Um país de "piegas"

Passo Coelho não o disse nesses termos, mas se o tivesse dito estava coberto de razão.
Somos um país de piegas.
Toda a gente choraminga a aponta o dedo ao governo e ao Estado em geral, como se lhe coubesse resolver os problemas de todos. Alguns deles com uma solução que depende de cada um. Mas mesmo assim, habituados à mama estatal que nos trouxe à ruina, todos reclamam.

Governos passados não "queriam" ouvir esta pieguice e à custa de dívida, davam aquilo que não tinham. Hoje estamos como estamos e os portugueses continuam a bradar a alguém "mais alto" para que lhe resolva os problemas.
Problemas que eles próprios criaram, fosse por acção ou por inacção.

Hoje por causa da queda de vendas no sector automóvel (47%) lá ouvi o lamento matinal de um qualquer responsável pelo sector, dizendo que estavam em risco 21 mil postos de trabalho. Como se alguém pudesse fazer alguma coisa para que os portugueses falidos, sem 13º e 14º mês, com meio subsidio de Natal e com todos os aumentos que têm de enfrentar pudessem voltar a comprar carros que não precisam com dinheiro que não têm.
Como se uma medida governamental pudesse contrariar a mais pura e simples falta de dinheiro. Ou a presença de juízo... É que agora há gente que quer poupar para ter uma almofada, em vez de trocar de carro a torto e a direito.
O sector surfou numa onda consumista irreal e insustentável. Adaptou-se abrindo concessionários, oficinas e demais. Se soube adaptar-se na subida, não lhes resta mais que adaptar-se na descida. É isso a economia de mercado. Azar.

Há algum tempo tinham sidos os piegas do golf por causa dos 23% de IVA. Agora são os do turismo a antecipar a hecatombe do verão. Milhares de portugueses sem subsídio de férias e andavam eles preocupados com a receita do golf. Visionários.

São também os sindicalistas que andam na constante pieguice dos direitos adquiridos. Mesmo que não haja dinheiro para os honrar, há que mantê-los, segundo eles. Até ao desaire definitivo. Até a uma Grécia nº 2.
Os partidos de esquerda anseiam por tumultos. Anseiam pela "rua". Uma vez que a sua expressão eleitoral é insignificante esperam que por um passe de mágica todo o povo saia à rua a protestar.
Como o povo não o faz, a CGTP que não é mais que o braço armado do PCP convoca greves gerais absurdas e lesivas da economia para dizer que os trabalhadores estão "descontentes". Olha a novidade. Estão os trabalhadores e todos os outros, mas ainda há quem ache que este sacrifício permitirá ao país sair da crise. 66% segundo uma sondagem. Um bom número para a esquerda perdulária e gastadora ponderar.

Piegas são também os tolinhos do PS. Hoje Zorrinho em resposta aos números do desemprego de DEZEMBRO de 2011 dizia que há 15 dias que o conselho da Europa falou em políticas de fomento do emprego. E em 15 dias o governo não fez nada...
Não consigo saber se ele foi lobotomizado ou se pensa que está a falar para uma assembleia de lobotomizados, mas eu aposto na 1ª hipótese.
Como acha esta luminária que o Governo pode inverter a tendência descendente sem ter dinheiro para isso? Contratando funcionários públicos? Pagando salários de trabalhadores que as empresas não conseguem sustentar? A fazer o quê? A vender a quem? Pieguice de tontos e alienação total da realidade.

Ando realmente farto de piegas. Espantosamente, os que mais dificuldades passam não o são. São estes que dizem que defendem os direitos dos outros que passam os dias em constantes lamúrias. Não se preocuparam nada que o que foram fazendo durante anos nos trouxesse aqui. Mas agora soluçam tristes em solidariedade com os que menos podem.

São os parvos que acham que se ganharmos todos 900 Euros fica tudo bem. Ou melhor, se eles ganharem 2000 porque precisam, e todos os que ganham hoje mais que isso forçados a viver com 500. O facto de estarem a comparar gente com competências com totais analfabetos não lhes diz nada. A vida é simples para os tolos.

Vivemos numa época em que os burros andam cheios de certezas e os inteligentes cheios de dúvidas. Mas infelizmente as vozes que se ouvem mais são as dos burros. Podem não chegar ao céu mas chegam a tudo o que é TV, rádio e jornal.