o Plano Tecnológico. Os resultados estão à vista
O sector das telecomunicações no nosso país é hoje um mercado liberalizado, competitivo e pujante. Esta pujança traduz-se em indicadores de excelência:
- Existem em Portugal 4 operadores a oferecer um serviço quadruple Play de grande qualidade
- A penetração de telefones móveis atinge os 150%, uma das mais elevadas do mundo.
- Portugal é o segundo no ranking da União Europeia em termos de penetração de banda larga móvel,
- Portugal foi dos primeiros países da Europa a ter cobertura nacional de banda larga e a sociedade e a economia estão a tirar grande partido desta situação
- Lideramos a implantação de redes de fibra óptica na Europa
- As receitas do sector das telecomunicações representam perto de 5% do PIB nacional, um dos rácios mais elevados a nível da União Europeia.
Também no domínio do acesso à Sociedade da Informação e Conhecimento os resultados falam por si:
- Somos líderes europeus na disponibilização de serviços públicos electrónicos aos cidadãos e às empresas,
- Temos o único programa no mundo - o programa e.escola - a disponibilizar a cada estudante e professor um computador portátil com acesso à Banda Larga e todas as escolas portuguesas estão ligadas em banda larga.
Deste projecto nasceu o ACE Example, cujo conjunto de agrupadas está especializado nas tecnologias de ensino, desenvolvendo soluções que vão dos próprios computadores Magalhães e quadros interactivos a hardware, software, comunicações, conteúdos digitais, soluções de energia e ambiente e segurança. Este ACE, será certamente um grande exportador nacional.Sabemos bem que a posição de liderança que hoje beneficiamos nestes indicadores só foi possível porque, com coragem e com ambição, traçámos uma estratégia e delineámos um plano de acção. Foi isso que nos permitiu chegar aqui. E aqui chegados, não nos resta outra opção senão continuar a aposta ganha, cada vez com mais coragem e com maior ambição.
Foi, por isso, que o governo lançou a Agenda Digital 2015. Trata-se de dar continuidade ao trabalho iniciado com o Plano Tecnológico, acrescentando agora novos desafios e novas metas focadas na economia digital.
A Agenda Digital 2015 concretiza cinco linhas prioritárias de acção:
- Em primeiro lugar estão as Redes de Nova Geração, pois queremos dotar o país de uma rede e serviços de nova Geração de telecomunicações de âmbito nacional;
- Segundo, Melhor Governação, pois ambicionamos garantir o acesso dos cidadãos e das empresas a melhores serviços públicos, consolidando a disponibilização de serviços on-line;
- Terceiro, Educação de Excelência, porque pretendemos criar plataformas que potenciem a utilização de ferramentas TIC em contexto de ensino e dinamizar o mercado de conteúdos no contexto do espaço de língua portuguesa.
- Saúde de Proximidade é a quarta linha prioritária, pois desejamos desenvolver e implementar plataformas inteligentes que optimizem a prestação dos cuidados de saúde a nível nacional,
- Por fim, temos a Mobilidade Inteligente e a optimização energética. As Redes de Nova Geração constituem a pedra angular de suporte á Agenda Digital 2015 e por isso até 2012, a sociedade portuguesa vai investir cerca de 2,5 mil milhões de euros no desenvolvimento de serviços de valor acrescentado e na criação duma infra-estrutura com cobertura nacional para oferta de aumento da largura de banda na interligação ao utilizador.
Cerca de 1100 milhões serão investidos pelos operadores em infra-estruturas de fibra instaladas no mercado, 600 milhões serão investidos pelos diversos agentes do mercado no desenvolvimento de serviços e conteúdos e 750 milhões em desenvolvimento e modernização de redes. O programa de redes rurais, único com comparticipação directa de fundos públicos mobilizará 200 milhões de Euros.Os nossos objectivos são claros:·
Queremos ter uma Rede fixa de Nova Geração com cobertura nacional até 2012;·
Uma Nova Geração de Redes Móveis até 2015; ·
Um conjunto de serviços para as PME suportados nas RNG até 2013.· Uma nova geração de serviços para TV, computadores e terminais móveis;
Em parceria com o mundo empresarial e com os representantes do mercado, estabelecemos a estratégia e a acção. Agora, com os recursos financeiros disponíveis, continuando a linha estratégica definida no QREN, apoiaremos os projectos alinhados com a estratégia definida. Com uma política de compras públicas contribuiremos para a existência de um mercado crítico aberto aos diversos actores.
Finalmente, com a nossa política de diplomacia económica, apoiaremos a internacionalização das empresas portuguesas. Do lado das empresas, sabemos que podemos contar com a sua articulação com as universidades e os centros de I&D, com a criação de redes de competência e cooperação multinacional, com a criação de produtos inovadores e com capacidade de produção em escala, dentro de um universo cada vez mais global.
Temos a ambição de até 2015 ter sediado em Portugal um conjunto de grupos empresariais do sector das TICE, funcionando em rede, com centenas de pequenas empresas ágeis e criativas, que sejam responsáveis por 10% do PIB nacional.
A mensagem com que gostaria de terminar é clara: o sector das TIC têm em Portugal um enorme potencial transformador e constitui um elemento chave da construção da nossa Economia Digital.
Estamos, por isso, certos que o nosso País tem a estratégia, a determinação e as competências necessárias para continuar a atingir metas ambiciosas definidas e será, seguramente, reconhecido internacionalmente, como um caso de referência no desenvolvimento das RNG e das TIC com a consequente capacidade industrial de produção de bens e serviços.
Convido-vos a partilhar este desafio, somos todos imprescindíveis. Muito obrigado.

Pessimista? Céptico? Ah sim, absolutamente

Não gosto de embarcar na onda fácil e superficial e pensar que todos os que ganham uns milhares de Euros por mês não os merecem.
Há certamente gente competente que cria valor para as suas empresas e que indirecta ou directamente contribui para os salários dos seus colegas, para a receita fiscal, para a criação de emprego e para todas essas coisas que achamos meritórias. Num caso desses paguem lá o que essa pessoa merecer se faz favor.
É certo também que nalguns casos começam rapidamente os exageros. Os carros caríssimos em ALD pagos pela empresa, os cartões e crédito que são usados para despesas pessoais, o usar dos recursos das empresas em benefício pessoal etc etc.
Alguns diriam que em face do valor criado se deve fechar os olhos a tudo isto porque não é mais que uma gota no oceano.
Eu não fecho. Porque acho que se um indivíduo já é bem pago, é-o para poder sustentar esse nível de vida com aquilo que recebe pelo seu trabalho. Acho também que todos esses benefícios injustificados seriam bem melhor empregues em premiar outras pessoas nas organizações que também contribuem, mas que vêm muitas vezes um magro aumento anual ou uma melhoria de posição negada apesar de a merecerem, porque... não há orçamento.

Mas isto é no mundo das empresas privadas que ainda assim criam riqueza e de alguma forma a distribuem. Não tanto como deveriam, mas fazem-no.

Já me custa mais entender como há situações destas em entidades que não criam NADA. Não geram riqueza, não têm responsabilidades para com ninguém mas têm no seu seio indivíduos que esbanjam igualmente sem haver nada que se lhes possa apontar de trabalho produtivo ao longo de anos e anos.
É isso que acontece com fundações e Institutos que teríamos muita dificuldade em saber o que fazem.

Hoje uma notícia no Público dava conta de um corte salarial de 30% para os membros do Conselho de Administração da Fundação Cidade de Guimarães.
Fiquei com uma certa curiosidade e até uma certa pena dos pobres que irão ver o seu salário cortado num terço. Uma flagrante injustiça, quando sabemos que os maiores cortes foram no funcionalismo público e se ficaram por uns "meros" 10%.
Mas a primeira dúvida que me assaltou foi: Quanto ganhariam as pobres almas? Que trabalho fazem?
Bem, A presidente do Conselho de administração ganha 14.330 Euros... mensais. E os Vogais 12.500.
E o que faz a Fundação? Bem, a entidade "gere" a capital Europeia da Cultura 2012.

Ok, houve planeamento. Começam a preparar-se com 3 anos de antecedência para torrar uma pipa de massa em "cultura". Não está mal. Mas por estes salários se calhar podiam te começado apenas com dois anos de antecedência, ou até (e Deus nos livre) ganhar uns salários um pouco menos pornográficos.
Digo isto porque tenho a "leve" suspeita que o trabalho da Presidente e dos vogais não deve ser uma coisa de rebentar de suor. Não sei, especulo apenas.

Faz-me uma certa confusão como é que com dinheiros públicos se criam estes organismos, pagando bem mais do que o currículo destas pessoas aparenta merecer, durante 4 anos e cujo objectivo é - gastar ainda mais dinheiro. Ao mesmo tempo tem-se o topete de cortar abonos a famílias com 4, 5 ou mais filhos.

Do que me lembro as iniciativas de Capital Europeia da Cultura em Portugal acabaram com saldos negativos.
Lisboa, Porto (a Casa da Música... lembram-se) e seguramente esta iniciativa irão redundar no mesmo.
Sou pessimista? Talvez, mas tenho uma memória do caraças.... e tendo a pensar que sou mais realista que pessimista. Um realista não é mais que um pessimista com memória.
E em Portugal isso é canja.
O efeito económico multiplicador destes eventos ainda está por comprovar. Euro 2004, Expo 98, Lisboa 94, Porto 2001.
Em qual destes eventos houve um retorno com ganhos para o investimento realizado que tivesse beneficiado os cofres públicos? Digam-me um. Não porque eu diga que todos deram prejuízo, mas porque pura e simplesmente não sei.
Deram dinheiro a alguém certamente, lá isso deram. E neste caso darão 800.800 em salários à Presidente do Conselho de Administração desta instituição em 4 anos, mais do que um licenciado na casa dos 30-35 consegue ganhar em 10-12 anos a produzir riqueza numa empresa que paga IRC e quiçá até exporta.
A cultura é importante sem dúvida. Mas assim sendo e cabendo ao Estado promove-la, façam lá o favor de ser contidos e perceber que não se pode criar uma Fundação fajuta que paga 3 vezes mais a um vogal do que paga a um magistrado ou a um médico ou a um quadro técnico superior do Estado no fim da carreira. Ou o triplo do que o sector privado paga a um bom técnico ao fim de 25 anos de trabalho e com responsabilidades bem reais e palpáveis.

Não cortem 30%. Cortem 60% e vejam se algum deles tem currículo e estaleca para ser contratado pelo sector privado com o salário que lhes pagam.
Aí sim, vergo-me perante as evidências. Mas há qualquer coisa que me diz que esta gente fez toda a sua carreira beneficiando do clássico nepotismo português a saltitar de organismo público em organismo público, gastando porventura mal, os orçamentos de que dispõe.

Comecemos então à caça de evidências que corroborem a minha suspeita...


Dra. Cristina Azevedo
  • Licenciada em Relações Internacionais Económico-políticas pela Universidade do Minho
  • Possui uma Pós-Graduação em Análise Financeira pela Faculdade de Economia do Porto, bem como um PDE - Programa de Direcção de Empresas pela Escola de Direcção e Negócios (AESE).
  • Integrou a Direcção de Marketing da então Bolsa de Valores de Lisboa e Porto.
  • Ao longo do seu percurso profissional, destacam-se as funções de Assessora da Direcção Financeira do Banco Borges e Irmão, hoje integrado no Banco Português de Investimento.
  • Actualmente, é regente da Cadeira de Economia Política na Universidade Moderna do Porto, e docente na Universidade Fernando Pessoa e na Universidade de Aveiro.
  • Já foi Vice Presidente da CCDR-N onde assumiu, interinamente, a Presidência no ano 2003.
  • Participou em inúmeras iniciativas e manteve na RTPN, até Julho de 2006, o programa “Choque Ideológico”.
  • Actualmente é Presidente de “Guimarães – Cidade Europeia da Cultura”

Ora isto sim é um CV digno de 14.300 Euros por mês.


Mas num outro CV há uma "ligeira" diferença. Descubram-na (tá bem, fiz batota, sublinhei e pus a bold)

  • Licenciada em Relações Internacionais Económico-Políticas pela Universidade do Minho em Braga
  • Pós-Graduação em Análise Financeira pela Faculdade de Economia do Porto e um PDE - Programa de Direcção de Empresas pela AESE - Escola de Direcção e Negócios.
  • Assume funções como Assistente de Direcção, da Direcção Financeira do BBI - Banco Borges & Irmão, hoje BPI
  • Direcção de Marketing da então Bolsa de Valores de Lisboa e Porto.

  • Nos últimos seis anos a sua actividade profissional está ligada à CCDR-N onde inicia funções como Vice-Presidente, função até 15 de Outubro de 2007, onde é nomeada como Vogal Executiva da Comissão Directiva do PO Norte 2007-2013.

Quando vejo estas subtis diferenças começo a ficar com comichão. Um tremor suave, uma leve subida da tensão arterial e uma suspeita de que a dada altura alguém começa a "injectar esteróides" no CV para ganhar respeitabilidade.
Um assessor é (ou devia ser um perito), um assistente é outra coisa.... um bocadinho diferente.
É meritório subir na vida. O que já não fica nada bem é dar a sensação que se aldraba sobre o passado.
Mas encontrei ainda outro CV:

Experiência profissional

  • De 15/01 a 30/09/03   CCR-N     (Porto)  - Presidente, em regime de substituição 
  • De  23/10/00 a 14/01/03   CCR-N    (Porto) - Vice - Presidente
  • Desde 30 /05/00   CCR-N     (Porto) - Gestora Eixo Prioritário II – PO Regional Norte (QCAIII)
  • 1996 - 2000 BDP – Bolsa de Derivados do Porto  (Porto) -Directora de Marketing
  • 1989 - 1996   BVP – Bolsa de Valores  do Porto  (Porto) - Directora de Relações Externas

  • 1987 - 1989   Banco Borges & Irmão    (Porto) - Assistente de Direcção – Direcção Financeira

  • 1986 - 1987   TGF - Téchniques de Géstion Financière (Paris) - Estagiária 
Experiência profissional complementar


  • 2000 Escola Superior de Jornalismo    (Porto) - Regente da cadeira de Globalização (4º ano Curso Superior de Jornalismo)

  • 1995 – 1998 ESF – Instituto Superior de Estudos Financeiros e Fiscais (Porto) - Regente das cadeiras :  Análise de Marketing e Complementos de Marketing
  • 1994 – 1995 Universidade Fernando Pessoa   (Porto) - Regente da cadeira de Marketing Financeiro

  • 1991 – 1993 Universidade Moderna    (Porto) - Regente da cadeira de Economia Política 
Formação Académica

  • AESE – Associação de Estudos Superiores de Empresa (Porto) - XIII PDE – Programa de Direcção de Empresas 
  • 1990        (Lisboa) - Kotler on Marketing (ministrado pelo Prof. Kotler) 
  • 1988 – 1989 Faculdade de Economia da Universidade do Porto - Pós-Graduação em Análise Financeira 
  • 1983 – 1986 Universidade do Minho (Braga) - Licenciatura em Relações Internacionais Económico – Políticas 
Línguas
  • Inglês    Fluente Proficiency C – British Institute 
  • Francês   Fluente Diploma 5º ano – Alliance Française 
  • Alemão    Conhecimentos Médios Frequência Göethe Institut

Outras habilitações

  • 1974 – 1986  Conservatório Regional de Braga – Fundação Calouste Gulbenkien - Curso completo (educação musical, acústica, história da música, composição musical e piano – diploma  curso geral)

Distinções

  • 1987  Melhor média final do curso de Relações Internacionais  Prémio Associação Industrial do Minho
  • 1988  Melhor média final do curso de Relações Internacionais Prémio Fundação Eng.º António de Almeida
Filiações
  • ANPRI – Associação dos Profissionais de Relações Internacionais - Associada e Presidente do Conselho Fiscal
  • APAF – Associação Portuguesa de Analistas Financeiros - Associada

(Suspirando) Yep, pelos vistos tinha razão. Organismos públicos, leccionar em universidades etc etc.
Então, sou pessimista? ou realista? Por uma vez na vida queria ter descoberto um CV que não fosse sendo aldrabado ao longo do tempo, com inconsistências de datas e posições. Queria mesmo ter encontrado algo que me provasse uma vez na vida que o meu pessimismo céptico não tem fundamento.
Depois de tanto traquejo a leccionar sobre Marketing estava à espera de ver uma posição de Directora de Marketing de uma empresa. Mas é da Bolsa de Derivados do Porto ... É mais ou menos como ser director de Marketing do Hospital de S. João... Ou da prisão de Alcoentre.


Tenho mesmo de arranjar os amigos certos.

Só não percebo como se acaba um curso em 86 e se recebe um prémio da melhor média em 87 e outro em 88, mas posso ser só eu que sou mal intencionado. Ou os tipos estavam baralhados e continuaram a dar o prémio à mesma pessoa porque em 87 e 88 não houve notas mais altas ou então há qualquer coisa de errado nesta atribuição de prémios à nota mais alta.
Também tenho a leve suspeita que falta uma filiação na lista, mas lá estou eu...
Deixo ao vosso critério qualquer consideração acerca da "carreira" que leva uma pessoa 24 anos após uma licenciatura de 4 anos (numa altura em que eram quase todas de 5), uma pós graduação de um ano (mestrado? não me parece...) a auferir um salário de 14.300 Euros por mês, mais benefícios. Deve ser por saber tocar piano... (Eu sabia que a porcaria da viola não me levava a lado nenhum)
E nem quero escavar para saber os CV's dos vogais... é que almocei há pouco tempo e receio vomitar...

Actualização
Não resisti. Fui escavar. Aqui está um documento sobre um dos vogais executivos. Nada mais nada menos que um documento da EDP a cujo Conselho Geral de Supervisão pertence

http://www.edp.pt/pt/aedp/governosocietario/orgaosgovernosocietario/conselhogeraledesupervisao/CV%20CGS%202010/MMonteiro.pdf

Transcrevo aqui o conteúdo desse documento

MANUEL FERNANDO DE MACEDO ALVES MONTEIRO

  • Nasceu em 12 de Abril de 1957.
  • Licenciado em Direito.
  • É Administrador das sociedades CIN, Novabase e AICEP.
  • É Membro do Conselho Coordenador da SEDES.
  • É Presidente das Comissões de Vencimentos das sociedades AICEP – Global Parques, SA, AICEP Capital, Douro Azul, SGPS, SA e Sardinha & Leite, SGPS, SA.
  • É Membro dos Conselhos Consultivos da Faculdade de Economia e Gestão da Universidade Católica – Porto e da Porto Vivo, Sociedade de Reabilitação Urbana - Porto, SA.
  • É Membro do Conselho Geral e de Supervisão da EDP desde 30 de Junho de 2006, tendo sido reeleito em 15 de Abril de 2009.

  • Foi Administrador não executivo da Jerónimo Martins, SGPS, SA, Presidente da Euronext Lisbon e Membro dos Conselhos de Administração das Bolsas de Paris, Bruxelas e Amesterdão e da Euronext NV; Foi CEO da BVLP-Bolsa de Lisboa e Porto e da Interbolsa. (eu diria que o link está aqui...)
  • Foi Presidente da Direcção do Instituto Português de Corporate Governance, Presidente da Associação
  • Portuguesa de Analistas Financeiros, Vogal do Conselho Consultivo da CMVM, Presidente da Casa da Música / Porto 2001, S.A..
  • Desempenhou cargos em órgãos executivos de organizações internacionais ligadas ao mercado de capitais (Executive Board da FIABV - Federação Ibero-Americana de Bolsas, da ECOFEX - Federação Europeia de Bolsas de Futuros e Opções, do IFCI – International Finance and Commodities Institute e ECMI – European Capital Markets Institute).
  • Agraciado com a distinção “Chevalier de L´Ordre Nacionale de la Legion d´Honneur”, por Decreto do Presidente da República Francesa.
Este homem mata-se a trabalhar caramba! Com tanto trabalho ainda nos morre a meio do mandato. Como é que ele sabe a uma dada altura em que reunião está?
Nada mau para uma pessoa com uma licenciatura em Direito. Meninos ponham aqui os olhos. Quando o Marinho Pinto não vos quer a fazer o estágio, podem sempre enveredar por aqui.

Mas há ainda uma vogal executiva. Carla Maria do Nascimento Morais.
E se a informação que se encontra me espanta sempre, espanta-me ainda mais a que não se encontra.
A única referência que encontro é uma publicação em Diário da Répulica de 2008 (http://dre.pt/pdf2sdip/2008/07/135000000/3120931209.pdf). Um nomeação do Gabinete do Ministro de Ambiente em 2008 como coordenadora do Eixo Prioritário 2. Aposto que foi lá que a Carlinha conheceu a Tininha que por essa altura estava na CCRN.
Mas não encontro NADA. Nem uma nomeação, nem um CV (ainda que aldrabado... claro que seria aldrabado).
E isso, nos dias que correm, é bem mais sinistro do que encontrar alguma coisa. Nem a indicação de uma licenciaturazinha em Relações Internacionais nem nada... Às tantas tirou uma licenciatura em coordenação de eixos regionais (aposto que as há).

Nil desperandum! Consuetudinis magna vis est e "eles" deixam sempre "rasto". Não vou lá de Google, vou lá de Baidu

Serei adivinho?

A bela solução do pagamento de portagens nas SCUTS é uma ideia digna de débeis mentais.
Como quase tudo o que envolve tecnologias de informação e processos pensados pelo poder político.


Quando esta brilhante ideia veio à baila, desde logo suspeitei que na pressa de implementar o sistema tudo o que fossem detalhes práticos básicos fossem esquecidos.
A mais óbvia era a forma como se ia proceder com os veículos de aluguer. Quem pagava e como.

Em Junho quando isto estava em discussão vi imediatamente as debilidades de tal sistema. Claro que... foi feita a implementação com todas as falhas possíveis

Hoje o Público publica uma notícia de um cidadão inglês que alugou um carro no aeroporto, andou com ele durante um par de dias e "tentou" pagar as portagens nos CTT.
Quando o tentou fazer, os correios estavam fechados. Mesmo assim disseram-lhe que nunca poderia pagar uma vez que os dados só estão disponíveis 48 horas depois.
Acontece que este cidadão tinha de voltar ao Reino Unido, mas mesmo assim, pediu a amigos portugueses que o fizessem por ele (isto é uma pessoa com princípios éticos e de honestidade bem acima da média).

Acontece que as instituições portuguesas não parecem ter ética, organização ou a mais básica inteligência.
Além das portagens dos 3 dias em que circulou com o carro, os CTT exigiam o pagamento de outras portagens que tinham sido cobradas fora do período de uso do carro por este condutor (é um carro de aluguer, lembram-se).

Obviamente este senhor quer pagar o que gastou e não o que gastaram outros antes dele, mas isso provou-se ser uma tarefa impossível nos CTT.

Este é apenas um pequeno exemplo do desvario idiota que se apossou destes nossos políticos pensadores. Isto não só não gera receita como pode muito bem criar processos judiciais para as empresas de aluguer de automóveis que, nas mãos deste estado demente e cleptómano, as vai accionar para sacar mais uns cobres a alguém. Partindo do principio que não vão estar oneradas de coimas e das simpáticas penalizações que prevêem que se pague desde o INÍCIO do troço.

Tudo isto porque alguém não quis fazer cabines de portagem ou porque não tinha dinheiro para o investimento ou pura e simplesmente porque não tinha espaço para as por, ou ainda, e isto parece-me a hipótese mais provável, porque tinham de garantir a facturação duma empresa e dum organismo criado à pressa para receber uns milhões de fundos públicos.

Basicamente o que temos aqui é uma fantochada. Nada que não esperasse, aliás. Não há circunstância em que o Estado se meta com ideias que envolvam tecnologias de informação em que não se espete de cabeça no chão. As especificações de qualquer sistema que faça, ou pague para se fazer, são tão superficiais e infantis que é caso para perguntar se as pessoas que pensam nisto têm qualquer experiência no ramo.

Só posso deixar uma sugestão - façam o mesmo na Via do Infante. Onde todos os Verões andam milhares de carros alugados por turistas. Façam-nos viver com a imagem de quão incompetentes e idiotas são os portugueses.

Fazer um sistema destes sem acautelar o básico - informação em tempo real para pagamento das portagens - é de tal forma absurdo que só pode resultar da pressa, da incompetência e da óbvia intenção de lixar o cidadão português. Esse pobre diabo que ao viver no país é "agarrado" 48 ou 72 horas depois. Os estrangeiros que andam de carro alugado e o entregam no aeroporto quando se vão embora, irão deixar as portagens por pagar e quando, 48 ou 72 horas depois, forem à procura deles para pagar não os encontram.

Ficarão as empresas de aluguer de automóveis com o "menino" nas mãos. Prescrições, acções judiciais e outras palhaçadas do estilo irão seguir-se. Como o enquadramento legal deste processo é mais ou menos alinhavado à pressa há uma quantidade de receita importante que nunca entrará nos cofres públicos. Mas as indemnizações compensatórias às concessionarias não deixará de ser pago - com ou sem esses valores de portagem.

O Estado já nos tinha habituado a completos disparates na implementação destes sistemas mas nada de tão flagrantemente mau. As vozes que chamaram a atenção para os carros de aluguer e carros estrangeiros foram inúmeras. Ninguém quis saber. Inventaram esta patacoada de ir aos CTT pagar (agravado de taxas obviamente). Mas nem assim é possível fazê-lo pelo simples facto de que quando se vai aos CTT (mesmo que seja no dia a seguir) não há informação do que deve ser pago.

O prémio dos burros do ano vai sem dúvida para a equipa que pensou nesta solução.

Deve haver um secretário de estado e alguns consultores metidos em tão brilhante implementação. Sem dúvida que há. E não podemos deixar de aplaudir a forma atabalhoada e incompetente como conseguiram imaginar um sistema em que todos perdem à excepção do SIEV e da empresa que vende os identificadores.

Como não tenho qualquer dúvida que esse era o único objectivo de tudo isto (administradores, vogais, consoantes e toda a tralha associada) não é de admirar que na implementação dos detalhes práticos não tenha sido investido muito pensamento inteligente. Não era essa a ideia. Mas mesmo que fosse, iam ver-se à rasca para pensar inteligentemente.

Falta de treino...

Será que somos todos estúpidos?

Ontem, pela "mão" do Ministro dos Negócios Estrangeiros, foi-nos servido mais um tema de debate. A coligação entre a oposição e o Governo como algo de desejável.

Tenho de reconhecer que apesar de serem umas verdadeiras nulidades no que diz respeito a governar um país (assumindo que era esse o objectivo e não o do "governarem-se" bem...) são brilhantes em atirar temas nonsense para a discussão pública.

À falta de sucesso de tentar colar a crise no PSD e na restante oposição, tentam agora "arrastar" o PSD para uma posição em que de facto estivesse por dentro da governação. Um "governito" de coligação seria ideal. Não só justificava uma remodelação como co-responsabilizava o partido que aparentemente lhes vai dar um banho eleitoral, com a governação que resta a este pobre governo.

O único problema da táctica é óbvio. O PSD sabe que quanto mais tempo estiverem no poder mais se demonstra a sua incompetência. E sabem também que não basta por Sócrates fora do poder. É preciso deixá-lo "queimar-se" de tal forma que mesmo dentro do PS se peça a sua cabeça a toda a hora. Há muitos membros do PS que trocaram as suas divergências com este indivíduo por um período de "favores" concedidos aos sabujos sem príncipios. Em troca do silêncio, um lugar aqui e um lugar ali resolvem todos os problemas. Até Alegre, que perdeu eleições para o PS contra Sócrates e o enxovalhou algumas vezes, pede o seu apoio. Até onde se pode descer?

Pedro Passos Coelho ou outro lider da oposição não é tão burro que na ânsia de ser ministro de uma pasta qualquer, hipoteque o seu futuro como primeiro Ministro em 2011.
Sócrates invoca as "tentativas" que fez antes da formação do Governo (quando ainda pensava que estava em estado de graça e tinha poderes absolutos) como um "esforço sério" a que nenhum partido aceitou responder.
Isto quase parece um debate entre débeis mentais, recheado de argumentos de má fé, mentiras e enganos quase infantis.
Não há ninguém com dois dedos de testa que ponderasse sequer uma associação com o 1º ministro mais vigarista e aldrabão da história recente de Portugal. Ninguém lhe daria um balão de oxigénio em vez de o ver assar nas chamas da fogueira que ele próprio ateou. A carreira de Sócrates acaba aqui. A nacional pelo menos, porque a Internacional pode muito bem ter começado.
Basta ver que quer o primeiro ministro mais cobarde da nossa história (Guterres) e o mais egocentrista, vaidoso e vira casacas (Barroso) lá arranjaram uns empregos jeitosos onde podem dar largas às sua veia "mundial" em troca duma módica quantia por mês. Quem sabe veremos Sócrates a fazer um trabalho destes.
Quem sabe não é agora que Vitorino (o melhor arquivista que a UE já viu) se candidata a líder do PS e o vamos ver a fazer comícios em cima duma grade de cervejas.... Anda muito caladinho esse criador do "programa do Governo".

A oposição deve estar deliciada a ver Sócrates a queimar em fogo lento e a atirar estes dislates ao ar no desespero de quem tudo pode fazer e tudo fez mal.
Mas não é só ele. A sua troupe de notáveis é de se lhes tirar o chapéu. Um ministro da Administração Interna que sabe de irregularidades de um subordinado e não o afasta "porque o IGAI não o recomendou" ou uma mnistra da Saúde que responsabiliza farmácias de venderem medicamentos a mais (quando só podem ser vendidos mediante receita médica) ou um ministro do ambiente... espera lá... nós temos ministro do ambiente? Ou um ministro da finanças que não acerta uma, ou um da Economia que desde que deixou de tomar a medicação parece um avôzinho tresloucado sem tento na lingua, etc etc etc
Ainda alquém quer prolongar isto? Devem ser loucos....

Há uma letra de uma canção que me parece bastante apropriada para a ocasião...

You said that I could trust in you
You said that it would be ok


I was madly in love with you
believed in every word you said
I counted the days and nights
that you kept out of sight
I dont think you´ll ever return

Burn motherfucker burn

Agora é aos 10%

Ainda no outro dia escrevia que não percebia muito bem como se podia qualificar o nosso Ministro das Finanças como um excelente economista.

Previsões falhadas (sucessivamente) desde 2005, orçamentação que quase parece de dedo no ar a avaliar a velocidade do vento e uma notável incapacidade de controlar aquilo que lhe compete (a execução orçamental) não fazem dele exactamente um profissional de alto gabarito. Em escalões mais baixos da força laboral seriam o suficiente para despedimento por justa causa por manifesta inadaptação ao posto de trabalho.

Mas, a juntar à manifesta incapacidade profissional vem agora a incapacidade de se controlar a dizer disparates.

Impor um limite de 7% nos juros da dívida para pedir a intervenção do FMI é não só duma curteza de vistas fantástica como um valente tiro no pé (por esta hora o homem tem uns pés que metem dó...).

Eu pessoalmente acho que ele previu uma descida dos juros da divida e quis-se armar em bom. Mas a experiência já lhe devia ter ensinado que ele se enganou em tudo o que previu que os mercados fizessem e que estatisticamente não devia acertar o prognóstico seguinte. No entanto, o conhecimento de estatística que ele tem ou, parece ter, tem mais a ver com a forma de esconder números de porcaria debaixo de percentagens incompreensíveis e na maior parte das vezes simplesmente falsas.

Mas mais uma vez a falta de controlo sobre o que diz manifestou-se. E disse. E disse m***.

É um dos tais casos em que ele tinha ganho muitíssimo se tivesse ficado calado e nós também. Agora temos de gramar, além do seu desvario verbal, todos os desvarios de todos os pundits e de todos os aspirantes a jornalistas debater se ele devia ou não devia ter feito aquilo e se, por artes mágicas, não terá o "mercado", por pirraça, feitos subir os juros só pra chatear....

Nem a propósito

Ainda ontem escrevia que que iríamos ter eleições no 2º trimestre de 2011.
Amigo João Proença, deixe de copiar este blog se faz favor. Ao menos uma vez na vida tenha ideias próprias.

Gosto também da forma como acha que se deve resolver o problema do país - Proença defendeu a adopção de políticas que “combatam a pobreza e o desemprego” e apontou o congelamento de pensões como “algo totalmente injustificado”. 

Francamente nunca me lembraria de propor medidas tão concretas e palpáveis. Mas quanto a ideias... nem um pio. Na bela tradição portuguesa de dizer aos outros para fazerem, é sempre bom isentarmo-nos da responsabilidade de avançar com ideias.

Existem inúmeras formas de fazer isto. Uma delas seria criar um regime de redução de IRC (como se faz com os bancos) para empresas que criassem postos de trabalho. Dessa forma aumentariam as contribuições sociais por via dos pagamentos à Segurança Social e retirando provavelmente gente da dependência do subsidio de desemprego, que é uma forma de retirar dinheiro à Segurança Social.

Essas pessoas passariam a descontar IRS e a consumir pagando impostos indirectos (IVA, ISP etc etc).

Levando este modelo a um limite poderia isentar-se um investidor estrangeiro de impostos por um período de tempo para atrair investimento estrangeiro e aumentar exportações. Nada que os brasileiros não estejam a propor.

Olhando para ideias como estas, mesmo num estado cru e pouco depurado poder-se-ia chegar a um modelo viável a atractivo para o investimento e de criação de riqueza. O que se perdia? Nada creio eu. Não fazendo nada é que se perde muito. Perde-se investimento, riqueza do país e competências desperdiçadas em gente que se arrasta pelo desemprego sem um futuro à vista.

Mas estes tacanhos preferem não ter empresas do que tê-las a criar emprego e gerar riqueza, ainda que tivessem de abrir mão de algum IRS ou um pagamento por conta.

É por isso que quando vejo economistas brilhantes a falar na televisão que não são capazes de apresentar uma ideia concreta, quiçá por medo de não terem lido uma coisa qualquer num manual de economia que corrobore a sua opinião, fico verdadeiramente assustado quanto à qualidade das cabeças que temos. Incapazes de pensar fora dos moldes habituais, incapazes de criarem ideias novas. Em suma incapazes. Bons para a cátedra, inúteis para o mundo real.

E já que falamos de inutilidade podemos então meter estes lideres sindicais e partidários no mesmo saco. A esquerda quer carga fiscal nos "abutres" (até eles voarem para outro lado) e acha que magicamente o dinheiro cresce nas árvores e que paga subsídios, salários de sindicalistas que nunca põem os pés nas empresas onde trabalham, aumentos substanciais todos os anos etc etc.

A direita... bem a direita não existe. Quando aquilo que chamamos direita chega ao poder deixa sempre ficar o garrote que a chamada esquerda criou sobre todos nós e ainda o aperta um bocadinho mais. É sempre a descer. E será assim, até ficar em Portugal só aquela gente sem formação, competência ou audácia para mudar de país.

A responsabilidade ... essa palavra vã

Rapidamente percebi, sobretudo quando comecei a trabalhar que esse vago conceito da responsabilidade, era apenas levado a sérios por alguns.

A maior parte dos nossos colegas nunca são culpados de nada. Nunca são responsáveis de nada. Vivemos isso no trabalho todos os dias. Desde as miseráveis chefias aos mais baixos escalões da cadeia alimentar, quando chega a hora de apurar responsabilidades, nunca as têm.

Quanto mais alto se sobre na cadeia de poder empresarial mais irresponsáveis são as chefias. Há sempre um subordinado qualquer a sacrificar para disfarçar a falta de carisma, liderança ou mesmo boas ideias. E quando não se têm ideias... contratam-se consultores estratégicos. Assim se der para o torto culpam-se os consultores estratégicos.

Na política isso é levado a um extremo impensável. Arruína-se um país, delapidam-se milhões das contribuições dos cidadãos e não há responsabilidade.
Gastam-se milhões em estudos e assessorias e consultadorias apenas para afastar a responsabilidade de um ministro ignorante, fraco e indeciso. Estamos a falar de gente que disfarça a sua falta de tomates com meia dúzia de consultores. Ainda vai aparecer um termo novo chamado ball enablers....

Um qualquer ministro incompetente e com ânsias mediáticas assina despachos de milhões e "não é responsável". A única responsabilidade é paga pelo voto.
Isto é realmente o que se tem passado todos estes anos de desgoverno desde o 25 de Abril.

Mas eis que Passos Coelho lança para o ar a questão da imputabilidade civil e penal da gestão danosa de um país. Figura essa que já existe no nosso direito e pode ser aplicada a quem arruine uma empresa por fazer os que estes indivíduos fizeram com milhares delas.

Saltam a terreiro os apaniguados do regime apavorados com a perspectiva. Agora tudo o que se diga perturba os mercados. Os mercados que vêm desde há muitos anos o rumo suicida da Economia deste país nas mãos de deslumbrados cleptómanos.

Passos Coelho só dá voz ao que pensa a maioria dos Portugueses correndo risco de que lhe chamem populista. Aliás esse epíteto é frequentemente usado com Paulo Portas de cada vez que ele dá voz aquelas verdades que são de La Palisse para qualquer cidadão trabalhador contribuinte mas que são um anátema para toda esta casta de inúteis que vive no Estado e do Estado desde que ganhou um pelo de barba na cara.
Curiosamente a esquerda não é apelidada de populista quando vem a terreiro com ideias e propostas em tudo semelhantes. Ainda estou para perceber porque é que o populismo está desviado para a direita e a esquerda não enferma desse mal.

Infelizmente receio que uma coisa dessas nunca aconteça mas seria um dia em cheio ver um Teixeira dos Santos a culpar o 1º Ministro por muitas das orientações dementes que deve ter recebido e que foi forçado a adoptar. O que sinceramente não diz muito da espinha dorsal do emérito economista.

E este fenómeno de ele ser um bom economista deixa-me fascinado...
O homem não acerta uma previsão desde 2005, acha que os mercados vão fazer o contrário do que realmente fazem, acha que a economia não se deprime com excesso de carga fiscal e assume que as exportações crescem out of the blue. Aparentemente é uma bela m*** de economista. Só acertou que as importações vão baixar. Mas depois de retirar centenas de euros de rendimento mensal às famílias não é preciso ser nenhum Einstein para fazer essa previsão.
Ele até pode nem ser mau economista, mas é sobretudo um capacho dum engenheiro de faz de conta que em vez de se aconselhar deve ordenar do alto da sua ignorante arrogância pensando que é omnisciente. Um esperto a vida toda, vivendo de esquemas e jogadas lambendo um cu aqui e um cu acolá que exige agora que lhe lambam o dele.... e eles lambem.


Desde 2005 passámos de duma dívida liquida de 70% do PIB para 110%. As parcerias publico-privadas enchem os bolsos de empresas que mais tarde irão receber esta escumalha nos seus quadros da mesma forma já tristemente celebrizada por Jorge Coelho, Ferreira do Amaral, Armando Vara, Fernando Gomes etc etc


Estes individuos não vão para o poder porque acreditam em prestar um serviço público ao país. Acreditam em que o público lhes preste um serviço (ou vários) sob a forma da mais abjecta vassalagem de uns ou sob a forma de compensação pecuniária na maior parte das vezes.
Que ninguém chore o magro salário dos ministros porque em despesas de "representação" estafam eles muito mais do que nós podemos imaginar. E essa informação eles não revelam ainda que sejam obrigados por lei a fazê-lo. Em resposta a um pedido recente nesse sentido responderam que consideravam o pedido ABUSIVO e sem fundamento.

Os partidos de esquerda que poderiam de alguma forma ser o contraponto de todo este disparate resumem-se a propor utopias.

Manter subsidios e ajudas sem o Estado a poder suportar e obviamente aliviando a carga fiscal dos trabalhadores (resta saber se para eles um trabalhador é um coitado que trabalha 8 horas em troca do salário minimo ou um quadro superior que verga 10 ou 12 em troca de 3000).
Taxar os bancos (como se os bancos não transferissem toda essa carga para os clientes).
Taxar as transacções financeiras (como se isso não fizesse com que os investidores estrangeiros não se pirassem para um mercado com taxas mais baixas).


Ainda não conseguiram perceber que a economia nacionalizada e o nivelamento igualitário por baixo deu péssimos resultados em todos os países do Bloco de Leste. A USSR caiu estrondosamente e passou anos de miséria a tentar reconstruir uma economia caduca, ultrapassada e ficticia.

Em suma, propõem soluções já falhadas para um problema que não é "bem" aquele em que vivemos negando-se a perceber que numa situação destas não se pode discutir o que nos trouxe aqui ao apresentar as soluções, mas sim apresentar as soluções a partir do ponto em que estamos.
Discutir o que nos trouxe cá acho muito bem, mas para já proponham medidas em face do ponto em que estamos e não do ponto em que poderíamos estar.

Não passam de soluções casuísticas sem sequer fazer uma simulação de causa/efeito. Nisso em nada diferem dos que lá estão. A cada medida que tomam ficam sempre surpreendidos com os efeitos colaterais. 

Por isso se tornam irrelevantes, panfletários e caducos. Quanto à honestidade também estamos servidos. Não há autarquia da CDU onde um qualquer fulano não se aproveita da situação com a mesma desonestidade de outro qualquer. Pessoas são pessoas e quando estão com a mão por cima da caixa do dinheiro muito poucos resistem. Portanto não se armem em virtuosos porque podres em casa todos têm.

Mas tenho que reconhecer que nunca o despudor foi tão longe como com esta gente do PS. Nunca foi tão evidente o sentimento de impunidade e a noção de que são donos do Estado.

O Futuro próximo

Temos pela nossa frente 6 meses de roubalheira desatada. Porquê?
Porque eles sabem que lhes restam 6 meses e porque sabem que quanto mais destruido deixarem isto para quem vier a seguir, mais dividendos políticos podem retirar disso.
Vamos assistir ao caos da execução orçamental do 1º trimestre. Depois disso o governo irá cair, seja por dissolução da AR por parte do imóvel Cavaco Silva, seja por uma moção de censura da oposição. No 2º trimestre de 2011 teremos eleições. A execução orçamental por essa altura terá derrapado o suficiente para levarmos com outro pacote de medidas de austeridade desta vez aplicadas pelo novo governo.
A velha frase do "isto está pior do que pensávamos" já foi usada por Sócrates e apoiada por Constâncio, um dos mais brilhantes incompetentes economistas do nosso país. Cego como uma toupeira, surdo como uma pedra mas suficientemente bom para ser promovido.

Quero ter a esperança de que há gente decente no PSD que possa ajudar a resolver este descalabro. Manuela Ferreira Leite era um dessas pessoas, mas este país não gosta de "velhas". Prefere vigaristas bem parecidos que saibam mentir bem. E nesse particular convenhamos que a lista de mentirosos compulsivos que este governo apresenta está bem acima da média.

Assiste-se já ao afiar das facas no PS. João Soares, António José Seguro etc etc. Até Vitor Ramalho numa destas noites falava em código para Angelo Correia deixando entender que havia "gente" no PS pronta a "tomar" o lugar deste pinóquio caído em desgraça que dá pelo nome de Sócrates. Até este, um dos sabujos de estimação de quem tínhamos de aturar a verborreia inconsequente no Frente a Frente da Sic Noticias.
João Soares agora virou um critico, ele que ia sempre fazer o seu espectáculo de defesa de Sócrates aos mesmo Frente a Frente (isto nos intervalos de estar a vir e estar a ir para um sitio qualquer no estrangeiro) e obviamente sem os típicos "maniqueísmos politico-partidários"  com que ele gosta tanto de acusar os interlocutores.
Se isto é o melhor que o PS tem para nos dar, arre bolas, fechem-nos todos na sede reguem aquela porcaria com gasolina puxem-lhe o fogo e vendam o terreno para um condomínio de luxo.
Ideologicamente são uns zeros, visão estratégica de futuro só têm uma - chegar ao poder e mantê-lo.
Todas as grandes figuras do saber que lhe estão associadas são de se lhe tirar o chapéu: Sócrates, Teixeira dos Santos, Constâncio, Jorge Coelho, Rui Pereira, Guterres, Mariano Gago, José de Magalhães (comunista reciclado), Elisa Ferreira, Maria de Belém, qualquer coisa Canavilhas, Ana Jorge, Valter Lemos, Maria de Lurdes Rodrigues, Santos Silva, Mário Lino. Alberto Costa, Alberto Martins etc etc. A lista é interminável

Nem com muito esforço conseguiríamos pensar na elite dum partido ou um governo com gente deste nível. Só com muitos anos de depurada escolha é que se conseguia chagar aqui. Levou exactamente 35 anos e esta foi a bela merda com que nos presentearam.

Desculpem a linguagem mais crua deste comentário mas é para afastar a raiva de me sentir completamente impotente.
Vote o que votar vou levar com porcaria. E com a ajuda dum povo alienado com bola, novelas, subsidios e a perspectiva de umas férias de 5 dias em Cuba iremos conseguir transformar Portugal numa Albânia da UE em que vamos andar vestidos com roupa de feira e circular em carros decrépitos enquanto olhamos para os fatinhos de 30.000 dólares do chefe do clã e sonhamos com o dia em que algum deles decida dar-nos a mão arranjando um lugarzinho de contínuo no Ministério.
Vamos voltar ao tempo das benesses régias. Vamos ter uma cleptocracia Africana bem na pontinha da Europa. O meu bem haja

E cá chegámos

Ao fundo...

Triste estarmos a assistir ao desbaratar da pouca esperança que tínhamos e do ainda menos dinheiro.
Agora o (des)Governo entretém-se em responsabilizar o PSD (a oposição que não tem qualquer poder executivo) de não viabilizar o Orçamento e arrastar o país para o abismo.

4 anos de pura propaganda em que tudo se anunciou e nada se fez. Prepararam os lugares, inventaram outros e começaram a meter boys em todo o lado como se não houvesse amanhã. Se não iam fazer nada também não fazia mal. Inventaram-se Institutos, Fundações, assessorias, consultorias, outsourcings.

Agora não resta quase nada. Mas estes incompetentes que ainda juntam ao rol de "qualidades" a desonestidade intelectual querem agora fazer o derrame cair para cima da oposição. É difícil imaginar um cenário pior.

O sr. grisalho quer um acordo sem dizer o que está no OGE. Um cheque em branco, tal como o foram o PEC e a questão dos chips de matricula. Um acordo de cavalheiros é rapidamente violado por gente que nada tem de cavalheiro.
Não passam de uma corja de abutres para quem vale tudo para se perpetuarem no poder.
E sabem o que é mais triste? É que mesmo sabendo o saco cheio de porcaria que tínhamos na frente, voltamos a pegar nele e a colocá-lo no poder.

E agora pagamos. E não pagamos para endireitar o país. Pagamos para disfarçar o desperdício louco que este país tem visto nos últimos 15 anos.
Começou com o desvario de Guterres e Cravinho de bater o redorde de KM's de auto estrada de Ferreira do Amaral e veio acabar com os planos tecnológicos, os contratos de concessão leoninos (de tal forma vergonhosos que são retirados para não serem pulverizados por pareceres do Tribunal de Contas), a politização da justiça fazendo subir os apaniguados para lugares dourados etc etc.

Tenho vergonha por ter a mesma nacionalidade que os homúnculos que governam este país.
Tenho raiva de sozinho não conseguir fazer nada.
Tenho medo que um dia isto expluda e paguem mais os inocentes que os culpados.
Tenho uma tristeza enorme por ver que durante a minha vida adulta passei 35 anos com a esperança de viver num país próspero e acabar por viver na cloaca da Europa.
Tenho vontade de emigrar.
Tenho vontade de chorar...

Sim, não, talvez...

As SCUTS... as belas SCUTS que ajudaram a transformar um país com zonas remotas num dos países com mais Km's de auto estrada da Europa.

Lá pelos idos anos 80, ir de Lisboa ao Porto era toda uma façanha. A A1 acabava uns quilómetros à saída de Lisboa para ser reencontrada e meros quilómetros do Porto.
Não havia muito mais auto estrada do que isto.
Aparece Cavaco Silva e uma "batelada de massa" da comunidade Europeia destinada a eliminar as carências dos países periféricos.
Esses governos lançam obras de construção de auto estradas como se não houvesse amanhã.

Quando Cravinho aparece como Ministro das obras públicas (com Guterres) afirma no parlamento que o governo a que ele pertencia ia lançar ainda mais Km's de auto estradas do que os governos que o tinham antecedido. Ia ser de arrasar.
E elas desataram a aparecer.

Mas apareceu um conceito novo que se ia tornar perfeito quer do ponto de vista eleitoral quer para os concessionários que iriam passar a receber do Estado as chamadas indemnizações compensatórias. O modelo foi esticado até à exaustão.
Era quase perfeito porque como o Estado já não tinha fundos para obras desse calibre,  passava aos privados a responsabilidade da construção ficando depois a pagar milhões de Euros (contos na altura) todos os anos para compensar os concessionários da não cobrança de portagens. Garantindo ainda por cima níveis mínimos de tráfego.

O pessoal agradeceu. Nas zonas urbanas do litoral nomeadamente Lisboa e Porto a "coroa urbana" estendeu-se para dezenas de quilómetros que agora eram servidos por excelentes estradas sem portagem. E as pessoas habituaram-se a isso.

A dada altura lá perceberam que sem portagens a coisa iria azedar seriamente e resolveram cobrar algumas tendo sido a CREL a primeira vítima.


Mas num país falido em que as indemnizações compensatórias custam fortemente ao Estado, o modelo das SCUTS começa a cair aos bocados.
O Governo precisa de cobrar alguma coisa por essas vias. Mas decide fazê-lo duma forma completamente canhestra e com uma precipitação de bradar aos céus.

Quando a CREL começou a ser paga, foram realizadas obras para criar as portagens. Era preciso alargar a via, colocar as cabines e para isso era preciso investimento.
O mesmo deveria ser feito para todas as SCUTS que passassem a ter portagem, só que este Governo achou a forma ideal de não precisar de fazer nada disto.
"metem-se uns leitores a la Via Verde, obriga-se o pessoal todo a comprar um chip de identificação por decreto lei e nem de cabines de portagem precisamos".

E toma das decisões mais parvas e mais susceptíveis de gerar um sério problema. Maior do que já alguma vez teve -  Faz isto só para SCUT's a Norte.
É muito difícil explicar porque é que a carga incide apenas nesta zona, deixando para outras zonas do país o mesmo modelo sem custos.
Claro está que em muitos casos não há alternativas. No Algarve a N125 não é uma alternativa viável à Via do Infante ou no caso da A23 em que a própria auto estrada se sobrepôs ao traçado da nacional não deixando alternativa a muito boa gente.
Uma percentagem importante do total de Km's de SCUT's está em vias no interior, em zonas deprimidas economicamente e normalmente pobres. Mas numa altura destas todos vão dizer que são pobres e falar de equidade. Casa onde não há pão, todos ralham e ninguém tem razão.

Esta decisão não foi explicada de forma sensata e lógica. Nem seria possível esperar num momento como este que as populações das zonas onde passasse a haver portagens aceitassem isto de bom grado. Sobretudo quando se sentem descriminados em relação a outras zonas do país.
Em vez de ter dado ouvidos a muita gente que dizia há anos que o modelo tinha de ser repensado e tê-lo feito com tempo e com ponderação, decide agora numa situação de pânico atirar com a carga apenas para uma zona do país.
Idiotice total. Não é mais que uma demonstração do total desnorte em que este Governo se encontra.

Não me choca que quem use uma auto estrada pague por isso. O que não se pode fazer é cobrar quando as alternativas não existem ou foram deixadas ao abandono de tal forma que não podem suportar o trânsito que terá de passar por elas.
Muitas dessas estradas "alternativas" foram deixadas muito simplesmente a apodrecer.

No pânico de ver a medida rejeitada na AR por toda a oposição, o PS vem apelar ao bom senso e à negociação com o PSD para de alguma forma viabilizar esta medida.
Já ontem o PSD tinha desafiado o Governo a dizer se o pagamento das SCUT's ia ser alargado a todas. É que estando toda a gente habituada às aldrabices deste 1º Ministro, já sabe que o que ele diz hoje não é verdade amanhã.
O governo está de cabeça perdida. Apresenta agora uma proposta para isentar os residentes de pagar mas alargando as portagens a todas as SCUT's. Só não se percebe é como vão ser pagas. O chip desaparece? Se for com chip, vamos vendê-los a Espanha para os nuestros hermanos que dêem umas voltas por cá?

O desnorte é tanto que nada disto é firme ou concreto. Não passa de um patinhar num lamaçal que o próprio Governo criou. Espero sinceramente que se afunde de vez.