Só agora? Agora é fácil meus amigos...

Durante vários anos este governo e o partido que o suporta fizeram o que quiseram com a "coisa" pública.

Desde que este 1º ministro subiu ao poder, com a legitimidade que uma maioria absoluta lhe deu, toda a imprensa e televisão lhe lambeu os pés.
Alinhou na campanha para denegrir as magistraturas, alinhou na campanha para denegrir os professores, para denegrir a administração pública e ajudou a fazer duma família que ganhe 70.000 Euros por ano, uma corja de bandidos ricos que deviam pagar 42% de IRS.

A falta de tomates da maioria para por a nu aquilo que se começava a passar era gritante. Os poucos jornalistas sérios que se mantiveram firmes na exposição deste desvario passaram a ser alvos de um governo e de um partido completamente despudorados e adeptos de práticas de repressão e silenciamento dos críticos.

No entretanto levávamos banhos de propaganda, os boys eram metidos em todo o lado a uma cadência de fazer perder a cabeça a qualquer um. Lugares que nada têm de político viram chegar uma nova raça de incompetentes que apenas por estarem nas boas graças de alguém do partido tinham capacidade para os exercer.
Os media silenciosos preferiam engolir toda a propaganda de forma completamente acrítica, sem sequer fazerem o mínimo de esforço para perceber se um anúncio se materializava em algo de concreto. E nem é preciso memória, basta um computador para o fazer. Os anúncios e a realização dos mesmos na data anunciada.

Andaram um mandato inteiro a dormir. A dar realce a parvoíces como a irónica declaração de Manuela Ferreira Leite sobre se não seria melhor suspender a democracia por 6 meses. E apalermadamente sem sequer citar essa declaração no seu contexto.
Contexto esse em que ela dizia que perante as queixas do governo de que as coisas não se conseguiam fazer por causa de milhares de diferentes opiniões, que talvez o governo preferisse suspender a democracia por 6 meses.
O Espectáculo que se seguiu foi tão nojento, tão infantil e tão destinado a imbecis que até custava a crer. Os media atribuíram essa declaração a MFL como se fosse uma proposta dela. Nunca mais deram a sequência em que de percebia o contexto e pura e simplesmente embarcaram no mesmo tom de imbecis reconhecidos como Vitalino Canas ou outras desgraças intelectuais do PS. Prestaram um excelente serviço ao PS. A tal ponto que a contestação à líder do PSD começou a ser mais pelo seu desempenho mediático do que pelas sua ideias e seriedade.
Eminentes politólogos apareciam nas televisões a comparar o perfil de Sócrates com o de MFL (com enorme vantagem para o 1º). Politólogos esses que aparecem hoje, com o governo moribundo, a dizer as piores coisas de Sócrates, do PS e da gestão ruinosa que ele levou a cabo nestes 2 mandatos. 2 mandatos? Então durante o 1º só sabiam dizer bem, seus cobardolas da treta?
Atiraram-se a Cavaco por causa do Estatuto dos Açores como se fosse uma coisinha sem importância, apadrinharam os casamento dos homossexuais como se fosse um desígnio nacional.

Achincalharam tudo e todos os que se queixavam e denunciavam abusos e ilegalidades. Nunca se preocuparam em saber o que estava a acontecer com o louco endividamento do país, com a incompetência do MAI ou do Ministério da Saúde. Com a era ditatorial no ME com Maria de Lurdes Rodrigues. Com os números fictícios de déficit ou com o desmontar da argumentação do Governo de que tudo era culpa da crise Internacional. Nada.
Não fossem 2 ou 3 jornalistas corajosos, nos quais incluo Mário Crespo ou Manuela Moura Guedes (até me arrepia dizer isto mas pelo menos demonstrou que tinha tomates) teríamos ficado com os órgãos de propaganda do Partido Socialista e com os comentadores de treta que fomos vendo ao longo destes 6 anos. Que se insurgiam contra as investigações na justiça sobre o Freeport ou a operação Furacão. Eram cabalas, diziam alguns. Era apenas uma questão política diziam outros. Mas a verdade é que num país civilizado deixar-se-ia a justiça investigar em sossego sem emitir opiniões, muitas das vezes completamente ignorantes, acerca do avanço das coisas.

Agora que o governo está no chão juntam-se todos para lhe dar mais uns pontapés nas costelas. Já se alinham para engraxar as botas a quem vier a seguir. Sabem que é Pedro Passos Coelho e não faltarão asnos opinativos a enaltecer a sua imagem televisiva, a sua capacidade mediática ou ou seus fatos de bom corte.
Agora "descobrem" toda a podridão e roubo que se foi realizando nesta país durante 6 anos. Agora descobrem as famílias em necessidades, os professores sem autoridade, os funcionários públicos desmotivados e os agentes da justiça que lutam para se manter independentes de um poder político que a única coisa que quer é dominar quem ainda lhes pode causar mossa.
Vivemos num país de ladrões que são admirados quando conseguem chegar ao poder. Vivemos num país de cobardes incapazes de dizer o que pensam por medo de se prejudicarem 35 anos depois de re-instaurada a liberdade de expressão. Vivemos num país em que quem aponta o desonesto é olhado como um louco, como alguém com motivações políticas ou simplesmente como alguém a abater.

Os media passam a vida a alinhar-se com o poder vigente. Fazem-lhe favores e esperam benesses. São os primeiros a gritar Vitória e os primeiros a gritar Bandidos.
Não há convicções ou ética. Não investigam nada que os possa por debaixo dos focos do poder a não ser quando acham que o poder já não pode fazer nada.
Percebo agora que a democracia é algo que não estamos preparados para ter. Um ditadorzeco de meia tigela consegue dominar um país destes pelo medo e pela cobardia com uma facilidade estonteante.
E ainda se intitulam de 4º poder. Deviam ter vergonha na cara.