O execrável Miguel Sousa Tavares e o irrelevante Daniel Oliveira

Poucos são os que, como Miguel Sousa Tavares, conseguem juntar a desonestidade intelectual, a subserviência e a falta de bom senso numa só pessoa.

Vem isto a propósito de um artigo de MST no Expresso que ajuda a transformar o jornal no pasquim que o Expresso se tornou.
Pois, senhores deputados, se se atreverem a tal e se levarem tal resposta, não se intimidem: ingerências do poder judicial no poder político e governativo é o pão nosso de todos os dias. Até houve um recente congresso de magistrados onde foi dito bem alto e claro que os
tribunais aí estavam para anular os actos do Governo que lhes parecessem contrários à Constituição, tal como eles a interpretam, e abrangendo especificamente actos como o da redução salarial dos funcionários do Estado.
Veja-se, aliás, esta eloquente história da queixa-crime apresentada pela Associação Sindical de Juízes contra todos e cada um dos membros do governo Sócrates que se atreveram a reduzir-lhes os salários e a tentar reduzir-lhes as férias.
Espera-se que quando alguém critica o faça de forma informada. Muito mais alguém que tem acesso a escrever num órgão de comunicação social de grande expansão. MST não se preocupa com esses detalhes. Quando refere a redução das férias judiciais, ou é ignorante ou mal intencionado. É que essa campanha acerca das férias foi pensada para parvos como ele comerem. As férias judicias e as férias dos magistrados são coisas bem diferentes. E se umas duravam 2.5 meses as outras eram iguais a qualquer outro cidadão - 22 a 25 dias.
Talvez MST não saiba, ou não queira saber que há uma coisa chamada turnos e que não só existem durante as férias judiciais, como acontecem aos sábados. Sábados em que ele provavelmente se faz passar por um agricultor alentejano abastado beberricando um Pera Manca e fumando charuto num sítio a sul. Privilégios de um diletante.
Depois de, com a ajuda dos seus colegas dos tribunais administrativos, terem obtido acesso a todos os documentos relativos a despesas e uso de cartões de crédito e telefones dos membros do governo (aquilo a que o "Correio da Manhã" entusiasticamente chama "o saco azul do governo Sócrates"), a Associação pegou nos papéis e deduziu uma queixa-crime contra todos por suspeitas de utilização de dinheiros públicos para fins privados.
Segundo este Sr, o facto de os governantes serem obrigados a revelarem publicamente as despesas dos gabinetes ministeriais e se terem recusado a fazê-lo em violação da lei, é apenas um pormenor. O facto de as despesas dos cartões de crédito não terem cobertura orçamental nem se saber a proveniência dos fundos (constituindo efectivamente um saco azul, logo ilegal) é outro pormenor de somenos importância.
O que é importante é MST reduzir um pedido formal de informação a um tribunal a jeitos de "colegas". A forma como MST descreve o dever de informar é reduzido a uma espécie de manipulação para acesso a informação privilegiada de forma muito pouco clara.
Mais um exemplo de que qualquer cretino tem ideias e má língua tão elaborada como MST. MST é um cretino.
O Ministério Público, por seu lado, recebeu a queixa e já anunciou a inevitável Maria José Morgado para investigar os crimes. Ora isto, meus caros amigos, é sim uma abusiva utilização de poderes judiciais para fins de vingança corporativa e nada mais do que isso. A dr' Morgado, ao receber a queixa, deveria ter feito aquilo que faria tratando-se de uma queixa de um cidadão comum: dizer aos senhores juízes que ela não estava em condições de ser recebida. E porquê? Porque não se pode pegar num monte de documentos de despesas de gabinete, com cobertura legal, e suspeitar, em abstracto, que todos os membros do governo que tinham direito a essas despesas as utilizaram indevidamente. Como os senhores juízes muito bem sabem, não há crimes colectivos de governo, a menos que os queiram acusar de associação de malfeitores: os senhores teriam de dizer na sua queixa quem era suspeito de que crime, como, quando e porquê, e quais os documentos concretos e identificados que sustentavam as suspeitas.
De outro modo, se qualquer membro de um governo pode ser genericamente suspeito de utilização indevida de dinheiros públicos só porque tem ao dispor um cartão de crédito e um telefone, qualquer dia não há quem se atreva a governar. E imaginem que os membros do governo Sócrates se lembravam de retaliar, pedindo aos tribunais administrativos que lhes concedessem acesso a todos os documentos de despesa dos juízes portugueses? Os tribunais administrativos concedê-lo-iam? E, se, por absurdo, o fizessem e os juízes fossem obrigados a mostrar todos os documentos de despesas
pessoais dos últimos anos, a dr' Morgado receberia uma queixa-crime genérica contra todos os juízes, com base numa montanha de papéis por analisar?
Imaginem ...
Mesmo sem saber o que consta das informações dadas acerca das despesas dos gabinetes, MST deduz antecipadamente que a questão devia ser arquivada. É esta a visão qe MST tem do papel do MP. Arquivar ou não aceitar queixas.
O problema é que a queixa não é de alguém que nada percebe de leis. Magistrados não fariam isto se não tivessem alguma certeza de que o que consta desse informação não apresentasse indícios de ilegalidade. O cidadão normal, como MST  não tem nem conhecimentos nem a experiência para ter essas certezas.
A diferença entre um cidadão comum e um magistrado é que um pode muito bem nem saber o que é uma lei, mas o outro faz disso a sua profissão. Não é exactamente a mesma coisa.
Mas já percebemos que para MST se deve investigar a fundo o caso BPN por uso impróprio de fundos de uma entidade privada e, por outro lado, se deve recusar liminarmente qualquer indício de mau uso de dinheiros públicos por parte de detentores de lugares de governo.
Se isto não é legitimação total da impunidade dos detentores de cargos públicos não sei o que será.
Vindo de MST talvez seja apenas estupidez ou o resultado de um artigo escrito sob o efeito de alccol ou substâncias que causam alterações do estado cognitivo.
Também não dá bem para perceber o que é que MST acha que é a vida de um juíz. Talvez ele não saiba que os tribunais têm tão más condições de trabalho que muitas das vezes as despesas que deveriam ser do tribunal são suportadas pelos próprios. Quase dá a sensação que os juízes, como qualquer membro do governo, tem o poder de por uns almoços e uns gastos de actividade nas contas do fim do mês.
E na verdade ninguém precisa de pedir esse tipo de informação a um tribunal. As contas dos tribunais e por consequência dos gastos dos juízes em exercício de funções, já estão na posse do ministério. São requeridas pela tutela e como tal apresentadas. Não precisam de recorrer a um pedido de tribunal para as obter.
E duvido seriamente que descubram alguma coisa que não fosse evidente logo à partida.
É que ao contrário do Ministério que gastou dinheiro à guarda dos tribunais para posterior devolução nunca isso aconteceu quando a responsabilidade desses dinheiros estava na mão dos tribunais e dos juízes. Foi preciso o deselegante gesto de retirar a tutela desses dinheiros aos juízes para se perceber como um Ministério os geriu. Gastando dinheiro que não é seu e que é colocado à sua guarda.
Talvez MST não saiba disto. Talvez esta imagem de rectidão dos juízes por oposição à desonestidade dos políticos não seja compatível com o tipo de prosa que escreve.
Quanto aos gastos de telemóvel dos juízes, sendo os telemóveis pagos pelos próprios com o dinheiros dos seus salários, nem MST nem os ex ministros de Sócrates têm nada a ver com eles. Ao contrário dos srs. ministros quanto mais um juíz falar ao telefone móvel, mais pobre fica. Não sei a quem isso pode interessar. Acredito que almoços, telemóveis e convites pagos sejam coisa comum na vida de MST. Dos juízes que conheço, nem por isso.

O nível de crítica de MST é de tal forma básico, parcial e manipulador que me pergunto o que pode estar por detrás desta afincada defesa de meros criminosos.
Desde há anos que não consigo perceber porque é que alguém se dá ao trabalho de escutar o que ele diz ou ler o que ele escreve.
É que para ouvir este tipo de conversa de merda, basta uma conversa de café com meia dúzia de analfabetos funcionais. Não se espera que um intelectual tenha um raciocínio apriorístico, ignorante e completamente demagógico como MST parece ter nestes últimos tempos.
Não sei o que leva esta gente a estar tão absolutamente em pânico porque por uma vez na vida se está a escavar toda a porcaria que a classe política criou neste país.
Sejam os magistrados, sejam os jornalistas, é um imperativo nacional acabar com isto. Mesmo que os cartões de crédito fossem "legais" que razão pode haver para que um Estado que vive apenas e exclusivamente dos MEUS impostos e dos outros portugueses dê 5000 ou 10000 euros por mês a um tipo que já ganha um bom bocado mais do que eu, para fazer despesas pessoais com o MEU dinheiro?
Talvez MST esteja habituado a viver com o dinheiro dos outros. Ou talvez ache  como uma boa quantidade de gente neste país, que tem direito a viver regaladamente com dinheiro que não é seu e pelo qual nada fez para merecer.
A mim sai-me do lombo e levam-me mais de metade em impostos (entre IRS e outros impostos directos e indirectos) e fico lixado quando ainda me tiram mais porque gastaram todo o que me tiraram para viver regaladamente.

Só posso tirar uma conclusão. Miguel Sousa Tavares é uma besta. E uma besta incontinente verbal.

(Dá-me quase vontade de dizer que este post segue o novo acordo ortográfico só para me demarcar das posições desta desgraça que se chama Miguel Sousa Tavares. Mas não, não segue o novo acordo.)

Quanto à irrelevância de Daniel Oliveira não há muito a dizer. É uma coluna no mesmo tom. É que para Daniel Oliveira os magistrados não são trabalhadores e como tal não podem protestar quando lhes cortam no salário. E quando lhes cortam bastante mais que aos resto da função pública. É que se a uns o corte se ficou pelos 5%, nos magistrados essa fatia foi bem maior. À qual acresceu o corte do 13ª e 14ª mês. Se a uns o corte correspondeu a uns 14 ou 15%, nos magistrados esse corte ascendeu a mais de 25%. Mas eles não são trabalhadores. É o Daniel e o "povo" que ele defende. Do qual exclui à partida uns quantos grupos de que ele não gosta. Valha-nos a consolação de que este palerma irá um dia desaparecer sem deixar obra ou memória.


Mas leiam mais um pouco aqui ( PortadaLoja).