Uma rua? A sério?

Nas minhas deambulações nocturnas pelos sites do costume dei com uma notícia que me deixou abismado.

Um grupo de amigos de Carlos Castro vai pedir à autarquia que o seu nome seja dado a uma rua.

Eu percebo que certas causas precisem dos seus exemplos e dos seus mártires, mas francamente preferia que não escolhessem alguém que se caracterizou toda a vida (em que foi conhecido) por viver de "cortar na casaca" dos outros e por demonstrar comportamentos que seriam muito pouco dignos fosse qual fosse a sua orientação sexual.

Não seria concebível alguém dirigir-se à Câmara de Albufeira propor que se desse o nome de Zézé Camarinha a uma rua qualquer da zona.
As suas proezas são do mesmo nível de baixeza independentemente de ser um heterossexual assumido.

A única diferença é que não foi morto por uma jovem que tentou aliciar com dinheiro e glamour em troca de sexo.

Depois de ler um artigo na Visão acerca do mundo da moda e da noite, por onde se movia Carlos Castro, o nível de repulsa pelos comportamentos relatados foi total.

Não sou um puritano, não sou homófobo mas repugna-me o que fazem algumas pessoas para singrar na vida e a forma como outras se aproveitam disso. Carlos Castro estaria no segundo grupo.

Carlos Castro não foi notório pela sua obra. Ficou-o pela forma como morreu.
E nesse particular há gente bem mais notória e exemplos bem mais edificantes.

Há toda uma quantidade de gente neste país, anónima, que fez muito mais pelos outros e que morreu ao fazê-lo.

Que não se aceite o que fez o criminoso mas não se transforme a vítima em mártir.

A comunidade gay tem de certeza muito melhores exemplos a que se agarrar.