A uma semana do fim

Não fosse uma sondagem o que é, pensaríamos que este país ficou louco.

Numa semana a diferença é de 6%, na outra a diferença esfuma-se e na seguinte parra de novo para 5%.

Nos outros partidos há alterações relativamente pequenas, sobretudo quando temos em conta o tamanho da amostragem e a margem de erro. .2% ou .5% num universo de 1000 pessoas são 2 ou 5 individuos com tudo o que isso representa.

As sondagens em excesso são sem dúvida causadoras de um desnorte para muita gente. Não são indutoras de serenidade nem de ponderação. São sim, criadoras de instabilidade e certamente responsáveis (entre outras coisas) de um extremar de posições.

Nota-se um agravar do discurso em certas intervenções de campanha. Sócrates está a um passo de começar a usar linguagem vernácula no que a Passos Coelho diz respeito. Foi-se agudizando desde um ataque cerrado à propostas do PSD, logo a seguir ao debate, até chegar hoje ao ponto de chamar "patético" o apelo ao voto de votantes Socialistas noutras eleições.

Sócrates parece esquecer-se dos outros partidos, e sobretudo e muito convenientemente do CDS. Esquece-se também por completo de falar do seu programa invocando apenas "experiência".

É caso para perguntar de que é que ele tem experiência. Em anunciar medidas que nunca concretiza? Em fazer negócios ruinosos em nome do Estado apenas para apresentar "obra feita" (e no entretanto encher uns bolsos amigos)? Tem experiência em criar um clima de antagonismo com classes profissionais inteiras apenas com intuitos economicistas ou para conseguir limitar os poderes das mesmas?

A experiência de Sócrates foi para nós uma experiência que correu MUITO MAL. Há 6 anos atrás era óbvia a falta de uma estratégia nacional e o fim anunciado duma loucura despesista sem suporte produtivo. Mas há 6 anos atrás podia ter-se feito algo para inverter a situação. Pelo contrário intensificou-se essa tendência ao ponto de a dívida ter disparado como o fez.
Em 6 anos retirou-se da população para engordar o Estado. Asfixiou-se a iniciativa privada para colocar nas mãos de empresas do regime uma série de negociatas "arranjadas" com cadernos de encargos feitos à medida. Ajustes directos com empresas envolvidas em "casos" com o fisco.
Em 6 anos nada se fez e tudo se desfez.
É esta experiência que Sócrates tem. Programa? Bem, mais do mesmo que é o mesmo que dizer que é coisa nenhuma.

A única estratégia possível perante um cenário destes é só uma: Denegrir ainda mais os outros. Extremar as posições arrogando-se de defender uma ideologia há muito esquecida por ele, por Guterres ou por Blair. O socialismo deu lugar à coexistência com o capital na sua vertente mais chocante.

Não é por acaso que os saltitões da política acabam nas empresas que "ajudaram". E já nem se passa por um período de recato. Salta-se de uma para a outra. Passa-se de devedor a credor numa semana e sem se pagar nada. Basta mudar de empresa.

O despudor socialista chegou a um ponto de não retorno. O partido foi anulado pela vontade do líder e vemos figuras de outrora a fazer o odioso papel de terem de defender um partido sem gostarem do líder. Imagino a vergonha de alguns ao terem de se manifestar a favor do líder sem se sentirem enjoados. Seja por lealdade ao partido, seja pela expectativa de favores.

Ver hoje Ferro Rodrigues (o tal que se estava a cagar para o segredo de justiça), mais ou menos reabilitado a lutar por um tacho no parlamento diz bem do nível a que se chegou dentro do PS. Ver Soares afirmar que está ali pelo partido chega a ser triste.

Deve ainda existir uma réstia de esperança dentro do PS. Mas não em Sócrates. O seu discurso mais violento e caceteiro deixa perceber uma clara preocupação com o resultado. Transportar "apoiantes" para comícios que outrora enchiam praças com populações locais diz bem da tentativa de criar uma realidade paralela que os media parecem incapazes de apontar. Apenas no caso mais chocante do sikhs se falou nisso. Não se falou de Coimbra e dos autocarros de Lisboa ou de outras cidades do país.
No entanto em Vila Real lá se falou do PSD por fazer a mesma coisa.

O tratamento nos media é claramente desigual. Se já o é no caso do PSD, então com os outros 3 partidos chega a ser chocante. Sócrates acredita que se dominar os media consegue criar uma visão da realidade que joga a seu favor.

Mas mesmo com sondagens bizarras e flutuações de voto só possíveis num país de loucos a verdade é que o tom de campanha de Sócrates é o indício mais forte do grau de desespero a que está a chegar.
E tendo em conta as sondagens de hoje no Expresso e no Público que indiciam uma descolagem do PSD creio bem que o discurso até ao fim de semana vai piorar consideravelmente.
Sócrates é um mau carácter e um mentiroso e vai chafurdar na lama se for preciso para conseguir mais um balão de oxigénio. O que ele diz dos outros nem de perto se compara com o que os outros dizem da sua governação.
Aborrece-se por lhe chamarem mentiroso. Mas aparentemente não se preocupa nada em evitar mentir. Não consegue. Sócrates viveu enredado numa teia de mentira toda a sua vida adulta. Só lhe resta continuar a toda a força. Essa estratégia safou-o duas vezes e é a única que ele conhece.

Creio que vai ser em vão. E ainda bem que assim é. Estamos fartos da sua voz, das suas mentiras e da sua incompetência.

O Sindroma de Estocolmo

Portugal, ou pelo menos uma considerável parte dele, parece ser vítima duma doença.

Simpatizam com o carrasco! Uma percentagem enorme de pessoas deste país continua a achar que precisa de mais uns quantos anos de Sócrates e dos seus amigos.

Faz tudo para lhe agradar, desculpa todas as coisas que ele possa fazer ou qualquer falha de carácter que possa revelar e parte para defendê-lo com unhas e dentes.

Há nisto, para mim, duas enormes perplexidades.
A primeira é: Quem são eles? É que eu não consigo encontrar ninguém que concorde com a forma como este país foi gerido e custa-me muito a acreditar que mesmo essas pessoas estando indecisas venham a votar em Sócrates e no PS. Não faz sentido nenhum.
A segunda é a razão pela qual existe ainda tanta gente indecisa nesta altura do campeonato. Como é que após tanto tempo de sacrificios e de jogadas sujas ainda se pode considerar a hipótese, mesmo que remota, de que este é melhor que qualquer outro.

Durante estes dias de campanha vieram à superfície uma quantidade de casos que revelam bem a forma despudorada que este governo tem de fazer as coisas. Por um lado uma enorme encenação de defesa do país e dos portugueses e por outro, detrás dos panos, a mais ditatorial e mafiosa forma de exercer o poder.

As nomeações não publicadas em DR, a revelação de concursos milionários para coisa nenhuma, ou mesmo a incrível falta de vergonha de tornar público um documento fundamental para os próximos 3 anos do país e a criação de um outro "secreto" em que uma série de condições fica ainda mais agravadas em termos de prazo e de abrangência.

A total falta de seriedade deste PS ao mesmo tempo que anda pelas ruas a distribuir seriedade e sentido de Estado é a maior mistificação que alguma vez vimos neste país.
Sócrates reduziu o partido a um grupo mafioso que segue o líder porque tem alguma coisa a ganhar ou porque teme ter alguma coisa a perder.

O discurso de Sócrates podia perfeitamente ser usado contra ele. Tudo aquilo que ele aponta aos outros é em grande medida aquilo que ele fez. O que me assusta é que não haja uma maioria esmagadora a ver isto. De acordo com as sondagens ainda há 30% que acha que o que ele fez foi bem feito!!!

A clubite política tem neste país um terreno fértil. Muito poucos votam num programa ou percebem sequer o que se passou nestes 6 anos.
Aquilo que se esperaria ser um aumento do nível cultural e de conhecimento do país através das suas gerações mais jovens, resulta afinal num pais de "tapados" incapazes de um simples raciocínio.

Conheço bem mais que uma meia dúzia de pessoas que se estão a preparar para sair do país. E não estou a falar de desempregados. Estou a falar de quadros qualificados com anos de experiência que se vão mudar com família e tudo para fora do país.


Para muita gente chegou a hora de dizer basta!!! Em vez de lamber as mãos do carrasco para ter a sua simpatia, ainda há gente que se recusa a viver num país governado por gente sem princípios e sem uma réstia de moralidade.

Sem dúvida que foi Sócrates que ganhou o debate

Se mais dúvidas houvesse acerca do debate de dia 20, eis que as sondagens confirmam a tendência.
Nos dias seguir ao debate os media e certos pundits tudo fizeram para passar uma esponja na miserável prestação de Sócrates.

Mas aparentemente, apesar de todos os esforços de descredibilização do PSD e de Passos Coelho, o PSD dá um salto considerável nas intenções de voto.

Resta saber se há uma relação causa/efeito o debate e a sondagem, mas parece-me que alguns simpatizantes do PSD permaneciam indecisos perante toda a tempestade de ruído mediático à volta de PPC.

Terem observado como ele conseguiu fazer frente ao manipulador e demagogo mais insigne de que temos memória, deu-lhes uma esperança redobrada na sua capacidade.

Confesso que sempre achei Passos Coelho pouco equipado para o lugar mas fiquei agradavelmente surpreendido com a sua prestação. E não é coisa pouca resistir calmamente a um aldrabão e manipulador do calibre de Sócrates.
Um ser humano normal provavelmente não resistiria sem lhe assentar um par de murros no nariz. Ter a estatura para estar acima disso é um feito notável. Paradoxalmente mostra uma enorme coragem.

Fico satisfeito de ver esta tendência e perceber que poderemos ter finalmente um país limpo da corja súcia por uma legislatura. Quem sabe o PS não se afunda no seu próprio vómito quando começar o ajuste de contas interno.

Vou querer um lugar na fila da frente para assistir a esse auspicioso acontecimento.

Para já, só precisamos que todos os que detestam a forma ignóbil como este homem e os seus correligionários usaram e se aproveitaram do país vão votar e não optem por ficar em casa.

Como dizia o asno - Agora é a sério

Esta campanha...

Realmente temos um país virado de cabeça para baixo.

O pretendente a primeiro ministro faz os seus comícios apresentando propostas do seu programa, como é aliás o normal numa campanha eleitoral, enquanto o partido no poder limita-se, comício após comício, a atacar as propostas do outro.

Esta estratégia de campanha pode dar resultado no meio daqueles que já sabem que votam no PS, mas é muito insuficiente para aqueles que precisam de ser convencidos.
Se por acaso Sócrates tivesse sido o expoente máximo de um Estado Social robusto seria normal que ele referisse a intenção dos outros de o destruir.

Mas acontece que ele foi quem mais cortou nos benefícios sociais do povo português. O aumento da idade da reforma, a redução das prestações sociais (desemprego, baixa por doença, abono de família) e a eliminação de determinados serviços de apoio à populações (escolas, hospitais, maternidades).

Temos alguém que pode ser considerado o maior destruidor do Estado Social desde o 25 de Abril a fazer uma campanha à volta daquilo que os outros querem fazer. E com um enorme conteúdo de demagogia.

A credibilidade de Sócrates é por esta altura nula.

E só posso crer que esta estratégia de campanha seja mais uma vez baseada naquilo que ele é exímio em fazer - mentir.
Ao chamar a atenção para as questões dos outros pretende afastar de si algumas questões incómodas que terá de responder porque se comprometeu com elas junto dos nossos mais recentes credores.
Sócrates comprometeu-se a baixar a TSU, comprometeu-se a reduzir a despesa na Saúde e a reduzir os gastos do Estado na vertente "social".

Ele sabe disto e de cada vez que é interrogado tenta afastar esse compromisso dizendo que se comprometeu a "estudar".
Os nossos credores não querem estudos.
Essa foi a estratégia Sócrates para justificar o injustificável e para adiar o que não queria fazer.
Com estas entidades ele não pode fazer isso.

E ele sabe que se colocar as suas acções num patamar comum (Memorando de Entendimento) então muito pouco lhe resta para se diferenciar do PSD ou do CDS.

Se todos tiverem de implementar as mesmas medidas com que se comprometeram, qual é o factor diferenciador entre eles?

Há um muito importante. Sócrates teve 6 anos para evitar a derrocada e só a agravou. Os outros não. O PSD em particular deu-lhe apoio 3 vezes acudindo ao apelo do interesse Nacional. 3 vezes.
3 vezes Sócrates falhou. E pedia ainda uma 4ª tentativa.

Na verdade Sócrates e o PS não têm programa. O que têm é um texto pontuado por páginas em branco em que não há um único compromisso de medidas concretas ou de objectivos estratégicos.
Nunca foi uma característica de Sócrates pensar a médio prazo. As decisões eram tomadas por razões bem diferentes do interesse estratégico.

Mais grave ainda foi o facto de  as medidas serem apenas anunciadas e não levadas acabo. Os exemplos mais recentes são a extinção de 50 organismos estatais e a criação de uma comissão de avaliação das PPP's. Essa foi a moeda de troca para o PSD deixar passar o orçamento. E essas dois pontos do acordo nunca foram cumpridos.

Sócrates tem apenas "lábia" para se tentar safar. Mas não é com lábia que ele vai lá desta vez.
Resultou antes porque os outros não lutavam com as mesmas armas. Partiam de trás um jogo viciado pelos media.

Desta vez as coisas são bem diferentes. Ficou evidente no último debate que Sócrates não tem muita substância nem conhecimentos. A um dado ponto enveredou pela demagogia mais barata ao dizer que PPC só sabia dizer mal ou que não era patriota.

Acho curioso como isto só agora foi aparente para muitas pessoas. Não vejo hoje um Sócrates diferente daquilo que foi em 2005 ou em 2009.

Pergunto-me porque é que hoje o discurso gasto e fácil se tornou tão óbvio para tantos quando este sempre foi o discurso de Sócrates.
Um discurso de espertalhoco de aldeia, de vendedor de má pinta. Foi sempre assim e foi assim que ele subiu na escala social. Ele é o exemplo perfeito do chico esperto.

Não hesita em mentir denegrindo os adversários se isso lhe trouxer vantagens. Sócrates é mesmo o pior que a política tem para dar.
Um dia figurará numa enciclopédia para ilustrar o conceito de demagogia e populismo barato.

A Internacional Socialista

Pois sabemos agora que que o PS tem uma vocação internacional. E vai tão longe quanto seja preciso para dar a ideia de que o seu lider presta para alguma coisa.

Juntam-se uns indianos, uns chineses e sabe Deus o quê mais enfiam-se nuns autocarros e levam-se para Évora ou Beja ou onde for preciso mete-se-lhes uma bandeira do PS nas mãos e aí temos nós um comício.

Se isto não fosse tão ridículo e desonesto dava apenas vontade de rir. Mas a verdade é que a "máquina Socialista" é isto. Haverá sempre um organizador completamente despojado de honestidade e pudor que acaba por fazer coisas destas.

Mas ao menos que arranjassem alguém com algum conhecimento da língua ou com uma vestimenta mais adequada ao Alentejo.
Pespegar com uns quantos tipos de turbante num comício a 200Km de Lisboa é completamente ridículo.
Se pensarmos bem, os apoios do Estado aos partidos politicos são usados no PS para este tipo de tropelias.

Uma bifana, um sumo, e aí temos nós 250 apoiantes itinerantes (seguramente alguns nem podem votar) a andar de comício em comício.

Nem nos tempos mais radicais do PCP se assistiu a este tipo de estupidez e de manipulação da realidade.
Vemos isso hoje, 30 e tal anos depois, num partido desesperadamente agarrado ao poder, apavorado com a perspectiva de ser posto na rua.

è no entanto curioso como muita da imprensa ainda continua a dar crédito a alguém como Sócrates, dando quase a entender que no confronto com PPC terá sido o líder Socialista a levar a melhor.
Isto quando a percepção da maior parte das pessoas parece ter sido a de uma derrota por KO


Se por acaso ganhar outra força política, coisa que espero ansiosamente, essa vitória terá vários méritos.
O ter conseguido bater toda a máquina de propaganda a soldo, conseguir por o pior 1º ministro de que há memória na rua e revelar que afinal o povo português ainda tem alguma sanidade mental e não merece pura a simplesmente a extinção.

Tudo isto que se passa à volta do PS e de Sócrates é o pior que a política tem para dar. É o ponto mais baixo onde a luta pelo poder pode chegar.

Owned

Ontem logo a seguir ao debate fiquei com a impressão que as coisas tinham corrido muito mal a Sócrates. Não é tanto o que disse ou o que não disse. Foi o que deixou passar de inquietação e até de alguma surpresa.

Para quem sabe ler sinais corporais e faciais, e isso todos sabemos, Sócrates esteve desconfortável de cada vez que Passos pegava na sua argumentação e a destruía ou levava o debate para aquilo que é realmente o sentimento do país - Sócrates foi incompetente, mentiroso e muitas vezes profundamente mal intencionado ao longo destes 6 anos.

Não é coisa que se consiga varrer para debaixo do tapete com muita facilidade e PPC trouxe isso à superfície várias vezes.

Mas hoje fui tomar o pequeno almoço a um café aqui perto.
Logo que pedi o café, o empregado olhou para mim, sabendo qual a minha opinião acerca do assunto, piscou o olho e disse - owned!!

Há ali seguramente um gamer noctívago.

Mesmo assim fiquei surpreendido. Havia alguma satisfação em algumas caras. Como se de repente suspirassem de alívio por ver PPC estar à altura das circunstâncias.

E vi também alguns que ouço de vez em quando dizer mal de PPC sem nunca falarem a favor de Sócrates abertamente. Ficam-se pelo "são todos iguais" ou pelo "é tudo farinha do mesmo saco".
Mas essas mesmas pessoas comentavam hoje que Sócrates levou um banho!!
Enquanto bebia a minha bica não pude deixar de apurar o ouvido para as conversas laterais.

É espantoso como 1 hora de conversa em televisão pode mudar as cabeças. Hoje já se lembravam das manigâncias de Sócrates. Hoje PPC já não era um menino. Hoje já não era "igual ao outro".
É um homem de 46 anos, experiente, ponderado e provavelmente um muito melhor primeiro ministro do que Sócrates alguma vez foi.

Confesso que ainda perdi algum tempo a folhear o jornal que estava por ali só para poder ouvir mais.

E o que ouvi espantou-me. Duplamente. Porque não pensei que o resultado do debate fosse tão evidente para outros mas porque dava de barato poder de uma hora de televisão.

Enganei-me. E ainda bem que assim foi.
Comigo parecem estar milhões de portugueses determinados a não deixar passar em claro o que foi a maior desgraça governativa que se abateu sobre este país.

Em caso de derrota, Sócrates demitir-se-à ou o partido corre com ele. Passará de bestial a besta num abrir  e fechar de olhos.
Irão reunir-se conselhos de crise lá para as bandas do Rato e a travessia do deserto vai começar.

A corja súcia, habituada ao quero, posso e mando terá de baixar as orelhas e conviver com aquilo que é a alternância democrática. Vai ficar ao lado do BE e do PCP no anti bloco. Mas ao menos aí não causam estragos.

Mas o que é que foi isto?

Se não tivesse visto não acreditava.

Esperava um PPC inseguro, na defensiva e enredado em contradições. E saiu o contrário.

O que me levou a pensar se o empolamento das contradições não é um pratinho já pronto servido pelos media de serviço.
Não houve uma contradição. Estivemos perante alguém que tem um programa, que tem metas e que não se refugia apenas nas estratégias dos "estudos" e da chicana de pior qualidade a que Sócrates nos tem habituado.

Sócrates pareceu verdadeiramente afectado em uma ou duas ocasiões. Parecia querer conduzir o debate (moderador muito fraquinho diga-se de passagem) e esbarra com uma parede a cada tentativa.

PPC deixava-o falar sem interromper e de cada vez vinha mais acutilante e mais assertivo. Na verdade devíamos lembrar-nos que não estamos a lidar com um newcomer da política. Pedro Passos Coelho anda por cá há muitos anos. Soube cativar gente na JSD e conseguiu chegar a deputado pelo PSD.

Mesmo que a sua preparação em Economia não seja a de um doutorado, deixa Sócrates a milhas. Nesses temas que dominaram quase todo o debate, Sócrates parecia alguém que aprendeu de ouvido e que perante uma argumentação mais sólida só conseguia recorrer ao "por favor" e ao "por Amor de Deus".

Curiosamente Sócrates parecia mesmo muito mais afectado do que no debate com Paulo Portas. Talvez porque soubesse que se o PSD ganhar ele nunca terá uma hipótese de voltar a por os pés no Governo mas com Paulo Portas seria a força predominante.

Acho muito triste falar em vitória ou derrota como se fosse um jogo de bola, mas o que eu vi foi alguém que parecia um individuo culto e preparado e do outro lado um feirante de conversa gasta.

Estou espantado e agradavelmente espantado, diga-se. Sei que nos esperam tempos difíceis e que isto pode ser só o principio das desgraças. Mas sei que com Sócrates as mentiras e as estratégias de engano perdurariam e teríamos uma vida muito mais difícil.

Deus queira que tenha havido gente indecisa a formar a sua opinião hoje. Dos fanáticos já nós sabemos o que esperar mas são os indecisos que vão fazer a diferença e isso vai ser fundamental.

Pode ser que este país tenha alguma viabilidade.

O desprezível Sócrates

A cada dia que passa a minha fé no povo português afunda-se mais um pouco.

Não consigo perceber se as pessoas vivem em estado de alienação ou se são simplesmente sectárias e mal intencionadas, não se importando minimamente com os outros.

Mas o que é mais espantoso é que parecem nem se importar consigo mesmas. E isso já raia os limites da estupidez e da inimputabilidade.

Assistir a um excerto de um comício de Sócrates é um exercício penoso.

Primeiro porque não é um comício do Partido Socialista.
Ele esvaziou o PS a tal ponto que o PS é ele e os outros membros do partido fazem campanha por ele. Não pelo PS.
Depois, porque cada intervenção deste homem é tão carregada de mentira, de engano e de demagogia que me parece inacreditável que haja gente que acredite e apoie tamanha loucura.

A distorção da realidade é total. É evidente que para ele as pessoas são um mero instrumento de chegada ao poder. Uma vez lá, fará tudo para que os "seus" tenham uma boa fatia do bolo à custa dos estúpidos que nele votaram. Mas mesmo assim tudo fará para os convencer que "gosta" deles.

É constantemente apanhado em mentiras. Desde a sua própria concordância com a redução da TSU ou dos planos que tinha em 2000 para a privatização das Águas de Portugal é apanhado a cada passo. Mentiras que não pode imputar à crise internacional ou ao chumbo do PEC.

Ele é um mentiroso e nada mais que isso. Ao que parece toda a sua vida terá sido construída sobre aldrabices. Guterres deu-lhe a mão e pôs-nos em cima um dos indivíduos mais dasavergonhados de que tenho memória.
Não posso deixar de traçar um paralelo com o assalto ao poder feito pelas mafias na Rússia pós Perestroika.

A única explicação que encontro para as bandeirinhas e os aplausos é aquela que sabemos ser verdade. O PS arrasta gente de autocarro de um lado para o outro, com considerável gasto de dinheiro e coordenação logística para criar mais uma vez uma onda de propaganda à volta de um líder mentiroso e incompetente.
Já o fez em tempos trazendo uma camionete de excursionistas a Fátima para a frente do Hotel Altis para vitoriar António Costa. Não é nada de novo.

Mas se os tolos são tolos por se deixarem arrastar e intoxicar, os media já não têm desculpa.
Não existe uma análise critica daquilo que ele afirma serem as suas medidas para o país.
Praticamente tudo o que ele diz se fosse adequadamente dissecado cairia por terra num espaço de minutos.
Preferem dissecar os pontos constantes dos programas de outros partidos ou a assertividade de outros líderes.

A encosta para os outros partidos é muito íngreme. Enquanto Sócrates é levado ao colo, os outros são carregados com uma mochila de pesada e apedrejados a cada passo do caminho.

Se isto é deixar os portugueses decidir de acordo com a sua consciência e com as evidências que lhes são apresentadas, então estamos metidos num sarilho.

Nunca fui activista nem saí para a rua a vitoriar um partido, mas desta vez saíria de houvesse um Partido Anti Sócrates.

A sua gestão criminosa do país a sua incompetência e a sua desonestidade merecem julgamento e castigo. Deixá-lo sair impune de tudo isto é no mínimo chocante e pouco diferente de legitimar pelo voto alguém que devia estar preso, à semelhança de Isaltino, Loureiro ou Felgueiras.

É o ponto mais baixo a que um regime pode chegar.

É uma tragédia que tenhamos chegado a isto. Mas chegamos porque quem está no poder sente-se completamente à vontade para desrespeitar o seu juramento.

A política está entregue a gente sem escrúpulos sem estatura e sem honestidade. Vive-se principescamente da coisa pública e distribui-se pelos amigos.

Espero bem que Passos Coelho esteja à altura deste mentiroso compulsivo. Sei bem que os alienados e embrutecidos nunca se deixarão convencer. Continuarão estupidamente a vitoriar um asno incompetente porque nada mais sabem fazer. A sua estrutura mental não lhes permite outra coisa.

Mas será que eles são a maioria? Então não estamos num ponto em que temos o mais elevado grau de qualificação de sempre? Onde andam os portugueses com capacidade crítica?

Um discurso para estúpidos

A cada dia que passa o asco que sinto por este Partido Socialista aumenta.

E não é só a náusea que me causa Sócrates. Só ouvi-lo mentir constantemente causa-me uma sensação visceral de nojo. Não consigo deixar de olhar para ele e pensar que estivemos nas mãos de um espertalhoco sem escrúpulos que conseguiu hipotecar o nosso futuro e o futuro dos nossos filhos .

Falo do Partido Socialista. Nunca se viu um grupo tão alargado num partido português em tempos recentes alinhar de forma tão cega por uma cartilha ditada por um líder compulsivamente mentiroso.

Nem no PCP mais radical se assistia a tamanha falta de ideias individuais num partido.
O líder lança o mote e todos os palermas o seguem com uma convicção e uma argumentação digna de acéfalos.

Durante os tempos foi por causa da falta de programa dos outros partidos. Mais concretamente do PSD. Cheio de orgulho do "seu" programa, lá se atirava ele ao PSD pela falta do seu programa.

Quando este foi anunciado lá foi a sua pobre argumentação por água abaixo.
Ontem agarrou-se à taxa de IVA.

E como é típico dos demagogos, ataca o PSD por uma construção sua. Assumiu que a redução da TSU só pode ser feita à custa da eliminação da taxa intermédia de IVA.
Vai daí todo o discurso do séquito anda à volta disto. Até o argumento estafado e gasto ser substituído por outro.

A verdade é que Sócrates joga na estupidez de quem o ouve e tem sido condicionado a pensar de certa forma ao longo de anos. Da sua forma.

E estupidez é coisa que abunda. De cada vez que sai uma notícia ou um mero sound byte os comentadores de artigos de jornal atacam a um nível indizível. A argumentação usada é na maior parte das vezes digna de débeis mentais. A verdade é que o novo sistema de "moderação" de comentários do Público evita a insanidade de outros tempos, mas os que vão aparecendo são dum nível absolutamente digno de lobotomizados.

Já li de tudo. Se fosse dado ao suicídio, confesso que começava a pensar se não é melhor abandonar este planeta e deixar que os imbecis se auto extingam.

Quando um português inteligente e culto quer argumentar de má fé já é muito mau. Mas quando é um perfeito burro só dá vontade de lhe enfiar com um tijolo na tola.

Ter um país recheado de gente assim é a explicação de raiz para o problema em que nos encontramos.

A maior parte está contra tudo o que não seja pensado por si. O que pensam por si é ridículo, superficial e completamente desfasado da realidade.

O resultado final é o impasse. Que chega ao ponto de ser um impasse no país.

Gente assim serve perfeitamente os propósitos de Sócrates. Manipula-se facilmente, repete até á exaustão o que ele diz e ainda lhe acrescenta o seu toque pessoal com um certo orgulho de "ninguém ainda se ter lembrado disto".
Fala-se-lhe em alhos e responde em bugalhos. Responde a um argumento que demonstra que está errado com algo parecido com "pois, mas seja como for é feio na televisão!".
Quanto mais burro alienado e desesperado é um povo, mais fácil se torna de controlar. E convenhamos que se o nosso não estiver na sua maioria nestas condições não andará muito longe. E é assustador pensar que o voto de tanta desta gente comprometeu o país a este ponto.

Temos hoje uma escolaridade muito diferente de 1974 apenas para sermos um país de iletrados "espertos" e convencidos que evoluimos alguma coisa. Se dantes o povo era "forçado" a ir num certo sentido, hoje é manipulado para o fazer ficando com a ilusão de que o fez de livre vontade. É absolutamente aterrador perceber que até as elites começam a ser tão más como esta gente. A julgar pela qualidade de Sócrates percebe-se bem a que ponto desceu a "elite"

Dizia ontem um comentador na SIC notícias que o mundo do PS e de Sócrates vive de debater a "realidade" em cima de construções feitas por ele próprio e não sobre a realidade.

São feitos processos de intenções, assume-se aquilo que os outros não disseram e durante dias desanca-se o argumento até ele não se conseguir levantar mais do chão.
A seguir nova "construção" e nova semana.

Sabendo como sabe que os media adoram debater sobre especulações, o sucesso é garantido. Não há jornalista que se furte a pedir comentários sobre cenários especulativos nem a propor ele próprio a debate uns quantos.

O triste disto tudo é que o condicionamento e a incapacidade de distinguir a realidade da ficção é cada vez mais difícil para uma grande faixa da população.
Não é raro ouvirmos pessoas repetir um mote completamente falso que lhes foi enfiado pela garganta abaixo pelos políticos manipuladores com a bênção dos media.

E mesmo quando o contraditório é sólido persistem no erro. A incapacidade de reconhecer um pressuposto errado ou de sustentar uma argumentação sensata é uma característica muito corrente.

Não sendo eu um fanboy de Passos Coelho tenho de admitir que existe uma enorme diferença entre os dois:
Sócrates deixou de ser credível. Diz o contrário do que faz mas di-lo com toda a veemência. É um mestre do engano. Desce à maior baixeza que acha necessário para conseguir os seus objectivos. Não tem barreiras morais.
Passos Coelho consegue fazer passar ideias com alguma clareza mantendo sempre a ideia de que não nos está a poupar à realidade à custa de mentiras. Não desce à pura e simples manipulação e ao vale tudo. Tem barreiras morais.

Não têm assim tantos anos de diferença entre eles. Mas estão a quilómetros de distância do ponto de vista de carácter.

Passos Coelho precisa para já de tentar concertar as mensagens de tantas vozes do PSD. A tempestade de declarações pode revelar pluralidade e boas intenções, mas irá provocar por parte da imprensa e por parte do desonesto PS um onda de contra ataques demagógicos destinados a instalar a confusão.

A estratégia de comunicação do PS baseia-se na repetição estalinista de ideias emanadas de uma cabeça. Ao contrário do que parece acontecer no PS, os correligionários só falam aquilo que o chefe deixa. Dá uma ideia de unidade que o PSD parece não ter.

No entanto enquanto uma mensagem é pragmática e realista a outra é mais um saco cheio de aldrabices. O governo está entretido em opor-se à oposição.
Não deixem que isso aconteça e ele morrerá enterrado na sua própria porcaria.

Os vícios e falta de credibilidade

Assisti hoje ao debate Portas - Sócrates e houve um pormenor que me chamou a atenção.

Sócrates pode de facto ser muito convincente, mas apenas quando não encontra do outro lado um mínimo de réplica. E se isso é possível com a complacência dos media que dão voz a todas as acções de propaganda deste 1º Ministro, o mesmo já não acontece quando está frente a frente com outro político.

Portas pode ser tudo menos uma coisa - burro. Prepara-se e estuda o adversário. E convenhamos que para este discurso incongruente de Sócrates um pouco de preparação pode ser devastadora.

Sócrates por outro lado parece um viciado no jogo. Incapaz de resistir arruína-se e arruína os outros pedindo-lhes dinheiro emprestado. Quando finalmente alguém se recusa, culpa-o pelos ganhos que não vai conseguir porque não lhe emprestam dinheiro.
É este o papel de Sócrates. O de um viciado que afirma que desta vez é que era. E que são os outros que o impedem de o demonstrar.

Numa situação em que este discurso é feito frente a alguém minimamente inteligente na argumentação, desmorona-se e não evita parecer agastado e de certa forma surpreendido por ver a sua estratégia ir por água abaixo.

O caso que me chamou a atenção foi a questão do congelamento das pensões mais baixas proposta no PEC IV e que Sócrates afirma não ter acontecido.
Num gesto muito confiante entregou a Portas uma cópia da proposta em que esse "não" congelamento estava expresso.
Mas mediu mal. Portas tinha não só os vários documentos com a "evolução" da proposta, como tinha sido ele próprio a apontar essa injustiça no Parlamento.

Foi após esse debate que Sócrates veio afirmar que isso não aconteceria e para tal o documento foi corrigido pela metade. Ainda deixaram as contas da "poupança" no documento como se o congelamento do indexante se verificasse.
A marcha atrás que o governo fez para usar o argumento de que estava aberto à negociação foi feita precipitadamente e com imensas pontas soltas.
Pontas essas que Portas trazia documentadas e assinaladas a marcador amarelo.

Pela primeira vez vi alguém replicar na cara deste mentiroso manipulador. A sua tentativa de passar um documento tentando fazer esquecer a cronologia dos acontecimentos é apenas mais uma prova da desonestidade a que se pode chegar. Não é que nós não soubéssemos já. Afinal são 6 anos de mentiras.

Sócrates não passa dum viciado que tenta culpar todos à sua volta da sua desgraça, passando uma esponja sobre um período considerável em que podia ter feito bem e fez mal. Apenas se preocupou com propaganda e muito pouco com as consequências.

Esta falta de estatura ética é notada não só cá. É notada fora. Infelizmente ainda há muitos que ou não percebem ou pura e simplesmente não querem perceber.

É muito típico dos portugueses preferir ficar com um mal conhecido do que optar por algo que não conhecem.
De uma coisa estou seguro: Não há forma de fazer pior. Venha quem vier (menos Sócrates) já não pode enveredar pela loucura do despesismo descontrolado, da interferência canhestra na economia para beneficiar os amigos ou em defender um Estado Social que não é viável.
As coisas vão piorar é certo. Mas não se esqueçam que se tivéssemos tido juizo na escolha há 6 anos atrás, provavelmente não estariamos de mão estendida a pedir uma ajuda para as dividas que contraímos entretanto.
Mais grave que isso. O empreendedorismo foi torpedeado, quem quis crescer e ajudra o país a crescer foi impedido de o fazer directa e indirectamente. Muitos desistiram e o país está agora com muito piores condições de recuperar do que estva à 6 anos atrás.

Não foi a queda do Governo que causou isto. O governo caiu porque estava podre e merecia ser posto na rua. Mais um ano de loucura e teríamos uma situação de miséria a bater-nos à porta.

Obrigado Sr. Sócrates. Os seus vícios vamos pagá-los todos nós.
Digo isto com toda a sinceridade e do fundo da alma: Vá para o raio que o parta juntamente com os seus correligionários incompetentes e ladrões.

Como juntar o inútil e o desagradável?

Nos tempos que correm isso não parece ter uma resposta difícil.

Basta juntar Sócrates e Francisco Assis. Se um se revelou um inútil ao longo de 6 anos, o outro revelou-se como uma criatura desagradável. Faz lembrar o corcunda do filme de Mel Brooks (Young Frankenstein). Com os seus olhos esbugalhados, aparecendo do nada.
Assis junta-lhe ainda mais um atributo - dizer nada.

Após a apresentação do programa eleitoral (e em grande medida programa de governo) do PSD, em que foi revelada a intenção de baixar a TSU (Taxa Social Única), logo apareceu Assis a dizer que isso corresponderia a um buraco nas "contas" (e pelos vistos aprenderam agora a fazer contas) que equivaleria a uma subida de IVA em 3%.

Não deixa de ser curioso que Assis não se lembre que a subida de 2% do IVA não teve como causadora nenhum abaixamento de outras contribuições. Foi necessária por pura e simples incompetência do seu colega inútil (Sócrates) e dos seus ministros em controlar aquilo que lhes competia.

Se porventura fosse preciso compensar em IVA um abaixamento de TSU isso equivaleria a uma alteração de carga fiscal 0, coisa que em nenhum dos governos de Sócrates aconteceu. A carga fiscal subiu sempre.

Não acredito que o PS seja muito bom a fazer contas deste tipo. Há noutro tipo em que eles são fabulosos - como sacar do Estado para si e para os seus amigos. Nesse tipo de contas nunca falham ou se falham é sempre por defeito.

A reputação de Sócrates é tão boa que ontem no FT, um colunista habitual (Wolfgang Munchau) qualifica a actuação de Sócrates e o seu apalermado discurso de anuncio das medidas como o "ponto alto do lado tragicómico da crise".

Se alguém tem alguma dúvida de que Sócrates goza de uma péssima reputação junto dos nossos parceiros, este artigo pode ser um claro indício de que a forma como Sócrates é olhado pela EU é muito pior do que nos fazem crer.

Provavelmente terão descoberto muito mais depressa do que os Portugueses a peça com que têm lidado estes últimos 6 anos. Da mesma forma como encontraram as falhas estruturais mais graves deste país num espaço de 3 semanas. Se foram espertos para uma coisa, é de imaginar que tenham sido espertos para a outra.

O próprio programa do PS é uma espécie de coisa nenhuma. Um chorrilho de vulgaridades que apesar de vagas e genéricas conseguem colidir com pontos do memorando que o próprio governo assinou dias depois.

A finalidade de tal programa é óbvia - não cumprimento.
Quase nada existe no programa do PS que possa ser transformado em medidas concretas.
Mesmo que diga que querem tornar mais robusto o SNS, a seguir com o fecho que unidades hospitalares poderiam dizer que era precisamente isso que estavam a fazer, concentrando "qualidade" apenas em alguns pontos do país.

Mesmo com algumas dúvidas acerca da forma como o PSD vai passar este programa a um roteiro de actuação do governo, há muito mais a que nos agarrarmos do que à porcaria de programa que o PS apresentou.
Pode ir muito ao detalhe em certos aspectos. Mas pelo menos há uma intenção e um compromisso de forma pela primeira vez desde há muitos anos.

A ver vamos. Mas por favor que alguém leve o inútil e já agora o desagradável. Se bem que tenho uma convicção de que se fizerem desaparecer o primeiro, o segundo volta para debaixo da pedra de onde veio.

O "programa" do PS é tal e qual o MoU

Ponto prévio: Francisco Assis é um asno. E um asno sectário para juntar ainda mais uma "qualidade.

Neste país de brincadeirinha este tipo de coisas já nem parece chocante. E como os portugueses e sobretudo os jornalistas têm uma memória de 24 horas, nada é apontado e nada é verdadeiramente discutido.

Não há muito tempo foi anunciado o programa eleitoral do PS. E há tantas coisas contraditórias nos dois documentos que me surpreende que nenhum órgão de comunicação social tenha apontado essas discrepâncias.

Na realidade o programa é extremamente vago e cheio de generalidades. Mas mesmo assim algumas dessas generalidades são incompatíveis com o MoU.

Finalmente alguém chegou, olhou para a situação e vai forçar ao cumprimento de objectivos. Objectivos esses que deviam ter sido cumpridos há anos e que durante a maioria absoluta o governo teve toda a possibilidade de fazer.

As evidentes redundâncias no estado e no seu sector empresarial vão ter de levar uma machadada. Foi imediatamente entendido que essas redundâncias resultam da necessidade de criar "lugares" para os que orbitam as esferas do poder e que consomem recursos de forma absolutamente predatória.

Aquilo que a oposição pedia há muito tempo (a suspensão de projectos como o Aeroporto de Lisboa e o TGV) estão expressamente suspensos no acordo até ao fim do programa de ajuda.

As manobra de desorçamentação com recurso a PPP's ou de divida das empresas do estado vão deixar de poder acontecer.

3.13. Ensure full implementation of the Budgetary Framework Law adopting the necessary legal changes, including to the regional and local finance laws: [Q3-2011]
i. The general government perimeter will cover the State, Other public bodies and entities, Social Security, SOEs and PPPs reclassified within the general government and local and regional administrations. 

Esta foi uma das estratégias de ocultação de deficit que nos "tramou" em toda a linha. As empresas contempladas com estes negócios leoninos são e serão responsáveis por uma fatia muito significativa da despesa pública. Despesa essa que se vai prolongar por uns bons anos e onerar as gerações futuras. Com estes governos PS assistiu-se a uma inflação em número e em valor nestas PPP's para lá do minimamente razoável.A revisão do deficit de 2010 em mais 0.5% resultou precisamente da incorporação dos valores de contrato de algumas dessas parcerias no orçamento desse ano.
No entanto a "realidade" para o PS continua a ser um deficit antes de todas as revisões.

Não só a abordagem de Passos Coelho de querer apresentar o programa depois do MoU parece sensata, mas expõe até que ponto a apresentação do programa do PS não passa de mais um exercício de marketing político desfasado da realidade.

Enquanto que um optou por uma abordagem sensata de assumir os seus compromissos depois de saber o que pode fazer, o outro atirou para  rua um documento que é em muitos pontos completamente contrário aquilo que assinou dias depois.
O que é que ele vai fazer agora? Programa do PS v2.0?

Entre outras coisas um dos pontos do programa parece agora um pouco mais dificil de cumprir.
Gostava de saber como é que perante isto o governo pode continuar com o seu programa de "compensar" os produtores de energia de fontes renováveis

Additional costs associated with electricity production under the ordinary regime

5.6. Take measures in order to limit the additional cost associated with the production of electricity under the ordinary regime, in particular through renegotiation or downward revision of the guaranteed compensation mechanism (CMEC) paid to producers under the ordinary regime and the remaining long-term power-purchase agreements (PPAs). [Q4-2011]
Não me importo nada de pagar a energia pelo seu justo preço, desde que não me ponham 40% de valor em cima da tarifa "normal" para subsidiar os produtores de eolica ou solar.
E espero sinceramente que a competição no mercado de electricidade doméstico acabe com o feudo da EDP que é usado para financiar entidades dependentes do Estado sob a forma de taxas na factura mensal.

No que diz respeito à profusão de cargos superiores no estado a coisa vai levar um bom pontapé
Central, regional and local administration
3.38. Reduce management positions and administrative units by at least 15% in the central administration. [Q4-2011]
3.39. In view of improving the efficiency of the central administration and rationalising the use of resources, implement a second phase of the public administration restructuring programme (PRACE 2007). [Q4-2011]
3.40. In view of improving the efficiency of local administration and rationalising the use of resources, the Government will submit to Parliament a draft law by Q4-2011 so that each
municipality will have to present its plan to attain the target of reducing their management positions and administrative units by at least 15% by the end of 2012. [Q2-2012] In what concerns regions, the Government will promote the initiatives needed [Q4-2011] so that each region will present its plan to attain the same target.
3.41. In conjunction with the review of SOEs (see above), prepare a detailed cost/benefit analysis of all public and quasi-public entities, including foundations, associations and other bodies, across all levels of government. [Q4-2011] Based on the results of this analysis, the administration (central, regional or local) responsible for the public entity will decide to close or to maintain it in respect of the law (see below). [Q2-2012]
3.42. Regulate by law the creation and the functioning of foundations, associations, and similar bodies by the central and local administration. This law, which will also facilitate the closure of existing entities when warranted, will be prepared in coordination with a similar framework to be defined for SOEs. The law will define the monitoring and reporting mechanisms and evaluation performance. In addition, the Government will promote the initiatives needed [Q4-2011] so that the same objective is achieved by the regions.
Foi nestas instituições mais ou menos invisíveis no radar que se colocaram os boys e as girls durante estes anos. Fundações, empresas municipais, organismos obscuros  vão ter de passar por um crivo adicional - os nossos salvadores. E estes nossos salvadores não irão olhar com bons olhos o desperdício de recursos neste tipo de instituições.
Vai haver muito "gestor" à procura de emprego por esse país fora.

Os pontos onde este MoU e o programa do PS colidem são mais que muitos.  Não havia nada de concreto do programa quanto à racionalização da despesa no Estado eliminando pedaços do mesmo que são inúteis, ou mais que isso, contraproducentes do ponto de vista de custo e de eficiência.
Uma coisa é por umas generalidades no papel a dizer que se vai pensar numa forma de fazer isso e outra bem diferente é ter no memorando expressamente definida uma lista de fusões e extinções.

Claro que irão sempre aparecer aqueles que dizem que o programa deixava uma porta aberta a tudo isto. Provavelmente sim, tão vago e cheio de bullshit ele é. Mas as omissões ou as sugestões não podem ser confundidas com intenções firmes e este PS não tem intenções firmes de fazer nada a não ser encher-se anos a fio com a mão no saco de dinheiro dos contribuintes.

Estou quase aliviado de saber que apesar de ir pagar como todos os outros, ao menos não vamos ter milhares de parasitas a aproveitar-se disso. Já estava ficar realmente farto de ver como os recursos do país eram desviados para este tipo de gastos em vez de ser para promover o desenvolvimento do país e pagar as nossas dívidas ao exterior.