Um país de palhacitos

Desde dia 20 que andamos a remexer em porcaria.

Cavaco, que fazia um favor a toda a gente se se limitasse a ler os discursos que lhe escrevem resolve "improvisar" no dia 20 e andamos até hoje, dia 25, a gramar toda esta parvoíce.
Que chega ao ponto de juntar umas dezenas de tolos, a fazer figura daquilo que são, em frente a Belém.
Com o ciber jornalista Paulo Querido na frente. O ciber génio, ciber pioneiro, o ciber inutil Paulo Querido.

Estas foram ao longo destes dias as notícias do Público acerca deste não assunto. E estão na secção de política. Talvez devessem estar numa qualquer secção sobre saúde mental. É algo perfeitamente legítimo duvidar dessa saúde mental, a começar por Cavaco e a acabar em todos os outros.
Multipliquem toda esta cobertura mediática pelo número de jornais, rádio e TV e percebem até que ponto isto é insuportável.

Um país na ruína, atirado para ela por um bando de criminosos sem castigo que se passeiam debaixo dos nossos narizes, com problemas graves em quase tudo o que vai da economia à sociedade, perde horas e horas de esforço de incontáveis indivíduos com uma MERDA destas.

Sem dúvida nenhuma que Portugal merece os políticos que tem. São apenas os mentecaptos eleitos. Mentecaptos não eleitos temos de sobra, como se pode comprovar por toda esta palhaçada.



De cabeça perdida

Isto há gente que nem com uma chapada por dia se conseguia emendar.
Depois das patéticas declarações de Cavaco acerca das suas necessidades materiais, começou um desmando de notícias acerca do tema que me levam a pensar que não devemos ter neste país mais nenhuma razão de preocupação.
É inaudito.

O homem é completamente desajeitado em tudo o que sejam declarações de improviso. Ora está de boca cheia de bolo, ora faz um esgar de zombie ora parece uma estaca inerte.

A declarações dele não me surpreendem. Há gente que não nasceu para falar e Cavaco é um deles. Antes fosse mudo.

E se calhar compreendo que alguém como ele que descontou de salários altos toda uma vida veja com maus olhos esta onda populista de reduzir todos a uma pensão de 1000 Euros. Tal como ele vejo com muito maus olhos eu ter andado a descontar décadas de um salário simpático para no fim me dizerem que vou andar 15 ou 20 anos a ter de viver de sopas e com um cobertor para me manter quente porque a pensão não vai chegar para comprar mais comida nem para pagar a conta da electricidade.
O problema é que ele não tem só uma pensão. E as que tem somadas serão provavelmente bem mais de 1000 Euros.
Mas a questão começa e acaba aí. É canhestro, não tem o dom da palavra e não sabe fazer contas.
Se formos qualificar o que ele disse não há muito mais por onde pegar.

Mas há sempre uns quantos que por se oporem a ele, aquando das eleições, acham que qualquer pretexto é bom para pedir a demissão. E fazem uma petição para o efeito. Estou surpreendido por só haverem 6500 a assinar. A julgar pelo aproveitamento mentecapto deste assunto deveriam ser muitos mais.
Os que restam entretêm-se a fazer foto montagens de Cavaco a fazer de mendigo, inventam posters de angariação de fundos etc etc etc. Trabalho bem aproveitado sem dúvida nenhuma.
O tempo que nós perdemos a remexer a poia com um pauzinho é completamente desproporcionado em comparação com o que devia ser o nosso objectivo último.

Não posso com Cavaco mas há duas coisas que são óbvias para mim:
1. Foi eleito pela maioria dos portugueses e sem o meu voto
2. Os deslizes dele são famosos e não lesam o país ou a nós de nenhuma forma. Ficam apenas com ele

Assim, não me resta mais do que aceitar aquilo que um regime democrático é. Daí a pedir que ele se demita por dizer disparates de vez em quando vai um verdadeiro fosso. Gostaria de ver se alguns destes "democratas" pediriam com tanta prontidão a demissão de Sócrates após todos os casos duvidosos em que se viu envolvido. Aposto que não.
E esses casos lesaram-nos directa e indirectamente. Desde o seu grau académico fraudulento até aos negócios ilícitos de que foi acusado. Gostaria de uma petição para que ele fosse a tribunal explicá-los um por um. Não vejo nada disso.

Vejo um dizer desajeitadamente o que não deve e milhares do outro lado, onde se podem briosamente incluir profissionais da comunicação, a empolar toda esta trampa desde que o 1º falou.
Hoje num jornal até havia perguntas a um painel de notáveis acerca disto. Desse painel constavam entre outros... Ana Bola... I rest my case
E o emplastro? E Pinto da Costa? e o sr. do restaurante onde eu como ao almoço?
Chegamos a um ponto em que dizemos qualquer coisa sobre a situação em que vivemos e temos de ouvir um esperto a dizer "já estás como Cavaco? Coitadinho..."

Tenham dó. Aceitem que a democracia permite a certos personagens incapazes ser eleitos (não precisam de ir muito longe no tempo para o comprovar).
Vivam com isso... ou emigrem e experimentem ouvir as afirmações imbecis que são proferidas por esse mundo fora por gente bem mais pretigiada e culta do que Cavaco.

Ter curriculo académico não é nem nunca foi uma garantia de qualidade. Nem a falta dele o é.
Já passaram "sumidades" da academia pelos nossos governos e numa percentagem esmagadora não passaram de ineptos deslumbrados com o título de ministro.
Não se surpreendam por ter Cavaco a proferir estes disparates. Alegre, Soares e muitos outros candidatos não se destacam por serem grandes crânios. Destacam-se sim por insistir e insistir em viver da política com todas as vantagens que isso pode trazer.

A culpa é nossa...

Muitas vezes me perguntei porque é que Portugal parece ser um país encalhado sem nunca conseguir realizar o seu potencial.

Mas a questão que se põe mesmo é. E qual é o nosso potencial?

Bem, ele é o nosso potencial como povo. Não somos menos que os Alemães ou que os Ingleses com uma notável excepção - a quantidade.
Uma das nossas "cruzes" é o facto de sermos poucos. A nossa escala inviabiliza iniciativas que para um país com 50  milhões de habitantes já são perfeitamente viáveis.

Talvez por isso os nossos antepassados ambicionavam um Portugal maior.

Só que desde há muito tempo percebo que o facto de sermos pequeninos não é só o que nos separa dos "grandes" países desse mundo.

O português não sabe bem qual é o seu lugar. Vive mais ou menos desnorteado e confundindo coisas. Confunde o que sabe com o que não sabe, emite opiniões sobre tudo mesmo não sabendo patavina do que está a falar. Pressupõe quase sempre que todos são estúpidos e ele foi o que descobriu aquilo que ninguém mais tinha visto antes.
Devemos ter sido sempre assim. Não é por acaso que quase todos os países da Europa que passaram por uma guerra enormemente destrutiva passaram por nós como verdadeiros foguetes e nós ficámos neste lamaçal eterno.
Mas as coisas agravaram-se muitíssimo nos últimos anos.

A diferença fundamental que eu noto entre um português e um alemão tem a ver com uma premissa tremendamente simples. O alemão sabe qual é o seu trabalho e confia no trabalho dos outros antes dele e no trabalho daqueles que estão depois. É o conceito da cadeia de produção levado ao limite.

E confia porque sabe que alguém que sabe, planeou, desenhou e garante que o sistema funciona assim.

Por oposição o português que talvez não saiba muito bem fazer o que lhe compete, questiona a competência dos que estão antes e dos que estão depois. Perde-se em questionar (ou muitas vezes torpedear) o trabalho dos outros esquecendo-se muitas vezes de fazer o seu.
A mania de refazer tudo do zero acontece até ao nível dos governos. Há sempre alguém a apagar o quadro e a começar de novo.

Muitas vezes, esta tremenda ineficácia é suprida por uma enorme capacidade de "desenrascanço". Mas como um bom desenrascanço, é mal amanhado não reproduzível e nunca passado a conhecimento partilhável com os outros. O desenrascanço é específico de cada um e diferente entre todos.

Um alemão não conhece o conceito de desenrascanço. Fica como um peixe fora de água perante uma situação inesperada. Juntam-se, discutem e documentam uma forma de evitar a situação inesperada. OU de a transformar em esperada. Os chamados "known unkowns". A partir daí nunca mais vai ser preciso desenrascanço. Apenas margem de segurança.
Tudo é metódico, documentado e partilhado. Daqui a 20 anos tudo o que fizeram, planearam e realizaram poderá ser reproduzido detalhe por detalhe.

Connosco tudo é feito em cima do joelho, não documentado e propriedade do autor para todo o sempre. Aqui passados 3 anos já ninguém se lembra onde estão as coisas. Esperar que se descubra como um processo foi concebido e porquê é uma tarefa completamente fútil. Houve já 10 desenrascanços em cima do plano inicial que subverteram todo o pensamento inicial subjacente.

E os gestores portugueses (se é que se podem chamar de gestores aos incontáveis calhaus que andam por este país) não conseguem de forma nenhuma reverter esta forma de fazer as coisas. A não ser que apliquem métodos desenvolvidos por outros. E muitas vezes mal compreendidos e mal implementados. Que dão como resultado uma capa artificial de organização e método que não é mais que uma camada adicional de burocracia. Querem um exemplo? As avaliações...de mérito? rofl....

Perdemo-nos com pormenores e muito poucas vezes olhamos para o objectivo final. Se fossemos fazer uma comparação entre um corredor de 110 metros barreiras alemão e um português, o alemão corria como um desalmado do principio ao fim, porque o treinador lhe tinha dito que era isso que ele devia fazer, enquanto que o português iria apreciar a forma como as barreiras foram pintadas durante a corrida, assegurando no fim da corrida que conseguia ter pintado aquela "merda" muito melhor.

Basicamente ninguém confia em ninguém neste país. Nas capacidades dos outros, na sua honestidade e nas suas palavras.
Uma esmagadora maioria fala de justiça ou de economia sem perceber "pevas" do que está a dizer. Quando lhe explicam como é responde que devia ser doutra forma. Comenta sound bytes deturpados e deturpa-os um bocadinho mais. Perante um texto consegue interpretar exactamente o contrário do que ele expressa.

Vemos isso até na política. Gente que deveria saber do que fala. Gente que devia saber o que são os pressupostos de uma discussão sem querer mudar as regras a meio.

É muito estranho que isso funcione assim. Já trabalhei com ingleses, americanos, alemães e a principal diferença entre eles e nós é que recorrem apenas ao que está pensado e planeado. Podem até redefinir um plano em face de alteração de condições. Mas refazem o plano. Nós desenrascamos e nada mais bate certo com o plano a partir daí.
Não desperdiçam esforço em coisas acessórias. Nós não fazemos outra coisa. Não ligam a problemas antes de eles se manifestarem ou serem reconhecidos como problemas. Nós passamos a vida a inventar problemas que ainda nem sequer temos e provavelmente não vamos ter. A velha mania do "eu bem disse".

Tudo o que nós fazemos mal, contribui para um enorme fosso de produtividade entre nós e eles. A diferença pode ser abismal. No fim nem sequer reconhecemos que o trabalho deles devia ter sido feito. Mas a diferença fundamental é que eles levam 6 meses e fica bem feito. Nós desenrascamos em 2 meses e passamos 2 anos a colar adesivo para manter as coisas a trabalhar.
Eles partilham conhecimento sob a forma escrita. Nós guardamos para nós e andamos sempre a procurar o "gajo que sabia".

Não é de espantar que perante estas diferenças óbvias nós percamos com a comparação com estes indivíduos. Nem planear a abertura duma miserável vala na rua nós conseguimos fazer. Põe-se um pavimento novo e um mês depois aparecem uns tipos do gás ou da electricidade ou do cabo a abrir uma vala para fazer qualquer coisa. E depois não vem asfalto para tapar o buraco ou a calçada não é reposta até ser perderem as pedras todas.
E alinhavámos um Estado assim. Desde a burocracia desnecessária e opaca que serve esta forma de estar até ao derrapanço mais que escandaloso de custo e tempo de todas as obras que fazemos.

E porque é que sabendo isto não se faz nada para mudar? Porque convém a alguém, ou melhor, porque convém a muitos. Se fossemos eficientes e capazes havia muito menos gente a viver à custa da ineficiência que manifestamos.
As empresas públicas são o exemplo acabado desta forma de pensar. Já há tanta gente a não fazer nada de jeito que tanto faz metermos mais uns a fazer o mesmo. O Estado que somos nós, paga.

Não creio que mudemos de forma de ser durante a minha vida. Haverá sempre excepções em que a nossa capacidade de adaptação aliada a alguma organização possa fazer a diferença. Mas são excepções. E se nós conseguíssemos disciplinar o nosso desenrascanço e usar um verdadeiro método seríamos imbatíveis.
Não é por acaso que um português, a trabalhar num ambiente deste tipo, quase sempre brilha. A nossa multidisciplinaridade não tem paralelo. Só que cá acaba por ser deficit de atenção.

As empresas privadas e públicas encheram-se de gente que finge que sabe e finge que faz porque havia sempre dinheiro para pagar. Agora não há.
Mas a nossa sina perdura. Quando em face de uma decisão para tornar uma empresa mais eficiente, manda-se embora os que sabem e ficam os amigos de quem decide.
Nunca o mérito é tido em conta.

A estupidez e o nepotismo são reis.

Aquilo que tivemos na governação desde o 25 de Abril foi isto. Periodicamente estamos de calças na mão.
Quem sobe a lugares governativos são os que, à falta de currículo, enveredaram pela política. Elegemos gente que finge que sabe e finge que faz. Atiram sacos de dinheiro ao problema. Sossegam as massas com benesses.

Pois bem, acabou-se o dinheiro. Acabou-se a estratégia. Aquilo que todos nós vimos e nunca se teve a coragem de mexer, descobriram os srs. da troika numa questão de semanas. E o tratamento é uma paulada nas costas de grande envergadura. Nas minhas, nas vossas, nas de todos que nunca fizeram nada para por este desgraçado país no Estado em que está.

Os media (8)

Informação objectiva e isenta. É exactamente o contrário daquilo que o Público nos serve.
Este título está pespegado na página de entrada:

Nacionalistas provocam confrontos em manifestação contra medidas de austeridade

E eu estava à espera de um relato de caceteiros a infliltrar-se na manifestação e a provocar confrontos.
Fui lendo o artigo e li-o até ao fim. E fiquei verdadeiramente baralhado. Especialmente com esta última parte

Confrontos com nacionalistas
Cerca de 15 membros do Movimento de Oposição Nacional, que se afirma como nacionalista, juntaram-se à cauda do protesto e logo tiveram reacções de repúdio. “Fascismo nunca mais, 25 de Abril Sempre”, gritaram vários jovens, alguns deles usando máscara. Francisco Garcia dos Santos, um dos elementos do grupo nacionalista explica que foram mal recebidos e agredidos pela “pedrada de um pseudo-democrata”, dizendo que um dos elementos teve que ir para o hospital.
No final dos confrontos, um dos manifestantes que vaiou o grupo subiu para o cimo de uma paragem de autocarro e queimou uma bandeira do grupo nacionalista.
O corpo de intervenção da PSP interveio e separou o grupo nacionalista do resto dos manifestantes. O grupo manteve-se na marcha mas foi mantido a distância em relação ao corpo do protesto, estando rodeado por cerca de 25 polícias.
Algo está mal neste título. A não ser que o Público ache que uma tipa de mini saia estava mesmo a pedi-las quando foi violada.
Onde é que anda a inteligência do jornalismo do Público. Como é que se pode escrever o texto acima e depois escrever o título que lhe foi dado?
Eu esperava de facto que este grupo tivesse causado problemas. Estão normalmente associados a ideologias repugnantes e muito mal entendidas e sempre prontos para a cacetada.
Mas afinal só estavam a protestar contra os governantes que nos trouxeram a isto. Tal como os outros.
Outros, que pelos vistos têm o monopólio do descontentamento e do direito à indignação. Não se pode ser nacionalista e estar indignado com isto?
Então são agora os jovens de esquerda que andam mascarados, que apedrejam os outros e incendeiam bandeiras que são os bonzinhos.
Os que levam pedradas, são insultados, que vêm as suas bandeiras ser-lhes tiradas das mãos e queimadas são os provocadores?

O título podia ser: Confrontos em manifestação contra austeridade. Dizia tudo e o artigo esclareceria o resto. Mas a Catarina Gomes, torpe como uma pedra consegui escrever um título e um artigo em que se contradiz. E não há ninguém neste arremedo de jornal que ensine a este simulacro de jornalista como se deve fazer?

Nota: Não simpatizo de todo com este tipo de movimentos. Não conheço a sua ideologia mas duvido muito que me identificasse com ela. Mas não confundo nacionalismo com extrema direita. Ponho a extrema esquerda juntinha com a extrema direita em termos de nível de QI, tolerância e tendências  ditatoriais.
Parece-me que cada vez mais sou forçado a colocar os jornalistas do Público juntamente com todo esse lixo. Este jornal está a tornar-se um pasquim escrito e gerido por estagiários.

Os media (7)

Não vi ontem o Jornal da SIC e pelos vistos não tive a oportunidade de assistir a mais uma brilhante peça jornalística desta estação de televisão.
Mas hoje chamaram-me a atenção para a mesma e consegui encontrar no site da SIC a dita "peça" jornalística.

No Jornal da Noite uma peça sobre a "justiça em Portugal" os briosos jornalistas lá voltaram a a dar a SUA visão bastante arrevezada daquilo que nós somos em comparação com aquilo que os outros são.

A peça (a bela peça) era uma análise acerca da morosidade da justiça em processos de grande dimensão, como no caso  das contrapartidas na compra dos submarinos que ainda não chegou a julgamento.
A jornalista dizia num tom muito pouco imparcial que isso se devia à inexistência de espaço na agenda do juízes.
Por oposição dizia que o caso na Alemanha já foi julgado.

Claro que quando comparamos coisas convém que comparemos coisas iguais. Que não se caia em erros  como mais recente do Público (O caso das nomeações do Governo: esclarecimento e correcções) que dava a entender que o Governo actual tinha feito muito mais nomeações do que o anterior Governo. O único pequeno problema da comparação tinha a ver com o facto de se estarem a comparar 6 meses de um governo com 2 meses do outro. Acresce a isto que estamos a comparar um Governo de um partido que esteve arredado da governação por 6 anos com um que estava a iniciar o seu segundo mandato.
Posta da maneira como foi, a comparação faz obviamente parecer tremendamente mal a actuação do Governo. E a verdade é que só pode ser esse o objectivo de colocar notícias num jornal sem o mínimo de contextualização.
Neste caso da peça da SIC o problema é exactamente o mesmo. Não é de todo comparável a quantidade de processos que tem um juiz criminal na Alemanha e em Portugal. O número de processos não deverá andar muito longe de ser 10 vezes mais para um português do que para um alemão.

Porque é que nesta peça sobre a justiça não referem os casos protagonizados por Noronha do Nascimento, Candida Almeida ou outros que envolveram Sócrates e os seus amigos? Porque não se fala nos atrasos do caso Face Oculta (com a mesma idade doutros casos referidos na peça)? Não há uma única referência ás peripécias de casos que envolvam gente associada com o poder "passado".
Até estranhei não terem juntado o caso BPN a esta lista de "tropelias" da justiça.

Logo por aí se vê até que ponto a superficialidade dos nossos jornalistas não difere muito daquilo que faz um português inculto e com muito pouca preocupação com o rigor das palavras que lhe saem da boca.

Mais adiante o jornalista chega a dizer que "a desculpa" no caso BCP é por os arguidos estarem a ser julgados noutro caso. Notem bem, não é justificação, razão etc etc. É DESCULPA.
É caso para perguntar qual é a desculpa que um jornalista apresenta para se comportar como uma besta inculta. Ou qual é a desculpa dos responsáveis pela informação da estação para deixar colocar uma peça no ar sem qualquer preocupação de rigor jornalístico. Será que a desculpa é o facto de serem umas bestas? De serem tudo menos jornalistas com algum gabarito?

Apesar de eu e todos nós sabermos que a justiça está muito longe de ser perfeita, sei muito bem que existem como em todo o lado bons e maus profissionais. Maus e bons juízes, maus e bons magistrados do MP, bons e maus jornalistas etc etc.
E sei também que é dever dos juizes e dos jornalistas ser imparcial. Uns porque tomam decisões com um enorme impacto na vida das pessoas e os outros porque têm um papel que pode ser de informação ou de manipulação de quem os vê e ouve.
E não considero um bom jornalista aquele com o qual eu concorde. Considero um bom jornalista aquele que deixa as suas convicções de fora da equação e que se esforça com a isenção a que é obrigado em investigar e ir ao fundo das questões.
Um jornalismo sério é aquele capaz de apresentar os vários pontos de vista ou pelo menos pesá-los de forma a que a decisão final caiba a quem recebe a informação.

Fornecer informação parcial não é mais do que retirar aos cidadãos a capacidade de decidir e formar a sua própria opinião. Este tipo de informação não é um exercício de liberdade. É um exercício de condicionamento da liberdade de informação e de decisão. Em suma, é uma verdadeira trampa.

O que este jornalismo faz é dar a sensação a todos de que temos uma justiça de calões, que atrasa estes casos porque está a proteger "certas" pessoas e que devia pura e simplemente ser tratada a chicote como trabalhadores forçados.
Isto aumenta, e de que maneira, o sentimento de revolta da população em geral perante a justiça. O respeito perde-se, trata-se um órgão de soberania como se fosse apenas um grupo de funcionários sem estatuto, sem prestígio e sem saber.
Basicamente o que isto faz é contribuir para que as pessoas em vez de respeitar a justiça e a lei, se caguem para ela. Faz com que se olhe para atitudes justiceiras como uma possibilidade viável perante a "bandalheira" que é a justiça em Portugal.

Passámos de ter um jornalismo mau e subserviente da era Sócrates que fazia isto por ordens superiores a um jornalismo parcial, superficial, ignorante e deformativo que pretende criar uma certa forma de pensar face a um novo poder de um partido diferente.
Pode não ser a linha orientadora das estações ou dos jornais. É no entanto a linha de alguns jornalistas com o beneplácito das suas chefias e das direcções de informação. E isso é o produto final das estações de TV e dos jornais por mais que os seus directores proclamem nobremente os ideiais do bom jornalismo, da isenção e da qualidade.
Uma informação assim não é informativa. É deformativa e manipuladora.

Mais um bom serviço prestado em nome da informação. Mais um caso emblemático de informação de sarjeta. Como é que gente assim poderia não gostar dum borgesso como Marinho Pinto?



A peça começa no minuto 21.


Impossível agradar a todos

TGV: Portugal entrega projeto nas próximas semanas 

Era esta uma notícia no Expresso Online de hoje. Lido assim às pressas e sem ler o resto do artigo lá vem a ladaínha do "são todos iguais" "só as moscas é que mudam" etc etc.

Na verdade o Ministro da Economia tinha declarado que o TGV só fazia sentido se fosse repensado. Se assentasse a sua razão de ser na aproximação dos portos portugueses, especialmente Sines que é um dos que tem maior potencial por explorar, das mercadorias de e para a Europa.

E a 1ª coisa que ouvi de alguém que leu esta notícia era a ideia de que tudo afinal seria igual.
Só que parece que não é e se revela bastante coerente com as palavras de Álvaro Pereira.

O Eixo Porto -Vigo deixou de ser contemplado. E a aposta na ligação com os nossos portos parece fazer parte do plano
Os participantes do seminário puderam perceber como a aposta de Alta Velocidade portuguesa irá servir os portos de Sines, Setúbal e Lisboa, e Aveiro via Salamanca, deixando, pelo menos para já, fora desta rede europeia Leixões e Viana.
Afinal a tal aposta nos portos sempre se confirma. O reajuste do plano para poder usar os fundos comunitários numa rede que transporte mercadorias e certamente passageiros em vez de apenas passageiros parece estar na calha para ser aprovada.

Por uma questão de sensatez era óbivo que a opção de TGV só para passageiros iria ser altamente deficitária. Imagino que seria muito pouco possível concorrer em preço com o avião no trajecto Lisboa Madrid. Tal como aconteceu em Espanha em que foram encerradas linhas de TGV no Verão, cá iríamos ter comboios às moscas e não estamos em condições de suportar mais serviços deficitários quando os serviços públicos que temos já estão em risco.

O que me surpreende é que se queira comparar isto com as manias de novo rico dos governos de Sócrates. Uma ligação de mercadorias a Espanha pode ser fundamental para potenciar os nossos portos de mar. Imagino que possa ser rentável fazer passar mercadorias espanholas para exportação pelos nossos portos de Sines, Setúbal ou Lisboa em vez de optar pelos portos espanhões do Mediterrâneo ou do Cantábrico. Ou mesmo do Atlantico.

Uma coisa é certa: Esta notícia é absolutamente coerente com as afirmações de A. Pereira de há uns meses.
Pode discordar-se de todo da existência do TGV seja para mercadorias seja para passageiros. Mas sem ele, potenciar os portos torna-se difícil e, tanto quanto sei, o facto de sermos um país virado ao mar com portos em excelentes condições pode ser um factor importante para o nosso desenvolvimento económico e para a criação de uns "quantos" postos de trabalho.

Quanto a outros grandes empreendimentos já não estou tão seguro. O caso do novo aeroporto já é bem mais difícil de defender. Não só temos um ainda não saturado (apesar das vozes insistentes de iminente saturação) e cuja esperança de vida se afigura longa. Ou não tivesse a crise e o preço do petróleo um impacto directo no transporte aéreo.

Os especialistas e os media, ou os especialistas nos media, ou outra trampa qualquer

Vamos um dia destes andar a discutir a falta de coordenação entre os lenços e as gravatas do elenco ministerial.

Há um parvo qualquer numa redação que se lembra de levantar uma lebre. Convoca "especialistas" e prontamente temos uma horda de académicos prontos a desancar tudo e todos do alto dos seus pomposos títulos.

Aparentemente as regras de acessibilidade para cidadãos com deficiência não são cumpridos no novo portal do governo.  Algumas das falhas são verdadeiramente notáveis.
Entre as falhas encontradas pelos especialistas ouvidos pelo PÚBLICO, estão vídeos sem legendas e sem um texto explicativo, pouco contraste de cores, uma navegação impraticável para quem só usa o teclado e a ausência de identificação das línguas (o português e o inglês), dificultando a tarefa dos leitores de ecrã usados por quem tem problemas de visão.
O conteúdo não é completamente inacessível senão em casos pontuais, mas está apresentado de uma forma que torna pouco prática a leitura por parte de cidadãos com necessidades especiais”, explica Bruno Figueiredo, director da empresa Ideias e Imagens, que faz consultoria nesta área. “Os principais cidadãos afectados são os invisuais, pessoas com deficiências auditivas e pessoas com deficiências motoras nos membros superiores”.
Há vídeos não legendados, as cores contrastam pouco e não se consegue só navegar com teclado. Aborrecido, de acordo, e provavelmente de fácil resolução. Tal como é de fácil resolução a correção de algumas falhas no site da Ideias e Imagens que se resume a 5 páginas. E que numa delas não é possível perceber se o botão de Enviar Mensagem está seleccionado ou não. São 5 páginas meus caros. Nem sequer é um site dinâmico. HTML puro e duro que se pode escrever em Notepad.
De uma empresa de consultoria...
Mas há mais... Um professor da Universidade de Trás os Montes levanta a questão da não existência de um Mapa do Site.
Pois é sr. Dr. O site da Universidade onde Vexa lecciona também não tem. A não ser que por mapa do site entenda Mapa do Campus (i.e. Site Físico). Eu diria que sendo um especialista na matéria já deverá ter usado o site da sua ilustre Universidade e poderia ter sugerido as boas práticas no mesmo. Assim a título de exemplo.

O líder do Departamento de Usabilidade e Qualidade do portal Sapo, Ivo Gomes, também tem qualquer coisa a dizer.
(...) faz uma avaliação negativa e enumera problemas. Um deles é a navegação com o teclado, tarefa “quase impossível”. Quem navega só com as teclas normalmente percorre os links de forma sequencial até ao link desejado - mas o site não assinala os links à medida que vão sendo seleccionados. “Faltou claramente alguém que fizesse uma validação manual [do cumprimento dos requisitos de acessibilidade] ou pelo menos um teste com duas ou três pessoas com algum tipo de necessidade especial”.
Até aqui estou de acordo, e o caso dos links não mudarem de aspecto é facilmente resolúvel com uma mera alteração nas style sheets.  Mas deixem-me fazer uma pergunta acerca destes problemas... Um surdo pode usar o rato, logo os links não são um problema. Um cego também não os vê tenham eles uma cor diferente ou não e uma pessoa sem os membros superiores também tem alguma dificuldade em usar um teclado, visse ele os links ou não.
Um cego ouve os vídeos mas não pode fazer muito mais, um surdo vê os vídeos mas não tem legendas e uma pessoa sem membros superiores poderia ver e ouvir vídeos e navegar nos links, pudesse ela usar um teclado ou um rato.
Acresce a isto que no sapo.pt o conceito de sequencia na navegação dos links é uma coisa muito relativa.
Então, este é um problema de ilegalidade do site ou apenas um aproveitamento infantil da situação para desancar o Governo por mais coisa nenhuma?

O que seria bem mais útil seria elencar estes problemas e usar as sugestões para os fazer chegar a quem realizou o site. Até porque nenhum dos "especialistas" tem muito de que se orgulhar.
Aliás, nem o site do Público é grande coisa do ponto de vista de usabilidade ou design. Para já não falar da merdice de anúncios em Flash que ocupam a página inteira obrigando depois a fazer scroll recorrendo à barra lateral já que o "rolete" central do rato fica desabilitado (layers, meus amigos, layers).

Mas com isto faz-se uma notícia de página de entrada, fica-se chocado com 75 mil euros do trabalho e aí está o Governo a ter culpa de mais uma coisa. Não me parece de todo exagerado o custo do portal, para ser muito franco. Em muitos sites de empresas por este país fora, 75 mil Euros é uma alteração que o utilizador praticamente nem nota.


Isto não me aborrece por ser este Governo. Aborrece-me porque estas coisas são alvos fáceis sejam iniciativa de que Governo forem. É um hábito recorrente ter questões destas por causa da tecnologia. De repente os tipos de IT passaram a ser os maus. Ladrões e incompetentes. O "gajo da informática" passou de salvador a odiado. Porque o "gajo da informática" pede dinheiro pelo que faz e nem sempre fica bem á primeira. Muitas das vezes porque quem pede não o faz como deve ser ou até porque as coisas vão mudando à medida que se vai avançando.
Aborrece-me porque passam a vida a remexer na merda com um pauzinho, todos empertigados e virtuosos como se pudessem ter orgulho da porcaria que têm para mostrar. Pois não têm.

Dir-me-ão que o Governo legislou sobre isto e que a lei deve ser cumprida. Absolutamente de acordo. Tenho imensa pena que não façam esta brilhante análise no site do Parlamento, por exemplo. Carreguei no símbolo da acessibilidade e está lá isto
A Acessibilidade do Portal
O Portal Internet da Assembleia da República tem como um dos seus objectivos proporcionar a todos os seus utilizadores acessibilidade aos seus conteúdos. Cumprimos as normas internacionais de acesso aos conteúdos Web, facilitando a sua utilização a todos os que nele entrarem com tecnologias de acesso.
Existe uma particular atenção para com os cidadãos com necessidades especiais garantindo um elevado nível de compatibilidade com os leitores de ecrã mais utilizados no mercado.
O Portal utiliza também um serviço - ReadSpeaker - que permite uma consulta mais fácil dos sites de internet, através de uma síntese vocal quase natural, que lê o conteúdo das páginas ao visitante.
Continuamos a trabalhar no sentido de aumentar o nível de acessibilidade aos conteúdos deste Portal.

Se alguém me disser onde está alguma informação de como usar o serviço Read Speaker dou-lhe um doce. Não é fácil de descobrir, nem de particular facilidade de utilização a menos que se saiba que pode ler excertos em vez de páginas inteiras.
Lê links sem fazer a distinção se são links ou não, lê labels de imagens, não está autorizado para o domínio em inglês (www.en.parlamento.pt) etc etc. E já agora expliquem-me porque é que um site que segue as normas de acessibilidade tem o seguinte texto:
(...) Continuamos a trabalhar no sentido de aumentar o nível de acessibilidade aos conteúdos deste Portal.
Afixação do Símbolo de Acessibilidade à Web
A afixação do Símbolo de Acessibilidade não garante que este sítio seja 100% acessível. A utilização deste símbolo demonstra, unicamente, um esforço em aumentar a acessibilidade deste sítio em conformidade com a Resolução do Conselho de Ministros Nº 155/2007 sobre acessibilidade dos sítios da administração pública na Internet pelos cidadãos com necessidades especiais.

É  que  se continuarem a trabalhar deve ser porque é sempre um trabalho que nunca está acabado, pelo que do ponto de vista mais rigoroso pode estar também fora da lei. Vão-me dizer que também é culpa do Governo?

Ora meus amigos é com grande mágoa que tenho de vos mandar à merda (especialistas e media, bem entendido. Não é com grande mágoa, é até com alguma satisfação mas tento manter um tom mais ou menos elevado).
Assim que consiga vou mandar-vos à merda em Braille e tentar por aqui um clip de som mandando-vos à merda, porque eu não quero que nenhum jornalista ou especialista cego ou surdo ou as duas coisas fique sem receber a mensagem.

Quando até eu começava a concordar...

Não assisti, mas ontem parece ter havido algum sururu por causa de declarações de Manuela Ferreira Leite. As declarações tinham a ver com os custos da hemodiálise e com a diferenciação da sua gratuitidade no caso de as pessoas que tenham de fazer o tratamento tenham possibilidade de o pagar.
É um bocado chocante pensar que estas pessoas poderão ter estado uma vida inteira a pagar os seus impostos para que outros tivessem acesso a este tipo de tratamento de forma gratuita e que agora tenham de o pagar, mesmo sendo imposta uma carga fiscal maior do que antes.
Por este andar estaremos todos nós a ter um salário mínimo liquido independentemente daquilo que nos for pago de salário.
É o perfeito nivelamento comunista. Independentemente daquilo que se faz, ou neste caso daquilo que se ganha, todos terão no fim o mesmo dinheiro liquido para gastar. Uns porque ganham pouco e tudo é gratuito ou é mais barato (saúde, educação, transportes, etc etc) e outros porque têm de pagar tudo isto acabando, em caso de"azar por estarem doentes", a ter de sobreviver com menos do que um "pobre a quem tudo sai de borla.

O meu problema está na forma como se discute este tipo de coisas.
Posteriormente, em declarações à Antena 1, Carlos Silva, da Associação Portuguesa de Insuficientes Renais, reagiu mostrando-se incrédulo com as declarações de Ferreira Leite. “Essa senhora não sabe o que está a dizer. Só se for a família dela que pode fazer isso”, afirmou, lembrando que um doente sem este tratamento morre em poucos dias. E criticou a postura de Ferreira Leite, recordando que a social-democrata foi a mesma pessoa que sugeriu “que se podia suspender a democracia durante seis meses”.
Se eu até estou de acordo com este sr. Carlos Silva na primeira parte da afirmação, quando ele chega ao fim com a treta dos seis meses de democracia só dá vontade de o mandar calar. Como muitos neste país foi um dos que embarcou na onda mediática à volta de uma frase retirada do contexto em que foi dita.
E foi dita de forma sarcástica no sentido de ilustrar que era preciso discutir com as partes antes de tomar decisões. Esse processo de decisão unilateral era uma constante do Governo de Sócrates, que apoiado na maioria, aprovava o que lhe dava na gana descartando toda e qualquer sugestão da oposição e da sociedade civil.
Manuela Ferreira Leite perguntou depois se não seria melhor suspender a democracia do ponto de vista do Governo, para não ter de suportar a discordância.

O mesmo se tem passado com a história do desvio colossal. Expressão que nunca foi dita. Foi dito sim "desvio que vai obrigar a um esforço colossal". Chegaram até a passar-se as declarações do Ministro das Finanças acerca do contexto da frase, em tom jocoso, nas televisões. A gravação de vídeo que comprovava que Passos não tinha dito desvio colossal e que corroborava palavra por palavra as declarações de Vitor Gaspar foi brevemente passada na SIC e rapidamente ficou no esquecimento.
No entanto, e fazendo mostras de uma total falta de honestidade intelectual, numerosos actores políticos e jornalísticos continuam a referir-se à expressão como se ele tivesse sido dita, sem qualquer respeito pela verdade, apenas para conseguir um determinado efeito.

Dentro de algum tempo aparecerá mais um qualquer imbecil (já apareceram bastantes) a por na boca de Passos Coelho coisas que ele não disse apenas porque não vai gostar de um anúncio qualquer que ele venha a fazer.

Quando alguém critica usando  argumentação como esta (recordando que a social-democrata foi a mesma pessoa que sugeriu “que se podia suspender a democracia durante seis meses") eu pergunto: Que merda tem isto a ver com a hemodiálise? É só para incluir um insulto velado à opinião de Ferreira Leite? Claro que é. Claro que como bom português e à falta de uma maneira inteligente de discutir as coisas parte-se para o insulto em vez de simplesmente dizer que se discorda em absoluto. Se for dito de forma enfática é quanto baste para percebermos que é contra. Não é preciso trazer a família da senhora para a discussão e muito menos afirmações deturpadas sobre palavras da mesma.

Notem que discordo em absoluto desta forma de pensar de Ferreira Leite. Se os que ganham um pouco mais vão ter de pagar tudo à parte para os que ganhem menos não paguem nada, vai chegar uma altura em que mais vale não ganhar quase nada porque se vai viver com o mesmo dinheiro disponível. O problema é que se todos pensarem assim vai deixar de haver dinheiro para todos. E aí o sistema colapsa pela base.
Mas ao menos sejamos honestos a tecer apreciações sobre a sua posição sem ter de trazer coisas para a discussão que nada têm a ver com o assunto em discussão e que foram fortemente distorcidas pelos media e adversários políticos. E mesmo que a frase de MFL tivesse sido essa, uma coisa é democracia e outra é Estado Social. Uma pode advir da outra mas não são conceitos sobreponíveis nem sequer mutuamente  ligados. Já havia democracia em Inglaterra muito antes de haver Estado Social.
Discutir estas declarações nos termos em que este Carlos Silva o fez não é mais que uma discussão de energúmenos que não leva a lado nenhum e que está sempre no limiar entre a discordância e o insulto.

Ora aí está algo de cretino. Como não podia deixar de ser...

A proibição de fumar à porta dos cafés.

E se ao lado do café estiver uma retrosaria? Chega a polícia e interroga o infractor. E ele diz que está a fumar à porta da retrosaria.

Como é que se vai fazer? Pinta-se uma linha no chão a definir os limites do que é "à porta do café"? E se eu estiver encostado ao meu carro a fumar em frente de um café?

Acho excelente que não se fume em espaços fechados. Acho muito bem que quem fuma não incomode quem não fuma. Mas receio bem que estejamos a assistir ao inverso. Quem não fuma começa a incomodar quem fuma com o pretexto de estar também a defender a saúde do pobre fumador.

Estamos a começar a assistir a um fundamentalismo absurdo dos não fumadores. Um dia destes quem fuma terá de o fazer às escondidas porque alguém se vai lembrar de agravar o IMI dos fumadores ou criar uma taxa ambiental qualquer.

E podem bem limpar os estudos ao cú, porque estudos há para todos os gostos. Podem até fazer um a provar que um autocarro a passar em frente a uma paragem de autocarro provoca danos respiratórios em quem está à espera. A melhor maneira é banir os veículos com motores de combustão interna.

O mais giro disto é que eu não sou fumador. Só que a cretinice que rodeia a argumentação usada por esta gente que faz "estudos" é de tal forma espantosa que custa a crer que esta pessoas não sejam mais do que loucos que saíram do hospício para a visita semanal a casa.
(...) E traz uma novidade - a indicação de que a proibição deve estender-se às áreas circundantes de bares, restaurantes, cafés e discotecas. "Basta estar uma pessoa a fumar do lado de fora, junto à porta de um bar, para aumentar o nível de exposição ao fumo de quem está no interior", explica a coordenadora da equipa de investigação, Fátima Reis.
in Público 10-01-2012
E que tal se obrigarem os bares, discotecas e restaurantes manter a porta fechada? É mais barato, cumpre o objectivo e é muito mais fácil de passar a lei. Uma porta ou está fechada ou não está. Quanto ao conceito de estar à porta do café ou à porta do prédio do lado já é um bocado mais difícil de definir.

Claramente vivemos numa era em que toda a sorte de idiota legisla ou propõe legislação. A coberto do politicamente correcto esta gente permite-se escrever e concluir coisas merecedoras dum bom par de tabefes. Francamente.

Eu quero ser pedreiro

Eu quero um avental.... Um aperto de mão secreto.

Sempre tive queda para triângulos e sou mais ou menos ateu. Tem dias...
Mas o que eu quero mesmo é pertencer a uma organização que a coberto de uma suposta rectidão e superioridade moral me proporcione acesso a lugares que só os membros da organização podem ambicionar.

E porquê? Para já porque sabemos que a meritocracia não é uma coisa nossa. Ou se está bem apadrinhado e se consegue ou então o lugar será para um que esteja. Independentemente do mérito.

Como os mais altos lugares estão na mãos de "irmãos" a probabilidade de ter um "padrinho-irmão" é enorme.

É curioso como se olha para a maçonaria como um grupo de gente muito recta e honesta e se descarta de entre eles as maçãs podres como se não fizessem parte do grupo.

É óbvio que a maçonaria foi assaltada por arrivistas e por interesses pessoais desde há muito tempo. É óbvio que a maçonaria é hoje uma forma de subir a escada do poder muito mais depressa independentemente dos bons ideais ou não.
Podem sempre usar a desculpa de que os que estão mais acima conhecem os pretendentes aos lugares do relacionamento na organização. Mas isso apenas perpetua a preferência. E sinceramente não estou a ver alguém a conseguir justificar dentro da organização a escolha de um não maçon em deterimento de um maçon.

É esta a lealdade à causa de que se fala que pode inquinar a imparcialidade e a isenção. O mesmo é válido para negócios entre o Estado e as empresas. Muito mais facilmente será escolhida uma empresa onde esteja um maçon do que uma onde não esteja.

Se os que estão no poder fossem poucos isso era um problema que não se punha. O problema é que pela sua antiguidade e proximidade com o poder, os maçons são o poder. E têm a capacidade de afastar dele os que não o são.

Mesmo que tenha uma longa história e tenha estado por detrás de avanços sociais notáveis, hoje é muito mais um clube onde se exercem influências do que algo baseado nos princípios éticos e morais que lhe deram origem. Tal como os partidos políticos a maçonaria está obviamente cheia de oportunistas. Não é mais que uma estratégia de ambição pessoal e de convívio com poderosos. Com a vantagem óbvia de atravessar o arco partidário do poder. Ora vais para lá tu, ora vou para lá eu.

Quanto à obrigatoriedade de declaração de pertença à organização já me perece muito mais discutível. Está muito perto da obrigação de declarar a orientação sexual para justificar por exemplo a nomeação de pessoas com a mesma orientação (estou obviamente a falar do tão famoso lobby gay). Ou a obrigação de declaração da prática religiosa, como por exemplo a Opus Dei.

Não me parece que seja possível forçar alguém a declarar-se membro de uma sociedade envolta em secretismo. Pode sempre dizer-se que não se pertence e o secretismo da organização fará com que esse segredo fica guardado. A não ser que a organização seja contra as "mentiras" e no caso da maçonaria e olhando para maçons "ilustres" não me parece que isso seja um problema ético que se lhes ponha.

Se o poder não for repartido entre maçons, será entre membros da Opus Dei ou do Benfica ou lá o que for.
Não é por se ser maçon que se é um malandro. E também não é por isso que se é boa pessoa.

Será muito difícil, senão mesmo impossível expurgar uma organização com séculos do poder. Veja-se na história recente a ligação entre o poder e a maçonaria em todo o mundo Ocidental. Acham que é com uma "lei" a Portuguesa que nós vamos conseguir acabar com isso? Com uma lei votada no Parlamento onde a maçonaria tem um peso enorme?

Vá, vamos lá a tratar de coisas que realmente interessem e deixemos os rapazes do aventalinho e do aperto de mão meio pateta.
E já que andamos numa de expor carecas, quer-me parecer que o professor Maltez não se punha a escrever livros sobre a história da Maçonaria nem se atirava à ministra da Justiça como gato a bofe se não fosse ele próprio um maçon convicto.
Talvez fosse bom avançar logo com essa declaração de interesses ou talvez fosse bom que Mário Crespo lhe perguntasse em cheio nas fuças e sem grandes rodeios: "Professor, o sr. é maçon?"

Também não foi preciso. Bastou assistir aqueles minutos de conversa meio atabalhoada para perceber que ele estava ali mais para defender a causa e a grandeza dos ideais do para explicar o que a causa era e qual a seu papel nela.

Gente prevenida

Ao ouvir hoje de manhã a TSF o meu queixo caiu de espanto.
Cravinho que comparecia no Tribunal para depor no processo da Independente, afirmava que tinha comparecido porque, apesar de não ter recebido qualquer notificação, tinha lido na imprensa que iria ser chamado a depor.

Isto é no mínimo extraordinário. E não acho extraordinário partindo do princípio que ele não foi notificado. Se era suposto ele aparecer, é licito pensar que foi notificado.
A menos que a secretaria tenha cometido uma gaffe épica, ele terá sido notificado como o foi Sócrates. E Sócrates terá respondido com um requerimento no sentido de não comparecer.

O tribunal consegue notificar Sócrates, receber e analisar o seu requerimento e falha Cravinho?

É espantoso é ele aparecer no tribunal com o pretexto de que leu na imprensa que iria depor.
Duma penada o arauto da luta anti corrupção lança o debate acerca da competência ou não de um tribunal para notificar uma testemunha.
Põe logo os comentadores do costume a falar da bandalheira que é a justiça em Portugal com todos os epítetos que rodeiam este tipo de comentários.

E estes comentários partem do princípio que Cravinho diz a verdade. Ninguém põe a hipótese de que não esteja a dizer a verdade toda. Ou que não esteja sequer a dizer a verdade. Ou de nem sequer ser suposto ser notificado.

1. A imprensa publica informação não oficial.
2. A testemunha muito diligentemente comparece, só porque leu no jornal que devia comparecer.
3. Chamam-se logo nomes ao tribunal e à justiça em geral partindo dos dois pressupostos anteriores.

Se Cravinho não tivesse sido de facto notificado tinha uma justificação óbvia para não comparecer.
Mas no entanto aparece. Porque leu na imprensa? Também leu o sítio e a hora a que devia comparecer?

Desculpem-me. Esta história está muitíssimo mal contada. Sabendo nós como os políticos adoram refugiar-se em formalismos é quase ficção acreditar que, apesar de não ter sido formalmente notificado a comparecer, Cravinho o fizesse.

É natural que erros destes possam acontecer. Não seria inédito e não irá ser a última vez. O que é inédito é que uma testemunha compareça a horas no tribunal certo porque leu no jornal.

Seguro não estava cá no fim do ano?

A EDP é desde a entrega do "chequezinho" da Three Gorges uma empresa maioritariamente privada. A expressão accionista do Estado Português ficou reduzida a quase nada depois deste negócio.

Logo depois deste negócio se falou na recondução de Mexia no cargo e foram publicamente conhecidos os nomes que irão ser propostos para os órgãos sociais.
Neles estão nomes ligados ao PSD e ao CDS. Mas, não nos esqueçamos, estes nomes são propostos e votados pelos accionistas dos quais o Estado já não faz parte.

Num processo de alheamento do passado recentíssimo A.J.S. vem manifestar "estranheza" por este facto. Como se fosse da assunto da sua competência ou da competência do Estado Português pronunciar-se sobre nomes propostos para órgãos sociais de uma empresa privada...
"Seguro diz que é preciso por fim a este tipo de situações"
Estaria provavelmente a pensar em mais uma jogada a la BCP, possível apenas pela participação da CGD no capital do banco. Aqui a participação do Estado Português mesmo através da CGD é muitíssimo baixa (0.61%).
Os direitos de voto correspondentes são de 0.47% tornando assim quase impossível manipular na sombra aquilo que se passa na EDP. Com a Three Gorges como maior accionista, acabou o tempo de ter políticos de 2ª e 3ª linha como Seguro a ditar o que quer que seja dentro dos órgãos sociais da EDP.

Mas o hábito fica. E é de tal forma arreigado que gente como Seguro esquece-se completamente da situação e pronuncia-se acerca de quem manda e do que ganha na empresa.
Como se lhe competisse pronunciar-se, ele ou outros, acerca do que se passa nos órgãos sociais duma empresa privada!! Como se competisse a políticos incompetentes da sua laia ter uma palavra a dizer sobre quem gere ou não gere o dinheiro dos OUTROS accionistas.
É dum topete e duma presunção que só pode vir duma vida de péssimos hábitos e de completa promiscuidade e interferência nos assuntos da esfera privada. Das empresas e das pessoas.

Seria como ter Seguro a alvitrar palpites acerca da orientação política de altos dirigentes da Iberdrola, por acaso o 2º maior accionista da EDP.

Pasme-se!! Andei à procura de reacções do PCP e do Bloco e não consegui encontrar nada deste nível. Só uma alusão do Bloco à nomeação de Catroga. Mas de gente que ainda vive na era de Trotsky até nem é de admirar. Mas de Seguro? Do partido especialista em imiscuir-se sorrateiramente em tudo o que é empresa neste país? Do partido tentacular que tinha alguém como Vara na CGD e depois no BCP? Pelo menos sobre estes não paira a dúvida das habilitações como acontecia com Vara ou como com o Eng. Nem sequer são capachos como Teixeira dos Santos ou Constâncio. Será que são nomeados por terem provas dadas e um histórico de competência? São maçons? Os chineses são maçons?

Com este tipo de exemplos de incontinência verbal de políticos medíocres, saltam logo a terreiro os comentários estúpidos e os temperamentos inflamados e pouco ponderados de muitos portugueses.
Que, à falta de melhor explicação, me parecem quase exclusivamente movidos por uma inconfessável dor de cotovelo.

Os políticos estão muito preocupados com "poder" e com as vantagens económicas que ele traz. O povo duma maneira geral só está preocupado se eles ganham muito ou não. Como se o facto de estas pessoas ganharem menos melhorasse de alguma forma a sua situação. Sabem que não melhora, mas não suportam que os outros tenham o que têm.

Este foi terreno fértil a seguir ao 25 de Abril com a bandalheira generalizada que se lhe seguiu. Estamos hoje numa situação de quase ter vergonha de quanto ganhamos. Evita dizer-se, só para que um ranhoso ali ao lado não comece a pensar que ele deveria ser o que estava a ganhar o nosso salário reduzindo-nos a um salário mínimo. Notem bem que já li comentários de energúmenos a defender um salário nunca superior a 1000 Euros para um político. Creio bem que só teríamos merda ainda mais refinada na política com esse tipo de retribuição, ou então tipos verdadeiramente ricos em fim de carreira com vontade de se manter entretidos a governar estúpidos.

Gente como Seguro usa este tipo de sentimento (Sócrates usou-o magistralmente, se é que usar este tipo de sentimentos das pessoas pode ser encarado como uma "qualidade") para fazer vingar as suas agendas pessoais e políticas. São medíocres e gostam da mediocridade. São os tipos que gritam no meio da praça  para que se persigam aqueles de quem não gostam.

São na verdade o fundo da escala ética e de honestidade. Seguro é ainda além disso o vazio de ideias e de capacidade. Uma verdadeira nulidade.

O Português médio é duma maneira geral um cretino embrutecido que fala do que não sabe e comenta o que não lhe compete.
É a corporização perfeita da "vizinha linguaruda" que vive do diz que disse e dos rumores, cujo Universo começa e acaba nas novelas e nos programas da manhã.
E para grande surpresa minha, mesmo gente de quem esperava ponderação, capacidade de argumentação e frieza de análise porta-se exactamente da mesma maneira. Estamos bem lixados.

Estou comovido. Até às lágrimas....

Tenho andado estes dias profundamente comovido. Com um ar compungido, a pensar o belo país em que vivemos.
E a minha comoção vem da constatação do imenso patriotismo do povo português e sobretudo dos media portugueses.

Nunca tinha visto um tão grande empenhamento nos valores nacionais e na necessidade de que se dê preferência ao que é português.

E foi o sr. do Pingo Doce que despoletou tudo isto. Não foi quando Belmiro de Azevedo ou outras companhias portugueses o fizeram o que hoje se critica. Foi agora. E isso é de louvar.

Mostra até que ponto somos capazes de ir suportando as iniquidades até que um dia dizemos BASTA! JÁ CHEGA.
O que me preocupa é só ter "chegado" agora.
Só posso achar que ou sou menos tolerante do que eles ou sou mais patriota do que eles.  Já me tinha indignado com Belmiro.

Acabaram de me arranjar um problema porque agora vou ter de boicotar o Pingo Doce também.
A minha vida vai tornar-se num inferno. Mas vou ter de o fazer simplesmente porque sou patriota.

E ser patriota é indignar-mo-nos com as reacções de alguns a uma má governação.
Não é por sermos mal governados.
Ser patriota é esperar que os que podem não suportar os sacrifícios e a bandalheira o façam só por uma questão de patriotismo. Só porque são parvos.
Ser patriota é sofrer desnecessariamente só para mostrar que o somos.

Não vi ninguém apelar ao boicote da Renault, Opel ou da Nissan quando os seus investimentos saíram do país. Ou da Sonae quando fez exactamente a mesma operação.
Vê-se agora e apenas de um sector da sociedade. Aquele que foi visado por Soares dos Santos quando sem papas na língua chamou os bois pelos nomes. Quando disse alto e bom som a trampa que Sócrates era.

Isso a esquerda PS não lhe perdoa. Como não perdoou à justiça a prisão de Paulo Pedroso, ou como não perdoará o caso Face Oculta.

Ver esta gente como um grupos de arautos do patriotismo é dum ridículo sem limites. É absurdo, é hipócrita e é duma desatenção inexplicável ao que se passou há bem pouco tempo.

A única coisa  de positivo que pode sair disto é o facto de que esta esquerda por ter de boicotar A Sonae, a Jerónimo Martins, o Lidl por ser alemão e da sra. Merkel, os 3 Mosqueteiros porque é francês e do sr. Sarkozy não vai poder comprar alimentos.
O desfecho disso é claramente positivo. Mesmo que não conduza à morte por inanição o estado de fraqueza não vai permitir a esta gente ter força para falar e isso é muito muito bom.

O país das maravilhas

Extremadura reclama de Portugal mais de 2,3 milhões por partos em Badajoz

Já não tinha sido pacífico por os bébés portugueses a nascer em Espanha. Fechar equipamentos de saúde em sítios onde são manifestamente necessários atirando para o país vizinho a responsabilidade de os assegurar já é do ponto de vista de gestão de um país algo quase inacreditável.

Mas juntar a isto a falta de pagamento por esses serviços nos anos de 2008, 2009 e 2010 é duma completa falta de seriedade.
“Não foi recebido o pagamento de qualquer montante em divida nem no ano de 2008, nem em 2009”, tendo apenas sido liquidado um montante “praticamente simbólico em 2010”, pelo que, “até ao dia de hoje, a dívida é de 2,33 milhões de euros”, disse.

(...) Desde 2006 e até Novembro de 2011, altura em que a Lusa efectuou o último balanço junto das autoridades da Extremadura espanhola, tinham nascido cerca de 1.300 bebés portugueses no Hospital Materno-Infantil de Badajoz.

Estes nascimentos enquadram-se no convénio celebrado em 2006 entre as autoridades portuguesas e da região da Extremadura, que está em vigor.

O acordo serviu para colmatar o fecho da sala de partos do Hospital de Elvas, em Junho de 2006, permitindo às grávidas daquele concelho e do município vizinho de Campo Maior optarem entre o hospital de Badajoz ou os hospitais de Portalegre e Évora.
O país das maravilhas que pretende gastar biliões num comboio de alta velocidade e aeroportos novos para aviões que não voam para cá, não sabe honrar os compromissos que assume com o país vizinho.
Uma medida do 1º governo de Sócrates que se prolonga até ao fim do seu 2º mandato (fim precoce, graças a Deus).

Como é que um país nas mãos de gente assim pode ser confiável?
Que enorme diferença existe entre a equipa governamental que hoje temos e a tropa fandanga que tivemos até 2011. Que diferença...

Mais um exemplo de "gestão" da dívida socratina. Mais um buraquinho a juntar a todos os outros....

A reforma a ganhar velocidade?

Onde andam os cortes da despesa no Estado paralelo?

Esta é um das perguntas recorrentes que ouvimos quando se fala de austeridade.

Segundo muitos as únicas medidas de corte na despesa centraram-se na suspensão dos subsídios na função pública e na drástica redução de orçamento de muitos organismos estatais.
Qualquer uma destas medidas tem efeitos colaterais perniciosos. Mas a verdade é que sem dinheiro não há nada a fazer.

Mas desperdiça-se muito, dizem alguns. É também esta a minha opinião. Há uma quantidade enorme de organismos que recebem dinheiro do Estado sem ser sequer clara qual é a sua função.

Tal é o caso das fundações. Ao abrigo do estatuto de utilidade pública muitas destas fundações têm passado incólumes face ao agravamento fiscal que tem apertado os portugueses desde os malditos PEC's de Sócrates.
A situação é de tal forma anárquica que nem o Estado conhece exactamente quantas fundações existem. Muitas delas recebem dinheiros do Estado. Im milhão aqui, um milhão ali, e lá vão muitos milhões borda fora sem sequer se perceber para onde vão.

Este escândalo é conhecido desde há muito tempo. Foi Vara que esteve envolvido no caso de uma fundação (Fundação para a Prevenção da Segurança Rodoviária) que mesmo antes de ter uma função definida e atribuições já tinha um edifício do Estado atribuído, parque automóvel e orgãos dirigentes.
Todo o caso que rodeou esta fundação estende-se a muitos outros casos. Seguramente que existem outras personalidades envolvidas que não são do PS, mas este partido parece ter um dom especial para fazer surgir estes organismos do nada e no entretanto sugar uns milhões ao Estado.

A verdade é que o "mercado" das fundações é uma perfeita bandalheira
Estado desconhece número de fundações

Na altura do debate e da aprovação da lei, ainda em Setembro, o secretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros, Luís Marques Guedes, explicou que a medida fazia parte de um objectivo já anunciado pelo Governo de reduzir o Estado paralelo em Portugal. Porém, na altura Marques Guedes adiantou que o objectivo do Executivo era ter os questionários já devidamente preenchidos até ao final do ano passado – o que acabou por não acontecer.

Um relatório do Tribunal de Contas de 2011 dava conta que o Estado não sabia quantas fundações existem no país. Segundo o relatório, no Ficheiro Central de Pessoas Colectivas estavam inscritas 817 fundações, mas o próprio Instituto dos Registos e Notariados admitiu aos auditores que “a antiguidade desta base de dados origina que nela constem entidades indevidamente identificadas ou inscritas, inexistindo em relação às mais antigas documentação de suporte que permita a sua correcção oficiosa”.
Finalmente o governo dá um mês ás fundações para responderem um inquérito que visa apurar quais as que fazem sentido e poderão continuar a contar com apoios estatais e quais irão pura e simplesmente perder esse apoio e o estatuto de utilidade pública.

Sempre achei que o ano de 2011 se iria caracterizar por medidas de emergência. Após a tomada de posse veio a tomada de consciência do Governo de que coisas que damos por garantidas, como seja o pagamento de salários à função pública, estavam em risco. Perante tal situação só existe uma forma de agir. Plano de emergência. Para fazer face a isso as medidas estruturantes têm de ser abordadas com tempo e calma.

Agora que podemos respirar com o fecho do deficit de 2011 em valores compatíveis com o acordado com a troika, urge atacar os males endémicos da sociedade portuguesa. Fazer a verdadeira reforma.

Parece-me que 2012 se irá caracterizar por uma alteração de fundo numa série de aspectos que envolvem o Estado e o tornam refém de interesses instalados.
Não sou ingénuo. Sei que irão continuar alguns desses interesses instalados, mas ao menos alguém parece determinado e meter a cabeça na toca para perceber o que se passa lá dentro.

Se isso significar um país mais equitativo, mais honesto e mais eficiente eu aplaudo de pé.

Álvaro Pereira tem agora que fazer o seu papel. Tem agora que pegar no sector mais importante deste país e livrá-lo de toda a carga estatal que tanto pesa no bolso dos portugueses. São os combustíveis que nunca se liberalizaram verdadeiramente, a energia que não passa dum feudo monopolista de uma empresa. Implementar um sistema em que as empresas ganhem contratos pelos seus méritos e pela premência das obras a realizar e não pelo simples facto de terem de facturar por ter amigos nos orgãos directivos.

Enquanto o Estado não se livrar dos mamões que têm como única razão da sua existência sacar uns milhões ao Estado, este país nunca poderá realizar todo o seu potencial. Cabe a este governo, mandatado pelo pelo voto dos portugueses cumprir essa promessa. Tanto mais que há um acordo com a troika que nos obriga a fazer aquilo que era óbvio para todos há dezenas de anos.
Foram precisos "funcionáris de 7ª linha" para perceber em 3 semanas o que estava mal do ponto de vista estrutural na nossa economia.
E não me venham com a treta da crise Internacional. Tivéssemos nós corrigido a tempo todas estas perversões da "democracia" e hoje estaríamos em muito melhores condições para a enfrentar.

Espero que a seguir venham as renegociações das PPP's ruinosas. E que a seguir venha a responsabilização criminal, se tal for o caso, daqueles que em nome do Estado desbarataram displicentemente o dinheiro público (este último desejo parece-me ser um pouco utópico...).

Não só espero que 2012 marque o fim da emergência como espero que marque o princípio da moralização do Estado.
É isso que esperam todos os portugueses que civilizadamente arcam com todo o esforço que temos que fazer. Aqueles que todos os dias vão trabalhar para alimentar as suas famílias, pagam o seus impostos e não se podem dar ao luxo de fazer uma greve só porque uns "camaradas" foram alvo de processos disciplinares. Os que estão indignados, tal como os outros, mas engolem a raiva e esperam que o esforço tenha como resultado um país melhor para os seus filhos.

Não são os manifestantes que seguram o país. São os outros, os que não se manifestam que o seguram. Nunca se esqueçam disso.

A coerência de Marinho Pinto

Este é uma pequena lista de notícias do Sol de declarações de Marinho Pinto num espaço inferior a 6 meses.

Curiosamente desde que a polémica do apoio judiciário que finalizou com a participação ao MP de actividades fraudulentas e com o pedido de explicações a milhares de advogados acerca da apresentação de despesas ao ministério, Marinho está calado como um rato.

Os advogados que pretendiam fazer uma participação disciplinar da Ministra (à Ordem, suponho) também têm estado sossegados. Seguramente ainda a recuperar do estrondoso sucesso que foi a manifestação à frente do Ministério em que pediam a demissão da Ministra. Acredito que custe a recuperar duma coisa assim.

Não há dúvida nenhuma que muitos destes profissionais merecem o bastonário que elegeram.
Quanto aos outros, tenham sempre esperança. Quem sabe, nas próximas eleições alguns voltarão a ver a luz.

O asco

Mais um frente a frente na SIC Notícias. Mais um exercício nojento de desculpabilização de Sócrates. Desta vez por Maria de Belém Roseira.

Não percebo como é que esta "integra senhora" consegue, sem vomitar, defender gente como Sócrates, Guterres ou Seguro. Vai desde o vazio ao criminoso passando pela bonomia inoperante.

Não são muitos no PS que consigam flutuar desta forma. Não são muitos os que consigam aliviar de responsabilidades 2 dos líderes políticos mais miseráveis de que há memória neste país. Maria de Belém consegue-o. O que lhe falta em estatura compensa pela falta de vergonha.

Afirmou mais uma vez que a culpa do estado das coisas é da crise internacional. O facto de Sócrates ter feito o que fez num país com crescimento estagnado há 10 anos, mo meio de uma convulsão geral dos mercados como se tudo isto não existisse, nada tem a ver com a situação em que nos encontramos.
O PS parece já o PCP a branquear o que foram os regimes do Leste do ponto de vista de liberdade e respeito pelos direitos dos cidadãos. Nunca aconteceu nada do que se imputa a Estaline.

Esta mulher retira qualquer mérito à teoria de que estaríamos melhor se fossemos governados por mulheres. Com gente como ela não precisamos de "homens sem vergonha" para nada.

Chega ao ponto de dizer que nos Governos de Guterres só participou no 1º e brevemente no 2º, como que a afastar de si qualquer responsabilidade na porcaria que se lhe seguiu.

Já vai sendo tempo de corrermos da vida política toda esta escumalha anquilosada, desonesta e caduca que vive da mama estatal desde que começou a sua vida laboral. Esta gente não tem qualquer noção de vergonha ou de seriedade. Vale tudo para se manterem a flutuar até à idade da reforma

Cavaco, a inutilidade feita homem

Cavaco quer coisas...

Deixem-me começar por dizer o que eu quero. Talvez porque o que eu quero se vai materializar tanto como aquilo que Cavaco quer.

Quero que o país saia da crise. Que todos tenham pelo menos aquilo que precisam para viver dignamente. Quero que as pessoas fiquem de repente honestas e não digam que sim a todos os esquemas e aproveitamentos de que possam beneficiar. Quero que Portugal possa ser conhecido por ser um país decente, acolhedor e feliz.

Quero também que Cavaco de f***. E que se cale de vez porque já não há paciência para os seus discursos de circunstância e para o seu mutismo cúmplice durante o 1º e durante a primeira parte do 2º mandato.