Excel & PowerPoint Management

Abençoada Microsoft.

Sem ela a gestão moderna não existiria Estaríamos reduzidos a fazer contas em Supercalc ou gráficos em Harvard Graphics.

Mas o Excel e o PowerPoint trouxeram a gestão moderna com eles. A gestão à portuguesa.

A capacidade de mudar números de uma coluna para a outra trouxe uma nova dimensão à gestão moderna - a aldrabice com suporte digital.

Passado depois a Power Point consegue-se dar uma imagem de enorme sucesso de uma empresa (ou de um Estado) com um buraco monumental nas contas.

Convivo com isso no meu dia a dia. Convivemos com isso todos nós
Gestores que fazem análises e tomam decisões com números errados. E que lhes juntam mais alguns factores de distorção para que os seus "objectivos" não fiquem em risco.

No meio de tudo isto os extraordinários "planos" estão suportados em nada. E Deus nos livre se aparece algum "maluco" imbuído de realismo a apontar a verdade das coisas. A verdade dos números.

Foi assim que este Estado foi gerido. A importância dos números num Excel é muito maior do que o dinheiro contado em caixa. Desde que o Excel demonstre que está tudo bem, pouco importa se não existe dinheiro na conta. Não há mas devia haver. O Excel demonstra-o.

Como a excelente execução orçamental deste ano. Deve faltar uma parcela - os pagamentos a fornecedores.
Ou a redução de funcionários públicos - os que passaram para o sector público / privado mas ainda com vinculo.

Mas o Excel demonstrará estas duas áreas de sucesso desta governação. Basta mudar o range da fórmula SUM ou até apagar o valor numa célula do Excel. Voilá!! Contas acertadas.

A possibilidade de não se avançar com as portagens em algumas SCUTS porque isso poderia cair dentro dos "novos" critérios do Eurostat e agravar o deficit é um exemplo perfeito de como fazemos as coisas.
Se as portagens foram cobradas o investimento da PPP conta para o deficit do ano do contrato. Apesar de entrar dinheiro que ajuda a reduzir as indemnizações compensatórias, é mais importante que o deficit se mantenha baixo e que as ditas indemnizações (rendas) se mantenham como estão.
Ou seja, vamos manter o diferimento dos custos para deficits de outros anos. Ou nem sequer reflectir esses custos no deficit. São as maravilhas da desorçamentação que se conseguiu com as PPP's.

Todos os princípios de justiça do utilizador / pagador, da igualdade de tratamento de todos os portugueses que usam as SCUTS e mais uma série de belas justificações, vão pelo cano abaixo por causa das "novas" regras do Eurostat.

Ou seja, mascara-se a realidade ainda que isso custe mais dinheiro ao Estado que somos todos nós. Irei pagar portagens de SCUTS em que não ando enquanto os que andam nelas com frequência pagarão provavelmente menos que eu dada a taxa de imposto que pago.
E tudo isto para não agravar o deficit (??). O contabilístico, porque o deficit em caixa aumenta.

Como é que isto é possível?
Ao contrário de uma empresa que quando se acaba o dinheiro fecha as portas, o Estado pode decretar que se cobre mais aos clientes. Retroactivamente e sem melhoria de serviços. O Estado pode confiscar mais um pouco da riqueza Nacional para poder continuar a forjar números do deficit para enganar o Eurostat.

O problema de ter o Estado gerido como uma empresa é básico. Nem todos os gestores empresariais são bons e muitos deles estão em empresas a ganhar pipas de massa. Acham mesmo que os gestores do Estado estão neste lote dos bons?
Desiluda-se quem pensar que a honestidade em certos níveis da Administração Pública é um atributo desejável. Não é. E mesmo que fosse seria mais difícil de encontrar do que uma virgem em Las Vegas.

Os quadros técnicos de Estado há muito que foram colocados à margem. Ou porque não são da confiança política ou porque podem não pactuar com as manipulações. Contratam-se assessores e consultores que dirão que sim a tudo. Afinal pelo que recebem, prostituir-se e despojar-se de princípios não é necessariamente mau.

Não é por acaso que nos últimos anos até as leis são "contratadas" a gabinetes de advogados. E depois temos a legislação que temos. E é por isso que temos o Estado que temos.

Longa vida à Microsoft e a todas as versões do Office que ela deitar cá para fora!!!