Contrastes

Segui hoje a conferência de imprensa do nosso Ministro das Finanças. E que diferença meus senhores, que diferença.

A segurança, a prudência e o conhecimento das matérias são o oposto do que Teixeira dos Santos fazia. Não sei é do tom pausado e ponderado ou se é outra coisa qualquer, mas Teixeira dos Santos não tinha qualquer credibilidade.
Tentava justificar o injustificável e dizia um ou dois meses depois o que nos tinha garantido que não era verdade um ou dois meses antes.

Mas ressaltou desta conferência de imprensa a atitude mais honesta que já assisti.

Não é bom para ninguém revelar congelamentos nos salários da função pública até 2013, ou a eliminação das deduções à colecta dos escalões mais altos de IRS. Mas este é o estado a que o país chegou. Com a colaboração de muitos portugueses sempre prontos para ter aquilo a que não tinham direito e dos políticos que sabiam muito bem que a distribuição de benesses impossíveis de pagar a prazo traria dividendos eleitorais.

Acho curioso que quando se anuncia uma redução da despesa, a redução pela qual bradaram todos desde jornalistas e comentadores a políticos, dizem agora que essa redução da despesa é à custa de serviços sociais.

Pois o que achavam? Que era só despedir as chefias dos Institutos, Fundações etc etc e a coisa ficava por aí? Achavam que o gasto era só o salário e as benesses dos outros?
Certamente que não estavam com atenção quando se falou em reforma do Estado. Do Estado Providência que não temos forma de pagar.

Claro que se a administração fiscal soubesse trabalhar seria muito fácil detectar quem hoje foge simplesmente ao pagamento de potenciais impostos. Falo daqueles que vivem em casas que "não são deles" que andam em carros de empresa, que têm a empresa a pagar o colégio dos filhos e que lhes paga a televisão que têm em casa. E esses pagam em IRC nas "suas empresas" bem menos do que pagariam em IRS se a administração fiscal tivesse mecanismos legais para acabar com esses abusos.

Infelizmente a maior fatia recai sobre os que trabalham por conta de outrem e sobretudo numa classe média e média alta que trabalha e vê o seu trabalho desaparecer pela metade em impostos. Esses nada podem deduzir, nada podem ter de ajuda e são apontados a dedo por todo o miserável que prefere não aceitar um emprego mas pede ao dono do negócio que lhe carimbe o papel para o desemprego.

Mas mesmo assim e tendo sido sobrecarregado com impostos pelo Sr. José Sócrates no seu afã socializador prefiro fazer este sacrifício por gente séria do que por larápios que aumentaram a carga fiscal desalmadamente e a estouraram em coisa nenhuma e fazendo ainda subir a dívida de uma forma assustadora.

Para aqueles que já não se lembram do que se passou há dois meses só tenho pena que os seus salários não tenham ficado por pagar. Deviam ter mesmo ficado sem salário durante um mês ou dois para perceber a trampa que era Sócrates e o seu ministro das Finanças. Para sentir a realidade bater-lhes na cara e terem depois a lata de votar PS nas legislativas.
Felizmente a maioria do país ainda não é estúpida. Anda perto mas ainda não é. Ou então é e muito estúpido vota apenas contra quem lhe mexe no bolso.

Claro que temos sempre os tipos do contra. Ouvi um deputado do PCP a dizer que o Ministro teve o "atrevimento" de apresentar uma perspectiva de crescimento de 1. qualquer coisa por cento para o ano de 2013.
Pois nunca ouvi ninguém desse partido caduco e intrinsecamente mentiroso falar nesses termos quando o Governo Socialista nos apresentava perpspectivas ainda mais ilusórias vindas do nada.

Irão sendo conhecidas as entidades que vão ser extintas, com uma intenção de cortar 20% nas empresas públicas, poiso de caciques e incompetentes de todos os partidos.
Irão conter a despesa no SNS. Espero bem que sim. O disparate que se gasta em medicamentos é ridículo, mas não há um português que não goste de ir ao médico e voltar sem um maldito anti inflamatório ou sem um "tibiótico".
Se racionalizar é acabar com os abusos dentro da administração e nos próprios hábitos do povo português eu aplaudo de pé.

Pelo menos este ministro inspira-me confiança. Sabe do que fala e é prudente. Não manipula números e não esconde a realidade. Que incrível contraste com as desgraças do último (e não só) governo Sócrates.