Serei adivinho?

A bela solução do pagamento de portagens nas SCUTS é uma ideia digna de débeis mentais.
Como quase tudo o que envolve tecnologias de informação e processos pensados pelo poder político.


Quando esta brilhante ideia veio à baila, desde logo suspeitei que na pressa de implementar o sistema tudo o que fossem detalhes práticos básicos fossem esquecidos.
A mais óbvia era a forma como se ia proceder com os veículos de aluguer. Quem pagava e como.

Em Junho quando isto estava em discussão vi imediatamente as debilidades de tal sistema. Claro que... foi feita a implementação com todas as falhas possíveis

Hoje o Público publica uma notícia de um cidadão inglês que alugou um carro no aeroporto, andou com ele durante um par de dias e "tentou" pagar as portagens nos CTT.
Quando o tentou fazer, os correios estavam fechados. Mesmo assim disseram-lhe que nunca poderia pagar uma vez que os dados só estão disponíveis 48 horas depois.
Acontece que este cidadão tinha de voltar ao Reino Unido, mas mesmo assim, pediu a amigos portugueses que o fizessem por ele (isto é uma pessoa com princípios éticos e de honestidade bem acima da média).

Acontece que as instituições portuguesas não parecem ter ética, organização ou a mais básica inteligência.
Além das portagens dos 3 dias em que circulou com o carro, os CTT exigiam o pagamento de outras portagens que tinham sido cobradas fora do período de uso do carro por este condutor (é um carro de aluguer, lembram-se).

Obviamente este senhor quer pagar o que gastou e não o que gastaram outros antes dele, mas isso provou-se ser uma tarefa impossível nos CTT.

Este é apenas um pequeno exemplo do desvario idiota que se apossou destes nossos políticos pensadores. Isto não só não gera receita como pode muito bem criar processos judiciais para as empresas de aluguer de automóveis que, nas mãos deste estado demente e cleptómano, as vai accionar para sacar mais uns cobres a alguém. Partindo do principio que não vão estar oneradas de coimas e das simpáticas penalizações que prevêem que se pague desde o INÍCIO do troço.

Tudo isto porque alguém não quis fazer cabines de portagem ou porque não tinha dinheiro para o investimento ou pura e simplesmente porque não tinha espaço para as por, ou ainda, e isto parece-me a hipótese mais provável, porque tinham de garantir a facturação duma empresa e dum organismo criado à pressa para receber uns milhões de fundos públicos.

Basicamente o que temos aqui é uma fantochada. Nada que não esperasse, aliás. Não há circunstância em que o Estado se meta com ideias que envolvam tecnologias de informação em que não se espete de cabeça no chão. As especificações de qualquer sistema que faça, ou pague para se fazer, são tão superficiais e infantis que é caso para perguntar se as pessoas que pensam nisto têm qualquer experiência no ramo.

Só posso deixar uma sugestão - façam o mesmo na Via do Infante. Onde todos os Verões andam milhares de carros alugados por turistas. Façam-nos viver com a imagem de quão incompetentes e idiotas são os portugueses.

Fazer um sistema destes sem acautelar o básico - informação em tempo real para pagamento das portagens - é de tal forma absurdo que só pode resultar da pressa, da incompetência e da óbvia intenção de lixar o cidadão português. Esse pobre diabo que ao viver no país é "agarrado" 48 ou 72 horas depois. Os estrangeiros que andam de carro alugado e o entregam no aeroporto quando se vão embora, irão deixar as portagens por pagar e quando, 48 ou 72 horas depois, forem à procura deles para pagar não os encontram.

Ficarão as empresas de aluguer de automóveis com o "menino" nas mãos. Prescrições, acções judiciais e outras palhaçadas do estilo irão seguir-se. Como o enquadramento legal deste processo é mais ou menos alinhavado à pressa há uma quantidade de receita importante que nunca entrará nos cofres públicos. Mas as indemnizações compensatórias às concessionarias não deixará de ser pago - com ou sem esses valores de portagem.

O Estado já nos tinha habituado a completos disparates na implementação destes sistemas mas nada de tão flagrantemente mau. As vozes que chamaram a atenção para os carros de aluguer e carros estrangeiros foram inúmeras. Ninguém quis saber. Inventaram esta patacoada de ir aos CTT pagar (agravado de taxas obviamente). Mas nem assim é possível fazê-lo pelo simples facto de que quando se vai aos CTT (mesmo que seja no dia a seguir) não há informação do que deve ser pago.

O prémio dos burros do ano vai sem dúvida para a equipa que pensou nesta solução.

Deve haver um secretário de estado e alguns consultores metidos em tão brilhante implementação. Sem dúvida que há. E não podemos deixar de aplaudir a forma atabalhoada e incompetente como conseguiram imaginar um sistema em que todos perdem à excepção do SIEV e da empresa que vende os identificadores.

Como não tenho qualquer dúvida que esse era o único objectivo de tudo isto (administradores, vogais, consoantes e toda a tralha associada) não é de admirar que na implementação dos detalhes práticos não tenha sido investido muito pensamento inteligente. Não era essa a ideia. Mas mesmo que fosse, iam ver-se à rasca para pensar inteligentemente.

Falta de treino...