O PCP já se pôs à margem

Ainda pensei que o PCP poderia ter uma oportunidade de fazer cumprir algumas das suas ideias para o país.

Não me chocaria ver um membro do PCP numa pasta como a do Emprego e Solidariedade Social ou até do Ambiente ou da Agricultura. Têm gente capaz para exercer essas funções.

Seria uma excelente oportunidade para tentar influenciar as políticas de um governo o mais alargado possível.

Estranhamente preferia isso a ter de ver um qualquer socialista reciclado a fazer parte dum executivo.

Infelizmente Jerónimo de Sousa já pôs um fim nessa possibilidade.
Não entendo como é que se pode por um lado criticar uma rejeição liminar e precoce duma moção de censura (a do BE) por parte do PSD, sabendo pela sua apresentação que essa moção visava também o PSD e ao mesmo tempo fazer exactamente a mesma coisa antes de se saber o que quer que seja de um programa de Governo que o PSD ainda tem de apresentar.

Receio bem que o PCP prefira fazer o papel do tipo que está de fora e critica todos façam o que façam. Ou que prefira mandar mas mandar sózinho. Afinal essa foi sempre a linha ideológica (e prática) de todos os partidos comunistas que servem de exemplo ao velho líder do PCP.

Continua a reger-se pela velha máxima de que o trabalho e o capital são irreconciliáveis. Um tem de significar o aniquilamento do outro.

É no fim de contas uma posição confortável. Não ter de estabelecer compromissos, de ter de encara a dura realidade na tomada de decisões e de poder tornar-se impopular junto de alguns sectores da sociedade.

É uma pena. Até que gostaria de ver como actuaria um ministro do PCP num governo de salvação Nacional. Ainda não é desta. Pode ser que com um líder nascido mais recentemente que não olhe para o antigo bloco de leste como o sitio da terra onde quase se chegou  à perfeição social, se venha a poder contar com o PCP para alguma coisa. Com este já percebi que só se pode contar para ir a uma "manif" gritar contra qualquer coisa.