"Gaffe"??

Referia-se hoje João Soares às afirmações de Passos Coelho como "gaffe".

Não percebi exactamente como é que declarações que põem o interesse de por o país no rumo certo por oposição a medidas que visam apenas os resultados eleitorais, podem ser consideradas uma gaffe.

Numa situação de normalidade não politico demagoga esse tipo de afirmação seria aplaudida. É óbvio que não é do interesse do PSD e do CDS do ponto de vista de votos fazer o que estão a fazer. As medidas são gravosas para todos e geram descontentamento. É óbvio que se essas medidas estão a ser tomadas isso tem pelo menos duas razões.
Uma é o cumprimento das metas e das mudanças estruturais que o Estado português se obrigou ao assimar o MoM com a Troika.
A outra será pela convicção de que se essas medidas não forem tomadas, Portugal não tem outra chance.

Numa situação de falência iminente não resta mais a um governo que reduzir a despesa do Estado para aquilo que ele pode pagar.
É uma contracção brutal, sobretudo quando se vem de governos que tentaram esconder a dura realidade de um país endividado contraindo empréstimos em cima de empréstimos.

Algumas destas benesses dadas a crédito eram conhecidas. Outras não. Sabe-se hoje que do deficit absurdo das empresas de transportes 6 mil milhões decorrem de juros om empréstimos ainda não pagos pelo Estado português. E que convenientemente não apareciam nas contas do deficit porque eram atiradas para as "empresas públicas".

Os governos anteriores sabiam bem como contornar as regras para alindar os números de deficit e faziam-no abundantemente.

Quando se destapou esta realidade, que aliás a troika percebeu na poucas semanas de negociação, o nosso buraco e a nossa necessidade de ajustamento eram muito maiores que o esperado.
Qualquer Governo que tomasse posse iria fazer um papel odioso. Coube a este.

E infelizmente coube a este Governo a oposição de um partido que não só sabe melhor do que ninguém o estado em que deixou as contas públicas como foi ele o signatário em nome do Estado Português do acordo que preconizava as privatizações, a redução de despesa e benefícios sociais e alterações ao código de trabalho.

Dizem agora que nada têm que ver com isso e que o caminho seguido pelo Governo é o errado. Que não devia privatizar empresas que eles próprios concordaram privatizar nem devia fazer um esforço tão grande para baixar o deficit. Que devia pedir mais tempo.

As regras aceites e assinadas por eles são hoje letra morta para o PS.
Isto é demonstrativo da crónica falta de honorabilidade de um partido e é bem o exemplo de como um partido se pode estar a lixar para o país e pensar apenas nas eleições.

Nada do que é um bom resultado é bom. O equililbrio das nossas importações/exportações é mau porque só acontece por causa da recessão. A execução orçamental, apesar de ter reduzido a despesa do Estado em 18% é má porque mesmo assim não chega para o deficit acordado etc etc.

Longe vão os vatícinios de que ia ser como a Grécia, mas apenas porque esse discurso pateta e vazio foi substituído pelos "seguidores de Merkel" e pelo "ir além da Troika".

A argumentação do PS é absolutamente ridicula. Não só sabem perfeitamente com o que se comprometeram com a troika, como eles próprios escolheram o método para cumprir esse acordo. Serviram-no pronto a "comer" ao governo que veio a seguir.
Como seria mortal mostrar concordância não perdem uma oportunidade de estar "contra". A esperança Hollande já foi pelo cano abaixo e foi substituída agora pelo "empenho" no emprego e no crescimento. Num país deprimido e em recessão por causa da dívida absurda que deixaram para todos nós pagarmos.

De seguro não há muito a dizer. É um imbecil. E é um imbecil a prazo. Tem os dias contados e nunca chegará a ser aquilo que sonha desde que começou a militar na J - ser 1º ministro.
E graças a Deus que assim é, porque depois de Guterres e Sócrates seria terrível ter um misto dos dois. Um bonzinho incompetente.

O PS faz aquilo que os ingleses chamam grasping at straws. à falta de qualquer coisa de substancial para dizer ou demonstrar, chocam-se até com declarações de Passos Coelho que em qualquer contexto em que se analisem são meritórias e raras.
Nunca o PS governou este país sem ter os olhos no mandato seguinte, nem que para isso fosse preciso hipotecar completamente o futuro de um pais inteiro.
Lembram-se do aumento dos funcionários públicos antes das eleições e 2009 numa altura em que o Governo e o seu lambe botas Teixeira dos Santos já sabiam qual era o estado das contas públicas? Foi a pensar no país ou foi a pensar no resultado?

Mesmo ficando este governo aquém das expectativas e esperanças de muitos, o que seria a nossa vida com o PS no governo? Pensem... o que seria?