A responsabilidade ... essa palavra vã

Rapidamente percebi, sobretudo quando comecei a trabalhar que esse vago conceito da responsabilidade, era apenas levado a sérios por alguns.

A maior parte dos nossos colegas nunca são culpados de nada. Nunca são responsáveis de nada. Vivemos isso no trabalho todos os dias. Desde as miseráveis chefias aos mais baixos escalões da cadeia alimentar, quando chega a hora de apurar responsabilidades, nunca as têm.

Quanto mais alto se sobre na cadeia de poder empresarial mais irresponsáveis são as chefias. Há sempre um subordinado qualquer a sacrificar para disfarçar a falta de carisma, liderança ou mesmo boas ideias. E quando não se têm ideias... contratam-se consultores estratégicos. Assim se der para o torto culpam-se os consultores estratégicos.

Na política isso é levado a um extremo impensável. Arruína-se um país, delapidam-se milhões das contribuições dos cidadãos e não há responsabilidade.
Gastam-se milhões em estudos e assessorias e consultadorias apenas para afastar a responsabilidade de um ministro ignorante, fraco e indeciso. Estamos a falar de gente que disfarça a sua falta de tomates com meia dúzia de consultores. Ainda vai aparecer um termo novo chamado ball enablers....

Um qualquer ministro incompetente e com ânsias mediáticas assina despachos de milhões e "não é responsável". A única responsabilidade é paga pelo voto.
Isto é realmente o que se tem passado todos estes anos de desgoverno desde o 25 de Abril.

Mas eis que Passos Coelho lança para o ar a questão da imputabilidade civil e penal da gestão danosa de um país. Figura essa que já existe no nosso direito e pode ser aplicada a quem arruine uma empresa por fazer os que estes indivíduos fizeram com milhares delas.

Saltam a terreiro os apaniguados do regime apavorados com a perspectiva. Agora tudo o que se diga perturba os mercados. Os mercados que vêm desde há muitos anos o rumo suicida da Economia deste país nas mãos de deslumbrados cleptómanos.

Passos Coelho só dá voz ao que pensa a maioria dos Portugueses correndo risco de que lhe chamem populista. Aliás esse epíteto é frequentemente usado com Paulo Portas de cada vez que ele dá voz aquelas verdades que são de La Palisse para qualquer cidadão trabalhador contribuinte mas que são um anátema para toda esta casta de inúteis que vive no Estado e do Estado desde que ganhou um pelo de barba na cara.
Curiosamente a esquerda não é apelidada de populista quando vem a terreiro com ideias e propostas em tudo semelhantes. Ainda estou para perceber porque é que o populismo está desviado para a direita e a esquerda não enferma desse mal.

Infelizmente receio que uma coisa dessas nunca aconteça mas seria um dia em cheio ver um Teixeira dos Santos a culpar o 1º Ministro por muitas das orientações dementes que deve ter recebido e que foi forçado a adoptar. O que sinceramente não diz muito da espinha dorsal do emérito economista.

E este fenómeno de ele ser um bom economista deixa-me fascinado...
O homem não acerta uma previsão desde 2005, acha que os mercados vão fazer o contrário do que realmente fazem, acha que a economia não se deprime com excesso de carga fiscal e assume que as exportações crescem out of the blue. Aparentemente é uma bela m*** de economista. Só acertou que as importações vão baixar. Mas depois de retirar centenas de euros de rendimento mensal às famílias não é preciso ser nenhum Einstein para fazer essa previsão.
Ele até pode nem ser mau economista, mas é sobretudo um capacho dum engenheiro de faz de conta que em vez de se aconselhar deve ordenar do alto da sua ignorante arrogância pensando que é omnisciente. Um esperto a vida toda, vivendo de esquemas e jogadas lambendo um cu aqui e um cu acolá que exige agora que lhe lambam o dele.... e eles lambem.


Desde 2005 passámos de duma dívida liquida de 70% do PIB para 110%. As parcerias publico-privadas enchem os bolsos de empresas que mais tarde irão receber esta escumalha nos seus quadros da mesma forma já tristemente celebrizada por Jorge Coelho, Ferreira do Amaral, Armando Vara, Fernando Gomes etc etc


Estes individuos não vão para o poder porque acreditam em prestar um serviço público ao país. Acreditam em que o público lhes preste um serviço (ou vários) sob a forma da mais abjecta vassalagem de uns ou sob a forma de compensação pecuniária na maior parte das vezes.
Que ninguém chore o magro salário dos ministros porque em despesas de "representação" estafam eles muito mais do que nós podemos imaginar. E essa informação eles não revelam ainda que sejam obrigados por lei a fazê-lo. Em resposta a um pedido recente nesse sentido responderam que consideravam o pedido ABUSIVO e sem fundamento.

Os partidos de esquerda que poderiam de alguma forma ser o contraponto de todo este disparate resumem-se a propor utopias.

Manter subsidios e ajudas sem o Estado a poder suportar e obviamente aliviando a carga fiscal dos trabalhadores (resta saber se para eles um trabalhador é um coitado que trabalha 8 horas em troca do salário minimo ou um quadro superior que verga 10 ou 12 em troca de 3000).
Taxar os bancos (como se os bancos não transferissem toda essa carga para os clientes).
Taxar as transacções financeiras (como se isso não fizesse com que os investidores estrangeiros não se pirassem para um mercado com taxas mais baixas).


Ainda não conseguiram perceber que a economia nacionalizada e o nivelamento igualitário por baixo deu péssimos resultados em todos os países do Bloco de Leste. A USSR caiu estrondosamente e passou anos de miséria a tentar reconstruir uma economia caduca, ultrapassada e ficticia.

Em suma, propõem soluções já falhadas para um problema que não é "bem" aquele em que vivemos negando-se a perceber que numa situação destas não se pode discutir o que nos trouxe aqui ao apresentar as soluções, mas sim apresentar as soluções a partir do ponto em que estamos.
Discutir o que nos trouxe cá acho muito bem, mas para já proponham medidas em face do ponto em que estamos e não do ponto em que poderíamos estar.

Não passam de soluções casuísticas sem sequer fazer uma simulação de causa/efeito. Nisso em nada diferem dos que lá estão. A cada medida que tomam ficam sempre surpreendidos com os efeitos colaterais. 

Por isso se tornam irrelevantes, panfletários e caducos. Quanto à honestidade também estamos servidos. Não há autarquia da CDU onde um qualquer fulano não se aproveita da situação com a mesma desonestidade de outro qualquer. Pessoas são pessoas e quando estão com a mão por cima da caixa do dinheiro muito poucos resistem. Portanto não se armem em virtuosos porque podres em casa todos têm.

Mas tenho que reconhecer que nunca o despudor foi tão longe como com esta gente do PS. Nunca foi tão evidente o sentimento de impunidade e a noção de que são donos do Estado.

O Futuro próximo

Temos pela nossa frente 6 meses de roubalheira desatada. Porquê?
Porque eles sabem que lhes restam 6 meses e porque sabem que quanto mais destruido deixarem isto para quem vier a seguir, mais dividendos políticos podem retirar disso.
Vamos assistir ao caos da execução orçamental do 1º trimestre. Depois disso o governo irá cair, seja por dissolução da AR por parte do imóvel Cavaco Silva, seja por uma moção de censura da oposição. No 2º trimestre de 2011 teremos eleições. A execução orçamental por essa altura terá derrapado o suficiente para levarmos com outro pacote de medidas de austeridade desta vez aplicadas pelo novo governo.
A velha frase do "isto está pior do que pensávamos" já foi usada por Sócrates e apoiada por Constâncio, um dos mais brilhantes incompetentes economistas do nosso país. Cego como uma toupeira, surdo como uma pedra mas suficientemente bom para ser promovido.

Quero ter a esperança de que há gente decente no PSD que possa ajudar a resolver este descalabro. Manuela Ferreira Leite era um dessas pessoas, mas este país não gosta de "velhas". Prefere vigaristas bem parecidos que saibam mentir bem. E nesse particular convenhamos que a lista de mentirosos compulsivos que este governo apresenta está bem acima da média.

Assiste-se já ao afiar das facas no PS. João Soares, António José Seguro etc etc. Até Vitor Ramalho numa destas noites falava em código para Angelo Correia deixando entender que havia "gente" no PS pronta a "tomar" o lugar deste pinóquio caído em desgraça que dá pelo nome de Sócrates. Até este, um dos sabujos de estimação de quem tínhamos de aturar a verborreia inconsequente no Frente a Frente da Sic Noticias.
João Soares agora virou um critico, ele que ia sempre fazer o seu espectáculo de defesa de Sócrates aos mesmo Frente a Frente (isto nos intervalos de estar a vir e estar a ir para um sitio qualquer no estrangeiro) e obviamente sem os típicos "maniqueísmos politico-partidários"  com que ele gosta tanto de acusar os interlocutores.
Se isto é o melhor que o PS tem para nos dar, arre bolas, fechem-nos todos na sede reguem aquela porcaria com gasolina puxem-lhe o fogo e vendam o terreno para um condomínio de luxo.
Ideologicamente são uns zeros, visão estratégica de futuro só têm uma - chegar ao poder e mantê-lo.
Todas as grandes figuras do saber que lhe estão associadas são de se lhe tirar o chapéu: Sócrates, Teixeira dos Santos, Constâncio, Jorge Coelho, Rui Pereira, Guterres, Mariano Gago, José de Magalhães (comunista reciclado), Elisa Ferreira, Maria de Belém, qualquer coisa Canavilhas, Ana Jorge, Valter Lemos, Maria de Lurdes Rodrigues, Santos Silva, Mário Lino. Alberto Costa, Alberto Martins etc etc. A lista é interminável

Nem com muito esforço conseguiríamos pensar na elite dum partido ou um governo com gente deste nível. Só com muitos anos de depurada escolha é que se conseguia chagar aqui. Levou exactamente 35 anos e esta foi a bela merda com que nos presentearam.

Desculpem a linguagem mais crua deste comentário mas é para afastar a raiva de me sentir completamente impotente.
Vote o que votar vou levar com porcaria. E com a ajuda dum povo alienado com bola, novelas, subsidios e a perspectiva de umas férias de 5 dias em Cuba iremos conseguir transformar Portugal numa Albânia da UE em que vamos andar vestidos com roupa de feira e circular em carros decrépitos enquanto olhamos para os fatinhos de 30.000 dólares do chefe do clã e sonhamos com o dia em que algum deles decida dar-nos a mão arranjando um lugarzinho de contínuo no Ministério.
Vamos voltar ao tempo das benesses régias. Vamos ter uma cleptocracia Africana bem na pontinha da Europa. O meu bem haja