E lá vão 38 milhões para pagar ... nada.

Segundo Emanuel dos Santos, o despacho assinado por si teve uma intenção preventiva. «O meu despacho permitira poupar ao Estado eventuais despesas de indemnização por incumprimento de contratos celebrados», defende-se.
Não é possível que estas explicações atabalhoadas sejam credíveis. Não é de todo possível acreditar que este tipo de atitudes sejam sérias. Se fossem não eram tomadas no último dia de um mandato. Se estas posições tivessem mérito contratual, o governo seguinte poderia honrá-las sem que um secretário de Estado se sujasse de forma tão suspeita.
Nem o facto de o actual Governo ter anunciado que pretendia «renegociar o projecto à luz dos novos condicionalismos, incluindo o seu conteúdo e calendário», tal como se lê no programa eleitoral do PSD de 2011, impediu Emanuel dos Santos de autorizar o pagamento.
Mais grave é quem assina o despacho saber que se outro partido ganhar as eleições, essas obras serão suspensas. Obviamente que a decisão não é para poupar o Estado a inconvenientes. O objectivo é dar uns milhões a uma empresa antes de que a decisão do governo seguinte evite que isso aconteça.
Assim, isto sai do foro da responsabilidade política. Isto é no mínimo do foro da responsabilidade civil e devia ser julgado como tal.
O actual funcionário do Banco de Portugal refere que «teve presente» uma posição de Passos Coelho «no dia 20 de Janeiro de 2009», quando ainda não era líder do PSD. O primeiro-ministro disse «sem qualquer hesitação ser a favor da construção da linha de TGV Lisboa -Madrid», refere.
É curioso como este funcionário do Banco de Portugal  invoca palavras de 2009, quando apenas alguns falavam da desgraça em que nos estávamos a meter, e não se lembra de declarações de 2011, quando já sabíamos bem onde estávamos metidos. Como se diz acima estava no programa eleitoral. Que este homúnculo prefere esquecer invocando o discurso de 2009.

O que eu não entendo é como gente de todas as proveniências profissionais se torna tão rapidamente numa corja de mafiosos e pulhas quando chega ao Governo. Ou será que já o são antes de lá chegar? Ou será que são apenas paus mandados de interesses mais altos? Cada vez mais me convenço que esta gente mais não é que um grupo mandatado e mandado por ministros para fazer o que lhes interessa sem se queimar. Aliás, o ministro diz que não teve nada que ver com isto. Até o desgraçado Paulo Campos afirma que nada tinha que ver com o TGV. Esse apenas teve que ver com a mafiosice que foi a renegociação de concessões rodoviárias...

Milhão a milhão foram fazendo isto ao país. A todos nós. Milhão a milhão deram aos amigos e indirectamente a si próprios. E nós agora temos de repor.

O ministério público tem o dever de investigar tudo isto até ao limite das suas competências. Tem o dever de apurar se estes indivíduos são responsáveis criminal ou civilmente por este tipo de actos.
O Estado ele próprio tem de levar ex- funcionários como estes à justiça no sentido de obter de volta valores incorrectamente pagos e seguramente envoltos em corrupção.

Quando se assiste durante anos a um ataque à magistratura percebe-se bem o que está por detrás desse gesto. É proteger a classe política de casos como este em que um Secretário de Estado assina contratos de milhões, paga indevidamente e depois sai calmamente da ribalta para o seu emprego anterior como se nada se passasse.
Com um ministério público amarrado, uma magistratura judicial debaixo de fogo constante, estes indivíduos asseguram o seu futuro com gestos como este, ou servem apenas de peões de brega para filhos da puta como Sócrates e outros semelhantes viverem hoje regaladamente com dinheiro de duvidosa proveniência.
Esfregando na nossa cara o seu nível de vida às nossas custas.
Não há prisão suficientemente funda e escura para enfiar toda esta corja.
Sejam eles de que partido forem deviam ter todos os mesmo destino - a prisão.