Agora é aos 10%

Ainda no outro dia escrevia que não percebia muito bem como se podia qualificar o nosso Ministro das Finanças como um excelente economista.

Previsões falhadas (sucessivamente) desde 2005, orçamentação que quase parece de dedo no ar a avaliar a velocidade do vento e uma notável incapacidade de controlar aquilo que lhe compete (a execução orçamental) não fazem dele exactamente um profissional de alto gabarito. Em escalões mais baixos da força laboral seriam o suficiente para despedimento por justa causa por manifesta inadaptação ao posto de trabalho.

Mas, a juntar à manifesta incapacidade profissional vem agora a incapacidade de se controlar a dizer disparates.

Impor um limite de 7% nos juros da dívida para pedir a intervenção do FMI é não só duma curteza de vistas fantástica como um valente tiro no pé (por esta hora o homem tem uns pés que metem dó...).

Eu pessoalmente acho que ele previu uma descida dos juros da divida e quis-se armar em bom. Mas a experiência já lhe devia ter ensinado que ele se enganou em tudo o que previu que os mercados fizessem e que estatisticamente não devia acertar o prognóstico seguinte. No entanto, o conhecimento de estatística que ele tem ou, parece ter, tem mais a ver com a forma de esconder números de porcaria debaixo de percentagens incompreensíveis e na maior parte das vezes simplesmente falsas.

Mas mais uma vez a falta de controlo sobre o que diz manifestou-se. E disse. E disse m***.

É um dos tais casos em que ele tinha ganho muitíssimo se tivesse ficado calado e nós também. Agora temos de gramar, além do seu desvario verbal, todos os desvarios de todos os pundits e de todos os aspirantes a jornalistas debater se ele devia ou não devia ter feito aquilo e se, por artes mágicas, não terá o "mercado", por pirraça, feitos subir os juros só pra chatear....