A esquerda e a direita

É por demais divertido ver a forma como aqueles que já se acham perdedores qualificam estas eleições.

Agora de repente são de esquerda. O PS retirou o socialismo do baú, sacudiu-lhe o pó e diz agora cheio de propriedade e de cagança que estas eleições são uma luta entre a direita e a esquerda.

O que não deixa de ser bizarro se olharmos para o perfil de Sócrates e sobretudo para a sua obra. Ele levou ao extremo a orientação do partido começada por Guterres.

Do ponto de vista do papel do estado, não houve partido que mais tivesse alienado as responsabilidades do Estado (uma das questões doutrinárias fulcrais do socialismo). Coisa que partidos como o PCP e BE levam para o extremo oposto. A nacionalização de tudo o que seja sector relevante da economia.

A banca, os seguros, as grandes empresas de distribuição etc etc. Isto obviamente além de serviços fundamentais como a saúde, a segurança, e a educação.

Foi neste governo que Portugal começou a ser gerido como uma empresa. E muito mal diga-se de passagem. Mas olhando à nossa volta vemos a quantidade de serviços do Estado que foram transformados em empresas públicas fugindo claramente à regras que são impostas ao Estado.

Planos de privatização de sectores fundamentais como as àguas, ou a abertura da saúde (ou deveria dizer o escancaramento) ao sector privado através de PPP's.
Este PS de socialista ou de esquerda não tem nada. Aquilo que deveria ser a solidariedade social por via fiscal (pagam os que mais podem para dar aos que menos têm) tornou-se num saque à classe média e no cortar de ajudas sociais muito importantes para um grande sector da sociedade. Esse saque foi cair direito nos bolsos das grandes empresas (do grande capital...) que ao fazer contratos leoninos com um estado completamente incompetente (ou conivente) a negociar empenhou grande parte do rendimento pago pelos portugueses.

Tentou ser de esquerda em questões como o aborto ou como o casamento homossexual, mas nem isso é apanágio da esquerda por muito que se queira. Esse tipo de convicções ou opções não tem cor política sequer.

O PS de esquerda não tem nada. Não teve nem terá nas mãos deste secretário geral. Por isso me espanta não só o aproveitamento da esquerda com fins eleitorais como me espanta também ver os saltitões do PS como Manuel Alegre ou Ferro Rodrigues que tanto vão até ao bloco como voltam a casa.

O PS é sobretudo "pragmático". Quer o poder. Se se armar em centro esquerda dá votos, ele é-o. Se estiver com a corda na garganta já é esquerda.

E agora estão mesmo com a corda na garganta. Já nem sequer disfarçam e nem tentam fazer como o líder dizendo que o PSD vai ter uma surpresa.

Perderam a fé, tal como já tinham perdido a ideologia e a vergonha e a ligação à realidade.

Este PS está reduzido a uma corja de malfeitores, de funcionários de nível intermédio nomeados à pressão que se divertiram a exercer o ser poderzinho sobre os que não eram como eles.
A assessores descontrolados e inúteis, que ora são lambe botas para as chefias ora são uns pulhas para os outros.
O PS transformou-se nestes 6 anos num negócio de extorsão e de intimidação.

Pode até ser que isto seja a "esquerda". Mas curioso é que Jerónimo que é DONO da esquerda diz que eles não o são. Louçã que acha que é mais DONO ainda que Jerónimo diz que eles são de direita. Mas depois quando fazem as contas, estes dois falam de esquerda no parlamento e metem o PS como uma parcela (??) Que tal isto como um exercício intelectualmente honesto?
Quando é que um partido de esquerda deixa de o ser? 6 anos de "políticas de direita" ainda dá para chamar a um partido como o PS de esquerda?

Seja como for preparam-se para levar uma valente pázada.
E não perdem por questões ideológicas. Perdem porque foram tão incompetentes e mentirosos que seria chocante que fosse de outra forma. Foram o grupo mais desgraçado que a governação ets país já conheceu. Deixam as finanças e o país em estado de coma. Apenas em 6 anos destruíram até às fundações aquilo que tinha levado anos a construir. Quem os destruiu foram eles próprios e a sua mais que óbvia incapacidade de gerir um país.

E nenhum destes pobres diabos incompetentes continuará a mamar da teta estatal. Péssima altura para ficar desempregado não há dúvida.
Pode ser que consigam arranjar um dos 150.000 empregos que Sócrates deve ter na manga.
Boa sorte