Marinho Pinto ou o asco em forma de pessoa

Não assisti às Conversas Improváveis da SIC.
Bastou-me saber quem eram os dois intervenientes pare perceber de uma assentada que não queria lixo daquele calibre a entrar-me pela casa dentro.

Mas mesmo assim apanhei nos spots de promoção do programa uma ou duas afirmações de Marinho Pinto que me puseram os cabelos em pé.

Uma delas foi chamar "barata tonta" à ministra da justiça e a outra foi a de dizer "que ela tem mentalidade de polícia" ou até que ela é "traiçoeira".

Marinho Pinto não consegue parar de arrastar as suas antipatias pessoais para o exercício do cargo que desempenha.
Quando a composição deste governo foi conhecida ele foi uma das pessoas a manifestar-se favoravelmente sobre a Ministra.

Dias depois, quando ela mandou fazer uma auditoria aos pagamentos das defesas oficiosas, Marinho fez estalar o verniz.
Acusando a ministra de tudo e mais alguma coisa, chegou ao ponto de dizer que o ministério tinha manipulado os dados.
O tom foi-se suavizando até ao silêncio total.
Gostaria de saber quantos dos casos apontados não terão sido explicados cabalmente pelos advogados chamados a explicá-los. Estou convencido que muitos dos apanhados a aldrabar meteram a violinha no saco e sairam pela esquerda baixa.

Mas tenha tido o Ministério e a Ministra razão ou não, nunca ouvimos Marinho Pinto a desculpar-se pelas afirmações malcriadas e caceteiras que foi fazendo acerca do episódio. Nem nunca mais ouvimos falar dos imbecis advogados que foram manifestar-se à porta do Ministério e que ameaçaram processar a Ministra.

As coisas andavam relativamente serenas com vómitos periódicos de Marinho Pinto. A falta de nível deste homem não tem paralelo. Sendo ele um advogado medíocre, malcriado e totalmente insuportável, não me espanta que o que lhe saia da boca seja puro lixo. Mas mesmo assim não esperava que ele entrasse neste grau de baixeza verbal em nome das audiências e da sua campanha publicitária pessoal.

Felizmente há gente que ainda percebe que isto é demais. É demais quando ele se refere à ministra e seria demais se ele se referisse a outra pessoa qualquer.

Júdice zurziu Marinho por mais esta infeliz aparição televisiva. E com razão.
O discurso de um bastonário não pode ser para apelar aos piores sentimentos da ralé mais básica e inculta deste país. Ele é o bastonário da Ordem dos Advogados e representa, pelo menos na teoria, uma classe profissional que se quer culta, inteligente e moderada nas palavras.

Não se percebe a agenda pessoal de Marinho quando por um lado fala da qualidade do direito neste país e depois tem mostras da pior qualidade possível quando abre a boca.

São personagens como Marinho Pinto que tornam possível e frequente a falta de respeito para com as instituições. É gente que vê em Marinho Pinto um dos tais que põe o dedo na ferida, que vai a um tribunal como se fosse à tasca da esquina, que acha que ele e o juiz têm o mesmo estatuto na sala de audiências.

Marinho Pinto desrespeita da forma mais cru e despudorada a instituição judicial. Desrespeita os Tribunais, os Magistrados, o Executivo. Tudo.

E isso aos olhos de muito imbecil que anda por este país é um exemplo a seguir.

Nunca o Bastonário da OA teve tão mau relacionamento institucional.
Não por dizer verdades incómodas, mas sim por dizer verdades habilmente distorcidas e demagógicas por forma a ser notícia.
Marinho não tem soluções para nada. É apenas um imbecil em quem a classe dos advogados votou. Duas vezes.

Curiosamente com os ministros anteriores que causaram uma situação ruinosa na Justiça, desde Alberto Costa ao inominável Alberto Martins, Marinho nunca se referiu a eles de um modo que se aproxime a este nível de baixeza.

É uma pena não vermos como Bastonário alguém com craveira, distinção e currículo. Temos por outro lado a mediocridade, a bazófia e a finalizar a mais baixa educação que me lembro de ter visto num bastonário de qualquer ordem profissional.

É requisito para quem está num lugar destes que haja um relacionamento institucional com um mínimo de respeito pelos interlocutores. Manifestamente Marinho está a agigantar-se na imbecilidade que o caracteriza. É realmente repugnante.

Da falta de democracia

Bom dia este.

As primeiras notícias do dia que me chegam são as da recusa da da Associação 25 de Abril não comparecer nas cerimónias de comemoração no Parlamento.
Logo de seguida a notícia de que Mário Soares e Manuel Alegre não iriam comparecer em solidariedade.

Até aqui tudo normal. Mas enquanto conduzia ouvi a declarações de Vasco Lourenço na rádio. Estúpido como um saco de martelos, como aliás sempre foi, perde-se em considerações acerca da forma antidemocrática deste governo reger os nossos destinos.

A princípio não lhe dei muita importância mas depois a coisa começou a parecer-me grave.
A minha memória não me falha quando penso que estes fulanos estiveram calados enquanto os governos socialistas que precederam este foram cavando a nossa sepultura.
E não é que tivessem dado enormes benesses a todos. Pelo contrário, o sr. Sócrates bem que aumentou a nossa carga fiscal e a despesa do Estado. E não foi em prol da população.

Esta gente não perece lembrar-se da não gratuitidade do SNS com Sócrates, ou do fecho de maternidades e Serviços de atendimento. Ou da aldrabice pegada que foi a redução das listas de espera das cirurgias. Aí não estava em causa a democracia. Era outra coisa.
Nunca ninguém gritou contra as novas PPP's de Sócrates e gritam agora porque Passos não acaba com elas.

Todos estes "democratas" se acham os verdadeiros guardiões da verdade e do conceito de democracia.
Democracia essa que na verdade nunca existiu realmente. O poder pós 25 de Abril passou por uma fase de militares mais ou menos tresloucados no comando (Vasco Lourenço, Otelo, Melo Antunes, Rosa Coutinho etc etc) para passar para as mãos dos civis a coberto duma democracia representativa. Representativa é o máximo a que podemos aspirar.
Temos a representar-nos desde o 25 de Abril gente em quem nem sequer confiamos.

E isso era válido já a seguir à constituinte. Nunca mudou. Arruinou-se o país 3 vezes para alimentar esta suposta democracia.
O 1º referendo só aconteceu em 1998. Ou seja, vivemos numa democracia durante 23 anos em que a única manifestação popular directa foi a eleição do Presidente da República.

Estes senhores, curiosamente vivendo à custa do Estado por "serviços" prestados, são todos eles símbolos perfeitos de uma nova classe parasitária que a nossa (a deles) democracia nos trouxe. É caso para perguntar se a preocupação deles é com o povo que nunca levou a fatia de leão neste país, ou se é por a fatia deles começar a perigar.

À volta deste episódio anda agora toda uma massa de parasitas menores a mostrar apoio ou repúdio pelas intenções manifestadas.
Hoje à noite foi a vez da indizível Helena Roseta. Personagem que cada vez mais me convence que ou foi sujeita a lobotomia ou manifesta uma senilidade galopante.

Em frente de um constitucionalista começa a debitar disparates acerca do corte de direitos constitucionais.
Quando confrontada com o facto de essa apreciação ter ido ao TC e passado, perdeu-se em considerações sobre a constitucionalidade "formal".
Como se por acaso houvesse uma constitucionalidade informal. A constituição é por definição a formalização de princípios básicos de funcionamento do nosso Estado. Não há uma versão informal.

Pode haver questões de interpretação, mas não é ela seguramente que tem capacidade para interpretar o espírito do legislador. Que saiba ele nunca soube de direito e começo a acreditar que também não sabe de maiss nada. É a bem dizer uma profissional da política, que tal como todos eles, abdicou bem a contra gosto de acumular a reforma de deputada com o salário de vereadora.
Eleita a reboque dum suposto movimento de cidadania que é o que ela entende pelo grupo de pessoas que vota nele para ter mais um tacho. Passa avida a bater no peito falando dos seus exemplos. Eu fiz isto e eu fiz aquilo. Na verdade o que ela fez é tão ténue que se não for ela a dizer não se dava por isso. E já agora, se não fizesse o que lhe compete (e para isso é eleita) seria mesmo muito estranho já que vive à conta do Estado português desde há 37 anos.
Que não é muito diferente do que se passa com Manuel Alegre, "the dead clown".

Não me lembro de um boicote tão assanhado por parte da direita quando governos de esquerda são eleitos. É absolutamente chocante ver a forma como esta gente, desde políticos a comentadores e jornalistas, têm tão baixa consideração pelo poder do voto.
Ainda ontem isso era visível  por causa da percentagem obtida pela Sra. Le Pen em França.

A esquerda não concebe perder. Não aceita a derrota. Não aceita a sua incompetência a gerir um país e anseia por mais uma oportunidade. De o destruir definitivamente, seguramente.

Quando Passos Coelho falou em necessidade de protagonismo apareceram logo uns quantos a dizer que Mário Soares não precisa disso .
Talvez não precise, mas não se abstém de intervir por tudo e por nada. Até pelas piores razões como seja o caso da multa que o Estado vai pagar.
Alegre, esse sim, já precisa de protagonismo e Vasco Lourenço é apenas parvo e forrado do mesmo. Sempre foi e continuará a sê-lo.
Só não entendo é porque um tolo que nem pinta tinha para chegar a Cabo acha que tem o peso institucional, a história e a legitimidade para definir ele próprio o que é a Democracia.

A democracia morreu no dia em que uns quantos militares barbudos e meio aparvalhados quiseram transformar este país numa república socialista. Sonho esse que acabou em 25 de Novembro após um verão em que foram corridos à paulada de muitos sítios destes país.

Portugal não é nem nunca foi o que eles dizem que é. Nunca foi um país de Esquerda, muito menos da esquerda radical. O PS que se arroga de esquerda só conseguiu chegar ao poder quando se chegou "ao centro".
A esquerda tal como eles a concebem é incipiente. Mas faz um barulho do catano. E é de tal forma ensurdecedor que quase me atrevo a dizer que seria bom para todos estes palhaços que se fizesse aquilo que o PC e o Bloco defendem.
Mas que deixassem as fronteiras abertas, porque vão ficariam cá só eles.
Eu queria ver como iriam por o Estado a viver da maneira que eles advogam sem cheta e sem gente.

Se me é permitido o vernáculo - vão para a puta que os pariu.

Desgraças num país de rastos

Ouvi hoje na TSF o Forum sobre o estado do mercado imobiliário.

E de entre algumas intervenções pragmáticas, outra informadas e outras completamente fora da realidade, há uma coisa que é mais ou menos constante - o queixume dos agentes imobiliários e o apelo à intervenção do Estado.

É sempre assim. Enquanto ganham rios de dinheiro querem benefícios fiscais e muito pouca regulação. Quando as coisas dão para o torto querem que o Estado, com o dinheiro de todos nós lhes dê uma mãozinha. Porque é que a minha fatia de contribuição para o Estado sob a forma de impostos não há-de ajudar empresas que estão num mercado livre e concorrencial a minorar os seus prejuízos? De repente viramos todos socialistas, foi?

Quando começou o boom imobiliário neste país, com a bênção do então 1º ministro Cavaco Silva adivinhava-se uma hecatombe. E ela não era difícil de adivinhar.

Bastava imaginar que a loucura de construir tudo em qualquer parte iria levar a dois resultados - construção a mais e destruição do parque urbano e até rural deste país.

Chegados a 2011 juntou-se-lhe o factor financeiro. O crédito associado a toda esta loucura está por um fio.

No entretanto a "indústria" fez biliões atrás de biliões. Facturou. corrompeu, fugiu aos impostos. Fez de tudo um pouco. Não há caso de suspeita de corrupção ao nível autárquico que não esteja ligada ao imobiliário. Não há PDM neste país que não tenha sido mudado para fazer um jeito ao imobiliário.

A banca, feliz pela oportunidade, facilitou até ao limite a aquisição de tudo isto. Juros baixíssimos, períodos alargados de carência de pagamento de juros, empréstimos acessórios para mobília e carro.
Com isto, e enquanto houve dinheiro, os lucros da banca dispararam até ao telhado. Atrás dela, todo o universo ligado ao imobiliário cresceu desmesuradamente. Havia mais agências de mediação do que mercearias. Eram tantas e com tanta casa para vender que o sector se tornou o 1º a movimentar dinheiro neste país.
Dinheiro que não era nosso e sobre o qual todos nós iríamos pagar um pesado preço.
A banca endividou-se com outra banca estrangeira. O estado endividou-se para fazer a sua parte de construção.

Pois chegou a altura de pagar. E quando essa altura chega é quase patético estar a dizer que o Estado devia "obrigar" a banca a prescindir dos seus lucros para sustentar a loucura colectiva que foi tudo isto.

As pessoas desculpabilizam-se da sua completa falta de lucidez ao terem comprado o que mal podiam quando tinham emprego. As agências lamentam-se porque os bancos têm tanta casa nas mãos que as leiloam a preço de saldo. As câmaras lamentam-se porque vão perder a receita do IMI e os Estado porque vai perder a receita do IMT.

Todos se lamentam. E lamentam-se da enorme porcaria para a qual contribuíram activamente.

Os efeitos perversos desta loucura perdurarão dezenas largas de anos. E não estou a falar dos efeitos financeiros. Estou a falar dos efeitos nos núcleos urbanos.

Os centros desertificaram-se com uma fuga massiva para as periferias. Os apartamentos novos nos limites das cidades atraíram os compradores que viam uma casa nova como algo de perfeitamente atingível. As casas de onde saíram ficam vazias. Irão degradar-se ao ponto de ruína. E os centros das cidades transformam-se em zonas desertas e decadentes.
Acontece em Lisboa de forma bem evidente e acontece em todas as cidades deste país. Em todas.

Ao haver só em oferta de novas habitações muito mais do que é necessário, imaginem o que há de oferta em 2ª mão. Há mais de uma casa por português. Se contarmos com as casas de férias, que a banca também financiava alegremente, o parque edificado deste país tem muito mais do que necessitamos.

Os efeitos perversos no mercado de arrendamento são óbvios. Esse mercado foi esmagado até se tornar numa coisa informe, sem expressão e completamente desregulado.

O impacto desta situação no emprego é tremendo. De acordo com uma estatística revelada na semana passada 4 em cada 10 desempregados vem do sector da construção.
São os trabalhadores de construção, de empresas ligadas ao sector (armazenistas, fabricantes etc etc) gente que trabalhava na mediação imobiliária.
De repente todo um sector é varrido do mapa, segundo dizem alguns.
Mas, a pergunta a fazer é: De repente?

Os que tinham mais visão e que eram chamados de velhos do restelo, profetas da desgraça e presenteados com outros mimos, diziam isto desde 1995. O que aconteceu nestes anos aconteceu nos anos 70 com a destruição urbana das áreas que circundam Lisboa, porto Setúbal. Levou 30 anos para repetirem a mesma asneira amplificada centenas de vezes. Com lucros amplificados milhares de vezes.
O "pato bravo" dos anos 70 que construia com dinheiros próprios deu lugar a um "pato bravo" tão sofisticado que já construia com dinheiro emprestado. E vendia a gente que pedia ainda mais dinheiro emprestado. Um prédio antes de vender era dum banco e depois de vender continuava a ser do banco. O "crime" perfeito quer para o banco que fica com uma simpática "renda" durante dezenas de anos, para o construtor que nem empatou o seu dinheiro e tirou um lucro que chega a ser obsceno e as mediadoras que iam buscar a sua fatia de 3 ou 4%. Quem se lixou com tudo isto? O tipo que já não tinha cadeira quando a musica parou de tocar.
O segredo aqui estava em não querer jogar o "jogo". Infelizmente muitos não conseguiram ter essa clarividência e quiseram entrar. Ficaram sem cadeira...

Quem se safou no meio de tudo isto? Os construtores que venderam a preços exorbitantes casas que não valiam um tostão e que nunca seriam vendidas se os compradores tivessem um mínimo de discernimento ou se o dinheiro lhes custasse.
Ganharam os bancos porque aliciaram as pessoas a comprometer-se para lá do sensato oferecendo juros ilusoriamente baixos e facilidades enormes.
As câmaras porque recebem IMI às carradas e o Estado que embolsou IMT de forma louca.
As mediadoras imobiliárias que cobravam alegremente as suas comissões.

Esperam sinceramente que aqueles que fizeram negócios fabulosos durante anos venham agora solidariamente ajudar os desgraçadinhos que se veêm numa situação dramática?
Esperam mesmo que a banca se rale com as mediadoras dando aos seus clientes o mesmo spread que dá aos que compram directamente ao banco num leilão?
Acreditam que a banca possa esperar 3 ou 4 anos sem cobrar coisa nenhuma à espera que as famílias que estão em maus lençóis recuperem a sua capacidade de pagar as casas onde vivem?

Meus caros.
O Estado pode regular a actividade bancária da banca privada. Não pode no entanto impor à banca privada que arque com prejuízos só porque toda a gente se furtou à suas responsabilidades.
Isso não vão conseguir fazer nunca.

É dever de cada um quando se endivida a 40 anos, perceber que num espaço de 4 ou 5 anos pode acontecer uma desgraça. É responsabilidade de cada um entender que não é pelo facto de um negócio paracer muito bom que se é forçado a fazê-lo.
Todos se desresponsabilizam hoje de todas as péssimas decisões que tomaram.

A bem dizer, eu que vivo numa casa arrendada porque nunca quis dar o salto para endividar os meus filhos, não estou com vontade nenhuma de ajudar a pagar as loucuras daqueles que o fizeram.
Não vejo com bons olhos que seja a formiga a pagar as loucuras da cigarra.
Usarem dinheiros públicos para acudir a um sector que se encheu de dinheiro durante décadas e que, sempre que pode, se furtou a pagar os impostos devidos é inaceitável. Não, Não e Não!

O mercado livre tem regras, defeitos e virtudes. Se conseguirmos operar com essas regras pode viver-se sem grandes problemas.
O que não se pode é querer a parte boa do mercado livre quando estamos na maior e querer mudar as regras quando estamos por baixo.

Nisso o mercado é implacável e o Estado não tem de meter o bedelho na forma como uma empresa privada é gerida.

A tentação que o português tem de olhar para o Estado paternalista que lhe vai resolver o problema é incrível, passados tantos anos desde o 25 de Abril.
A cada coisa que acontece há sempre alguém a dizer que o "Estado devia ..:".

Pois o Estado não devia. Se achamos que devia, também temos de achar que o confisco quase pornográfico dos rendimentos no nosso trabalho é justificável. E não o é.
E não o é porque ao contrário de um país decente em que a carga fiscal paga os serviços de que os cidadão usufruem, neste paizinho desgraça isso não acontece.

Os que ganham alguma coisa para poder pagar impostos pagam depois as taxas moderadoras, as tarifas energéticas mais caras etc etc etc.
E pagam tudo isto para que os outros possam usufruir e também para alimentar toda a prasitagem que vive à volta do Estado.
Para pagar maquinistas caprichosos que fazem greve porque estão aborrecidos, para pagar uma televisão pública que emite programas para mentecaptos com "estrelas" pagas a peso de ouro.

Para pagar o carrito do Dr. Mário Soares e do Dr. Sampaio que em vez de desaparecerem de uma vez, não perdem uma oportunidade para me lembrar que o dinheiro que eles gastam dos nossos impostos era muito melhor aplicado a dar a quem precisa.

Para haver dinheiro apara acudir a toda esta gente que quer uma almofadinha para quando cai mal, alguém tem de o dar.  Ou melhor, têm de o TIRAR a alguém. E francamente eu prefiro que quem cometa os erros os pague.
Estou já bem farto de pagar os erros dos outros a ainda ser apontado a dedo porque levo uma vida modesta para aquilo que poderia levar.
Não fui estúpido, não fiquei ofuscado com o brilho das luzes e enquanto os outros esbanjavam alegremente eu poupei. Não fui de férias a crédito Punta Cana nem a Porto Galinhas. Não fui comprar o SUV da moda nem o carrinho xpto com jantes de 19".
Não estive na bicha para comprar um iPhone. Não fui a todos os Rock In Rio, Optimus Alive e outros que tais. Não estafo 30 Euros por mês em Sport TV, em Telecines e tretas semelhantes.

Há gente a declarar insolvência nos tribunais que acha que estas coisas são bens de 1ª necessidade. Mas não conseguem pagar as contas.

Eu cumpri as minhas obrigações. Nunca faltou nada em casa.
O que é fundamental foi sempre assegurado.
Os meus filhos estudaram e conseguiram entrar em Universidades públicas de prestígio. porque tinham notas para isso. E tinham notas para isso porque em casa sempre foram incentivados e ajudados a ser bons alunos. Nunca foram premiados pelos erros. Foram sempre pelos sucessos.
Não precisaram de ir para uma Universidade privada tirar um cursito de trampa em troca de milhares de Euros de propinas anuais com uma perspectiva segura de desemprego.

Nunca houve o supérfluo. Se é supérfluo bem pode faltar.

O que toda esta gente achou é que o supérfluo se tinha tornado imprescindível. E eu não estou para pagar isso.

Manifestantes exigem que Governo pare reestruturações no SNS

Que título. Que frase tão simples para descrever aquilo que define o "ser Português".

Nada de reformas, nada de reestruturações. Tudo imutável. Até na desgraça queremos que permaneça tudo na mesma.

A lógica desta gente é imbatível. Alguém lhes diz que não há dinheiro para sustentar a ineficiência do sistema.
Dizem que há. O do BPN. E quando se lhes diz que o dinheiro do BPN foi dinheiro que se perdeu e não que se ganhou, essa lógica do dinheiro do BPN cai pela base.

O BPN foi a melhor coisa que podia ter acontecido à esquerda. Foi gente ligada ao PSD (e suponho que deva haver uns quantos artistas ligados ao PS porque senão aquela nacionalização atabalhoada não fazia sentido nenhum), foi uma pipa de massa que se deitou à rua e ilustra bem o vícios do capitalismo. É um exemplo de que iremos ouvir falar durante décadas.

O problema é que o caso BPN veio acrescentar prejuízo às contas do Estado. Foi uma perda e não um ganho. Ou seja, ainda há 6 mil milhões a menos por causa disso.

Quando se fala em números de partos, ou outra argumentação mais factual vêm com a conversa de que o sítio "onde se nasceu não devia morrer" e outra parvoíces semelhantes. Que são muito bonitas quando há muito dinheiro para gastar e não se sabe aonde.

Esta gente basicamente defende:

Mais salário
Menos impostos para os pobres
Mais impostos para os ricos (fundamentalmente defendem o confisco de bens)
Menos tempo de trabalho (férias, feriados etc)
Mais gasto do Estado

Isto não anda muito longe do que outros antes deles fizeram. E que quando havia gente que se opunha era simplesmente eliminada. Também era eliminada quando não "amava" o líder, quando era "acusada" de ser capitalista etc etc.
Uns rapazitos cheios de ideias. E têm tantas naquelas cabeças que causa uma enorme tempestade e só sai porcaria.

Este fantástico modelo tornou vários países em verdadeiras ruínas económicas. Cuba, União Soviética, Alemanha Democrática, Polónia, Hungria, etc etc. Claro que não nos podemos esquecer do fabuloso exemplo da Coreia do Norte.
É só comparar as virtudes do modelo Socialista no Norte com o modelo capitalista do Sul.
E as pessoas viviam mais contentes nesses países? Não creio. O que sabemos é que não podiam abrir a boca.


Até já ouvimos Jerónimo a acusar o governo de matar "velhinhos" (claro que a confirmação de que noutros países no mesmo período a taxa de mortalidade também foi superior nunca fará com que o demagogo de retrate).

Dizer o que eles dizem é facílimo. As chances de porem em prática o que defendem são muito reduzidas. A única altura em que se demonstrou brevemente o que eram capazes de fazer colocou este país de mão estendida a pedir dinheiro ao FMI pela primeira vez.


Fizeram a proeza de arruinar o país num ápice. Nessa altura foi a corrida aos "direitos". Hoje é a corrida aos "direitos adquiridos".

Quando é que esta gente vai perceber as palavras "NÃO HÁ DINHEIRO". E que não adianta falar do dinheiro do BPN. Esse também se foi.
Se conseguirem ir lá buscá-lo podem reparti-lo entre eles. Boa sorte

Decreto-Lei n.º 181/2012 de 22 de Abril

Tendo em vista erigir um enquadramento jurídico em matéria de protecção de saúde pública aos escalões etários mais baixos, sem prejudicar o exercício das liberdades individuais, vem o presente decreto-lei eliminar obstáculos funcionais à implementação de procedimentos que visam aumentar a protecção desses mesmos escalões etários.

Neste sentido, o presente decreto-lei para assegurar a efectiva aplicação dessas normas vem, por um lado, eliminar as barreiras existentes à correcta implementação da protecção dos menores expostos a fumo em 1ª 2ª 3 ª e 4ª mão e por outro lado assegurar a constante e eficaz observância dos procedimentos.

O presente decreto-lei concentra-se, assim, especificamente, na eliminação de barreiras injustificadas que dificultavam a efectiva aplicação de normas e procedimentos da maior importância para a protecção dos menores e da sustentabilidade futura do Serviço Nacional de Saúde.

Nos termos da alínea a) do n.º 1 do artigo 198.º da Constituição, o Governo decreta o seguinte:

Artigo 1.º
Objecto

O presente decreto-lei aprova medidas de penalização e de reforço no cumprimento das normas de saúde pública tornadas prática corrente desde que se tomou o fumador como o inimigo a abater.

Artigo 2.º
Âmbito

1 - O presente decreto-lei é aplicável situações em que um fumador activo se desloque em veículo automóvel próprio, emprestado ou alugado com um comprimento inferior a 6 metros, acompanhado de um menor pequeno. A avaliação do tamanho do menor será feita pelo agente da autoridade encarregado da verificação das normas constantes deste decreto-lei.

2 - O presente decreto-lei é ainda aplicável aos casos em que o fumador seja uma fumadora, um homosexual fumador de qualquer dos 3 sexos, ou de sexo indefinido ou difícil de comprovar.

3 - O presente decreto-lei é ainda aplicável aos casos em que o fumador, fumadora ou outros cujo sexo não seja identificável que fumem não se desloquem em veículo automóvel mas estejam no local da sua residência ou da residência de outros.

4 - Está excluído do âmbito deste decreto-lei a utilização de cachimbo. O fumo de cachimbo, apesar de apresentar índices equivalentes de perigosidade, cheira melhor e confere um estatuto superior ao fumador quer pela pose adoptada pelo fumador que pela ideia generalizada na sociedade que um fumador de cachimbo é uma pessoas respeitável e com bom gosto.

Artigo 3.º
Obrigações do fumador, fumadora, ou outros que fumem

1 - Será obrigatória a deslocação em automóvel de 7 lugares ou mais, com a excepção de automóveis acima de 30 lugares ou menos.

2 - Um dos lugares estará em permanência reservado a um agente da autoridade que velará pelo cumprimento das normas constantes neste decreto-lei.

3 - O fumador, fumadora ou outros cujo sexo não seja identificável que fumem deverá providenciar no local da sua residência ou no local da residência de outros, um espaço com condições adequadas à permanência do agente da autoridade. Por adequado entende-se um espaço não partilhado, dotado de linha telefónica fixa e condições de segurança ambiental e física.

4 - Caso o fumador, fumadora ou outros cujo sexo não seja identificável que fumem não possua à data da publicação deste decreto lei das condições constantes dos pontos 1 a 3, deverá num prazo nunca superior a 60 dias garantir que essas condições se verifiquem, seja pela aquisição de novo veículo automóvel ou local de residência, seja através de arrendamento.

5 - O fumador, fumadora ou outros cujo sexo não seja identificável que fumem deverá assegurar o acesso do agente da autoridade a instalações sanitárias com boas condições de higiene e limpeza. O espaço deverá estar dotado de publicações desportivas ou de moda caso o(a) agente da autoridade deseje cagar.

6 - fumador, fumadora ou outros cujo sexo não seja identificável que fumem deverá providenciar 3 refeições diárias ao agente da autoridade, garantindo que o valor alimentar das refeições é adequado a um estilo de vida saudável. Não poderá em nenhum caso servir bebidas alcoólicas ao agente da autoridade.

Artigo 4.º 
Obrigações do agente da autoridade

1 - O agente da autoridade deverá verificar em cada momento se o menor é exposto a fumo em 1ª, 2ª, 3ª  ou 4ª mão.

2- O agente está inibido de inalar fumo em 1ª mão e deverá ele próprio abster-se de inalar fumo em 2ª, 3ª ou 4ª mão

3 - O agente da autoridade deverá em caso de constatação de inalação de fumo em 1ª mão por parte do fumador, fumadora ou outro que fume, gritar muito alto e, caso o fumador esteja ao alcance do braço, esbofetear o fumador, fumadora ou outros cujo sexo não seja identificável que fumem.

4 - O agente da autoridade não deverá em nenhum caso usar a arma de fogo na presença do menor. O fumo provocado pela detonação quando inalado em 2ª mão é extremamente prejudicial para a saúde pelo que se o fizer estará sujeito ao regime sancionatório previsto no Estatuto Geral das Forças de Segurança. É no entanto aceitável a utilização da arma de fogo caso o menor esteja a mais de 5 metros de distância e a arma seja disparada em espaço arejado.
Os custos causados pelo uso da arma de fogo deverão ser suportados pelo fumador, fumadora ou outro que fume, ou em caso de morte deste, pelos seus familiares.

Artigo 5.º
Regime sancionatório

1 - Constitui contra-ordenação a violação do disposto no artigo 3.º , punível nos termos da alínea j) do artigo 211.º do Regime Geral da Lei de Saúde Pública, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 298/92, de 31 de Dezembro, com a última redacção dada pelo Decreto-Lei n.º 1/2008, de 3 de Janeiro, sem prejuízo da aplicação das demais disposições em matéria contra-ordenacional neste previstas.

2 - A tentativa e a negligência são sempre puníveis, sendo os limites das coimas aplicáveis reduzidos para metade.

3 - É considerada negligência o acendimento de um cigarro, cigarilha ou charuto sob a influência do álcool devendo para isso ser comprovada a taxa de alcoolemia com um valor superior a 4g/litro.

4 - É considerada tentativa qualquer acto que vise a inflamação de cigarro, cigarilha ou charuto que não consiga ser efectuada por manifesta falha do equipamento de inflamação.

5 - A fiscalização do cumprimento do disposto nos artigos 3.º e 4.º, bem como a aplicação das correspondentes coimas e sanções acessórias, é da competência da Brigada de Supervisão e Aplicação de Leis Imbecis.

Artigo 6.º
Entrada em vigor

O presente decreto-lei entra em vigor 30 dias após a sua publicação.

Visto e aprovado em Conselho de Ministros de 18 de Abril de 2012. - Pedro Passos Coelho, dois senhores grisalhos e um senhor com a boca ligeiramente de lado.
Promulgado em 18 de Abril de 2012.
Publique-se e lixem-se os fumadores, fumadoras ou outros cujo sexo não seja identificável que fumem.
O Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva.
Referendado em 22 de Abril de 2012.
O Primeiro-Ministro, Pedro Passos Coelho.

Estamos confusos?

No meio de tudo o que se está a passar às vezes pergunto-me como vamos levando o dia a dia com uma certa "calma". Será possível que só os portugueses é que não perdem as estribeiras?

Afinal os gregos saem à rua e partem tudo, os espanhóis parecem cães danados, os americanos puxam da arma e matam 10, os noruegueses, finlandeses e outros fleumáticos passam-se e fazem asneiras consideráveis. Mas nós não fazemos nada. Nada. É alguma coisa que nos deitam na água?

Fazendo um exame (não muito profundo) a tudo o que vejo à minha volta acho que percebi.
Estamos confusos. E como tal nem sabemos o que fazer.

E não é nada difícil estar confuso com a informação que nos chega. É contraditória e superficial, vive de opiniões e muito pouco de factos e não passa muitas das vezes duma enorme tempestade de ruído na qual nem conseguimos perceber bem o que se passa.

A confusão começa quando se ouve um tal de Barroso numa entrevista por Mário Crespo a dizer que os media são dominados pela direita (???). Segundo ele, uma direita tão reaccionária que nem ela está contente com este governo. Por isso o ataca.

A esquerda ataca tudo. O governo, o anterior governo e o que há-de vir a seguir. Espera ansiosa ter razão: Que o país se desmorone com a austeridade.
O que não deixa de ser caricato porque numa circunstância dessas o que vai sobrar é mesmo a satisfação de terem razão. Não sobrará mais nada.

Depois temos alguém a dizer que afinal as coisas estão a correr bem com as exportações que subiram 13% em relação a igual período do ano anterior. Importamos menos e exportamos mais. Bom sinal.

Mas aparecem os senhores do ramo automóvel a dizer que as vendas dos carros estão pela hora da morte e vai ser uma hecatombe. Talvez as importações a menos sejam também elas uma consequência da menor compra de carros. Isto sou só eu a especular.

Sabe-se que 40% dos desempregados estão ligados ao sector imobiliário. "Industria" única e aparentemente sem fim, que acabou. Isto depois de um tal de Cavaco Silva ter dito enquanto era primeiro ministro que essa indústria era a nº 1 do país. Aí tem sr. Cavaco o que dá rebentar com todos os sectores produtivos do país e deixar a construção em 1º lugar. Chega a uma altura já nenhum português precisa de casa. Já temos 1.5 por português.
Isto para logo de seguida algumas imobiliárias de grande dimensão virem dizer que há retoma no mercado de habitação (??). Com os bancos a conceder muito pouco crédito. Devem ser o portugueses que pouparam tanto dinheiro neste último ano que já podem comprar casa sem precisar do banco para nada.

Hoje também a Ministra da Agricultura resolve arranjar um fundo para os agricultores não estarem sujeitos a problemas naturais ou outros que ponham em causa as suas produções. Sabemos bem que se o granizo destruir um pomar de maçãs, os portugueses que as produzem ficam contentes porque recebem o dinheirinho pelas maçãs e os outros ficam satisfeitos em ter pago as maçãs e não as comer. O mesmo acontecerá com carne que não comerem, com os tomates, os cereais e as hortaliças. Separa-se o gasto em alimentação daquilo que se come. Podemos manter o gasto e não comer nada.  O gasto em produtos alimentares foi pagando numa qualquer taxa inventada para compensar os agricultores. Que no fim não produziram alimentos por uma razão qualquer a que são alheios.
Se a política agrícola comum é uma estupidez pegada, estas ideias nacionais não se ficam nada atrás. Em vez de reflectir o risco nos preços dos alimentos, pagamos uma taxa para compensar esse mesmo risco. Já alguém se lembrou de uma coisa chamada seguros de colheita? Nós pagamos o seguro é?
E que tal uma taxa para um fundo que compense os portugueses que tenham problemas de saúde?

Ah, é verdade já pagamos. E o fundo obriga-nos a pagar outra vez se precisarmos. Esquema bem bolado.

Soubemos também que ter obras de escolas a custar o dobro do que estva planeado é uma coisa normal e desejável até. Na verdade é uma festa.  E o que se sabe é que o custo por metro quadrado dessas obras só foi um pouco mais caro que o planeado. Então a diferença entre o custo do metro quadrado e os mais de 100% de derrapagem foi gasto em quê? Se não foi no custo do metro quadrado ter-se-à evaporado?

Não temos tido notícias da desgraça que foi colocar o golfe com 23% de IVA. Não se tem ouvido falar de campos de golfe a fechar. Ou então se fecham fazem-no silenciosamente. Mas o que eu vejo é que o nosso turismo (e não é o do golfe) continua a achar que vivemos num país de gente rica e abonada pedindo preços absurdos e incomportáveis para uma família. Ainda mais que neste país muitas delas ficaram sem um ou dois subsídios de férias. Mas continuam a dizer que estão cheios na Páscoa, no Verão e se calhar até no Inverno. Esses parecem não estar a passar por crise nenhuma. Só o golfe.

A seca severa já passou. Nunca mais se ouviu falar disso e o país já se estava a preparar para tomar banho uma vez por mês. As chuvitas de Abril resolveram o problema por inteiro. Já deve haver abundância e água. Que vai subir de preço. Por uma questão de equidade. Por uma vez na vida gostava que a equidade fosse para abaratar qualquer coisa em vez de ser para a tornar mais cara. Se calhar se se deixassem de merdas e não privatizassem um serviço fundamental como esse, se se livrassem de toda a parasitagem que vive nessas supostas "empresas" talvez conseguissem gerir a coisa pública de forma mais eficiente e isso poderia baixar o custo desses recursos.

É quase impossível descortinar o que quer que seja num país de chorões, de mentirosos e de tolos. É uma overdose de informação inútil que consegue manter toda a gente desinformada. De tal forma que a única coisa que nos resta é esperar que a desgraça não nos chegue na forma de desemprego ou doença. Talvez por isso poucos se manifestem. Devem pensar que se o fizerem, e com o proverbial azar nacional, Deus ou o Diabo olhem para eles e digam - Olha, ali está um que eu não tinha reparado. É para já...



Realidade paralela

Para Isabel Alçada, não há excessos, apenas materiais nobres usados em restauro de espaços onde já existiam e por razões que “nada têm a ver com luxos”.

Pelo PS, a deputada Gabriela Canavilhas defendeu a existência de candeeiros de Siza Vieira em espaço escolar por se tratar de “um grande artista”, acusando a maioria parlamentar de querer “nivelar por baixo”. Isto depois de o deputado do PSD Emídio Guerreiro ter lembrado que são os cidadãos de um país que vive da ajuda externa a “pagar a festa que foi a Parque Escolar”, usando uma expressão proferida na anterior audição pela ex-ministra da Educação Maria de Lurdes Rodrigues.
Isabel Alçada e Gabriela Canavilhas competem para o prémio de político mais imbecil do ano.

Isabel Alçada defende que os materiais nobres usados nada têm a ver com luxo. Foram usados em "restauros" e como tal justificam-se. Se calhar devia ter sido pensado nos orçamentos o facto de se estarem a usar materiais de custo mais elevado. O que parece não ter acontecido.

Canavilhas vai mais longe. E não é nada que não esperemos. Depois da sua gestão peregrina na Cultura e do disparate da proposta de lei que impunha uma taxa em dispositivos de armazenamento digital para pagar aos autores que pudessem vir a ser pirateados, já nada admira.

Mas a defesa dos candeeiros de 1700 Euros numa escola de Tomar, apenas por Siza ser um "grande artista" é do mais imbecil e snob que esta extra terrestre já produziu.
Por esta lógica porque não encomendar um mural a Paula Rego? ou porque não pedir um projectinho de escola a um verdadeiro "artista" da arquitectura? Porquê limitar a coisa ao panorama Nacional?

É óbvio que para quem ganhou durante uns anos um salário simpático complementado por um cartãozinho de crédito livre de impostos pode achar natural que se gastem 20.400 Euros em candeeiros de design para uma escola em Tomar.

É caso para perguntar à ex Ministra Alçada se a utilização de candeeiros "nobres" de um "artista" também tem a ver com restauros. A escola é nova. Não restauraram porra nenhuma. E um arquitecto que projecta com esta largueza de meios ou é um imbecil ou sente-se completamente à vontade para torrar o orçamento coo muito bem entende.

Um reformado com uma pensão de 250 Euros (porque os há) receberia a pensão durante 6.8 anos com o dinheiro gasto destes candeeiros.
Ponham as coisas sob esta perspectiva para perceberem bem onde devem estar as prioridades.

Os 60 milhões de euros poupados depois de reapreciações das obras em curso em 70 escolas significam 20.000 anos de pensões deste valor. Ou um ano de pensão para 20.000 idosos. Ou um aumento por um ano de 125 Euros para 40 mil idosos etc etc.

Se agarrarmos nos números do desperdício (e falo só do desperdício, já nem falo do custo total) feito nesta gracinha que dá pelo nome de Parque Escolar teremos valores absurdos
O PSD insistiu que fica por explicar uma diferença de 180 milhões de euros entre o investimento apresentado pela Parque Escolar em 2011, para 106 escolas, e o valor apurado no relatório da Inspecção-Geral das Finanças.
Temos 1.479.657 pensionistas com uma pensão inferior ao salário mínimo. Se se aumentasse 10 Euros a pensão de todos eles durante um período de 3 anos a despesa com esse aumento seria de 532 Milhões de Euros.
Só isso desbaratou a Parque Escolar em menos de 3 anos. Juntem-lhe as negociatas duvidosas em PPP's, as indemnizações a ser pagas a construtoras por causa de contratos feitos à pressa para projectos cancelados, somem-lhe o valor desbaratado em mordomias e propaganda gasta pelos nossos políticos e chegarão à conclusão que todo esse dinheiro que se queimou chegava para colocar a nossa segurança Social num ponto de sustentabilidade e não num ponto de ruptura como está hoje.

Agora digam-me que este tipo de coisas tem toda a justificação, por serem espaços de qualidade, ou por serem candeeiros de "artistas" ou outra MERDA semelhante, quando há gente a passar fome com reformas de miséria para quem um pequeno aumento de 10 Euros numa pensão significaria muitísimo.

Nada que preocupe estas duas imbecis que de certeza não vão receber do Estado apenas 250 Euros quando se reformarem.

Agora coloquem todas as contas do desbarato socialista em "pensões" para gente que vive no limiar da miséria e chegarão à fácil conclusão que o apoio social neste país poderia ser bem melhor do que é se os amiguinhos dos políticos e os políticos não estivessem sempre um primeiro lugar quando chega a hora de repartir o dinheiro de todos nós.

E não me venham com tretas acerca da rubrica orçamental  não ser a mesma ou não se poder transferir dinheiro assim. Ele vem todo do mesmo sítio. Do meu bolso e do bolso de quem paga impostos. É todo ele receita do Estado. Pode ser distribuída como for necessário para assegurar os serviços que um Estado tem de assegurar.

E isto é válido também para este Governo que em vez de abordar as coisas da forma correcta, parece andar amedrontado em resolver os problemas endémicos e fortemente amplificados pela ruinosa gestão socialista.
Atalhem nas PPP's, atalhem no desperdício resultante de gestão ruinosa e conseguirão por uma vez na vida tornar este país mais suportável. Para quem paga e para quem recebe (pouco)

O doente morreu mas a operação foi um sucesso

Em termos médicos é mais ou menos o que aconteceu com a Parque Escolar.

Maria de Lurdes Rodrigues foi hoje à Comissão Parlamentar de Educação "defender" o sucesso da Parque Escolar.

É notável a forma como em Portugal ninguém falha. O que se passa são sempre más vontades, cabalas politicamente motivadas ou simples desconhecimento que levam as pessoas, mal intencionadas, a ver fracassos onde outras vêm sucessos.

E o caso da Parque Escolar parece não ser uma excepção.
Tanto a IGF como o TC constataram que o programa de modernização dos estabelecimentos de ensino, lançado em 2007, ultrapassou largamente a estimativa inicial para 332 escolas, apesar de a execução do programa estar a pouco mais de metade.
Duas entidades confirmam um desvio importante no orçamento para o programa estabelecido na renovação de Escolas e de construção de novos equipamentos por parte desta "empresa" criada exclusivamente para este fim.

Já é estranho por-se nas mãos duma "empresa" algo que deveria caber ao Estado fazer. Se ainda é defensável que o pudesse fazer com mais eficiência do que o próprio Estado, no caso presente essa suposta eficiência vai pelo cano abaixo.

Se há um orçamento x que está ultrapassado com apenas metade do programa executado, será razoável pensar que no fim desse programa os custos seriam mais do dobro do planeado.

Podem até dizer que o programa foi alterado a meio por causa da imposição da escolaridade obrigatória até ao 12º ano. Mas fazendo uma continha rápida estão a dizer que o aumento em 30% de anos de escolaridade obrigatória significaria um aumento de custos dos equipamentos em mais de 100%?
Claro que a relação não pode ser tirada tão directamente mas ainda assim há um claro desleixo no controle do orçamento por parte da PE.

Constata-se que ao ser lançado em 2007 não havia qualquer preocupação com a derrapagem que, segundo Maria de Lurdes Rodrigues, só começou a ter um impacto severo em 2011. Ou seja, se não fosse a maldita ajuda externa, esta gente viveria muitíssimo bem com uma derrapagem de um orçamento em mais de 100%.

Dizem também que o custo por m2 não ficou fora do razoável. Então das duas uma:
Ou fizeram mal as contas no início ou construiram muito mais metros quadrados do que estava previsto.

E em qualquer dos casos o orçamento deveria ser revisto e a respectiva correcção devia ter sido formalizada. Coisa que não foi.

Obviamente que estes pequenos detalhes não passam em claro às entidades que fizeram as auditorias e a qualquer cidadão que se preocupe e que fale constantemente na derrapagem escandalosa das obras públicas.
Não há forma de não ficar chocado. Tanto mais que o Estado irá pagar rendas avultadas pelos equipamentos a esta Parque Escolar agravadas pelo facto de o financiamento ter sido feito com recurso a financiamento da banca. Mais endividamento numa espécie de PPP.
Que para não fugir à regra se afigura ruinosa como as demais.

A coisa vai ao ponto de a ex ministra ignorar todos os sinais de sub orçamentação e continuar a achar que o orçamento era suficiente.
Na altura, Sintra Nunes admitiu que, logo a partir de 2009, quando arrancaram as obras das primeiras escolas "toda a gente percebeu" que não seria possível atingir o objectivo inicial do programa, a recuperação das 332 escolas. Hoje, questionada por deputados do PSD, Maria de Lurdes Rodrigues desmentiu, garantindo "que nunca ninguém tomou a decisão de retirar escolas" do programa de modernização lançado em 2007.
Pelos vistos toda a gente percebeu, menos a ministra que por esta altura já não o era. Em face das evidências e de todos os sinais de que o dinheiro não ia chegar não se retiraram escolas do programa.
Assim se gere a coisa pública e assim se reage a sinais de alerta. Fuga para a frente porque o contribuinte há-de pagar. A realidade não se compadece com as necessidades de agenda política.
“O programa da Parque Escolar foi uma festa para as escolas, para os alunos, para a arquitectura, para a engenharia, para o emprego e para a economia”
Parece  que de facto o programa foi uma festa para alguma arquitectura e alguma engenharia.
Quanto à "festa" para a economia e para o emprego não me consta que o programa tenha tido um impacto muito acentuado. É sim, uma festa para os dinheiros públicos.
Segundo o Ministério da Educação e Ciências, nas 70 escolas que actualmente estão em obras já foram possíveis identificar medidas de correcção que permitirão poupar mais de 60 milhões de euros.
Com alguns cuidados e com alguma ponderação parece ser possível reduzir custos por escola, das que estão em obras , em perto de 1 milhão de euros por escola. Mais exactamente 857 mil euros por escola.
A ex-ministra lamentou também que nas escolas se “considere ser luxo o que não é considerado como luxo noutros espaços”. Maria de Lurdes Rodrigues respondia assim às observações de deputados do PSD e do CDS sobre a compra de 12 candeeiros de Siza Vieira, por 1700 euros cada, para uma das escolas requalificadas e a utilização de materiais nobres em várias instalações, que também é criticada no relatório da IGF
Esta é a ministra que tinha os pés na terra quanto a questões pungentes para o ensino. Como nós sabemos há abundância de dinheiro (aparentemente havia em 2009) e portanto há que dotar estes equipamentos de peças de qualidade. Porque não uns candeeiros de Siza Vieira? Porque não?


Por mais tentativas de spin que a Ministra queira dar à questão não há muita volta a dar a isto. De uma certa forma faz lembrar a loucura de Duvalier (Papa Doc) quando fez uma nova capital (DuvalierVille) num país miserável (Haiti).

Esta gente precisa mesmo que uma chamada brutal à realidade. Brincar com o dinheiro dos contribuintes tem sido claramente o passatempo destes desgraçados governantes.

Sousa Tavares, o fala barato

Quando há uns dias atrás escrevi um post a desancar a falta de rigor e seriedade de Sousa Tavares confesso que pouco mais sabia dele do que aquilo que as suas aparições televisivas me trazem para dentro de casa.

Tinha lido o Rio das Flores e achei-o um livro superficial, pouco apaixonante e muito aquém do alarido que se fez à volta da obra de MST.

Mas depois pensei - Alarido?.... hum... Porque é que houve alarido? Por o livro ser bom ou por outra coisa qualquer?

E fui à caça. Encontrei em duas situações distintas referências a MST que confirmam, e de que maneira, aquilo que eu achava dele. Um desbocado muito pouco preocupado com a realidade e muito pouco apoiado em factos.
A mundo parece ser para MST um casulo em que a única verdade existente é a sua. Não é raro.
O que é raro é os media darem cobertura a alienados deste calibre todos os dias da semana.
Tem tratamento. Hoje já há fármacos que controlam estes problemas psicológicos com verdadeira eficácia. Demora até acertar a dosagem mas chega-se lá.

O 1º caso é este: http://blogtailors.blogspot.pt/2007/11/polmica-pulido-valente-sousa-tavares.html

A critica ao romance Rio das Flores é demolidora. Destaco este excerto apenas porque é exactamente o comportamento de MST nos seus comentários. Completamente desligado da realidade

O uso das fontes e "peças de jornalismo"
Para além das "meditações" sobre política (sob forma de polémica ou não), Sousa Tavares precisa de "encher" o romance, de o "enchumaçar". Para isso, usa fontes. Na história, como na ficção histórica, as fontes devem servir para suportar uma narrativa ou um argumento, esclarecer um ponto obscuro, excepcionalmente para uma descrição com valor alegórico, metafórico, simbólico, analítico ou dramático. Nunca devem servir para uma simples paráfrase ou como uma espécie de reservatório de elementos decorativos, para dar "cor" a um episódio, à maneira do jornalismo de "revista". Infelizmente, é assim que Sousa Tavares sistematicamente as usa. Há passagens que quem se deu ao trabalho de ler a bibliografia percebe muitas vezes donde foram "tiradas". Segue uma lista:
1.º Uma tourada em Sevilha. Sousa Tavares não estava com atenção quando "estudou" a fonte e confunde a capa (ou capote) com a muleta. Daí em diante é o puro disparate.
2.º História abreviada do Palácio Real de Estremoz.
3.º Descrições de vários automóveis.
4.º Descrição do voo de um Zeppelin sobre Lisboa.
5.º Opiniões do embaixador inglês (em 1929) e do sr. R.A. Gallop sobre os portugueses.
6.º Breve história do restaurante Tavares Rico.
7.º O cinema em Lisboa no princípio dos anos 30.
8.º Descrição dos efeitos da crise de 1929 em Portugal.
9.º Descrição de um Zeppelin.
10.º Descrição e história do hotel Copacabana Palace.
11.º Nova descrição de hotéis e de alguns cafés frequentados por intelectuais no Rio.
12.º Preparativos para a Exposição do Mundo Português e obras da referida Exposição.
13.º Economia do café no Brasil.
14.º Descrição e história da fazenda Águas Claras.
15.º Diatribe contra intelectuais brasileiros que colaboram com Getúlio Vargas.
16.º Algumas notas sobre a família Werneck.
17.º Descrição e história da cidade de Vassouras.
18.º Descrição da querela entre Salazar e Armindo Monteiro.
19.º História da demissão do vice-cônsul de Portugal em Vichy (depois de preso pela Gestapo), recomendada por um terceiro secretário de embaixada, Emílio Patrício.

A maior parte destas digressões não tem qualquer função na narrativa: não passa de um ornamento "colado" à narrativa. E a pequena parte que tem uma função podia ter sido reduzida a uma frase ou a meia dúzia de linhas. Sousa Tavares não diz nada indirectamente: não sugere, não insinua, não omite. Não escreve como quem escreve um romance, escreve como quem escreve um relatório: directamente, com a mesma luz branca e monótona para tudo.
Lendo o Rio das Flores, uma pessoa sente claramente quando entrou a "ficha" (de informação) sobre isto ou sobre aquilo. E o peso das fichas torna o livro pueril como um "trabalho de casa". Mas também o desequilibra. A interminável quantidade de páginas sobre, por exemplo, os Zeppelin, a política brasileira (em que Diogo não participa) ou as belezas de Vassouras são meras curiosidades, que estão ali porque estão, e atenuam ou dissolvem a já fraca intensidade do romance.
(...)
Sentenças
De quando em quando, Sousa Tavares gosta de dar a sua sentença. Para apreciar a sua profundidade e a perspicácia, aqui vão algumas:

1.º "... O Corpo Expedicionário Português fora dizimado em dois dias de Abril à mais imbecil estratégia militar de todos os tempos - a chamada guerra das trincheiras..." Morreram 9 milhões de pessoas porque ninguém (pelo menos tão inteligente com Sousa Tavares) descobriu que a guerra de trincheiras era imbecil.

2.º "... numa Europa ainda mal refeita dos efeitos catastróficos da imbecil guerra de 14-18..." E pensar a gente que se gastou tanto tempo a tentar perceber uma "imbecilidade".

3.º "... toda a elite nacional de então, continuava a alimentar a lenda do regresso desse patético rei D. Sebastião - o mais imbecil, incompetente e irresponsável governante de toda a história de Portugal." Isto é o que Sousa Tavares compreende de D. Sebastião e do sebastianismo.

4.º "... o poeta (Fernando Pessoa) retirava-se (...) dedicando-se (...) à escrita da mais extraordinária obra literária que Portugal alguma vez tivera." Nada de discussões.

5.º "A lista dos intelectuais que militaram pela causa da esquerda espanhola era absolutamente impressionante - não havia, praticamente, um escritor, um músico, um filósofo prestigiado, um Prémio Nobel, que lá não figurasse..." Palavra de honra?

Estes juízos não são percalços, são sinais particularmente cómicos da imaturidade e presunção que permeiam o livro inteiro.
Obviamente que isto é uma crítica do livro. Demolidora, sem dúvida, mas denota que as manias de MST no dia a dia são claramente passadas para o livro. MST é um cagador de sentenças que nada se preocupa em verificar a verdade dos factos. O desastre é total.

Num outro caso é uma análise de um escrito do mesmo MST , chamado Fact Check #1 no Blog Blasfémias

E aí está ele de novo a cagar sentenças sem sequer se ralar de mentir despudoradamente

No último mês de Dezembro, Miguel Sousa Tavares publicou um artigo laudatório do antigo Primeiro-Ministro José Sócrates, com o título O Fantasma de Paris,  que tem sido replicado em vários blogues socratistas. Raras vezes vi um artigo com tantos erros factuais. Só na primeira metade do artigo, temos isto:
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 (…) José Sócrates começou a governar em 2004, recebendo um país com défice de 6,2% (…)
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Começou a governar em Março de 2005 e recebeu um défice de 3,4%.
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(…) após dois governos PSD/CDS, numa altura em que não havia crise alguma nem problema algum na economia e nos mercados. (…)
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Portugal esteve em recessão em 2003, e o crescimento do PIB vinha em queda desde 1998.
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 (…) Manuela Ferreira Leite e Bagão Félix, foram pioneiros na descoberta de truques de engenharia orçamental para encobrir a verdadeira dimensão das coisas: despesas para o ano seguinte e receitas antecipadas (…)
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A antecipação de receitas foi prática corrente dos governos de Guterres – a começar pelo Pagamento Especial por Conta. A principal alínea de desorçamentação – as SCUTS – despesas atiradas para o futuro, foi também uma invenção dos governos de Guterres.
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(…) Em 2008, quando terminou o seu primeiro mandato e se reapresentou a eleições, o governo de José Sócrates tinha baixado o défice para 2,8%, sendo o primeiro em muitos anos a cumprir as regras da moeda única. (…)
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Em 2008 o défice foi de 3,7%. No mesmo ano, a dívida pública (mesmo sem contar com a dívida desorçamentada) estava em 71,6%, acima dos 60% das “regras da moeda única”. Desde que Cavaco Silva deixou de ser Primeiro-Ministro, Sócrates, conseguir os 3 piores défices. Sócrates teve 5 anos em 6 com défice acima de 3,5%. (aconteceu em 3 anos de Guterres).
(…) E quando se chegou às eleições, o défice nem foi tema de campanha, substituído pelo da “ameaça às liberdades” (…)
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Absurdo. Basta recorder este debate: http://www.youtube.com/watch?v=xSCu5lH0tpg
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“…não me lembro de alguém ter questionado, nesse ano de 2009, a política despesista que Sócrates adoptou a conselho de Bruxelas.”
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Entre muitos, muitos outros, lembro o manifesto assinado por 28 economistas.
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“Pelo contrário, quando Teixeira dos Santos (…) começou a avançar com o PEC, todo o país – partidário, autárquico, empresarial, corporativo e civil – se levantou, indignado, a protestar contra os “sacrifícios” e a suave subida de impostos.”
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Muita gente protestou não contra os sacrifícios mas contra a incipiência das medidas. Por exemplo, este blog.
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“Passos Coelho quase chorou, a pedir desculpa aos portugueses por viabilizar o PEC 3 que subia as taxas máximas de IRS de 45 para 46,5% (que saudades!)”
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Não há motivo para saudades. A taxa máxima de IRS continua em 46,5%.
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O resto do artigo é mais opinativo e menos “factual”. Mas compreende-se que partindo de tantos pressupostos errados, as opiniões não possam valer grande coisa.

Sem querer colocar-me ao nível dos autores das duas análises só posso concluir uma coisa : Miguel Sousa Tavares é evidentemente um fala barato sem qualquer preocupação com o rigor no que diz ou escreve. É um demagogo, cínico e deveras desonesto.

O único problema nisto é que nós bem sabemos o resultado de ter na televisão um personagem a comentar a actualidade usando este tipo de pressupostos. Completo engano.
E como seria de esperar, nem todos se preocupam em encontrar a verdade dos factos. Ficam-se pelos sound bytes e chega-lhes. Julgam, condenam e seguem em frente.

É grave alguém assim ter cobertura mediática ao nível de MST. É tão grave como o desbocado Marinho ou o maquiavélico Marcelo. É grave em todos eles, porque usam essa tribuna para levar avante as suas ambições pessoais. Não é um mero comentário desapaixonado e isento. É ser juiz em causa própria. Big Time.
Eles não servem a informação com o seu comentário. Servem-se da informação e do comentário em seu proveito ou dos seus amigos.

MST é um demagogo mentiroso. Mente conscientemente umas vezes, mente sem saber outras. Mas apenas porque acha que a audiência é tão estúpida ou tem a memória tão curta que nunca vai perceber até que ponto ele mente.

Como dizia alguém num comentário que se seguiu a este post no Blasfémias
O miguel quando devia andar a estudar andava atrás das suecas, diz ele, portanto nunca lhe apanhou o jeito e agora nem suecas nem cuecas. Uma bosta de fidalgote tagarela.

Ser desonesto em 85 palavras

"Como não sabe, pretende ser um bom aluno dos mandantes da Europa, esperando deles, compreensão e consideração. Genuína ingenuidade! Com tudo isto, passou de bom aluno, para lacaio da senhora Merkel e do senhor Sarkhozy, quando precisávamos, não de um bom aluno, mas de um Mestre, de um Líder, com uma Ideia e um Projecto para Portugal. O Senhor, ao desistir da Economia, desistiu de Portugal! Foi o coveiro da nossa independência. Hoje, é, apenas, o Gauleiter de Berlim.
Demita-se, senhor primeiro-ministro, antes que seja o Povo a demiti-lo."
Nicolau Santos em Expresso
Aborrece-me quando alguém tenta distorcer ou omitir informação para afirmar os seus pontos de vista. E isso aborrece-me independentemente da cor política ou clubística (que cada vez mais penso que é exactamente a mesma coisa)
Não suporto aquelas coisas típicas manipuladas para defender um determinado ponto de vista.
recentemente vi duas. Uma delas um suposto screen capture da FoxNews usada para fazer os Americanos parecer estúpidos. Toulouse estava escrito como Toolooz nas Balcãs, o 1º ministro francês estava trocado pelo ministro do Interior e o assassino de Toulouse era Budista.
Uma pesquisa minimamente aturada revelaria que era uma montagem. Era o primeiro resultado no Google se procurássemos por Toolooz.

A outra era uma comparação entre custos de portagem de um Land Rover Defender com reboque (que seria classe 4) e um Porsche Cayenne com um reboque de um barco que supostamente seria classe 2. Assim o pobre do "agricultor" é agravado com custos insanos de portagem enquanto o "rico" do Porsche passeia o seu barco a custo reduzido.
Isto lixa-me de sobremaneira e faz-me perder completamente o respeito por quem afixa estas coisas sem sequer se dar ao trabalho de verificar da sua veracidade. Uma consulta ao site da Brisa revelaria imediatamente que os dois carros são classe 2 sem reboque e os dois são classe 4 com reboque.

O objectivo é obviamente acicatar o leitor incauto e sem sentido critico contra os "ricos" que andam de Porsche rebocando barcos de recreio com o conluio das "grandes empresas" e dos governos.
Em suma uma atitude de merda para quem critica os outros de fazer o mesmo.

O mesmo se passa com o excerto do artigo em cima da autoria do inenarrável Nicolau Santos. E eminência parda de lacinho ou é parvo ou é desonesto. Ou as duas coisas.

Se custa a perceber a alguém que a situação que se criou nos últimos 15 anos e em especial desde 2005, levará anos a reverter então é porque esse alguém é uma besta.
Não é possível virar o rumo do desaire económico de um país em banca rota num espaço de 12 meses. Se fosse o plano de ajuda não seria a 3 anos. Seria a 1.

É óbvio também que os efeitos perniciosos na economia se fazem sentir diferidos no tempo, tal como a retoma leva algum tempo a acontecer. Isto é básico para quem quer analisar com honestidade os fenómenos económicos.

É óbvio também que se um país está a pedir uma esmola para não morrer à fome, terá de seguir detalhadamente as condições de quem empresta. Não é por acaso que o dinheiro vem em tranches depois de avaliações periódicas de desempenho. Talvez para evitar que gente da laia dum Sócrates se apanhe com a "massa" nas mãos e falte completamente ao prometido.

Assim, a subordinação às condições do emprestador é inevitável. Pouco importa andar a proclamar orgulho nacional e auto determinação nas decisões se a grilheta da dívida não nos deixa respirar. Chamar Gauleiter a quem, debaixo destas condições completamente indesejáveis, se vê forçado a cumprir o que prometeu é desonesto e completamente demagógico.

O Sr. Nicolau Santos e muitos milhões de portugueses deviam estar reconhecidamente agradecidos à Alemanha e aos outros parceiros por haver alguém que ainda nos empreste dinheiro e não nos deixe num estado Albanês pré queda do muro de Berlim. Nós recebemos uma esmola para poder pagar salários da função pública e para poder manter o país em funcionamento sem cair no caos absoluto.

Foi Passos Coelho que o fez mas Sócrates ou outro qualquer teria de o fazer na mesma. Se não o fizesse o incumprimento de metas parciais ditaria o fechar da torneira. Com a consequente desconfiança dos mercados internacionais e um agravamento dos yelds da dívida soberana. Colapso.
Basta ver o que aconteceu com a Grécia e com o 1º plano.

Apesar de todo os os indicadores (desemprego, recessão, inflação) sofrerem com isto é hoje possível a Portugal colocar dívida soberana no mercado a um juro muito semelhante ao da Espanha durante esta semana. A confiança na boa orientação do país tem este resultado prático. E nestes casos a percepção conta muitíssimo. E nós estamos debaixo de um plano de ajuda e a Espanha não está.
Tal como a percepção conta no caso do Nicolau que apesar de para alguns ser um jornalista medíocre é percebido por outros como sendo um personagem de alguma qualidade. Não aparece na televisão porque é famoso. É famoso porque aparece na televisão, tal como os concorrentes do Big Brother ou da Casa dos Segredos. E não sei se não prefiro ver um desses concorrentes a fazer figura de parvo do que ver o Nicolau a tentar fazer figura de inteligente.

Há sempre gente que acha que faria melhor. Mas o facto é que essa gente ou não tem tomates ou estatura para se lançar a essas tarefas ou no caso de muitos já as desempenhou e fez um trabalhinho de limpar as mãos à parede.

Talvez Nicolau não tenha reparado que a base de apoio deste Governo é surpreendentemente alta. Surpreendentemente porque ouvimos nos media um constante matraquear (muito semelhante às sondagens antes das legislativas) que pintam um retrato radicalmente diferente daquele que é a opinião de muitos portugueses.

E o problema está precisamente nas pessoas por detrás desse ruído de fundo. Têm acesso aos media e têm uma agenda muito pessoal com contas a ajustar.
Nicolau e o seu parceiro Costa, Marques Lopes e o seu anti Passismo, Clara Ferreira Alves e o seu constante saltitar de lugares de confiança mais ou menos política, Daniel Oliveira e a sua lobotomia trotskista etc etc etc.
São muitos, são todos iguais e são todos intelectualmente desonestos.

Querer assacar responsabilidades de um desemprego de 15% a um governo que recebe um país em ruptura e com o desemprego nos 12% é desonesto. Assacar responsabilidades de uma recessão de 3.3% a um governo que se vê confrontado a reduzir um deficit de mais de 9% para menos de 4.5% num ano é desonesto.
A não ser que pensassem que a vidinha continuava toda igual e que alguém is pagar o esforço desse brutal ajustamento.
Eu lembro-me bem do que Passos disse. Íamos passar mal. A sério. Não enganou ninguém.

O problema é que o tuga acha que se não estamos na merda então devíamos estar lindamente.  Mas o problema das expectativas de cada um devia ficar consigo em vez de se tornar numa espécie de verdade insofismável. O tal "fazer" opinião. Que ao ser na maior parte das vezes uma opinião de merda vale o que vale.

Muitas coisas nunca serão como dantes.
A loucura da compra das casas, dos carros, das férias e semelhantes, acabou.
Nunca devia ter começado. Meteu milhares de famílias num buraco donde vão levar anos a sair. Meteram-se por deslumbramento, má gestão financeira ou por pura ânsia de parecer aquilo que não são.
Vai continuar a haver ricos e vai continuar a existir uma série de gente que gosta de "privar" com eles.

Mas há uma coisa que não vai ser igual. Nunca mais este povo olhará para Sócrates com os olhos com que o viu em 2005. Nunca mais se vai olhar para Constâncio como um economista capaz, ou para Teixeira dos Santos como um académico de nome.
Enquanto um será visto por muitos como um mero chico esperto com laivos de criminoso, os outros serão vistos como capachos do 1º.
O que tudo isto revela também é a forma despudorada como muitos jornalistas e opinadores, outrora supostamente imparciais, são vistos nos dias que correm.
Lacaios de uma certa cor, críticos gratuitos de tudo o que não seja feito pelos "seus amigos" e muito pouco éticos.
Lá tinham de juntar à falta de qualidade no que dizem e no que escrevem mais uma falhazinha de carácter. Ser uns merdas.

O Estado paga. E quem é que paga ao Estado?

A hipocrisia de certos personagens é uma coisa sem limites.

O carro onde viajava Mário Soares terá sido mandado parar e o motorista terá ficado com a carta apreendida quando viajava na A8 por altura de Leiria a 199Km/h.

Quando informado do que poderia acontecer (apreensão de carta do motorista ou pagamento imediato de 300 Euros) Mário Soares terá dito que "è o Estado que paga a multa".

Pois de facto já é o Estado que lhe paga o carro, o combustível , o motorista e tudo o mais. O que é mais uma multazinha paga pelo Estado?
O que é para um motorista não ter carta? Nada. É tão só a única coisa que ele não pode perder porque a sua profissão depende de ter a carta ou não.

Mário Soares, o senador preocupado com a coesão e com a fome no país, não se rala nada que os contribuintes paguem mais uma multazinha de 300 Euros e que um trabalhador fique sem carta de condução por um bom par de meses enquanto o Estado lhe continua a pagar por um trabalho que ele não pode fazer.

É de facto uma pessoa coerente este nosso senador. É mesmo o tipo de pessoa com autoridade moral para falar da coesão, da igualdade e de sacrifícios.
Obviamente que ele acha que tem direito a tudo isto pelos serviços prestados à nossa democracia. Serviços esses que iremos pagar até à sua morte. Um carro um motorista, multas etc etc.

O que ele poderia fazer se estivesse tão preocupado com tudo o que se passa à sua volta seria doar igual quantia a instituições que fazem alguma coisa pelo combate à fome e à exclusão.
Fazia as contas ao custo mensal do carro, do motorista e de mais algumas benesses de que usufrui, passava um chequezinho todos os meses e entregava a uma instituição de caridade.

Ele obviamente não faz isto. O que quer dizer que provavelmente eu faço mais do que ele pelo combate a essa mesma fome e exclusão, já que todos os meses faço doações à Unicef e a uma instituição de apoio a carenciados da minha zona. Não é muito mas é de boa vontade.

Sr. Dr. Mário Soares, vá para a puta que o pariu!!!

O país das demissões... onde ninguém se demite

Quantas vezes ouvimos nós um político a clamar por uma demissão de outro?

Nem dá para lembrar e muito menos para manter uma contagem. É que a exigência é feita com tanta ligeireza que já ninguém a leva a sério.

Havendo verdadeiras e fundadas razões para demissão todos ficam mais ou menos calados, mas perante razões patéticas todos gritam em uníssono.

Desta vez é um tal de Miguel Freitas que diz que Marcelo não pode continuar como conselheiro de Estado. Porque sujou o bom nome de Seguro.
E este deve ter andado a matar a cabeça para descobrir de que cargo é que Marcelo se havia de demitir. Vá lá, sobrou o de conselheiro de Estado. Já nem me lembrava. Pensava que ia pedir a demissão dele da TVI.

Ora vamos lá a ver. Para se sujar um bom nome é preciso tê-lo e Seguro não o tem. Aliás, será um bocadinho difícil encontrar neste PS alguém com um nome em que se note alguma sujidade acrescida.

Um deputado do PS com elevadas responsabilidades no grupo parlamentar furtou 2 gravadores a jornalistas e não se demitiu. Nem o PS nem o grupo parlamentar o fizeram por ele. É que esse deputado tem o nome tão sujo, mas tão sujo que é humanamente impossível dizer dele alguma coisa que o possa denegrir mais do que ele já o fez.

O mesmo é válido para outros eminentes socialistas que tiveram posições governamentais. A terminar no grande líder que só de "casos" suficientes para nunca mais aparecer na política tem aí uns 4. Bom nome? Aonde? Só se for em Marte.

Não sei se quando rebentaram as sucessivas "bombas" mediáticas houve alguém a exigir a demissão do 1º ministro de então. Estou seguro que sim. Esse é o desporto favorito dos nossos medíocres tribunos. Passam a vida a pedir uns aos outros que se demitam. Eu só pediria que se calassem. É que nada deste teatro entorpecedor tem consequências. Nenhuma.

Convenhamos que ter alguém a pedir a demissão de Conselheiro de Estado de Marcelo por causa disto é no mínimo absurdo. Até porque está por demonstrar que Seguro não deu uma golpaça ou que ele seja uma pessoa séria.

Eu diria que se ele o fosse teria bem cedo deixado de pactuar com Sócrates. Coisa que não fez na esperança de poder assumir o seu lugar.

Toda esta patetice no PS, desde querer contestar um acordo assinado pelo Governo do seu partido até às votações com percentagens estalinistas é um sintoma daquilo que é o PS: um partido desnorteado que quando está fora do poder fica de cabeça perdida. A forma como ex qualquer coisa apoiam o líder do momento é de fazer dó.

O mais certo é que Marcelo tenha acertado com a sua observação. Se não tivesse, a reacção talvez não fosse tão indignada. Tudo isto só chama a atenção ainda mais para uma aturada leitura dos estatutos que Marcelo e outros farão certamente. É que contestar a interpretação de um texto jurídico feita por Marcelo é como tentar ensinar o Werner von Braun a fazer foguetões.

Há demasiada mediocridade no PS (e na política em geral). As discussões a dada altura parecem coisas de miúdos de escola primária. Muito berreiro, muito espalhafato, argumentos totalmente infantis que acabam sempre sem qualquer consequência.

Onde é que eles aprendem a ser assim? Já são parvos quando entram na política ou ficam enquanto lá andam? Alguma destas coisas deve ser porque são TODOS assim.

Desde que me lembro

Já ando neste planeta há uns anos. O 25 de Abril não me apanhou numa era de despreocupação infantil.
Já era um homenzinho e lembro-me perfeitamente onde estava no 25 de Abril.

E curiosamente sempre mantive um certo interesse pelas coisas políticas.
Não tardou muito para achar profundamente ridícula a euforia revolucionária do Verão quente. As campanhas de Amizade Povo MFA, os soldados barbudos iletrados alfabetizando as populações remotas de Trás os Montes.
As ocupações de terras no Alentejo que aconteciam convenientemente antes das colheitas ou o apontar do dedo a quem toda a vida tinha trabalhado e conseguia não ser um miserável.

Passei por tudo isso.
Assisti depois à ascensão de uma nova classe política que não diferia muito da anterior. O nepotismo, o favor, o parentesco punham gente nos lugares de poder que doutra forma nunca alcançariam.
Era como se a nossa fosse uma democracia menor e como tal com necessidade de tutela por alguém de mais largas vistas.
Na verdade o nosso povo era especialmente inculto e especialmente manipulável. A informação era superficial e escassa e o nosso povo estava mais preocupado em sobreviver do que em qualquer outra coisa.

Talvez não seja tão diferente do nosso povo de hoje que nunca teve tanta informação nem nunca esteve tão mal informado. Os nossos jovens auto excluídos da política ou revolucionários extremos com a ideia de que tudo o que não seja jovem está obsoleto e carece de substituição. Não estamos assim tão longe do clima das RGA's e dos saneamentos de 1975.

E a nova classe política soube habilmente orientar o país neste sentido. Controlou habilmente todos os aspectos da sua sobrevivência, recorrendo à "democracia" quando chega o momento do voto popular.

Aí manipula, mente. deturpa e oculta de forma a conseguir os seus objectivos. É assim com todos, não me entendam mal, mas ao fim de ver estes quase 38 anos de democracia percebo subtis diferenças.

Sócrates usou algo que é basilar para quem quer o controle do poder e do dinheiro. Acontece assim especialmente com as associações criminosas que compram lealdades. Sócrates comprou-as e muito bem. E algumas foram compradas de forma tão subtil que nem nos demos conta do que se estava a passar.

Se assim não fosse como poderíamos ter um Júdice, outrora conotado com a direita mais à direita, a defender Sócrates ou um Proença de Carvalho que extravasa a sua condição de advogado com a obrigação de defender um cliente para um convicto defensor do personagem enquanto político?

As lealdades compram-se. Entre os políticos, empresários, jornalistas. E se houve uma coisa que Sócrates soube fazer foi isso.
Não é portanto estranho que todas essas lealdades compradas saiam hoje a terreiro apelidar de excessiva a demonização de Sócrates.
Não gostamos das GRANDES palavras. Preferimos a "contenção" e o "decoro" e a pose "apropriada" e o "perfil". Coisas intangíveis e decididas ao critério de cada um. É como se pedissemos silêncio na Igreja. É preciso respeito. Não se pode fazer estardalhaço.

E é essa falta de estardalhaço que nos traz hoje Mário Soares como um "senador" ou que se possa falar de Guterres ou Vitorino como candidatos a Presidente da Républica.
É como se à falta de capacidade e obra destes indivíduos a única coisa que se pudesse arranjar para eles fazerem é ser o mais alto representante do país.

Vitorino fez o programa do 1º governo de Sócrates. Fugiu dele como se foge da peste uns anos depois. Sabia que se fosse conotado com tamanho energúmeno as suas hipóteses duma vida regalada a fazer qualquer coisa na política talvez ficassem comprometidas.
O mesmo com Guterres. Com o indeciso Guterres que lida com tudo como se lida com os refugiados - pede-se dinheiro emprestado para os manter contentes e passar por bonzinho. Sócrates é claro levou isto ao limite. Mas levou ao limite também num outro sentido.
É muito mais fácil "palmar" um milhão se pusermos 1000 milhões a "rodar". Nesse volume um milhão parecem trocos. E que melhor maneira de por milhões a "rodar" do que fazer grandes obras inúteis?

Também já ouvi falar em Durão Barroso como possível candidato a presidente da Républica. Espero bem que não o seja. Quem sabe abandonava o cargo por troca com qualquer coisinha mais condizente com o seu ego como por exemplo a ONU.

Na realidade a nossa democracia é uma mera formalidade para legitimar a perpetuação desta gente nos mais altos lugares deste país.

Sócrates chegou lá. Nunca foi um aluno brilhante, nem sequer conhecido como um bom aluno, mas chegou a 1º ministro. Uma vida inteira habituado a esquemas e com a convicção de que estava sempre certo, como podia ele ter conseguido outra coisa que não fosse falir um país?

Mas como é que um personagem assim consegue toda esta onda de apoio e de reabilitação? Comprando lealdades. Uns porque não lhes basta ser professor Universitário e querem ser alguém público aceitam o lugar dum personagem eticamente duvidoso e intelectualmente inferior, outros porque lhes agrada o que pode significar estar na "jogada" do ponto de vista material. Há milhentas razões para que alguém possa aceitar um lugar "oferecido" por Sócrates. E aceitaram-no.

Do outro lado há a mesmíssima coisa. Talvez no CDS isso não seja tão óbvio pela simples razão de que os seus militantes têm um acesso mais esporádico a estes lugares. Mas também os há certamente. No PSD não temos nenhuma dúvida de que é assim.

Até os briosos comunistas claudicam quando têm as mãos metidas no pote. Vão-se todos abaixo.

A única forma é uma mudança do sistema democrático tornando-o em mais do que uma mera formalidade. Se a democracia representativa permite aos "representantes" perpetuar-se no sistema acabam por nos retirar todas as hipóteses de escrutínio.

Como se muda isto? Não sei. Mas aqueles que falam de uma revolução, especialmente os que não passaram pelo pós 25 de Abril ou não estão a ver bem as coisas ou esperam uma simples troca de lugar.
Talvez devêssemos olhar para exemplos como o Sueco ou o Suiço (em que há um referendo por dá cá aquela palha) para perceber como refundar a nossa democracia.


Quando eles se contorcem...

Alguém deve ter deitado sal na ferida...

Galamba, o wizz kid da Economia saltou a terreiro, minutos passados da crónica de Marcelo Rebelo de Sousa para o chamar de mentiroso.

Também Zorrinho se manifestou dizendo que Marcelo tinha comentado estatutos diferentes dos que ele conhecia.

Não morro de amores por Marcelo. E não morro de amores por duas ordens de razões:
1. Tem a mania de iniciar todos os comentários com um determinado número de tópicos. E nunca falha a contagem. Parece-me batota.
2. É demasiadamente conhecida a sua veia maquiavélica e manipuladora para se poder confiar inteiramente naquilo que diz.

Mas Marcelo conhece bem a forma como um pulhazito lixa os outros. Nada melhor que um pulha para reconhecer outro e parece-me bem que Marcelo destapou a careca a Seguro.

Até deixou nas entrelinhas que a única coisa que Seguro sabia fazer era viver dos expedientes partidários. E aparentemente fê-lo desta vez para retribuir a delicadeza ao "colega" do momento - António Costa.

Se assim foi não se perder nada, diga-se. Ter aquela aventesma como 1º Ministro ou coisa parecida merece todas as tropelias que se possam fazer para o evitar.

Todos sabemos que o PS não liga muito a minudências e formalismos. Não ligou puto quando Sócrates assaltou o poder dentro do PS e não me parece que se rale desta vez.

Também não me espanta que Galamba apoie Seguro. Um cego a guiar um cego é uma boa imagem deste PS. Perdido, comprometido com um passado do qual não se consegue descolar e a ver o poder distante por uns bons anos.

Mas Galamba chamou mentiroso a Marcelo. Que por acaso até leu o artigo dos estatutos que terá sido violado pelos Seguristas. E ou a interpretação de Marcelo anda muito ao lado, coisa deveras estranha em alguém habituado às subtilezas do palavreado jurídico, ou então acertou na mouche em cheio E não foi com uma balazinha de nada. Foi com um obus de canhão de 155 MM.
Mas o Marcelo não esquece uma afronta. Especialmente vinda dum parolo imberbe e ambicioso como Galamba. Portanto Galamba que se cuide. Acabou se entrar no radar de Marcelo e ele é dos que larga os obuses subrepticiamente mas com enorme estrondo quando detonam.

Resta-nos a satisfação de que por esta via o PS irá chegar ainda mais cedo ao apodrecimento do que chegaria com outra liderança. Fica o consolo de que Seguro, Galamba e Zorrinho ficam por cima.
É caso para dizer que se isto é o melhor que o PS tem nas suas hostes só lhes podemos desejar boa sorte.