Carris - o transporte público é fraco... mas o privado é excelente

Não me choca que em determinadas posições se tenham alguns benefícios inerentes ao lugar. Mas isso faz sentido em empresas que pelo menos não tenham prejuízos.

É um bocado difícil de defender que numa altura em que há uma necessidade de contenção de gastos, se assista a situações destas. Uma empresa cronicamente no vermelho não pode dar-se ao luxo de fazer coisas destas.

Se esta administração conseguisse melhorar a situação anterior ainda se podia imputar algum do sucesso á equipa executiva. Mas a verdade é que a situação se agravou ainda mais em 2010.

Para conter os gastos cortou-se em carreiras existentes ao mesmo tempo que se tratou de "arranjar" uns carrinhos novos para a administração.

Fico passado quando me dizem que foi tudo  “em cumprimento escrupuloso do determinado pela Comissão de Fixação de Vencimentos”.
Não é uma questão de legalidade. É uma questão de moralidade, vergonha, ética e capacidade de perceber que TODOS estamos (ou devíamos estar) a fazer algum sacrifício.

Os "interessados" estarão seguramente de consciência tranquila. Mas não deviam estar. Este tipo de situações é imoral. E é-o mais ainda porque estes "executivos" parecem não demonstrar qualquer competência que justifique prémios, benesses e aumentos.
Deviam ser pura e simplesmente corridos e substituídos por alguém com um mínimo de capacidade de gestão. Ou simplesmente alguém com um mínimo de vergonha.
"O relatório de contas da Carris de 2010, citado pela edição de hoje do “Correio da Manhã”, indica que o presidente da Carris, José Manuel Silva Rodrigues, e os vogais da administração Fernando Jorge Moreira da Silva, Maria Isabel Antunes e Joaquim José Zeferino receberam as quatro viaturas das marcas Mercedes, Audi e BMW no ano passado. A acrescentar a esta lista há a viatura da também administradora Maria Adelina Rocha, que conduz uma viatura paga pela empresa desde 2008.

Ao diário, a Carris indicou que os veículos foram “alugados em substituição de viaturas entretanto abatidas” e que “todas as viaturas estão regime de ALD [Aluguer de Longa Duração]”. De acordo com a empresa, o “valor mensal das rendas pagas, para as cinco viaturas, em 2010, foi de 4514 euros”, incluindo manutenção e seguro. O valor comercial das viaturas ronda os 176 mil euros. A empresa sublinha que o aluguer foi feito “em cumprimento escrupuloso do determinado pela Comissão de Fixação de Vencimentos”.

Esta semana foi divulgado que os capitais próprios da Carris estão negativos em 776,6 milhões de euros e que a administração da empresa pública teve um aumento nos vencimentos em 2010. O resultado líquido da Carris foi novamente negativo no ano passado, agravando-se para 42,3 milhões de euros.

Quanto aos custos com pessoal, a administração da Carris recebeu um total de 420.556 euros em 2010, traduzindo-se num aumento nos vencimentos dos cargos de topo de quase 33 mil euros em comparação a 2009, apesar dos cortes salariais decididos na administração pública. O presidente da Carris aufere mensalmente 6577 euros brutos. Cada vogal da administração 5727 euros."

Fonte: Público