O pânico

Este país está mesmo virado às avessas.

A mentira é verdade e a verdade é mentira. Não é fácil encontrar o caminho no meio da confusão e da retórica a que temos assistido nestes últimos dias.
Alguma dessa retórica é duma infantilidade gritante. Outra raia os limites da esquizofrenia. E outra é pura e simplesmente mal intencionada.


João Tiago Silveira
“o PSD escolheu insultar e avançar com factos que não correspondem à verdade, falou em mentiras, falou em deslealdades, falou em aldrabice”.
“o PSD disse que o Governo tinha assumido compromissos sem o conhecimento dos portugueses” e que “já não havia negociações a fazer”
“Eu queria repudiar isto violentamente. É absolutamente falso que assim seja”.
Silva Pereira
Silva Pereira confirmou também que o PEC vai ser entregue amanhã no Parlamento e manifestou a disponibilidade do Governo para dialogar com a oposição, de forma a "poupar o país" a uma "crise perigosíssima" para a economia portuguesa. "O Governo está inteiramente disponível para negociar", disse.

"A Economia nacional precisa de manifestações de confiança"
António Costa
"o que é importante na vida política nacional é que a temperatura baixe, que as pessoas esclareçam o que há para esclarecer, negoceiem o que tem de ser negociado, e encontrem uma solução que corresponda à defesa do interesse nacional”.
“Não sei se Passos Coelho quando disse isso porventura ainda estava com algum dos equívocos que uma má comunicação tinha gerado. Eu próprio confesso que só no domingo à noite percebi que as pensões mínimas não estavam congeladas. Porventura, muita gente tomou posições com base em posições equívocas.”
“Há um conjunto de objectivos gerais que o Governo assumiu junto da União Europeia e um conjunto de propostas que o Governo apresentou. É necessário discuti-las e trabalhá-las”
José Lello
“Estamos a privilegiar a forma em detrimento da substância. No passado sempre aconteceram circunstâncias semelhantes, aliás, em 2004, o Governo do PSD e CDS apresentou pura e simplesmente o PEC definitivamente a Bruxelas, sem passar nem pelo Presidente da República, nem pelo Parlamento, nem pelo povo português”
Perante isto, só há 3 possibilidades.
Ou o leitor atento pensa que de facto o governo fez TUDO para salvar o país da crise e o PSD (que como sabemos é o único partido com assento parlamentar além do PS) é o responsável pela desgraça em que nos vamos encontrar.
Ou, pelo contrário, pensa que o PS e o governo passaram a usar a velha estratégia de repetir a mentira até à exaustão, esperando que ela se torne verdade
Ou ficam tão baralhados que dizem "eu nem quero saber". Que é por acaso uma forma muito corrente de os portugueses resolverem os problemas. Sobretudo os mais graves.

Já tenho uns anitos de vida. Já vi as coisas mais fantásticas em política. Mas não me recordo de ter visto em política a aplicação perfeita daquela anedota que envolve um "determinado" indivíduo dum "certo" grupo étnico que vai a julgamento por causa de ter morto outro à facada.
Quando interrogado acerca do episódio diz: Sr. Dr. Juiz eu estava sossegado a arranjar as unhas com o meu canivete na mão. O homem veio para mim e atirou-se 7 vezes para cima da faca. O que é que eu podia fazer?