Os media (4)

Este PS anda de cabeça perdida. E os media adoram este tipo de parvoíces e amplificam-nas a proporções gigantescas. Como se tudo o que fosse relevante para revelar neste país fosse aquilo que os media escolhem.

Parece que a única coisa que os move por estes dias é a necessidade de levantar casos para se manter na proa das atenções mediáticas.

Uma das coisas que me chamou a atenção foi a proposta do PS para que se passasse a beber água da torneira no Parlamento.
A proposta foi chumbada com os votos contra do PSD e com as abstenções dos restantes partidos.

É um resultado previsível e obviamente esperado por parte do PS. Assim, o ónus do chumbo da proposta cai sobre o PSD ainda que quase de certeza nenhum dos partidos, nem sequer aquele que apresenta a proposta, esteja de acordo com a medida.

A razão para isto é a despesa de 8.800 Euros por ano de água engarrafada feita pelo Parlamento. Visto assim parece ser um disparate de dinheiro mas façamos umas contas simples para perceber como isso não é mais que uma forma de olhar os números com um aproveitamento completamente demagógico.

No meu prédio vivem 40 familias. 120 pessoas. Se cada uma dessas pessoas beber 1 litro de água por dia isso significa 6800 Euros de água por ano. Esta conta é simples e assume que o garrafão custa .78 €.

Ora, nós sabemos que o parlamento tem mais de 120 pessoas. Bem mais do que isso. E decerto um litro de água por dia não é uma média assim tão anormal.

Há decerto muito mais situações em que se desperdiça dinheiro e que poderiam ser revistas. Beber água da torneira até pode ser politicamente correcto mas em Lisboa o sabor da água não é nem nunca foi brilhante. Muito diferente de beber água da torneira na Guarda ou em Bragança.

Este tipo de propostas não são mais que uma armadilha na qual os media pegam como moscas em mel. E moscas é mesmo a melhor designação para um jornalismo que cada vez mais parece preocupado em encontrar uma poia onde pousar.

Ontem um outro exemplo de um excelente jornalismo..
A entrevista a Paula Teixeira da Cruz.

Judite de Sousa estava possessa. Quando se tem uma ministra da Justiça de um país com os problemas conhecidos no sistema judicial e se perde um tempo infindável a discutir as acusações de um bastonário incontinente e rasteiro, diz bem da qualidade da informação que se quer prestar ao cidadão.
Em vez de colocar perguntas relevantes como por exemplo a intenção de evitar o atraso dos processos usando os recursos ou questões pertinentes como os casos das duvidosas utilizações de verbas do ministério da Justiça nos governos anteriores, passa-se o tempo a discutir se a ministra tem cunhados, ou se tem alguém no gabinete que ela já conhecia etc etc.
Dá-se voz a um tresloucado que sai para a rua a gritar o que lhe vem à cabeça e depois pinta-se o cenário como se houvesse uma guerra aberta com o bastonário. Quase dando a entender que aos dislates deste correspondem respostas da Ministra.
E quando a ministra explica que isso não é assim, a entrevistadora diz coisas como "passemos à frente" ou "já tinha dito isso". Ou até um "bom..." estrategicamente colocado quase dando a entender que aquilo que a ministra acabou de dizer não é verdade...

Não tinha visto Judite de Sousa a fazer este papel noutras ocasiões. Com Sócrates à frente borrou-se completamente e tudo fez para não ferir e não zangar a fera.
Com a Ministra parecia uma luta de mulheres a competir pelo mesmo homem. Será? É que a sociedade de advogados a que a Ministra pertence também tem como sócio um tal Seara. O que é que se passa aqui?

Aquilo que tenho visto nos media não é mais do que a amplificação do pior e o alheamento do resto. A justiça é a "guerra" entre o bastonário e a ministra. É só isso? É preciso ser a ministra a listar aquilo que estão a fazer mesmo sendo interrompida pela entrevistadora?

Por estes dias não vejo jornalistas. Vejo uns tipos que parecem ter aterrado de paraquedas nos media, que nada se informam sobre os assuntos que estão a tratar ou, muito pior, que parecem ter contas pessoais a ajustar com alguém.
É essa a informação que nos servem. Verdadeiramente desprezível