Seguramente deve haver alguma coisa útil para fazer

Aqui estamos nós 3 ou 4 dias volvidos sobre as afirmações de Passos Coelho sobre a possibilidade de se emigrar para encontrar oportunidades de trabalho.

Ele disse o que toda a gente com dois dedos de testa sabe há muitos anos. E faz há muitos anos. Foi duma frontalidade "brutal" para os delicados ouvidos portugueses.

E desde sábado passa-se por qualquer televisão ou por qualquer jornal e a merda é sempre a mesma. Vai da condenação até às dicas sobre o melhor sítio para emigrar. Esquizofrenia total.

O PS e a oposição agarram esta oportunidade com unhas e dentes. As figuras do regime, até o sr. que coordena (ou coordenava) as Novas Oportunidades não resistiu a meter uma bucha acerca da emigração no seu discurso de defesa das Novas Oportunidades.

Leva-se isto a um ponto tal que entrevistavam alguém na TSF hoje de manhã que dizia que a tal agência que Rangel propòs não fazia falta nenhuma porque já havia uma coisa assim.

Ou seja, quando se fala da emigração como se fosse uma novidade de sábado, sabemos agora que os consulados já têm um papel activo na ajuda e aconselhamento de quem emigra.
Então, afinal a emigração existe? De gente qualificada? Olha o espanto.
Os mesmos jornais que se deliciam a dar voz a todo este disparate, publicam informação sobre os melhores países para emigrar. O Público tinha ontem uma peça sobre a emigração para Angola. Tinha um artigo ante ontem sobre o atraso dos vistos para Angola por causa do período de férias da embaixada. E que tal se se pusesse toda esta gente em fila e se varresse a chapadão?

E que tal se se pusesse o líder parlamentar do PS nesse alinhamento e lhe dessem chapadas até ficar com as bochechas negras?
O líder parlamentar do PS, Carlos Zorrinho, acusou esta manhã o Governo de “brincar” com os portugueses numa alusão às declarações de um secretário de Estado, do próprio primeiro-ministro e do eurodeputado do PSD Paulo Rangel sobre as oportunidades de emigração.
Número de portugueses a emigrar disparou 41% o ano passado (8 Junho 2011)

Nunca houve maior crescimento de emigração do que no período em que o PS esteve no Governo a não ser provavelmente com a grande vaga de emigração anterior ao 25 de Abril.

Mas enquanto nessa altura saiam pessoas de baixas qualificações, com estes senhores no poder, muita gente com qualificações percebeu que este país não era para eles. E saíram. Independentemente de se ter falado nisso ou não, as acções e inacções do Governo PS em relação a quase tudo levaram a uma fuga maciça de pessoas com altos graus de qualificação. Em 2009 estão estimadas 70 mil saídas. E esta taxa de saída  não deve ter abrandado por aí além. Pode mesmo ter aumentado.

Já suspeitava que este país só funcionava na base da chapada e da mão de ferro. Somos um povo incapaz de se concentrar no que é importante e de unir forças para atingir um objectivo comum. No momento presente seria talvez o crescimento do país e a saída da situação de quase banca rota em que nos encontramos.
Mas isso parece ser impossível.

Vai-se desde a imbecilidade mais básica à malcriadice pura e simples. Apesar de ser óbvio que essa pode ser ou que já é uma alternativa para muitos, toda a minha gentinha acha por bem ter o seu bocadinho de gozo por causa da afirmação.

A energia que se gasta a discutir uma não questão é um bom indício da nossa incapacidade de dar atenção às coisas realmente importantes no momento devido.
O mais fantástico é ver gente do PS a atirar pedras porque alguém disse o óbvio enquanto eles em surdina foram causando uma torrente de saída de cabeças deste país.
E o mais giro é que os media andam à procura de um nome português de cada vez que é anunciada uma descoberta científica. Até fazem reportagens sobre os portugueses qualificados no estrangeiro.

Depois, quando a oportunidade se apresenta fazem isto. Alimentam isto durante quase uma semana.
Não há pachorra para aturar toda esta conversa de porcaria quando temos pela frente a obrigação de ter 4.5% de deficit no fim de 2012, com emigrantes ou sem eles.