O inútil espectáculo da Covilhã

Parece que as nossas manifestações são quase sempre pífias inúteis e na maior parte dos casos completamente desproporcionadas.

Segundo o sindicalista que se atirou para cima do "capôn" do carro do ministro, ele estaria a agir em auto-defesa. Defesa às "provocações" que vieram de "dentro do carro do ministro".

Os gesto é meio desajeitado, percebe-se que tenta evitar a estrela da Mercedes para não se aleijar e quase parece desejar que alguém o tire dali.

A fúria para com o ministro Santos Pereira é apenas uma questão de oportunidade. Não tem sido pela actuação dele que as coisas estão pior ou melhor. É claramente um indivíduo com boa vontade, com uma maneira de pensar diferente do "normal nacional" e sobretudo não é um "político" na pior acepção da palavra.

Percebia melhor esta fúria deslocada se fosse com Vitor Gaspar ou com Passos Coelho. Não se percebe muito bem com Santos Pereira.

Mas é assim que a CGTP e o PCP funcionam. A adesão popular que possam ter é imediatamente aproveitada e empolada com efeitos propagandísticos.

Nenhum governo faz o que este está a fazer por uma questão de gosto ou por uma questão ideológica. Não há governante que não goste de ter o povo contente para manter os seus votos. Sócrates era mestre em mentir para obter esse resultado. E fê-lo à custa de uma situação que descobrimos tarde demais.

Não é de certeza vontade de um governante tomar as rédeas de um país falido, prestes a não conseguir pagar salários ao funcionalismo público e aos pensionistas.

Este governo é uma espécie de administrador de insolvências que tem uma oportunidade e apenas uma, de salvar o pouco que resta de uma país.

A única coisa que critico a este governo é a sua celeridade em penalizar fortemente os que não se podem defender e andar com tantos "rodriguinhos" com aqueles que roubam o Estado de forma bem significativa.
Seja por razões contratuais ou outras quaisquer, o corte na despesa do Estado e em especial nas famigeradas parcerias público privadas, esbarra nas "impossibilidades" legais.
Também as outras medidas mais polémicas deveriam ter esbarrado nessas "impossibilidades legais". Um contrato de trabalho com os funcionários públicos não pode ter menos validade legal que um contrato com uma empresa concessionária de uma auto estrada inútil. E é isso que este governo não consegue fazer ou não quer fazer.

Mas tudo isto não faz desaparecer aquilo que é uma triste realidade. O país está falido, vive da mendicidade e não é comparável a sua importância e poder de pressão ao de uma Espanha ou até de uma Irlanda.

O que a CGTP, PCP, BE e PS fingem não saber é o simples facto de não haver dinheiro para pagar tudo como se pagava até aqui.
O PS deu um golpe absolutamente mortal à sustentabilidade do país endividando-o para lá de toda a sensatez. E isso aconteceu sabendo das taxas de crescimento anémicas que tínhamos durante uma década. Não é sequer preciso um economista para perceber que esse caminho tinha um desfecho terrível. O PS e Sócrates não quiseram saber. Usavam paliativos ridículos com os sucessivos PEC cuja receita desbaratavam  logo de seguida.
Com este tipo de actuação à vista de todos nunca as críticas da esquerda tiveram o tom que têm hoje. Sabiam o caminho que se estava a trilhar e entretinham-se a discutir idiotices.
Foi o PCP que se manifestou a favor do TGV numa altura em que era óbvio para todos que era um projecto que não podíamos fazer. Não só pelo seu elevado custo inicial como pelo projectado prejuízo operacional.

Era apenas mais um episódio a juntar a todos os que afectam o sector dos transportes que acumula uma dívida absolutamente gigantesca que nem os subsídios de férias e Natal de todos os portugueses conseguem pagar.

A CGTP e o PCP sempre foram especialistas na organização deste tipo de manifestações. E nada consegue um ministro com boa vontade ao tentar discutir com gente de intelecto básico como o imbecil que se pôs em cima do carro.
Virão agora com todas as justificações para o tipo de atitude que tiveram. Não lhes vai custar nada justificar aquilo. Aliás, há uns anos o PCP não tinha nenhum pejo em desculpar as atrocidades cometidas nos países do Leste e até em dar essas sociedades como um exemplo a seguir.
Tirando alguns iluminados no partido (a vanguarda intelectual dos trabalhadores) muitos deste tipos não são mais do que idiotas úteis de cérebro absolutamente lavado por anos e anos de chavões.
A primeira coisa que acontece a um comunista quando enriquece e deixar de ser comunista. Se têm dúvidas vão ao Alentejo e encontrarão alguns desses. Acérrimos defensores da reforma agrária e das ocupações, não eram mais que meros oportunistas que logo que puderam meteram a mão no saco.

Alimentam-se dos seus próprios ódios e dos seus próprios chavões quais beatas rezando constantemente.

Mas era como dizia alguém há uns anos atrás sobre o conflito palestiniano: Só são precisos 365 suicidas por ano para por uma país de milhões de joelhos. Basta que cada dia um deles faça ir um autocarro pelos ares e todo um país vive num pânico insuportável.

Basta ter um grupo bem instruído que viaje para cada sítio do país onde vai estar um membro do Governo para dar a sensação de que o descontentamento é generalizado e intenso.

Na verdade as sondagens dizem algo de diferente. Espantosamente a base de apoio do governo é ainda estranhamente alta. Tudo isto num país de tanga há bem mais de uma ano.

Não é estranho?

“um exemplo de boa prática de gestão”

A hecatombe da Parque Escolar é o que Maria de Lurdes Rodrigues considera um bom exemplo de prática de gestão.
É por isso que se me eriçam os cabelos quando ouço gente a falar de "boas práticas" de forma pomposa. Quem as tem não faz publicidade delas. Quem muito espalhafato faz ou normalmente não as segue sem grandes consequências, ou as viola estrondosamente com resultados como os que estão à vista na Parque Escolar.

Estes "artistas" com a cobertura de duas ministras da educação, de um ministro das finanças e de dois ministros das obras públicas desbarataram sem nexo todo o orçamento em menos de metade das obras planeadas.
As loucuras foram desde gastos injustificados em candeeiros de "artistas famosos" até sistemas de climatização sofisticadíssimos que as escolas não têm orçamento para por a funcionar ou belos jardins que as escolas não conseguem pagar os custos de rega e manutenção.

Todas estas tropelias aconteceram porque a forma como os adjudicatários das obras funcionam é por demais conhecida. fazem uma proposta a queimar preço e depois a coberto de alterações o custo da obra vai aumentando desmesuradamente.

Algumas destas coisas são obviamente estratégia do empreiteiro, mas outras decorrem da total incompetência de quem contrata a obra, mudando o programa ou pedindo alterações que são pagas a preço de luxo. Mais grave é a sensação de que se fizeram opções nestas obras no sentido de beneficiar alguém.
E quando isso acontece a pergunta que fica no ar é: E isso é feito a titulo gratuito?

Tenho as minhas sérias dúvidas. Não é possível fazer tão mal sem alguém se propor a fazê-lo. Eu diria que a Parque Escolar é a autora de um manual de péssimas práticas.

Este descalabro significa agora uma cadeia de calotes. Os empreiteiros e subempreiteiros não recebem, os vendedores de material de construção que forneceram também não e lá no fim da cadeia vai haver alguém a arder a sério.

Todo o processo de gestão associado à Parque Escolar começa num erro básico.

Para quê criar uma "empresa" que fique com as Escolas se elas são propriedade do Estado? Não há nenhum departamento no Ministério que possa lidar com isto?
Há sim senhor. Mas ao abrigo das regras da função pública não se podiam contratar uns administradores de competência mais que duvidosa com salários pornográficos.
Em segundo lugar a orçamentação (ou desorçamentação). Com esta estratégia estes desmandos não aparecem no OE. São um buraco que é responsabilidade do Estado mas fora das contas.
Qual a vantagem de estar fora das contas? Lembram-se da aldrabice que a Grécia foi fazendo ao longo dos anos? Pois, nós também e em grande escala.

Atrevo-me quase a dizer que o que se passa com esta gente é a total falta de sentido de responsabilidade ao gerir o dinheiro de todos nós. Eles estão tão convictos de que o dinheiro não tem fim e não pertence a ninguém que se permitem usar "estas boas práticas".
Para falar bem e depressa são uns gestores de merda, possivelmente corruptos.
Custa-me a crer que se seja tão incompetente por acaso. Daí que só posso pensar que estes trabalhos a mais e estes equipamentos manifestamente exagerados são comprados com outro fim em mente.
Em qualquer dos casos deviam ser responsabilizados como qualquer gestor de uma empresa privada que cause danos desta ordem aos seus accionistas.  Neste caso o Estado. Neste caso nós.

Quando se assiste a gente como Lurdes Rodrigues, Isabel Alçada e Canavilhas  a dizer o que dizem em defesa de um poço sem fundo irrita profundamente. No caso das duas primeiras existe óbvia responsabilidade no assunto. A Parque Escolar não é uma empresa qualquer. É pública e gere o parque escolar, logo com laços directos ao ministério da educação. Que define os programas de cada obra e aprova os orçamentos das mesmas. Se as coisas derraparam assim qualquer das duas ministras é directamente responsável.

A estafada mania de falar em "boas práticas" por parte desta gente só realça até que ponto a expressão é vazia e falsa. Tudo o que fizeram nada tem de boas práticas de gestão. Dificilmente se pode chamar gestão a esta forma criminosa de gerir o dinheiro de todos nós. 

Uma verdadeira pérola


Nos comentários a uma notícia sobre o cancelamento de um contrato de inestimento com a JP Sá Couto por incumprimento da sua parte do acordo, deparei com esta pérola e a resposta à mesma.
António , Loures. 21.06.2012 12:24
Vingança
Este governo, além de ser uma nulidade, mostra também o seu carácter mesquinho e vingativo. Como a JP colaborou com o governo de Sócrates, então há que a deitar abaixo, nem que seja com argumentos absolutamente estúpidos. Se a empresa "não demonstra ter as condições de financiamento necessárias à concretização do mesmo", então é mais uma prova que o dinheiro não chega à economia. O Estado não tem a obrigação de levar a banca a emprestar dinheiro à economia? Ou é só para os amigos? Tão mal e tão desgovernado vai este país! Não esquecer que a JP Sá Couto é uma das exportadoras portuguesas.

Anónimo , Lisboa. 21.06.2012
RE: Vingança
Então pela sua lógica o governo devia "obrigar" os bancos a emprestar para depois poder dar esse incentivo de 10.9 milhões? A Jp Sá Couto não cumpriu a parte do acordo. O Governo intervém obrigando bancos a emprestar dinheiro para que a Jp Sá Couto possa cumprir a parte do acordo. Esta lógica é dum grau de estupidez tão grande, tão grande que a única coisa que posso pensar é que o sectarismo político tolda completamente o raciocínio. A outra possibilidade é que o seu raciocínio seja asinino por natureza.
A lógica redutora e completamente enviesada  deste comentador de Loures é absolutamente fascinante.  É um bom exemplo de sectarismo, desconhecimento e analfabetismo funcional. O verdadeiro 3 em 1.

16 de Junho - "Queremos as mesmas condições dadas à Espanha"


O Governo espanhol defraudou por completo as expectativas dos outros países do euro ao adiar para “os próximos dias” a formalização do pedido de ajuda externa para a recapitalização da banca. Luís de Guindos, ministro espanhol das finanças, afirmou à chegada de uma reunião dos seus pares da zona euro que o pedido de ajuda “é uma mera formalidade” que só será concretizada “nos próximos dias”.
António José Seguro - -273.15º Strikes Again

O tipo é mesmo uma nulidade. Na ânsia de colocar Passos Coelho numa posição em que podia parecer que estava a sonegar informação nem se preocupou com os detalhes.

O Governo Espanhol ainda nem formalizou o pedido para a recapitalização da banca.
Mas já definiu os juros?

Estou "chocado" com a incompetência política de Seguro. Ficaria ainda mais chocado se não o fosse.

Temos ali um verdadeiro homem de Estado. Deus nosvalha

A festa

Pouco a pouco vão-se sabendo os detalhes das obras "geridas" pela parque Escolar.

E cada coisa que se sabe consegue ser ainda mais fantástica do que a anterior.
Entre os “exemplos da má aplicação de dinheiros públicos” na intervenção no Passos Manuel, o Tribunal de Contas elucida que “foram efectuadas inúmeras alterações” ao projecto e contrato iniciais que “resultaram na realização de avultados ‘trabalhos a mais’ que, salvo algumas excepções, não preenchiam os requisitos legais para tal, tendo sido, na sua maioria, valorizados a preços novos”.

O TC refere também que a Parque Escolar pagou cerca de 640 mil euros à empresa construtora “ a título de ‘margem’ de 25% sobre os orçamentos dos empreiteiros/fornecedores”. O que levou, por exemplo, a que a Parque Escolar tenha pago as instalações eléctricas e de telecomunicações nesta escola “50% acima do ‘preço’ apresentado pelos subempreiteiros que procederam à execução dos trabalhos”.

Ar condicionado de luxo

Entre vários outros casos, o TC destaca que “a decisão extemporânea de não execução de dois pavilhões, previstos contratualmente, custou ao erário público 31.626 euros, sem qualquer resultado em termos de obra realizada".

Para a climatização foram pagos mais de dois milhões de euros, mas conforme a auditoria apurou os equipamentos estão desligados "dadas as dificuldades orçamentais da escola face ao aumento das despesas de funcionamento, o que contribuiu também para a falta de qualidade do ar nas salas de aulas, por existência de ventilação natural”.

Acrescenta-se ainda que o sistema escolhido para a climatização daquela escola “apenas é utilizado em hotéis com categorias de ‘5 estrelas’”.
Gosto especialmente de dois pormenores. A margem "garantida" à construtores sobre trabalhos de instalação eléctrica feitos por sub empreiteiros que fez subir o custo da mesma para 50% acima do preço do mercado. Nestas circunstâncias quem é que não quer ser prime contractor? Uma margem garantida de 25% sobre o trabalho dos outros? Sem precisar sequer de mexer um dedo? Brilhante.

O outro pormenor é o da climatização. Acho lindamente que se ponha climatização nas escolas. Mas acho que ao fazê-lo tem de ser pensar que o custo de climatizar uma escola é brutal. A energia consumida por um sistema destes é de proporções gigantes. Como seria de esperar numa época de cortes, a escola em causa não tem dinheiro para ligar o seu fantástico sistema de climatização...

Há estratégias diversas para construir (ou recuperar) por forma a minorar os custos de energia relaccionados com a climatização. Num país com o nosso número de horas de sol manda a sensatez que se adoptem essas normas mesmo que nos meses de pico de Verão a escola já esteja fechada. Podem ser mais ou menos eficazes mas o facto é que uma judiciosa utilização das mesmas significa muitos milhares de Euros de poupança.
Lembro-me de ver há uns tempos na TV uma reportagem sobre uma escola em França que desde painéis solares para as águas e aquecimento central até aos fotovoltaicos para a iluminação tinha reduzido os custos de energia na Escola de forma brutal. O investimento inicial ficava pago entre 3 a 5 anos. E a escola estava colocada numa zona em que os Invernos são verdadeiramente rigorosos.

Além das opções tresloucadas destes projectos, que vão desde os candeeiros do Siza até sistemas de climatização que não há dinheiro para ligar, houve um desbarato negligente ou doloso de dinheiro público em favor destas empresas de construção. Isso é óbvio ao ler o resultado das auditorias.

Só assim se explica que o orçamento desta "empresa" tenha sido delapidado bem antes de se cumprir o objectivo de escolas a recuperar ou construir.
Isto foi a mama dos grande empreiteiros que ficaram com a maioria das obras e se deram ao luxo de cobrar trabalhos adicionais que foram pagos sem pestanejar.

O que eu queria saber é o que vai acontecer aqueles que aprovaram estas despesas ilegais e o que é que isso pode significar para os cofres do Estado?
São as empresas condenadas a devolver esses valores?
São os responsáveis por essas aprovações acusados da prática de algum crime e condenados a pagar indemnizações ao Estado?

Por uma vez na vida queria que estas coisas tivessem consequências. Apuradas estas ilegalidades devia o MP imediatamente iniciar o processo de investigação.
Tendo a suspeita, perfeitamente legítima, de que quem faz isto ou é parvo ou está a ganhar alguma coisa com o assunto, seria muito boa ideia investigar exactamente os fluxos de dinheiro dos responsáveis desta "empresa" inacreditável.
Ou são uns corruptos de primeira linha ou são tão estúpidos e negligentes que é quase impossível que pudessem ter qualificações para trabalhar qualquer que fosse o emprego.
E como eu não acredito nesta última hipótese ao menos que se investigue a vida destes "descuidados".


Faça-se justiça

Ainda um dia destes comentei uma intervenção de João Semedo do BE num programa da TVI24 com Nuno Melo.

E há um par de dias assisti a um programa (não me lembro do nome) com o mesmo João Semedo e com Medina Carreira.
E devo dizer que fiquei impressionado com João Semedo e não houve um ponto de discordância entre mim e ele.

Isto só prova quanto a mim a máxima de que "cada um devia falar do que sabe".  E não há dúvida que a especialidade de João Semedo é a saúde.
Porque é médico, porque tem anos de vivência no SNS etc etc.

Percebe as razões das coisas porque as viveu e consegue formular alternativas válidas para corrigir os problemas.

O seu lúcido diagnóstico acerca da produtividade nos blocos de cirurgia, as razões históricas para esse sub aproveitamento, o ridículo da contratação de recursos à hora em vez de contratação para os quadros do SNS, tudo isso foi manifestamente bom.

Não me custa reconhecer isto. Custa-me é que por razões políticas algumas destas pessoas se desviem da factualidade e usem estratégias de "debate" quando não dominam os assuntos.

Impressionou-me pela positiva e acredito que se fossem aplicadas algumas das sugestões as coisas mudariam de figura. Até no que diz respeito à rentabilidade das farmácias a sua proposta foi sensata e, imagine-se, a pensar na rentabilidade do negócio para os donos das farmácias.
E porquê? Porque João Semedo sabe que a farmácia é um negócio que desempenha um papel vital nos pontos mais recônditos do país. E só subsistirá se os seus donos puderem viver do seu negócio.

Quem me dera que as discussões sobre estas matérias fossem despojadas do habitual sectarismo político como o foram nesse programa.

Dou a mão à palmatória. João Semedo portou-se como um técnico conhecedor e não como um político sem soluções.

Coincidências? Ah pois, claro

Constança Cunha e Sá criticou o desempenho de Pedro Passos Coelho no debate quinzenal desta sexta-feira.

«Há uma enorme impreparação do primeiro-ministro. Nunca vi um primeiro-ministro tão mal preparado. Em relação à Maternidade Alfredo da Costa, que não é uma maternidade qualquer, porque é a maior do país, diz que leu qualquer coisa nos jornais, mas não discutiu com o ministro, que não lhe tem de comunicar informações. Em segundo lugar, demonstrou impreparação em relação às redes da EDP e da Galp. Como é que uma medida tão importante, de uma coragem desmedida, não sabe as verbas envolvidas? E por último a Europa, em que Passos tem uma posição incompreensível. Houve um Eurogrupo com a presença de Gaspar, mas é como se o acontecimento não existisse, quando é referido por todos lá fora. Alguns pormenores só se conhecem no dia 21, é certo, mas como é que em Portugal o primeiro-ministro tem o descaramento de dizer que como não houve pedido formal o acontecimento não existiu? Isto é surrealista», disse na TVI24.

Em relação à moção de censura apresentada pelo PCP, considerou que «não tem qualquer eficácia em termos práticos, como Jerónimo reconheceu, porque o PSD e o CDS têm maioria», mas serve para «tomar iniciativa dentro da esquerda, obrigando o Bloco a votar a favor e encosta o PS à parede».
 Admito que em 3 casos até possa concordar com  António José Seguro num deles. Mas já acho demasiado estranho que se concorde nos 3. Não acredito em coincidências. Acredito mais no sectarismo e na falta de isenção dos jornalistas do que em coincidências.

Vamos por partes.
O caso da Maternidade Alfredo da Costa não é de hoje. Não é sequer deste governo. O plano do fecho da maternidade vem do anterior Governo PS. Chegou a estar anunciada e a SIC até fez uma peça a puxar ao sentimento por causa disso.
Correia de Campos fechou maternidades por todo o país, com a coroa de glória em Elvas, e a não ser algumas populações locais não me lembro de nenhum comentador ter vindo para as televisões com este tipo de argumentação. Lá por ser a maior maternidade do país não quer dizer que os partos não estejam em declínio nem quer dizer certamente que não haja mais natalidade nos concelhos limítrofes de Lisboa do que na cidade.
Seja como for, se as razões económicas assim o determinarem, foi a argumentação que bastou para os cortes salariais da função pública DEPOIS de o Sr. Sócrates ter reduzido todos esses salários acima de 1500 Euros. Ou seja, as razões económicas são invocadas de forma igual por uns e por outros.
No entanto, o PS apesar de o fazer nunca conseguiu parar de gastar o que não tinha, agravando de sobremaneira a situação.
O sentimentalismo bacoco à volta da MAC é patético a todos os níveis. Desde que a MAC funciona houve um salto qualitativo nos equipamentos hospitalares por todo o lado. Em Lisboa inclusive.
Não creio que se esteja a falar de acabar com os serviços proporcionados pela MAC.
O argumento  "o sítio onde se nasce não devia morrer" é uma coisa bonita a puxar ao sentimento mas é a vida. O hospital onde eu nasci e mais uns milhares como eu já não existe. Isso não significa que tenham deixado de nascer crianças na minha cidade nem que a mortalidade ou a falta de cuidados médicos se tenha agravado depois disso. Muito pelo contrário.
Se os custos são demasiado altos e se consegue o mesmo serviço por valores mais baixos faça-se. Foi isso que Correia de Campos invocou para fechar todas as que fechou. Não podemos andar a berrar por uma carga fiscal e desbarato do Estado e quando se tenta racionalizar ou optimizar os gastos ter os mesmos aos gritos. Sobretudo uma passa velha como esta Cunha e Sá que só se lembrou disto porque o Tózé resolveu fazer figura de parvo na AR.

Quanto às rendas da GALP e EDP parece-me quase ridículo que se invoque este tipo de argumentação. Sobretudo com o grau de definição que se tem das potenciais poupanças.
Já de António José Seguro não me surpreende. Ele é um idiota chapado e ouvi-lo a pedir o breakdown parece-me normal. Já não me parece normal ouvir alguém com dois dedos de testa a fazer o mesmo. O valor do intervalo da poupança já foi referido. Ainda deverá estar dependente de pormenores da negociação. Até acredito que saber agora qual a composição desse valor não seja minimamente rigoroso.
Mas isto é segundo esta insigne comentadora um sinal de impreparação.

Finalmente o argumento das negociações das condições da Espanha. O mesmo argumento do Tózé trazido à baila por esta comentadora. Ou a senhora tem uma enorme falta de ideias ou deu em pegar em toda a argumentação imbecil que Seguro usou na assembleia.
Não me choca nada que tenha ficado acordado que se a Espanha pedisse oficialmente ajuda a UE aceitasse.
Também não me choca nada que ao afirmar estes princípios duma forma muito geral não se tenha entrado em detalhes.
De nada serve estar a acertar detalhes se não houver um acordo. E os detalhes não são normalmente a 1ª parte do processo.

Mas mesmo assumindo que essas condições tivessem sido acertadas não creio que coubesse ao 1º ministro português revelá-las na AR antes de a EU as revelar. Mas creio bem que nem é esse o caso.
Não me parece que já tenhamos chegado a esse ponto.

A argumentação imbecil de Seguro tão prontamente seguida por esta senhora com a mania que é frontal e "desenrascada" talvez devesse ser melhor explorada.
Seguro quer as mesmas condições que a Espanha vai pagar. Isso é mau sinal porque se fala que a banca espanhola  vai pagar perto dos 8% de juros enquanto que a nossa banca paga a mesma taxa de juro do resgate. Ou seja entre os 5 e os 6%.
O que quer Seguro? Que tenhamos juros tão bons como eles se forem mais baixos mas que sejam só os nossos juros se forem mais altos?

Estes comentaristas que prontamente seguem a voz do dono arriscam-se seriamente a fazer as mesmas figuras de estúpidos que os políticos a quem tentam desesperadamente agradar.
Diz a prudência que não se deve seguir cegamente aquilo que um político diz. No caso destes comentadores deveria até estar afixado nas redações dos órgãos de comunicação um poster com os 10 mandamentos do jornalista/comentador

  1. Serás equidistante e isento
  2. Pensarás pela tua cabeça e fá-lo-às antes de falar
  3. Não cederás à tentação de te aproximares do poder mesmo que isso te dê acesso privilegiado à informação
  4. Evitarás a promiscuidade com políticos sob pena de perderes a credibilidade
  5. A notícia não és tu e os factos não são relativos
  6. Não falarás de assuntos que não dominas nem sequer superficialmente
  7. Não emitirás juízos pessoais como se fossem verdades insofismáveis
  8. Começarás sempre por "na minha opinião.." quando emitires opiniões pessoais
  9. Tens o dever de informar. O espectador/leitor/ouvinte tem o direito de formar a sua opinião
  10. Não repetirás o que Seguro diz, porque Seguro quase sempre diz merda.

Louçã deve estar a chorar copiosamente

Afinal o Syriza não ganhou.

A distância para o 1º lugar não foi muita, mas foi a suficiente para que a Nova Democracia com o PASOK tenham maioria no parlamento.

O caminho que o Syriza queria traçar só podia ter um destino - miséria.
Nunca a EU iria aceitar um partido com o programa que o Syriza queria seguir à frente de um país completamente endividado e dependente da ajuda externa.
Nenhum credor pode confiar num devedor com o tipo de intenções que eram manifestadas por este partido. O colapso económico da Grécia seria total, rápido e doloroso.

Espantava-me que os Gregos pudessem escolher essa via só porque "estão fartos". Até porque se o Syriza quisesse levar a cabo o que se propunha, esse povo ainda iria ficar "mais farto".


Depois de tudo o que foi dito o Syriza nunca poderia esperar compreensão por parte dos credores. Querer ficar no Euro e ao mesmo tempo querer impor condições a quem empresta é ridículo. Até porque os credores já assumiram as perdas da dívida Grega. Já não têm quase nada a perder.

Durante o ano passado e este ano os principais credores fizeram o writte off da dívida grega, o que no caso português explicou a queda abrupta de lucros em vários dos nossos bancos. E isso não foi feito só por cá. Por toda a Europa as instituições financeiras que detinham dívida Grega já o tinham feito.

O caminho que a Grécia iria trilhar nessas condições seria muito mais penoso do que até aqui.
Já não é só uma questão de desemprego e recessão. Seria também a falta de bens essenciais nas prateleiras dos supermercados. A Grécia iria retroceder dezenas de anos no seu standard de vida. De forma abrupta e irreversível.

Numa reacção ao resultado das eleições, o PCP emitiu um comunicado absurdo qualificando de anti democrático o sistema eleitoral Grego. Isto porque o partido vencedor tem uma bonificação de 50 deputados. Segundo o PCP isso é anti democrático. Para o BE seria democrático.... se o Syriza ganhasse.

A lógica desta gente é simples, como o são aliás quase todas as suas ideias. Se a esquerda é maioritária devia governar. Mesmo que a esquerda não se entenda entre si e mesmo que a constituição diga que deve ser o partido mais votado a formar governo, como acontece por cá.

O partido Comunista Grego teve um resultado ridículo que só encontra paralelo no início do século XX. Tal como os resultados do PCP em Portugal são patéticos tendo em conta aquilo que o PCP diz representar.

Mas não é só por cá. Também em França um tal Mélenchon de extrema esquerda afirma que os operários são de esquerda e depois perde na sua circunscrição para ... Marine Le Pen. No fim acabou por ganhar um candidato socialista, mas a verdade é que Mélenchon nem passou da 1ª volta.

Este grau de alienação da Esquerda parece ser generalizado. E quanto mais extrema é, mais alienada é.
O sucesso do Syriza na Grécia é sem dúvida nenhuma conjuntural. Um povo desesperado faz coisas desesperadas.
Mas mesmo assim algum bom senso impera nas sociedades. Os extremos não são nunca os preferidos a não ser que se esteja no caos.

Mas fala-se agora em ter o Syriza a fazer parte do Governo, apesar de a ND e o PASOK terem a maioria parlamentar.
Seria como ter este nosso governo com alguém do Bloco apenas por uma questão de consenso.
Conseguem imaginar isso? Conseguem imaginar um ministro do Bloco, que provavelmente andou a chamar tudo e alguma coisa aos políticos dos outros partidos, a ter de coexistir e a trabalhar com eles?

Os gregos deviam deixar de consumir ouzo em doses maciças e de uma vez por todas tratar dos problemas da casa. Dar confiança aos parceiros credores e fazer aquilo que deviam ter feito desde que entraram para a Comunidade.
O tempo de fingir que se é um país rico e desenvolvido acabou. Agora é preciso mesmo lutar para que isso seja verdade.

O Algarve em colapso e a Espanha em saldo

Um artigo no Público chamou a minha atenção. O mundo do imobiliário de pantanas, é o que é.

Mas apesar de a crise ser enorme dos dois lados da fronteira, nós por cá temos um sector que deve estar à espera de uma segunda vinda de Cristo à terra.

Em Espanha o imobiliário está em saldo. Segundo o artigo pode comprar-se uma moradia por 65 mil euros ao pé de dois campos de golfe.

Não foi preciso a crise do imobiliário para que a diferença entre o preço em Espanha e em Portugal fosse acentuada. Já era assim antes.

No Algarve parece existir a mania de que é o melhor destino de férias do Mundo. E os preços absurdos da habitação para quem quer dar esse salto e das estadias nos equipamentos hoteleiros é muitas vezes o dobro daquilo que se pratica em Espanha.

Apesar da enorme balbúrdia que o Algarve se tornou, os preços não o reflectem. Existe um turismo para ricos e um outro, paralelo e informal, para os remediados.

Em Espanha sempre houve a noção de que deve haver turismo acessível a todas as bolsas. E o turismo de preços mais baixos não é necessariamente uma calamidade. É mais modesto, mas ainda assim decente.

Já há vários anos que vou para Espanha. Não é por falta de patriotismo. É mesmo por falta de dinheiro.
Conseguir pagar duas semanas de férias para toda a família no Algarve é para mim uma tarefa impossível. Mesmo ficando tão longe da praia que todos os dias tenho de passar pelo penoso exercício de agarrar no carro e tentar arranjar um lugar ao sol algures.

Qualquer coisa que fique a menos de 5 km na praia com algumas condições é proibitivo.

Pensei em tempos comprar a credito (bem entendido) um espaço para passar as férias lá. Mas os preços eram tão absurdos por um miserável T1 em que tínhamos de dormir encavalitados uns nos outros que esqueci a ideia imediatamente. Hoje o Algarve está para venda. Há tabuletas por todo o lado.
Mas quando se pergunta o preço quase parece que aquela gente enlouqueceu. Pedem virtualmente o mesmo que pediam há 5 anos atrás.

Em Espanha, pelo contrário, vendem uma casa por METADE do valor de há 3 anos. A distância a pé da praia com muito melhores condições. Os impostos sobre o património são mais baixos e consegue tratar-se de toda a burocracia num ápice.

Os espanhois perceberam as leis da oferta e da procura. As férias deste ano são mais baratas que as do ano passado e que as de há 2 anos. No Algarve não. Os preços das diárias subiram.

Ou esta gente é estúpida e merecedora de alguma condescendência ou então são uns FDP aproveitadores que bem merecem ficar com as camas vazias. No que a mim diz respeito vão ficar.

Claro que já andam em pânico a dizer que o Governo deve fazer alguma coisa. Curiosa atitude. Enquanto se encheram estavam na maior. Agora querem ajuda.

Se gostam tanto das virtudes da economia de mercado, ela tem destas coisas. Armazena-se no tempo das vacas gordas para sobreviver durante o tempo das vacas magras. Não fizeram isso pois não? Azar.

O Algarve irá chegar a um ponto em que vai ter de demolir o lixo que deixou construir. Isso se quiser continuar a praticar preços de turismo de luxo. Se quiser manter o mesmo estado de coisas é bom que se prepare para ter cada vez menos qualidade.
A um inglês ou a um alemão tanto lhe dá vir para o Algarve como para Espanha. E muitos vão para Espanha. Dos países de Leste vão aos milhares, ao ponto dos restaurantes terem já menus em Russo.

A Espanha pode estar em saldo, mas será provavelmente isso que os vai salvar. Nós, de nariz empertigado e armados em elitistas vamos ficar a chuchar no dedo.

Francamente não tenho pena nenhuma. Tiveram dezenas de anos para fazer as coisas bem. Escolheram  lucro fácil, conseguiram construir toda a espécie de porcaria à custa de corrupção e compadrio e agora estão condenados. Acresce a isto a massiva venda de propriedade por gente que já nem consegue pagar a primeira casa, quanto mais a casa de férias.

Foi isto que conseguiram fazer. Parabéns.

No final deste verão veremos se o turismo do Algarve não começa a pedir desesperadamente aos portugueses para passar lá férias. Aos mesmos portugueses a quem olham de cima enquanto põem a passadeira vermelha a qualquer inglês entre o hooligan e o bêbado que lhes apareça na frente.

Quanto a mim, e enquanto gastar metade a passar as férias em Espanha estará tarde que volte. E não sou só eu. Portugueses a passar férias em Espanha são aos milhares. E não vão por ser pedantes ou pouco patriotas. Vão porque não conseguem pagar umas férias dignas no Algarve. Deixam o Algarve para os ricos.
Não era isso que queriam?

−273.15° strikes again

A minha sina parece ser a de ligar o rádio e ouvir imbecis a falar.

Hoje liguei o rádio de uma forma diferente. TSF Online. E dei de "ouvidos" com Tózé Seguro no Parlamento.

A questão andava à volta das poupanças nas rendas do sector da energia. Já apanhei a "conversa" a meio, mas percebi que Seguro queria saber do valor total das poupanças, qual era a sua composição. O "breakdown" como ele dizia.

Passos Coelho lá lhe respondeu que as poupanças tinham a ver com as taxas de prontidão e outros aspectos do sector energético e que poderiam oscilar entre dois valores.

Mas Seguro queria saber em quanto isso afectava a EDP e a GALP. Provavelmente ao cêntimo.

Não sei se isso é especialmente importante, mas a verdade é que não se espera que toda a gente tenha esses números na ponta da língua. É talvez mais importante saber a poupança global. Até porque as estimativas ainda têm um intervalo de incerteza razoável.

No caso de Sócrates ele também não sabia dar o "breakdown" da forma como desbaratava dinheiro. Esse nem ideia tinha do total. Note-se que ainda hoje no caso das PPP's as opiniões vão desde os milhões positivos (segundo Paulo Campos) aos milhares de milhões negativos que se conseguem apurar se não se for um ser desprovido de vergonha.

Mas Seguro insistia. E Passos Coelho lá lhe disse que se ele estava tão interessado assim, podia pedir ao Ministro da Economia que lhe enviasse esses valores em detalhe.

Passou depois à tele conferência onde tinha ficado decidido ajudar a Espanha. E Seguro, exigia saber quais eram as condições dessa ajuda. Provavelmente para ficar com os louros de ter sido ele a pressionar o Governo no sentido de baixar os juros da nossa ajuda.

Na resposta PC informou-o de que esses pormenores não estavam decididos e que isso teria lugar numa futura conferência do Euro Grupo. Uma coisa era certa, a ajuda tinha sido decidida. Relembrou mesmo que Vitor Gaspar já tinha informado a AR de que essas condições ainda não estavam acertadas.

Seguro parte para uma preleção  totalmente demagógica dizendo que o 1º Ministro nem sabia de coisas importantes, com aquele tom que só de ouvir dá vontade de o estrangular. Um discurso unicamente destinado a menorizar Passos Coelho, tal como fazem os putos ranhosos quando pretendem gozar com os outros.

As intervenções de Seguro  quase sempre se pautam por duas grandes linhas de orientação.
  1. Querer fazer-se passar por um líder capaz e com grande sentido de Estado, profundamente preocupado com os "portugueses e as portuguesas"
  2. Tentar meter a ridículo o governo e Passos Coelho de uma forma que nada acrescenta ao vulgar insulto velado.
Acho extraordinária a forma como um tipo destes, sem carreira e sem currículo disserta hoje sobre um estado de coisas que é responsabilidade do PS em que milita desde que lhe saíram os primeiros pelos de barba.
Um homem do "aparelho", um sabujo sempre à espera duma oportunidade, de duvidosa competência e de declarada cumplicidade com o anterior estado das coisas.

Sei que a política é mesmo isto.
Mas  Seguro, como muitos outros na política acha que a realidade é uma coisa de "debates". Que as coisas se ganham com "debates". O PC acha que a política é uma coisa de chavões "pacto de agressão", "medidas concretas" etc etc. O BE está-se a ca*****. Só pensa ir ao comício de glória do Syriza.
A ideia não é fazer sair dali nada de produtivo. É simplesmente ganhar o "debate".

Nem que seja com um discurso para estúpidos ou desmemoriados.
O perigo disto é que mesmo quando é preciso fazer alguma coisa, a abordagem é a mesma.
Veja-se bem o que foi a utilização da propaganda durante o Governo PS. Não se fazia, apenas se anunciava. Era a forma de Sócrates "ganhar debates". Anunciava coisas durante os debates. Que muitas das vezes até já tinha anunciado antes.
E isso, com a ajuda dos nossos media imbecilizados e destinados a imbecis era quanto bastava.

Hoje vê-se o grau de preparação escolar dos nossos miúdos, o que aconteceu com o SNS em que se meteu dívida debaixo do tapete que nos rebentou agora na cara e que significa perder qualidade e quantidade, o que aconteceu com sucessivas reformas na lei e medidas casuísticas destinadas a esconder a realidade das pendências nos tribunais etc etc.
A mais drástica de todas estas descobertas foi a de termos percebido que em Março de 2011 não iria haver dinheiro para pagar aos funcionários públicos. Isto enquanto se lançavam projectos para um TGV e um novo Aeroporto. Ou enquanto se davam laptops nas escolas (que estarão hoje completamente destruídos, obsoletos e inúteis).

A propaganda dura um certo tempo. Ganhar debates também dura pouco. Só que Seguro não tem jeito para nenhuma das duas coisas. E o facto de os portugueses não terem uma memória assim tão curta não joga nada a seu favor.
Por esta altura, um ano depois, não seria de esperar que nas sondagens o PSD ainda estivesse na frente. De acordo com os media até está empatado com o PS (curioso conceito de empate, numa situação em que o PSD ainda está 3 pontos à frente).

Fosse Seguro alguma coisa de "substancial" e com todas as medidas gravosas que nos foram impostas neste último ano, o povo português iria decerto responder de forma diferente às sondagens.

O problema do PS é que além de ser um partido de criminosos que ainda hoje se passeiam por aí impunemente, tem um líder que é um zero absoluto. E isso é mortal.
Ele não "debate" assim por questões táticas ou estratégicas.
Ele debate como um atrasado mental porque não consegue mesmo fazer melhor.
Dá para ver, já que não lhe faltaram oportunidades.


Uma relação difícil com a verdade

A relação entre Paulo Campos e a verdade é a mesma que existe entre duas linhas paralelas.
As duas existem, têm um certo afastamento entre elas e nunca se encontram.

Toda a actuação deste indivíduo é do mais sombrio que se pode imaginar.

O 1º episódio de que me lembro foi aquele em que Paulo Campos, convidado a integrar a Federação Distrital de Coimbra do PS teria convidado Joana Amaral Dias (para aqueles que não estão a ver bem quem ela é, é a senhora do Bloco que diz "Lesboa" e que andou muito em voga pelas televisões durante o reinado de Sócrates) para a posição.
Mais tarde ecoou na imprensa que o convite tinha sido feito para ela ocupar um lugar de deputada pelo PS ou um lugar no Instituto da Droga e Toxicodependência. Do Jornal de Notícias de 29-7-2009
(..) Amigo de Joana Amaral Dias há vários anos, Paulo Campos foi convidado pelo presidente da Federação Distrital de Coimbra do PS, Vítor Baptista, a ocupar o terceiro lugar na lista socialista deste distrito. Mas decidiu recusar esse convite e telefonou a Joana Amaral Dias para saber se ela estaria interessada no lugar.
A bloquista Joana Amaral Dias, que se havia aproximado do PS quando aceitou ser mandatária da Juventude da última candidatura presidencial de Mário Soares, acabou por declinar o convite de Paulo Campos e, na sexta-feira passada, comunicou essa decisão ao dirigente máximo do Bloco de Esquerda, Franscisco Louçã.
Joana Amaral Dias também terá dito a Louçã que, além do segundo lugar na lista de Coimbra, ter-lhe-ia sido oferecido um cargo de dirigente no Instituto da Droga e da Toxicodependência. Segundo a mesma fonte do Bloco, Joana Amaral Dias nunca referiu a Louçã quem lhe tinha oferecido os lugares de deputada e no IDT.
No sábado passado, Louçã trouxe a história a público de forma muito cáustica. Acusou de tráfico de influências José Sócrates, secretário-geral do PS e primeiro-ministro, por ter sido oferecido um lugar de Estado à militante bloquista, em troca de apoio para o combate das legislativas. “Isso mostra-nos o desespero em que está o PS”, comentou Louçã.
Já como Secretário de Estado das Obras Públicas Paulo Campos fazia estes biscates. Verdade? Mentira? Com a podridão da política e em particular de personagens como Paulo Campos que corporiza tudo o que é sujo na política creio bem que isto pode ser o menor mal que ele alguma vez fez.

Mas a coisa não se ficou por aí. Paulo Campos renegociou algumas PPP's rodoviárias. E essa renegociação onerou o Estado de forma considerável. Ainda me lembro de Marques Mendes na TVI com uma simples conta a demonstrar o agravamento desses valores em mais ou menos mil milhões de Euros. Coisa que Paulo Campos nega, obviamente.

Mas ele foi ainda mais longe. Bastante mais longe.

Numa comissão parlamentar usou de forma deliberadamente enganadora o nome da KPMG para justificar com um "estudo" as opções tomadas.

O aborrecido foi que a KPMG o veio desmentir de forma algo "zangada". Do site da TSF em 27 de Outubro de 2011:
Na carta que enviou ao presidente da Comissão de Economia e Obras Públicas, o administrador da KPMG acusa ainda Paulo Campos de ter atribuído à empresa relatórios que não são dela. Paulo Santos, administrador da consultora financeira KPMG, enviou uma carta ao presidente da Comissão de Economia e Obras Públicas, onde Paulo Campos foi ouvido esta semana e respondeu a questões sobre a renegociação dos contratos com as ex-SCUT, com a maioria de direita a acusar o Governo anterior de ter lesado o Estado com esse negócio. Na carta enviada à comissão, a KPMG considera que «existem indícios de utilização indevida da imagem» da empresa, quando Paulo Campos apresentou um «conjunto de gráficos e outros elementos de análise» com uma capa com o logótipo da consultora.
Na mesma carta pode ler-se que, «nenhum dos gráficos ou dos relatórios é da autoria» da mesma.
Paulo Santos, o administrador, refere ainda que foram atribuídos à KPMG um «conjunto de factos e conclusões que não correspondem a nenhum dos relatórios emitidos pela firma a pedido das Estradas de Portugal».
O documento acrescenta ainda que a KPMG presta consultoria financeira às Estradas de Portugal «desde 2001», tempo de António Guterres. Isto porque, na comissão, Paulo Campos afirmou que tinha sido António Mexia, enquanto ministro das Obras Públicas de Santana Lopes, a assinar o contrato com a consultora.
Se isto não é de uma má fé gritante não sei o que será. Acredito que a KPMG só não o tenha accionado judicialmente porque como todas as empresas que vivem da "mama" do Estado, esse seria um rumo que a colocaria fora dessa lucrativa área de negócio de forma mais ou menos permanente.

Mais recentemente soube-se de um episódio de sonegação de informação ao Tribunal de Contas. Paulo Campos afirmava que isso não era de todo verdade e que o INIR é que reportava essa informação ao TC e que tudo tinha sido incluído.
Mais, foi adiantando logo que a tutela dessa área era do Ministro das Obras Públicas e do Ministro das Finanças, começando logo a aliviar alguma responsabilidade que lhe venha a cair em cima.

Só que o INIR emitiu um comunicado, segundo uma notícia do I Online, em que contradiz Paulo Campos nos seguintes termos:
Regulador do sector rodoviário diz que recebeu orientações do gabinete do ex-secretário de Estado para praticar “significativas omissões de informação” ao TC
A Secretaria de Estado das Obras Públicas dos governos de Sócrates, então liderada por Paulo Campos, alterou e retirou factos às respostas que o Instituto de Infra-Estruturas Rodoviárias (InIR) preparou para enviar ao Tribunal de Contas, no âmbito da auditoria que fez à gestão e regulação por parte do InIR das parcerias público-privadas. Alterações que provocaram “significativas omissões” ao TC.
A denúncia é feita pelo próprio InIR num documento entregue ao Tribunal de Contas e contraria as declarações do ex-secretário de Estado Paulo Campos, dadas na última sexta-feira em entrevista ao “Sol”, onde refere que “é totalmente falso” que “tenha dado qualquer orientação ao InIR”. Versão oposta tem Alberto Moreno, presidente do conselho directivo do InIR.
Em resposta enviada ao Tribunal de Contas no final de Outubro passado, elaborada “com o propósito de V. Exas. estarem em condições de cumprir os objectivos da auditoria que se propuseram”, o InIR envia as versões iniciais das respostas que ia enviar àquele tribunal, cuja “simples comparação” com as respostas efectivamente entregues – as que passaram pela equipa de Paulo Campos – “traduzem a nosso ver significativas omissões de informação com significativos impactes na credibilidade deste Instituto”, assume o presidente do InIR. Em justificação da sua entidade, Alberto Moreno lembra “que tal procedimento [envio prévio das respostas à anterior Secretaria de Estado das Obras Públicas] era requerido pela então tutela.” Já sobre a razão de esta admissão só ter surgido em Outubro, a carta entregue ao TC refere que “a presente resposta” é “substantiva e resultante da própria alteração significativa da envolvente político-institucional do Estado Concedente no relacionamento com o Regulador”.

Assim, explica ainda, “a própria natureza dos procedimentos agora revelados e a informação transcrita nestes documentos confirmam substantivas divergências por força de orientações a que o InIR estava sujeito e atestam o quanto desproporcionado será designar o Instituto como independente”.

A carta do InIR ao Tribunal de Contas, que também surge publicada num anexo da auditoria ao modelo de gestão, financiamento e regulação do sector rodoviário divulgada em Maio pelo TC, salienta ainda alguns dos “factos relevantes omitidos por força das orientações da tutela”, citando mesmo emails do gabinete do então secretário de Estado das Obras Públicas para o InIR a solicitar “que previamente ao envio das respostas para o TC seja dado conhecimento prévio a este gabinete” ou “que logo que possível faça chegar o ‘draft’ de que falámos”, referindo-se neste caso ao contraditório a entregar pelo InIR. Um outro email do gabinete de Paulo Campos vai mais longe e avança com respostas alternativas: “A resposta deverá ser: ‘O InIR não dispõe de dados para responder a esta questão.’” Ou ordens: “Devem ser retiradas as referências à forma como a EP envia os contratos e ao prazo em que o InIR tem verificado os mesmos.”
Não deixa de ser curioso que a alusão a esta carta não apareça nem no Público nem no Expresso.
Creio que uma declaração destas tem o interesse jornalístico suficiente para estar em jornais de referência.
Afinal revela bem a teia de mentiras em que este indivíduo está envolvido e até que ponto é enorme a sua responsabilidade em todo este processo.
Mesmo que esta "limpeza" prévia dos relatórios não seja um "crime", indicia claramente a forma como a informação ao TC era controlada, e a forma como Paulo Campos pretende afastar de si as responsabilidades neste caso.
Com este tipo de actuação e com o apontar para dois ministros qualquer responsabilidade no caso, não é muito difícil supor que este tipo actuação pudesse ser determinado por ordens superiores.
Paulo Campos poderia ser apenas um diligente executante. E de certeza que não se fez rogado a desempenhar esse papel.

No que diz respeito a Paulo Campos não haverá muito a acrescentar. O episódio da "empresa" que teve com um sócio só para organizar um evento até parece uma coisa menor comparada com toda esta série de tropelias em que anda envolvido nos últimos anos.

Mentiroso é o mínimo que Paulo Campos é. Daí a ser um criminoso que devia ser julgado vai só um pequeno passo. Aguardamos para ver o que o MP faz com este pedaço de lixo.

Mas nestes tipos o mais fantástico são os seus currículos

1996-2005 Administrador de diversas empresas do Grupo Águas de Portugal nomeadamente:
2001-2005 Águas do Sado, S.A. - Presidente do Conselho de Administração
2000-2005 AdC - Águas de Cascais, S.A.- Presidente do Conselho de Administração
1996-2002 AdP-Águas de Portugal, SGPS, S.A. - Administrador responsável, no Grupo, pela área de estratégia e de desenvolvimento empresarial, pela área financeira, pela área de actividades de suporte e pela Unidade de Negócio de Distribuição de Água.
2001-2002 AdP - Águas de Portugal Serviços Ambientais, S.A. - Administrador e Presidente da Comissão Executiva;
Luságua – Gestão de Águas, S.A. - Presidente do Conselho de Administração;
AdP - Águas de Portugal Internacional – Serviços Ambientais, S.A. - Administrador;
NetAqua – Tecnologias de Informação, S.A. - Administrador;
2000-2002 Simlis - Saneamento Integrado dos Municípios do Lis, S.A. - Presidente do Conselho de Administração;
IPE – Comunicações e Serviços, S.A. - Administrador;
1997-2002 Aquapor-Serviços, S.A. - Presidente do Conselho de Administração
Administrador (1997/2001);

Simria - Saneamento Integrado dos Municípios da Ria, S.A. - Presidente do Conselho de Administração e da Comissão Executiva
1994-1996 IPE Capital-Sociedade de Capital de Risco, S.A. - Gestor de Projectos - Coordenador área Infraestruturas/Ambiente, Gestor de Marketing
1991-1993 UNICAR-Gestão de Participações e Concessões, Lda. - Director e Gerente
1989-1991 IPE-Investimentos e Participações Empresariais, S.A. - Técnico

Reparem que desde 1997 salta de Gestor de Projectos para Administrador. Ora façam lá um esforço de memória para se lembrarem de quem subiu ao poder em 28 de Outubro de 1995. Eu dou uma ajuda... Era um senhor muito bonzinho que gostava muito de consensos que saiu zangado com a podridão que o rodeava e agora continua muito bonzinho mas menos rodeado de podridão. Está na ONU a fazer o que sabe fazer melhor - a ser bonzinho... com os refugiados.

Ou seja, este fulano anda desde 1997 a viver à conta de Estado, em lugares executivos de topo com uma licenciatura em Economia.
Como se vê pelo fantástico curriculo, parece estar habilitado para exercer cargos do mais alto gabarito e lidar com milhares de milhões de Euros do contribuinte.
Vamos a apostas quanto ao lugar que vai ocupar a seguir? No sector privado, entenda-se...

O tipo tem de ser muito bom. Administrador aos 32 anos, idade em que a maior parte das pessoas com formação académica similar ainda nem alcançou nenhuma posição de relevo. A maior parte passa por uma vida inteira de trabalho sem o conseguir. Esta génio desatou a ser administrador em empresas públicas e nunca mais parou. O sector da água é onde parece estar mais à vontade.
Mas um tipo que entra como técnico para uma instituição com 24 anos, chega a administrador nessa mesma entidade em 2000. É obra hein?

Querem divertir-se a ler tudo o que envolve este personagem? Leiam aqui no Tretas.org

Uma teoria do século 16, aceite durante muitos anos como um método de investigação criminal, associava certas feições do rosto ao comportamento criminoso.
Hoje isto parece-nos ridículo mas a verdade é que muitos terão sido condenados baseados nesses pressupostos "teóricos". Afinal a formulação dessa teoria foi feita precisamente analisando criminosos executados.

O facto é que a 1ª impressão conta muitíssimo e determina muitas vezes a forma como aceitamos, ou não, uma pessoa. Por vezes nem lhe damos a oportunidade de se dar a conhecer melhor.
Com Paulo Campos a 1ª sensação que tive quando o vi e quando o ouvi falar foi: "tens uma pinta de vígaro como não há igual".
Mal eu sabia que todos estes episódios que se passaram desde essa 1ª impressão, só iriam reforçar a minha convicção.
O homem não só tem um aspecto "sombrio" como parece ser um vigarista de alto quilate. E como todos os vigaristas, um mentiroso compulsivo.
Curioso como alguém pode formar um governo e rodear-se de gente deste calibre. Mais curioso ainda é que só gente deste calibre pertence ao seu núcleo duro de apoiantes.
É fascinante.


A esquerda utópica e inoperante

Num zapping rápido dei de caras com um frente a frente na TVI24 entre Nuno Melo do CDS e João Semedo do BE.
E diverti-me a apreciar a forma como Nuno Melo colocou o emérito bloquista numa posição em que começou a debitar generalidades sem conseguir responder ao que lhe pedia Nuno Melo.

A questão era simples.
"vamos imaginar que o Bloco ganha as eleições amanhã, não pode endividar-se nos mercados e tem de manter as suas obrigações. Juros, salários, pensões etc etc. O que fazia o Bloco?"

Tal como eu esperava, a resposta nem sequer chegou a ser dada. Quer o Bloco que o PCP têm a desgraçada mania de dar respostas que pressupõem que coisas que não são realidade, já o fossem. E se não fossem passavam a ser.

Dizia Semedo que o BCE "devia" emprestar dinheiro aos estados. Quando Nuno Melo disse que isso não podia ser porque o Tratado não o permitia, Semedo começou a dizer que se alterava o Tratado.
"Pois, mas o problema tem de ser resolvido já. E alterar um tratado leva pelo menos um ano. Como resolviam o problema já?"

Mais um chorrilho de banalidades. Fingindo não perceber que o Tratado não se muda pela vontade de um país como o nosso, nem no tempo em que é preciso dar resposta às necessidades pungentes do país, Semedo começou a enrolar-se num discurso circular escalando para uma série de chavões ideológicos utópicos.

Nuno Melo continuou dizendo que mesmo que o BCE fizesse aquilo que Semedo dizia, não haveria fundos suficientes para acudir a todos os casos. Quase 200 mil milhões da Grécia, 78 de Portugal, mais uns quantos da Irlanda e agora a Espanha só para a banca perece precisar de 100 mil milhões. Junte-se-lhe o Chipre. Em suma, a esperança patética de Semedo é que nos acuda quem não tem dinheiro para acudir - o BCE.

A cada obstáculo que lhe era colocado, Semedo enredava-se mais e mais num discurso totalmente pensado  para fazer esquecer a pergunta. E a sua completa incapacidade de propor uma alternativa válida.

Pensar que gente assim pode um dia ver-se numa posição em que tem de decidir é apavorante. Nunca o fizeram e sempre orientaram o discurso duma determinada forma porque sabem perfeitamente que nunca serão chamados a "por o dinheiro onde põem a boca"

É a laborar neste erro que o BE e o PCP passam o dia com o seu discurso político. A violação da mais básica lógica (ou até aritmética) é a sua base de discussão. Quando postos perante uma situação escolhem soluções impossíveis.

É como se ficássemos sem gasolina a kms da bomba mais próxima e tivéssemos um parvo dentro do carro a dizer que a solução será encontrar com carro eléctrico para completar a viagem que tenha a autonomia necessária. Se lhe perguntássemos onde está o carro eléctrico, começaria a dissertar sobre o lobby das petrolíferas e do grande capital para justificar a ausência do carro eléctrico naquele momento.

É assim o mundo das soluções "concretas" desta gente. A resposta casuística, sem pensar, a todos os episódios com que se deparam, é igual ao modo de funcionamento de um PS ou de um PSD. No fim acaba tudo completamente incoerente, mal pensado e totalmente confuso.
Um bom exemplo disso foram as propostas apresentadas pelo PCP para resolver o problema das famílias que correm o risco de ficar sem casa. Lembro-me destes 3 pontos que ouvi Bernardino Soares dizer durante o debate no Parlamento no dia de hoje.

  1. Período de carência que pode ir até 4 anos sem pagar
  2. Renegociação da dívida (entenda-se por isto alargar o prazo e isentar-se de pagar uma parte da mesma)
  3. Em último caso o banco fica com a casa e a dívida fica saldada.
E depois estes estúpidos não percebem que
  1. Com estas condições será impossível ou insustentável fazer um empréstimo. As condições de risco serão tão elevadas que os spreads e garantias serão impossíveis de cumprir
  2. Com isto estamos a beneficiar os incumpridores, reduzindo-lhes a dívida, os juros e até o valor da dívida em caso de incumprimento final, em detrimento do tipo que paga abnegadamente que teve o azar de fazer o empréstimo com um spread pior.
Levamos os bancos à falência num instante. E quem se lixa é o tipo que cumpre e que tem as suas poupanças lá guardadas. Com estas ideias de trampa admirem-se duma corrida aos depósitos...
Ainda não aprenderam nada com a Espanha?
O grande princípio da recompensa dos incumpridores e do esquecimento dos cumpridores está aqui plasmado como acontece por exemplo no sistema de ensino. Premeiam-se os calões e os indisciplinados colocando em risco todo um sistema de ensino. O mérito deixa de fazer sentido porque se recompensa toda a porcaria que possa existir.

Esta incapacidade per perceber os efeitos colaterais de legislação pensada com o cú é uma característica muito nossa que resulta num corpo legislativo confuso, contraditório e completamente cheio de buracos. A forma de pensar "revolucionária" no seu melhor.

Falar de cor não custa nada. E a esquerda comunista e bloquista não sabe fazer outra coisa. Qualquer dos modelos de sociedade em que se reconhecem resultou em ditadura e décadas de sofrimento para o povo que dizem defender. Só não são ilegais, como por exemplo os partidos de extrema direita em Portugal, porque estão do lado dos "vencedores". Mas se formos ver bem, em países mais avançados nem sequer têm expressão. Só em países com desníveis sociais preocupantes é que conseguem ter algum peso político. O melhor que pode acontecer ao PCP e ao Bloco é que os pobres e os marginalizados nunca se acabem. Sem eles, não podem sobreviver.

Capacidade de concretização - 0%.
Ideias de merda - 50%
Conversa fiada - 50%

Uma corja de javardos

Não há dia que passe em que não seja conhecido mais um episódio daquilo que foi o período mais perdulário e de desperdício de que temos memória neste país.

Dois artigos de hoje deixam bem claro até que ponto se chegou nesta falta de vergonha.
Num deles Paulo Campos, o verme, começa a apontar as responsabilidades para dois ministros
O ex-secretário de Estado das Obras Públicas no Governo Sócrates, Paulo Campos, afirma que ainda não foi contactado por ninguém, ao abrigo do inquérito que o Ministério Público diz ter aberto às parcerias público-privadas. Além disso, frisa que a responsabilidade dos contratos não era dele, mas sim do ministro das Obras Públicas e do das Finanças. ""Temos vindo a assistir a uma campanha de desinformação sobre esta matéria", vinca o homem que tem estado no centro do furacão político.
in. Público
Junta obviamente a  tese da cabala contra os ex governantes. Mas ainda assim já está a começar a passar responsabilidades para dois dos ministros que certamente teriam de saber e concordar com a rebaldaria instituída nas parcerias rodoviárias.
Agora que recai sobre a sua cabeça a responsabilidade destes actos e com o MP à perna, Paulo Campos irá certamente apontar para ordens superiores ou directivas do Governo ou coisas similares. Estes homens de mão caracterizam-se pela sua cobardia. Paulo Campos não é excepção. E não é por isso que deixa de merecer castigo.

O outro caso é o estado ruinoso da Saúde.
O Tribunal de Contas (TdC) traça um cenário de verdadeiro desastre nas contas da saúde, depois da governação de José Sócrates. O défice e as dívidas do setor rondam 3,5 mil milhões de euros.
Num relatório conhecido esta sexta-feira, o TdC revela que, entre 2008 e 2010, era Ana Jorge a ministra da tutela, a saúde apresentava um défice de 480 milhões de euros e dívidas de quase três mil milhões de euros.
O Tribunal de Contas fala de falta de acompanhamento e de informação credível, uma crítica apontada, por exemplo, às contas do Serviço Nacional de Saúde (SNS), aos contratos programa dos hospitais e às Parcerias Público-Privadas (PPP), onde o TdC também não encontra informação sobre a execução financeira dos hospitais geridos neste regime.
A execução financeira, diz, é pouco rigorosa e transparente e acordos com entidades privadas com vista à prestação de cuidados de saúde não são sustentados em análises de custo-benefício. Uma culpa que dividem o Ministério da Saúde e o das Finanças.
Daqui para a frente, sugere do Tribunal de Contas, o ministro das finanças deve dissolver as administrações dos hospitais quando estas não expliquem os desvios orçamentais ou o incumprimento das metas de redução da despesa.
in: Agência Financeira
 Apesar de bater no peito cheio de orgulho pelo SNS pensado pelo Camarada Anaud, Sócrates sabia até que ponto o sistema estava arruinado. Tão grave como saber o estado das contas da saúde, é o facto de nem conseguir saber as contas das PPP's na área da Saúde.
Muito à maneira Socretina, havia sempre onde sacar dinheiro para pagar estas coisas. Não foi por acaso que toda a subida de carga fiscal ao longo dos seus governos (que muitos hoje esquecem) desaparecia mais depressa do que era cobrada.
Não é por acaso que se tentou vender a ideia de que o fecho de certos serviços tinha em vista a qualidade quando na verdade tudo isso foi feito por razões meramente economicistas.

Gerir no conceito socretino é arruinar. E é assim porque o Estado que se financia tirando aos cidadãos teria recursos inesgotáveis para pagar aos amigos. Amigos esses que acorrerão a pagar com um emprego para a vida, bem pago e sem grande trabalho para fazer.
Não acredito em nenhum instante que estes FDP não tenham recebido em off shores, fora dos olhos de todos, avultadas quantias em troca destes favores feitos com os dinheiros dos cidadãos.

Foi nos governos deste FDP que recursos do Estado que deviam ser para suportar aquilo que são serviços básicos de um Estado foram desviados para pagar a privados em detrimento dos financiamentos à saúde, segurança, educação e justiça.
E foi este FDP e são hoje todos os FDP do PS e amigos que dizem que o PEC IV iria resolver tudo e foi o seu chumbo que precipitou a crise.

Se forem somadas todas as dívidas das empresas do Estado, das empresas municipais, da Saúde, e de outros sectores do Estado chegaremos a números abismais. Agravados com uma dívida que disparou quase para o dobro sob a sua gestão. Este FDP está a viver regaladamente em Paris a tentar fazer-se passar por alguém culto e com estatuto.

E por falar em FDP, um último caso. Num a guia de restaurantes cafés e bares do porto, a editora colocou na capa uma fotografia de uma fachada do mercado do Bolhão com um graffiti onde se lê "RIO ÈS UM FDP".

Já seria grave que se publicasse a foto mesmo que o graffiti lá estivesse. Muito mais grave é o graffiti nunca lá ter estado e ter sido colocado na fotografia de forma intencional.

O responsável da editora fazendo uso daquela esperteza saloia digna de um bom par de tabefes diz isto:
Manuel Leitão nega ainda que a frase "Rio és um fdp" seja uma ofensa ao autarca. "Que eu saiba, "Rio" é um substantivo próprio que significa um curso de água e o resto são três iniciais, um verbo e um artigo"
O resultado para este "espertinho" é um processo em tribunal. E vai ser delicioso ver a explicação do "substantivo, verbo, iniciais e artigo" perante o tribunal.

Não é pelo facto de o Presidente da Câmara do Porto ser do PSD. É por ser um homem sério numa posição que merece todo o respeito.
Estes "cabrõezinhos"  (e estou consciente do peso da palavra usada no Norte), perderam o respeito de tal forma que a única forma de os fazer regressar à terra é enfiar-lhes com penalizações pecuniárias que sejam bem sentidas. Espero que isso seja o resultado do julgamento.
Para ver se o sorriso que deve ter acompanhado as declarações de espertalhoco se lhe varrem da cara

Qual é a parte de "não temos dinheiro" que não estão a perceber?

As discussões à volta da nossa crise são constantes e na maior parte dos casos bastante imbecis.
Isso é esperado de gente que discute estes temas sem uma preparação básica para os discutir. Ou porque ignora como as coisas funcionam ou porque é parcial do ponto de vista ideológico ou por pura hipocrisia (espera dos outros aquilo que nunca faria).

Mas entre os nossos políticos as coisas não são melhores. Pensar-se-ia que é apenas por sectarismo ideológico mas na verdade parece ser por desconhecimento e muitas das vezes pela mais pura má fé.

Não é novidade para ninguém que o país foi deixado para "morrer" pelas mãos dos governos de Sócrates. Eles conduziram o país para uma espiral de desbarato de dinheiro que parecia não ter fim.

Com a justificação de que para reavivar a economia era preciso o investimento público, o país endividou-se para fazer coisas marginalmente necessárias que se tivessem sofrido uma apreciação cuidada por um outro prisma nunca teriam sido feitas.

Seria bom perguntar se investimentos como o TGV, Aeroporto, Auto Estradas e afins seriam tão bem aceites se os cidadãos soubessem os juros a pagar pelos empréstimos e rendas das PPP's ao longo de anos.

Como nunca ninguém quis revelar essas contas, o povo português tem muito pouca percepção do que é que lhe vai afectar o bolso e em que medida o vai fazer.

Quase tudo isso se soube depois da saída do PS do Governo. Entre os juros massivos da dívida até às loucas rendas que começaremos a pagar em 2013-2014 existem milhares de milhões de euros que o Estado vai ter de pagar todos os anos.
Do ponto de vista orçamental essas verbas são o maior "ministério" destes país.

É mais ou menos consensual que estamos num ponto em que qualquer tostão a mais em grandes gestos pode significar a ruptura completa do sistema.
Vivemos com dinheiro contado. E uma família que tem 50 euros por semana para comer não traz bife do lombo nem marisco do supermercado.

No entanto há alguns sectores da nossa sociedade que esperam que num estado de quase indigência se continue a viver como antes, ou em casos extremos que se viva ainda melhor.

O brutal abrandamento da economia deve-se objectivamente a um menor consumo interno, amplificado pelo factor receio. Coisa que os Portugueses pareciam não ter até 2011.
Hoje, além do esforço de contenção no consumo, há famílias que estão a poupar ainda alguma coisa. Ou seja, passou-se do comprometimento de ganhos futuros para um estado de poupança presente.
E isso tem um reflexo enorme no comércio e nos serviços. Vai ter no turismo deste verão porque muitos dos portugueses deixaram de ter subsidio de férias.
Como o nosso sector turístico continua a praticar preços como se nada se passasse (ainda conseguem ser mais altos que no ano passado) vão levar uma pancada de proporções épicas durante este verão.

Mas todos estes sectores de actividade em vez de se adaptarem aquilo que tanto apregoam (economia de mercado) esperam sempre nestas alturas que um Estado mais ou menos Socialista venha em sua salvação.

São os construtores civis que parecem esperar que o Estado lhes compre as casas hiper inflaccionadas que não conseguem vender.
É o sector turístico a berrar porque se retirou o subsídio de Férias aos funcionários públicos
É o comércio a berrar porque o consumo foi travado bruscamente.

Esta mentalidade do estado paternalista que tudo deve providenciar vai ao ponto absurdo de ser transportada para o discurso político.

Quando o PS, o PCP e o BE falam de políticas de emprego referem-se a quê? Emprego subsidiado pelo Estado? Forçar as empresas a contratar pessoas?

Não se percebe como é que se pode fomentar o emprego num país em que o desemprego estrutural pode andar por volta dos 10%.
O nosso problema fundamental é que a economia não tem capacidade de absorver todos os desempregados. A indústria como empregadora passou de uma expressão importante nos anos 70 para empregar pouquissima gente. Toda a área de serviços e comércio está a sofrer com o travão do consumo.

Como é que se pode falar de políticas de "emprego" que possam ter expressão no estado actual da economia?
Até agora só ouvi falar em generalidades sobre este tema. Estou para ouvir uma proposta concreta que pudesse de alguma forma reduzir o desemprego e o desemprego jovem em particular. Até agora nada.

As declarações grandiloquentes do PS acerca do emprego e do crescimento são uma patetice que qualquer um de nós poderia dizer. No entanto isso não se espera dum partido que tem aspirações de poder. Ainda estamos para saber como é que Seguro acha que se consegue chegar a esse resultado. Escrevendo num papel?

É que sem dinheiro e com os tostões contados, o Estado português está de mãos completamente atadas. Nem dinheiro há para acorrer às necessidades de muitos sectores da população, quanto mais para fazer bonitos.

Muitas das discussões acabam na pura demagogia de que se devia pagar 500 Euros aos políticos e parvoíces semelhantes. Mas entre os partidos políticos a diferença é apenas uma questão de escala.
Eles sabem bem que nunca terão gente competente a governar o país se pagarem 500 Euros, mas propõem coisas de graus de imbecilidade comparável.
Parece não quererem saber até que ponto o país está enfiado num buraco. E não querem obviamente propor nada que os prejudique. Afinal eles vivem à nossa custa e não são 500 euros por mês.

A coisa vai desde o pedido para aliviar os sacrifícios (à boa maneira portuguesa de nunca querer levar nada até ao fim), outros ficam-se pela mera chicana política em que acusam o governo de ser mais purista que a troika. O PS, meio perdido e sem saber o que dizer dadas as suas totais responsabilidades no descalabro que vivemos, fica-se pela declaração de grandes intenções sem qualquer caminho para a sua concretização. Fica-se apenas pelas palmadinhas nas costas por se ter lembrado que apoiar o "emprego e o crescimento".

A verdade é que a escala da roubalheira neste país tem sido inacreditável durante estes últimos 20 anos.
Foi a destruição de todos os sectores produtivos em troca dos fundos de coesão. Negociação essa levada a cabo pelo "senador" Mário Soares e implementada com brio e total respeito por Cavaco Silva (lembram-se do bom aluno?). Cavaco foi o carrasco numa sentença ditada por Mário Soares. Indústria, agricultura e pescas. Rebentou-se com tudo isso em troca de dinheiro fácil.
É esta múmia apalermada que hoje faz discursos a falar do mar e da agricultura. Eu bem sei qual era o destino que dava a um pepino... Como gesto simbólico de defesa da agricultura e das pescas enfiava-lhe o pepino no rabo e atirava-o ao mar para servir de alimento aos peixes.

Enquanto ia havendo dinheiro o povo não sentia no bolso. Mas quando ele acabou, em vez de roubar os fundos estruturais a corja criminosa que tem regido este país teve que deitar mão de outra coisa - o dinheiro do estado cobrado aos contribuintes.
Eles não deixaram de roubar. Só mudaram o saco de onde roubam. E para ir enchendo esse saco só havia duas hipóteses: ou se carregava no cidadão agora ou se comprometia o dinheiro do cidadão no futuro, contraindo empréstimos. E foi isso que fizeram. São esses empréstimos que temos de pagar.

Aos credores pouco importa quem contraiu o empréstimo. Foi o país que levou o dinheiro, é o país que deve pagar. Se não o fizer fica com a marca de caloteiro, tenha o país na sua maioria cidadãos cumpridores ou não. Os credores são se ralam com esses detalhes.

Deveria ser o Governo a cuidar desses detalhes em nome do povo. Mas não o fez. E não o fez porque na maior parte dos casos havia a clara intenção de retirar dos cofres do Estado para os "amigos", nem que para isso se inventassem obras estapafúrdias e inúteis. Se para roubar 2 milhões é preciso gastar 500 milhões dos cofres do Estado, gastem-se.

Quanto ás razões de não termos dinheiro acho que já estão todas elencadas. Não há gente que não saiba por esta altura para onde foi o dinheiro desbaratado. Mas saber isso não nos resolve o problema.
É como se um doente de cancro ficasse melhor depois de lhe fazerem o diagnóstico.

O problema é a terapia. E é com a terapia que todos berram. Mas não há um jogo da selecção ou um concerto musical neste país onde não se encontrem muitos que gritam contra este governo ou estado de coisas.

O PS e a esquerda estão sempre chocados. Chocam-se com previsões, chocam-se com discursos, chocam-se com tudo.
O governo mostra insensibilidade com o desemprego. Como é que um governo mostra sensibilidade?
Andam os ministros todos com uma cara de quem vai rebentar a chorar? O que raio é essa coisa da sensibilidade? É ter alguém a pedir ajuda a um político e o político responder que "estamos a fazer tudo para resolver problemas como os seus"?

Todos estes merdas do PS quiseram a economia de mercado. Mas a economia de mercado é apenas para quando os lucros são simpáticos.

Eles que enterraram o país mais do que uma vez, andam agora todos sensíveis com tudo e mais alguma coisa. Que pena não terem mostrado essa sensibilidade quando andaram a contrair empréstimos em nosso nome para encher os bolsos aos amigos. São uns hipócritas de merda. É um partido pejado de criminosos comuns.

Deus nos livre de voltarmos a ter gente desta no poder com um primeiro ministro do calibre de Seguro e um lugar tenente do calibre de Zorrinho.

Ainda acredito que este dois palermas vão ser varridos por António Costa. São apenas os idiotas úteis para a reciclagem do PS. Mas é assustador pensar na qualidade dos quadros do PS nos últimos anos.

O mínimo que deviam fazer era assumir as culpas de toda a trampa que fizeram durante anos.
Mas não, limitam-se a tentar fazer-nos acreditar que depois do que eles fizeram havia outra opção que não fosse a de uma austeridade pesada e infelizmente duradoura.