A mentira que nos corrói

E vão quantos anos disto? 6? 7?
Não que não fossemos aldrabados a torto e a direito antes, por um pequeno período de 2 anos, ou ainda antes por um simpático crente com muita empatia e pouca coragem.

Mas isto? Isto é absolutamente inédito. Pelo menos desde que me conheço.

Um 1º ministro absolutamente falso e demagogo. Que para cada frase que diz faz o contrário.
Um manipulador, um agitador.

Que manipulou as pessoas contra os magistrados para que não acontecesse outro Casa Pia. As férias de 3 meses, as estatísticas de processos falsas, a insinuação das mordomias.

Depois foram os professores. As horas de faltas, os horários "minúsculos" o desleixo com os alunos.
Quando o "povo" estava servido de matéria para pensar e sem que os visados tivessem acesso aos media completamente embevecidos com o líder reformador, partiu-se para o esmagamento.

E o povo gostou. Gostava de ver o "poder" dos magistrados ser arrastado pelo chão. Porque o povo gosta de ver os "poderosos" cair em desgraça. Os que têm o poder de o castigar quando comete um crime, ou quando não paga uma dívida, ou quando decide que o filho fica com a mãe ou com o pai por causa do divórcio.
Todos tinham uma coisa contra eles. Pelo menos 50% tinham. E foi pondo o pé em cima do 3º poder, ainda independente do executivo e muito incomodativo.

Com os professores o povo também gostou. Porque eles não punham os seus filhos na ordem. Que é para isso que são "pagos" com o dinheiro dos seus impostos. Dos impostos que evitam pagar.
Para fazer com os filhos aquilo que eles não querem fazer. Ensinar-lhes a ser alguém.
O povo gostou porque não se admite que um licenciado que exerce uma das tarefas mais nobres desde tempos imemoriais, receba 2000 euros de salário e dê 30 horas de aulas. E ainda por cima têm férias que se fartam.... meses delas.

Quando não chegou, foi com a saúde. Os médicos cheios de privilégios e a "defraudar" o estado com os seus consultórios.
O povo gostou. Até pedia que os médicos fossem OBRIGADOS a trabalhar no serviço público para "pagar" de volta a benesse da sua formação.

Ao mesmo tempo modernizava-se o país. Computadores portáteis "portugueses" importados e vendidos por uma empresa amiga.
O grande salto em frente da banda larga para os estudantes. Com dinheiro duma fundação que ficou a dever dinheiro aos operadores.
E alcatrão, muito alcatrão. Mais uma auto estrada para o Porto. E o aço. Um comboio rápido que vai para Norte Sul e Leste. E que poupa 20 minutos na viagem.
E concessões. Para contentores, estradas e pontes. Estradas para lado nenhum.

Em vez de apostar no comboio como factor de redução da nossa dependência energética, reduziu-se a sua qualidade e abrangência para logo a seguir nos proporem um comboio tão rápido tão rápido que só ele, sozinho, ia ser a solução para todos os nossos problemas. Desde o emprego à acessibilidade até à cura das varizes.

Agora não há nada. Tira-se ainda mais a quem tem pouco para se dar mais a quem já tem de sobra.
A educação é "racionalizada" e "requalificada". As escolas juntas e amalgamadas. Os professores despedidos.
Fica-se sem médicos porque se lhes paga miseravelmente. Mas depois contratam-se a empresas que parasitam o trabalho dos outros. Mas é melhor assim, porque isso é pagamento de "serviços " e não custos com pessoal. Génios da contabilidade.

Depois corta-se nos salários e aumentam-se taxas. E inventam-se outras. Quem estava mal ainda fica pior.

Mas perante tudo isto diz-se que a oposição quer destruir o Estado Social. E que o governo quer salvar o país do FMI.
O mesmo governo com o mesmo Ministro que pôs o país no chão endividando-se mais de mil milhões de euros por mês. Um senhor de cabelos brancos esquizofrénico e incapaz de acertar uma previsão que seja.
Um governo com um só ministro - o 1º. Mas que, no entanto, paga a todos os outros pelo trabalho que não fazem e pelas mordomias que não merecem.

Um ministro das finanças que diz agora que faremos tudo para cumprir os objectivos orçamentais.
O mesmo que não fez nada quando eles foram pulverizados.
O mesmo que não acertou uma previsão desde que está em funções.
O mesmo que pôs um limite nos 7% de juro da dívida para uma intervenção externa.
O mesmo que garante agora que vai apertar ainda mais o garrote.
O mesmo que não consegue saber quanto o estado gasta nos seus diferentes organismos.

Um governo vazio, falso e incompetente.
Um líder partidário mentiroso, demagogo e gasto. Com um discurso abjecto.

Como é que em 37 anos de democracia conseguimos eleger alguém assim? Como é que um sistema partidário deixa subir gente assim até ao topo? E como é que um povo alienado olha para alguém assim e o elege duas vezes?
Sem ideologia, sem princípios e sem palavra.
Como podemos esperar que no meio de toda esta mentira não haja consequências?
Um país que se esboroa a pouco e pouco, que perde a identidade e se refugia na "bola" e nas novelas para esquecer aquilo em que se tornou.

Um país em que os "jovens" tiraram "cursos" sem empregabilidade em universidades criadas para o lucro e que agora esperam que lhes reconheçam a valia do diploma. Que mesmo assim não deitam as mãos de fora e tentam a sorte fora do país enquanto ainda podem. Que só se mexem por causa de uma música depois de anos a viver à custa dos pais.

A mentira corrói-nos como  um ácido. Desagrega tudo e enfraquece o que sobra. Mas foi-nos servida como um doce e a maioria comeu-o.