Um país de aparências

Temos um país em que uma enorme quantidade de gente "aparenta" ser séria, em que as instituições "aparentemente" funcionam, e em que somos "aparentemente" boa gente.

Mas isso são as aparências. A crua realidade é que uma enorme quantidade de gente que "aparenta" ser séria não é simplesmente criminosa e que muitas instituições pura e simplesmente não fazem nada do que lhes competia fazer. Por medo, por limitação, por incompetência.

O resultado prático é que gente "aparentemente" séria e que não o é, fica impune faça as tropelias que fizer.

Vem isto a propósito da investigação que envolveu buscas a casa de 2 ex-ministros de um ex-secretário de estado e de uma ex-dirigente da entidade que "gere" as estradas.

Não é preciso ser nenhum génio para entender que pelo menos são uma corja de incompetentes. Depois percebe-se que a incompetência seria tanta que o mais plausível é que sejam muito pior que incompetentes. O mais provável é que sejam corruptos.

E a ministra disse aquilo que todos sabemos mas que quando dito nas "altas esferas" põe toda a gente com comichões.

Paula Teixeira da Cruz terá afirmado que acabou o tempo da impunidade. E se o fez só posso aplaudir. E é algo que todos os portugueses deviam aplaudir de pé e gritar bem alto.

A impunidade com que a classe política de todas as cores e feitios se safou do saque à riqueza do país é digna do 3º mundo.
A forma como os políticos envolvidos em claros casos de corrupção vêm os seus processos prescritos ou arquivados arquivado deixa-nos perceber imediatamente que na maior parte dos casos um ou todos os factores abaixo contribuem para este resultado:

Legislação feita à medida do prevaricador
Falta de enforcement da lei existente
Falta de meios para a investigação
Falta de eficiência do investigador
Receio de repercussões negativas na carreira dos envolvidos na investigação
Investigação mal feita ou ajavardada deliberadamente
Estratégias dilatórias

Tudo isto redunda em - IMPUNIDADE.

A independência do poder legislativo é fundamental para que estes casos sejam adequadamente investigados e julgados. Coisa que muitas vezes não existe como se comprovou pelas pressões exercidas nos magistrados que investigavam o caso Freeport por parte de um colega (!!), obviamente no payroll dos investigados.
O outro aspecto importante é a criação de leis à medida do prevaricador.  E isso deve-se ao facto de ser o potencial prevaricador a fazer a lei.

Com um cenário destes não é de todo honesto assacar a responsabilidade ao último agente da justiça - o magistrado judicial.
Perante uma investigação mal feita, com a possibilidade de os arguidos poderem recorrer de tudo e mais alguma coisa, o mais certo é que não haja provas para uma condenação ou que o processo prescreva.

Bastaria uma medida para acabar com uma enorme quantidade de casos prescritos: suspender a contagem do tempo de prescrição enquanto o recurso está a ser apreciado.
Só isso faria com que a estratégia não valesse a pena, encurtando de sobremaneira o tempo do processo e a possibilidade da sua prescrição.
As outras questões prendem-se com a independência do poder judicial. Ter um PGR manietado não ajuda nada a que a impunidade desapareça. Ter como PGR que acha que não há políticos corruptos porque nunca nenhum foi provado como culpado (por todas as razões acima) e tomar isso como base para um afirmação tão peremptória, também não ajuda nada a ter um MP eficaz a ctuante. Tanto mais que existe uma hierarquia no MP e mesmo informalmente as pressões existem. Informalmente e de monta...

Gostaria de, como a ministra, poder dizer que a impunidade acabou. A menos que os problemas existentes e amplamente diagnosticados sejam resolvidos, não acabou. E ela não vai resolver esses problemas.
Entretém-se a andar à volta das questões, tentando ser "popular" lixando mais uma vez a própria justiça que tutela.
Para ficar bem na fotografia continua como todos os outros antes dela a dizer "aparentemente" bem dos tribunais e dos magistrados e depois inventa regras para os f****...

A fé que as pessoas têm de ver um Paulo Campos ou um Mário Lino condenados é nula. Há tantas barreiras para ultrapassar que só é possível condená-los se forem apanhados numa conversa telefónica a dizer "sim, então vai depositar-me o suborno quando? Amanhã? Então tome lá o número da conta..."

E mesmo assim é bem provável que a defesa alegasse escutas ilegais e elas fossem retiradas do processo...

O que me deixa estupefacto é o teatro que o PS armou na pessoa da decepcionante Isabel Moreira, exigindo a demissão da Ministra por ela ter dito que a "impunidade acabou".
É caso para perguntar se ela quer que a ministra se demita por ter dito a verdade ou por ter dito uma mentira. Ou se será por ter sugerido que os camaradas de IM estiveram de facto impunes enquanto o PS esteve no poder e ela não quer que as pessoas saibam isso.
Ou se se refere à vingança óbvia de que a judicatura foi alvo pelo facto de ter levado avante o caso Casa Pia.

Que a ministra se entretém a atirar foguetes não há dúvida. Mas até ver não delapidou os cofres do Ministérios como o par de asnos que lá estiveram antes juntamente com o secretário Magalhães que por acaso até estava casado com uma proprietária duma vivenda assaz luxuosa, ainda que clandestina, na Arrábida. Mandada demolir pelo tribunal... (Um dia gostava de saber como se nomeia um badamerda desses para Secretário de Estado da Justiça).
Ainda não celebrou nenhum contrato de arrendamento ruinoso com um privado que tem uma duração pré definida (e longa) quer o espaço esteja ocupado ou não (Campus da Justiça).

Dra. Isabel Moreira, gostaria muito de a ter visto defender a demissão dos "seus" incapazes ministros por uma série de razões. Não lhe faltariam boas razões. Gostaria de a ver também preocupada com questões que afectam a maioria dos cidadãos em vez de a ver em defesa de minorias que detêm um poder completamente desproporcionado na nossa sociedade tendo em conta a sua dimensão ou preocupar-se com questões do mundo real em vez de se afirmar como mais uma intelectual constitucionalista. Se um dia lhe mudam esta constituição vai ser uma chatice, fica sem nada para fazer.

Dra. Isabel,asseguro-lhe que não há um português que não saiba já da impunidade dos filhos da puta que são seus colegas e do filho da puta que os chefiava. Nenhum dos portugueses duvida também que todos eles se encheram simpaticamente com o dinheiro que nos pedem agora para pagar.
Talvez fosse melhor sair à rua e falar com as pessoas.

Hum?

Turismo pede explicações sobre vídeo com panorâmica de Lisboa manipulada 

Esta é um daqueles casos em que o "turismo" devia levar um chapadão de mão fechada.

Um filme publicitário português ganhou um prémio internacional. O Filme chama-se Portugal - The beauty of simplicity.

É simplesmente BRILHANTE. Consegue vender a imagem do país muito melhor que a patetice do Allgarve ou outras dispendiosas campanhas de promoção do país.

O curioso é que o filme foi encomendado à Krypton Films pelo Turismo de Portugal.

Estão agora a pedir explicações acerca daquilo que parece ser uma manipulação do video que de forma enganadora durante 4 (quatro segundos) mostra uma rua inexistente em Lisboa.

Mas este vídeo ganhou um prémio internacional e terá sido visionado pelos responsáveis do Turismo de Portugal. Que agora pedem explicações...

Além de seriamente incompetentes são burros como uma carrada de palha. Num filme de 4:15 (235 segundos) estão zangados por 4 segundos em que é dada mais profundidade a uma rua repetindo a rotunda do Marquês. É uma sequência de time lapse e está brutal.


Acha o Turismo de Portugal que não existe manipulação de imagem noutros videos promocionais? Acha que eles são todos felizes e sorridentes em Espanha? Que as senhoras andam todas vestidas lindamente na Malásia? Que só há restaurantes gourmet na Croácia? Que as Coreanas andam todas vestidas com os vestidos tradicionais? Ou não será para conseguir um "efeito"?
Acha normal encomendar a produção, vê-la, submetê-la a concurso, ganhar, e depois vir com estas tretas que apenas revelam a sua própria incompetência?

E que tal o Ministro da Economia começar por enfiar um real chuto nos fundilhos desta gente quando reestruturar as regiões de Turismo? E que tal hein?

Preso por ter cão...

Já se sabia que quando fosse anunciada a lista de fundações que iriam deixar ou ver reduzidos os apoios do Estado a gritaria ia começar.

Num país trespassado por interesses de toda a ordem não é possível fazer NADA sem desagradar a alguns. E que mal isso acontece bradam imediatamente que estão a ser injustiçados.

Foi voz corrente que tinha que se acabar com essa bandalheira das fundações. Mas cada um tinha em mente uma lista de fundações que não faziam parte da bandalheira e que, como tal, não deveriam sofrer na pele o que a maior parte da população está a sofrer.

Ninguém quer admitir que num cenário de miséria deve abdicar de qualquer coisa.
A fundação Casa da Música já está indignada pelo facto de ter acordado uma redução de 20% para o ano de 2012 e vir agora a sofrer um corte de 30%.

Faz parte da lista das fundações que vão ter essa redução, na qual também se encontra a Fundação Mário Soares.

Outras vão ver todo o apoio reduzido e nelas existem fundações que nem percebemos bem o âmbito da sua actividade.
Mais do que isso, o estatuto de fundação já lhes dá benefícios fiscais que o comum cidadão nem sonha ter.

Se tudo isso for somado, é provavelmente minúsculo comparado com o mega buraco do BPN ou das rendas excessivas e outras "gracinhas" que o Estado português foi criando ao longo dos anos. Mas a verdade é que conta. Tudo conta. E não me parece nada bem que o Estado gaste milhões a apoiar as mais diversas fundações e que depois venha confiscar outros tantos milhões aos salários de quem trabalha e já se vê à rasca para pagar as contas ao fim do mês.

Perguntem a alguém que está a passar necessidades o que acha de dar 8 milhões por ano à Casa da Música para que ela produza "cultura". Ou à Fundação Cidade de Guimarães que foi usada e abusada pelo PS para sustentar casos conhecidos de parasitagem na sua administração. Uma presidente indizível que ganhava qualquer coisa como 14.300 Euros por mês, coadjuvada por toda a espécie de "amigos" a ganhar simpaticamente.
Foi criada para a Capital da Cultura com 3 ou 4 anos de antecedência. Finda a capital da cultura é no mínimo lógico que se extinga. Ou há uma boa razão para ter uma administração com dois vogais a ganhar simpaticamente depois de o evento acabar?

E a Fundação para as comunicações Móveis? Que serviu apenas para o "cambalacho" dos portáteis "escolares"? Porque é que o Estado tem de financiar algo que vai aproveitar especialmente às operadoras PRIVADAS de telecomunicações?

Subitamente as fundações estão todas mal escolhidas. A lista anunciada há tempos não difere em muito desta lista definitiva. Porque é que ninguém berrou antes e já não se calam agora?
Ainda há pouco, aquele arremedo de ex-ministro da Justiça dizia que mal soube da lista ligou logo a alguém para saber da Fundação cidade de Guimarães. Quem fazia parte daquela fundação apoiada por um presidente da câmara do PS? Entre outros Jorge Sampaio. Freitas do Amaral, etc etc etc
Mas se quiserem saber mais pormenores da pouca vergonha que foi aquela fundação leiam aqui:

Aliviar Lastro
Mais tarde ou mais cedo revelam-se
E os sinais de incompetência estão por todo o lado
Pessimista? Céptico? Ah sim, absolutamente

Porque é que a um socialista faz tanta confusão a extinção de uma Fundação que deixa de fazer sentido? As razões são óbvias.

Vai haver para cada fundação, para cada caso, uma excelente razão pela qual devesse continuar a receber dinheiro do Estado.
A verdade nua e crua é que para sustentar isto tudo, o contribuinte paga e não bufa. E vai pagar mais e bufar ainda menos.
Fechem toda essa trampa. Mudem a lei do mecenato para ser fiscalmente atraente a mecenas individuais e empresas e depois deixem que a viabilidade e sustentabilidade de tudo isso se comprove na sua acção diária.
Não conseguem sustentar-se?
Temos pena. Muitos portugueses também não conseguem...

Já vai sendo hora de tanto gestor, administrador e curador conseguir num mercado competitivo o salário que o Estado lhes dá de mão beijada. Vão para a puta que os pariu.

A opinião desinteressada de Capucho

"Nunca subestimem a fúria de uma mulher despeitada".

É quase o que transparece das palavras de Capucho ao i.

Em todos os partidos existem lutas intestinas pelo poder, pelos lugares e pela influência. O PSD é talvez o caso mais óbvio de tal situação.

É de tal forma pouco coeso que as antipatias pessoais, as invejas e a guerra pelos lugares chega ao ponto de destruir o próprio partido e transformá-lo numa interminável guerra de barões e baronetes.

Capucho é um desses barões. Desvinculou-se do partido, suspendeu o mandato em Cascais por um ano e saiu do Conselho de Estado, mas não consegue viver sem o mediatismo que a política dá.

Quando diz uma coisa como estas "Como qualquer cidadão mantenho-me activo através da comunicação social" deve estar a pensar num muito restrito grupo de cidadãos. O seu curriculo é o de qualquer indivíduo que tenha vivido da política desde o 25 de Abril. Membro do governo, da administração local, comendas, cargos honorários. Por isso tem acesso à comunicação social. Só por isso. Não é pelo brilhantismo das suas ideias nem por outra razão qualquer.

Olha-se para ele como alguém de peso no PSD. Do qual saiu.

Mas como tem a sorte de ser convidado para televisões e entrevistado por jornais, não perde uma oportunidade de destilar fel relativamente a Passos Coelho.
Os seus ódios alargam-se por inerência a este governo. Ao ponto de dizer ou pelo menos insinuar que um governo eleito com maioria absoluta devia ser "terminado".

Acho incrível que o ódio pessoal por "Passos o ter posto de lado" se sobreponha ao interesse do país em manter alguma estabilidade para conseguir aquilo que é um imperativo - financiar-se em 2014 no mercado da dívida soberana.

É inacreditável que tendo suspendido a militância por despeito (é assim que se chama o sentimento por não ser um "favorito") faça tudo por destruir a liderança do partido ao qual já não pertence. Afirmando ainda por cima que não é ele que está a mais no partido porque ele já lá não está.
Então se não está, terá a mesma legitimidade para criticar as opções do partido que tem para criticar as do PCP.

Quando não se pertence a um partido, chama-se a isso ingerência nas questões internas. Para o bem ou para o mal.

Se quer intervir faça o que faz qualquer outro militante. Filie-se, participe e tente recolher apoios. Estaria na mesma situação que a maioria dos simpatizantes do partido, não fosse o mediatismo que o partido lhe proporcionou. E que aproveita para desferir um golpe, de considerável cobardia, na actual liderança.

Quando digo que a política é suja, vêm-me à cabeça episódios como este. É esta atitude de pequenos barões despeitados que corrói o PSD por dentro a ponto de o tornar, aos olhos de muitos, como um galinheiro de vários galos que lutam pelo poleiro.
Mas a verdade é que quando foi preciso alguém para tomar as rédeas de um país arruinado, foi um franginho atrevido que deu o peito às balas. Na verdade os galos são capões. Saltam empoados quando vêm trazer comida. Apenas isso. Quando pressentem que alguém vai ser cozinhado para o jantar, fogem, escondem-se e esperam que a faca caia noutro pescoço.

O PSD está infelizmente cheio de capões. Alguns invocam razões de saúde para deixar lugares a que se candidataram na esperança de atingir voos mais altos.
Quando percebem que não vão poder voar, o coraçãozinho doente fica subitamente em condições e voltam à arena para desafiar os outros galos.

Capucho desagrada-me. Porque acho que tal como muitos pensa primeiro em si, porque tenho sérias dúvidas que entenda o que é ser "povo pagante" e porque acho duma cobardia inominável e duma falta de sentido de estado gritante preferir ver um país em turbulência por causa de ambições pessoais.

Um país de gente louca?

Parece-me que sim.

Quando lhe mexem no bolso o português transforma-se num incendiário tresloucado.
Tenho lido e ouvido coisas da boca dos comentadores profissionais, ou não, que fariam corar qualquer constitucionalista.

Passou-se a uma fase em que se questiona a legitimidade de um governo, obtida em eleições, porque as pessoas estão descontentes.

Chegamos ao ponto limite e isso fez as pessoas sair à rua. Ou seja, se não se tivesse atingido um ponto perigoso do país do ponto de vista financeiro, qualquer governo ladrão poderia estar descansado quanto à sua permanência.

Parece ter sido isso que sustentou dois governos Sócrates. Contraindo dívida alegremente criando contratos ruinosos uns em cima dos outros sem ninguém se aperceber e sobretudo sem haver, ainda, uma conta para pagar.
Tudo o que se fez que contribuiu para nos colocar bem perto do limite não conta para nada no que diz respeito à legitimidade de um governo corrupto e danoso para o país. Esse era legítimo.

Bem sabemos que a Troika está cá e porque é que está. Não foi a crise internacional, não foi o PSD nem o CDS e os outros partidos da oposição que governaram antes desse momento. Foi o PS com Sócrates.
Os 80 contratos de PPP's feitos na sua gestão fazem os 8 das gestões não PS parecer uma brincadeira.
Esses contratos e outras negociatas ruinosas, como a Parque Escolar ou permitir um endividamento desmesurado no sector dos transportes trouxeram-nos aqui.
E muito disso foi feito para que se escondesse em dívida aquilo que poderia ser considerado impopular - subidas de preços, portagens etc etc.
Aí o governo era legítimo. Era bonzinho e preferia deixar para "depois" (sob a forma de dívida) a má notícia de que tinhamos de pagar a conta.

Desorçamentou, não controlou e fez tudo o que de mau se pode fazer na gestão orçamental de um país. O Estado pura e simplesmente acumulou dívida fora e dentro. Para não ser impopular.
Usou dinheiros públicos para coisas que hoje nos fazem corar. Não são os carros dos ministros nem minudências dessas. São biliões em obras inuteis, com derrapagens e sem controlo.
A Parque Escolar é o exemplo de uma empresa inútil, pessimamente gerida e enterrada em dívidas. Ou melhor, com dívidas onde nos enterra a nós.

Este governo tem feito um enorme esforço para equilibrar as coisas. Cometeu no entanto um erro estúpido. Mexer na TSU sem grandes resultados práticos do ponto de vista de receita apenas para evitar o inevitável - o desemprego. E está por demonstrar que a medida trave o desemprego, quanto mais reverter a tendência.

Subitamente passou a ser um governo de ladróes e o alvo de uma ira reprimida contra classe política.
Passos é agora a personificação de todos os males.

Sócrates passa incólume. Janta com correligionários fieis na véspera das manifestações. Defeca olimpicamente em cima de Seguro.
Vieira da Silva, Silva Pereira e outros do séquito ladrão de Sócrates deliciam-se com a hipótese de voltar ao poder.

Durante anos o Estado foi roubado. Pelos que roubaram muito e pelos que roubaram pouco. Os que roubaram muito não os ouviremos, com a excepção do senil Mário Soares.

Deve haver gente que acreditava que o empréstimo da Troika tinha sido concedido para manter as coisas como estavam. Que os sacrifícios eram só para os outros. Nunca tive ilusões. A classe média era quem iria pagar tudo, ou pelo menos a maior parte. Pela simples razão de que são a maioria.

Mas há quem não perceba isso e ache que devia ficar isento de pagar a sua quota parte. Chagamos ao ridículo de ter gente a berrar por serviços de saúde que eram "gratuitos", porque pagos por todos, e ache agora que deve ficar na mesma enquanto se tributam os "mais ricos" para poder sustentar o mesmo estado de coisas. Só que esse conceito de "ricos", que Sócrates pôs na fasquia dos 2500 Euros por mês, está agora perigosamente perto daquilo que é o salário médio nacional. E essa fasquia vai baixar apanhando cada vez mais aqueles que acham que nada têm de contribuir para o esforço.
E tem baixado de tal forma que gente que estava fora da faixa dos "pagantes" começou a levar pela medida grande. E não gosta. Ah pois claro, ninguém gosta de perder aquilo que tinha.

A medida da TSU é uma parvoíce sem sentido. Abriu uma brecha dificil de fechar entre a população e o governo, entre o PSD e o PP. Mas não tira a legitimidade ao governo para tentar resolver a situação nem pode ser argumento para que se queira por de volta quem fez a maior merdice que este país já viu.
Dizia um dia destes Clinton num seu discurso na convenção democrata:
"what republicans are saying is that Obama didn't clean the mess that they left in 4 years. So we should fire him and put them back in"

Isto é precisamente o que o PS tem a distinta lata de dizer. Mas que o digam não me surpreende nem me preocupa. Começo a ficar preocupado quando vejo gente, que de certeza não dá muito uso aos neurónios, dizer que o governo se devia demitir ou que Cavaco devia convocar outras eleições.
Não fazia ideia que houvesse gente tão estúpida e tão toldada pelos seus interesses pessoais que prefira ver um país na ruína porque acha que chegou ao limite do sacrifício. É duma curteza de vistas exasperante.
É caso para perguntar se acham que o PS ou outro teria alguma alternativa ao garrote fiscal e ao cumprimento das condições impostas por quem nos empresta dinheiro.
Prefere decerto ainda mais sacrifício e miséria real. Se isto não é ser estúpido não conheço melhor definição.

Um país em histeria completa

O anúncio foi feito na sexta-feira e não se fala noutra coisa até hoje - terça.

Já se ouviu de tudo. Desde a inconstitucionalidade das medidas até ao pedido de impeachment ou um processo em Setúbal por Passos ser mentiroso.

Vivemos numa irritação colectiva, desorganizada, alienada e completamente improdutiva.
De nada serve andar a comentar cenários, especular se a troika deu um brinde ou não. De nada serve andar a falar de constitucionalidade se neste momento nem a verificação preventiva se pode fazer.

As medidas anunciadas são para o orçamento de 2013. São uma desgraça. Mas isso não chegou para os media que prontamente se puseram a prometer-nos mais desgraças depois de terem feito as "contas".
Diziam que falta dinheiro.

Ah pois falta. Faltam biliões. Falta por a mão nos cornos dos gestores públicos habituados a ser reizinhos incompetentes, a fazer empréstimos em nome do estado português sem que o ministério das Finanças saiba o que se passa.

Falta acabar com a mama estatal que sustenta empresas que não existiriam se a mama não existisse.

A redução da TSU para as empresas dificilmente criará emprego. Mais facilmente evitará desemprego, o que é bem diferente.

Mas são os mesmos especialistas que sabem que a Segurança Social está em colapso que parecem confortáveis com isso e esperam que por um passe de mágica ela se endireite. Devem ser apologistas dos métodos do camarada do PS que dizia que tinha "endireitado" a SS. Vê-se.

Portugal era um país atado por arames. Desatado um, tudo começou a ruir. Governos anteriores fizeram bem o trabalho de esconder o estado mais que precário em que o país se encontrava. Calhou a este desgraçado a ingrata tarefa de evitar o desmoronamento.

Podem agora vir dizer que ele não devia ter falado naquele dia, ou que não devia dizer que tinha tomado uma decisão que não queria. Podem perder-se na forma.
Mas o conteúdo e o que é preciso fazer é mesmo muito difícil. Ninguém gosta de dar notícias assim. Para o fazer é preciso estar num ponto de emergência total. Nenhum político gosta de se suicidar politicamente.
Nenhum político com uma réstia de humanidade gosta de ver o sofrimento pelo que as pessoas estão a passar. E quanto a Passos Coelho sei que é assim.

O que me custa é que enquanto estávamos a afundar-nos alegremente houve quem avisasse. Chamaram-lhes velhos do Restelo, catastrofistas, retrógrados.
Gozou-se até à exaustão com Ferreira Leite desacreditando-a pessoalmente porque não se concordava com os seus avisos.
A Esquerda louca pedia ainda mais subsídios e benesses. Pedia ainda mais gastos do Estado. Ainda hoje persiste em querer que o modelo que tanto odiava se perpetue.

Chegamos ao ponto de ver o Bloco e o PCP a falar do consumo. Precisamente aquilo que nos enterrou e que eles tanto odeiam por simbolizar o sistema capitalista. Perdeu-se toda a seriedade na discussão.

Vê-se um Zorrinho a gaguejar e a debitar disparates quando lhe lêem o MoM que o seu partido assinou. Com condições que negociou. Põe culpas na crise Internacional, no PSD, na conjuntura. O PS que estava no governo andou ao sabor da crise, negou-a e escondeu-a. Teixeira dos Santos assinou um "papel" a preconizar uma redução de 5 biliões em 3 anos. E agora mostram-se surpreendidos porque isso causou uma recessão na economia?

Não gosto das medidas que Passos anunciou. Ninguém gosta. Só falou praticamente daquilo que afecta os trabalhadores por conta de outrem.

Vitor Gaspar foi mais detalhado nas explicações.
Gaspar é calmo, ponderado e apaziguador. Nunca o veremos esbracejar em pânico. nunca o veremos  gritar como Jerónimo, regurgitar como Seguro ou gaguejar como Zorrinho.
Fala com rigor e emana confiança de saber o que está a fazer. É um incrível contraste com toda a turba histérica que não se cala desde sexta-feira. É um bruto contraste.

Conseguiu-se mais um ano para o ajuste. É bom ou mau? Não sei. Já não sei nada. A minha opinião de nada vale, mas pelos vistos a opinião de todos vale tanto como a minha.

Não faltarão aqueles que agora critiquem o adiamento dizendo que mais valia acabar já com isto.

Seguro já pediu uma audiência de emergência ao PR. Anda doido. Anda histérico. Deve ser para que Passos saia por dissolução da AR como fez o seu camarada Sampaio. Deve estar cheio de vontade de ir para lá ajudar a enterrar este país até ao fim. Antes que Costa lhe roube o sonho de ser 1º ministro.


O par de imbecilóides Adão e Silva e Marques Lopes já dissertaram abundantemente na TSF acerca dos "disparates" de Gaspar. Logo a seguir à conferência de imprensa.
Como se pudessem apresentar algo em sua defesa que não seja a actividade de comentador. Um encalacrado com o PS até à raíz dos cabelos e imbecil como já não se fabricam. O outro apenas imbecil.
O discurso é daqueles que dá vontade de lhes bater só para não ter de os ouvir.
"E que com um ano a mais também não conseguem, que com a revisão dos escalões de IRS vai haver aumento de impostos, que com os imóveis acima de 1 milhão não apanham ninguém, que com os dividendos não cobram nada porque não há dividendos etc etc etc ".
Muito pior que políticos são idiotas com aspirações a políticos. Muito piores que maus técnicos são ignorantes armados em técnicos. Nenhum dos dois se pode arrogar de ser um especialista em economia. Nenhum dos dois pode afirmar saber em detalhe o estado das nossas contas. Nenhum dos dois se cala.

Já não há pachorra para tanta gritaria, para tanto teatro, para tanta indignação. Já não há pachorra para tanto treinador de bancada que se manteve calado enquanto todos os pulhas do PS, liderados pelo maior crápula que a política portuguesa já conheceu, roubaram, destruiram e empenharam o país.

Espero bem que doa no bolso desses CABRÕES como me dói a mim. No entanto sei que assim não é porque enquanto eles roubaram o suficiente para passarem incólumes por tudo isto, eu não. E vou ser eu e outros como eu a pagar toda a roubalheira que uns cometeram e que aconteceu com o silêncio de toda esta tropa fandanga de comentadores.

Não fazem, não deixam fazer e sobretudo não se calam. Não há mais pachorra.

O que é que esta gente quer? Acabar com tudo com um enorme estrondo? Apresentar soluções? Não. Só querem mesmo ouvir-se a falar.

Nenhum destes palhaços teria os tomates para tentar endireitar o país. Nenhum. E mesmo que os tivesse, coisa que duvido, é bem provável que não o conseguisse fazer de maneira nenhuma.

Limitam-se a ficar de fora traçando cenários de catástrofe.

Eu sabia...

Todos os portugueses dizem "eu avisei". Mas depois surpreendem-se com o que acontece. A eles e ao país.

Mas eu sabia.

Eu sabia que a destruição do sector primário e secundário da nossa economia iria ser pago por alguém.
Que o desbarato de dinheiros públicos desde que entramos para a CEE acabaria por ter uma factura pesada para alguém pagar.
Que o ser bonzinho e enterrar tudo e todos com subsídios acabaria por ter um fim
Que o transformar de serviços do Estado em "empresas públicas" com os seus staffs de administradores inimputáveis acabaria por gerar dívidas e tornar inviáveis incontáveis serviços que devem ser obrigação do Estado

Sabia que o acumular de dívida para fazer obras faraónicas ia resultar num desastre para as finanças públicas
Que o aprovar de construção por parte das autarquias olhando apenas á receita do IMI e das licenças de construção ia acabar por tornar os centros das cidades em desertos. Que iria ocupar todo e qualquer pedacinho de solo com construção causando um desastre urbanístico de proporções bíblicas.

Só não sabia quando.
Comecei a ficar com verdadeiras suspeitas de que a desgraça se aproximava em 2008 com o colapso do subprime. Por essa altura já se notava um abrandamento considerável no mercado da construção. Mas ainda se assistia a alguma loucura de concessão de crédito à habitação.

A sucessão de planos de estabilidade e crescimento (ah ah ah) dos governos Sócrates começava a mater a mão nos nossos bolsos. Mas mesmo assim o Estado ainda se deliciava em estourar biliões em parcerias de estradas, hospitais e afins. Renegociava contratos sempre a perder dinheiro.

Eu sabia que íamos pagar isto. E íamos pagar com língua de palmo.

Não estou de acordo com as medidas deste governo para "resolver" a situação. Primeiro porque sei que o hábito neste país é que quando se tira alguma coisa nunca mais se devolve. E depois porque creio bem que falta a coragem de atacar a sério aquilo que é a responsabilidade criminosa dos governos anteriores, com as suas rendas no valor de milhares de milhões de Euros anuais para pagar toda a loucura despesista dos últimos 15 anos.
Até as taxas de juro da nossa dívida soberana atingirem valores absurdos.

Tivemos dois governos que se endividaram a taxas de 2%, 3%, 4% e mais, para manter a mama estatal de inúmeras empresas num país com um crescimento anémico que não chegou muitas vezes ao 1%.

Isto foi feito por um 1º ministro e por um Ministro das Finanças que não passava dum capacho do 1º, professor universitário de elevados pergaminhos.

Hoje, este governo apresenta-nos uma conta incrível para pagar. Esmifra o país para conseguir 500 milhões a mais num ano. Bastava re-avaliar uma PPP de uma estrada ou de um hospital para conseguir quase na íntegra esse valor.
Paulo Campos foi responsável por um agravamento de rendas em mais de mil milhões de Euros para o Estado. Em cima do que tínhamos que pagar.
Guterres lançou obras escusadas a começar a pagar mais de dez anos depois de sair do Governo.
Cravinho batia no peito todo ufano dizendo na AR que iam fazer ainda mais Km de auto estrada que Ferreira do Amaral.

Comparados com estes loucos, Ferreira do Amaral foi um amador.

Mas o que mais me enoja de tudo isto é o fingimento por parte do PS de que nada disto tem a ver com o que fez quando era governo.
Não só é responsável pelos últimos pregos no caixão destes país, como assinou metas de ajustamento que sabia que nunca se conseguiriam sem um torniquete fiscal em cima de toda a população.

Passos Coelho pode bem ter perdido definitivamente grande parte da sua base de apoio. Muitos porque se tinham convencido que não tinham de sofrer mais, outros porque mesmo sabendo que isso iria acontecer discordam completamente da forma como os sacrifícios caem sempre em cima dos mesmos.

O PS diz que está contra a austeridade. Também eu. Mas pelos vistos consegue apontar menos soluções do que eu. Coisa estranha para alguém que podia muito bem estar á frente dos destinos deste país. Para alguém que geriu miseravelmente este país sempre que a oportunidade se apresentou.
A incompetência  nas avaliações, as decisões para "fingir" que se faz e a completa tomada do Estado por interesses privados foi uma constante Socialista. Que nos trouxe aqui.

Passos Coelho tem responsabilidades na escolha destas medidas sim senhor. Não tem é qualquer responsabilidade nas causas que levaram a ter de as adoptar. Honra lhe seja feita, não toma decisões por razões eleitoralistas. Não pode. Se o fizer o país entra em colapso e em vez de os funcionários públicos e pensionistas terem uma redução de 7% de salário, passarão certamente a ter uma redução de 100%.

Estamos completamente sujeitos à boa vontade de quem nos empresta dinheiro. Pode gritar o Bloco e o PCP que não pagam porque sabem perfeitamente que nunca terão de o provar. Falar de fora é facílimo. Olhar para as contas dum país em falência e tentar manter as coisas a funcionar é muito diferente.

A atitude completamente alienada da esquerda (PCP e BE) é o costume. São contra. São sempre contra. Mas não têm soluções e são sobretudo cúmplices da bandalheira despesista do PS. Mais grave ainda, pediam ainda mais despesa.

Dói-me de várias maneiras ver o que estamos a passar. Porque tal como muitos outros tenho de ajustar a minha vida às novas circunstâncias, mas sobretudo porque sabia que esta situação ia chegar e olhava para a nossa classe política e os via a assobiar alegremente para o lado como se o futuro nunca chegasse.

Chegou e estamos metidos num bruto sarilho.

Asnos

Suponho que aquilo a que se chama luta política não seja mais do que a arte de manipular e distorcer as coisas por forma a ter benefícios com essa manipulação.

Esse benefício pode ser ganhar o poder. Atrás do qual vem o acesso sem restrições e sem grande escrutínio a dinheiro, influência (mais dinheiro) e mais poder (mais dinheiro).

Não me parece que a desesperada tentativa de chegar ao poder se faça por razões altruístas ou a pensar no bem comum.
A verdade é que durante os últimos 38 anos o bem comum pareceu afastado dos propósitos dos nossos fantásticos governantes.

E 38 depois do 25 de Abril cá nos encontramos nós numa situação de mendicidade (pela 3ª vez) junto de organizações internacionais que nos emprestam dinheiro para que o país não entre em colapso.

Nunca como desta vez a situação foi tão desesperada. Não só estamos numa situação de mendicidade como nos colocamos numa posição em que a recuperação é quase impossível.
Destruimos os nossos sectores produtivos sem olhar às consequências. A agricultura, as pescas, a indústria pesada, a exploração de recursos naturais, a produção de aço etc etc, foram todas abandonadas com a ideia (perfeitamente imbecil) que saía mais barato importar tudo isso.

A grande questão é que para importar "convém" que se ganhe dinheiro para isso exportando alguma coisa. E nunca esse pequeno detalhe foi tido em consideração. Só agora estamos numa situação desde há muitos anos em que o desequilíbrio entre as exportações e as importações se reduziu consideravelmente.

Podia dizer que este governo recebeu o país num estado catastrófico. Mas foi este governo como teria sido outro qualquer. Prefiro dizer que o governo anterior deixou este país num estado catastrófico.

As contas não eram muito difíceis de fazer. Era preciso atingir objectivos de redução de deficit inacreditáveis para um país em recessão económica.
Mesmo em situações de maior abundância, os governos anteriores conseguiram a proeza de acabar o ano com deficits da ordem dos 9 %. Reduzir para 4.5 em 2 anos num país em recessão é praticamente uma tarefa impossível.

O partido Socialista, turba cleptómana, corrupta e incompetente, passa metade dos seus dias a tentar alhear-se da responsabilidade da situação em que nos encontramos. Finge que não é nada com ele.

Alguns ainda dizem que o PSD e o CDS também assinaram o acordo. O que nenhum teve ainda o atrevimento de dizer foi que esses partidos foram incluídos na negociação do acordo. E não se atrevem porque não foram. Assinaram um acordo negociado entre a Troika e o governo PS, por uma questão de unidade nacional e de compromisso perante a troika.

Diz o PS que o governo vai além do acordo. Outros dizem que o acordo já foi alterado.
Mas o que não se alterou foi o compromisso de alienar empresas do estado e de aumentar a carga fiscal ao mesmo tempo que se flexibilizariam as leis laborais e se preconizava uma desvalorização salarial.
Tudo isso foi negociado, e acordado pelo PS.

Com gente normal que não fosse demasiado incompetente ou não estivesse em estado de desespero, seria evidente perceber que isso iria deprimir ainda mais a nossa economia e que isso ia causar um efeito psicológico na população que provocaria uma retracção ao consumo ainda maior. Tudo isso significaria que tudo o que estamos a viver seria previsível.
Se, como disse, não estivéssemos a falar de perfeitos incompetentes desejosos de desaparecer do local do crime.

É portanto duma hipocrisia enorme falar de políticas de emprego e crescimento como alternativa á desgraça, quando se sabe que não se gera emprego com as empresas a fechar ou a reduzir efectivos. É óbvio que não há crescimento num cenário destes e que mesmo depois de a curva bater no fundo o efeito acontece em diferido.
Falar destas "políticas" de forma vaga e não substanciada é um exercício de uma má fé gritante e a revelação de que não há nenhuma cabeça naquele partido de nabos que tenha uma solução com medidas concretas para fazer aquilo que diz ser a solução. E percebe-se. Não há milagres. E não os há porque não há dinheiro para o Estado criar emprego inútil e artificial como o PS sabia fazer tão bem e como o PSD soube fazer com os fundos da CEE.

A única coisa concreta que o PS sabe dizer é que o IVA dos restaurantes não devia ser 23%. Suponho que devam comer fora com frequência.
Havia manifestamente restaurantes a mais. Desde há uns anos para cá não havia famoso que achasse que não ia enriquecer abrindo um restaurante gourmet.
Faliram esses e falirão outros porque agora a clientela é muito menor para cada um. Mas isto não foi um problema só do IVA. Isto foi um problema da retracção ao consumo. Se o PS não sabe isso leia os artigos parvos do Público a tentar fazer passar a moda da marmita como uma coisa chique. A "moda" da marmita chegou muito antes do IVA a 23%.

  • A outra coisa que o PS soube fazer muito bem foi inventar "casos":
  • O caso da nossa semelhança com a Grécia com a diferença de que eles já iam uma ano á nossa frente na desgraça (a julgar pelo vatícinio nem para adivinhos de feira serviriam)
  • A subserviência de passos Coelho a Merkel (alguém chegou a chamar a passos Coelho o Gauleiter português - Creio que foi aquele asno do Nicolau Santos)
  • O caso da folga orçamental (se havia folga deviam ser mais brandos... tipicamente socialista...)
  • O caso do ir além da troika (se havia folga... fizeram demais)
  • Hollande como salvador (vê-se com quem ele alinha. Não é com este pateta socialista português certamente)
  • O IVA dos restaurantes como  a salvação do país (deve ser um sector com um peso na economia verdadeiramente importante)
  • O rasgar do acordo (com a contribuição do Senil-ador Soares)
  • Emprego e crescimento (vindos do nada)
  • O prolongamento do prazo ou a alteração do limite máximo do deficit (foi uma choradeira de semanas)
  • O caso RTP (mais ralados com a forma do que com o conteúdo)
  • A reversão da propriedade da RTP (caso acontecesse o que tinha sido dito... e como se o pudessem fazer com essa facilidade)
  • A falha dos objectivos (deve ser por causa do IVA dos restaurantes...)
  • A não aceitação de mais austeridade (fartaram-se da porcaria que provocaram, aparentemente)
  • Os fogos

Não houve um caso que o PS, pela mão do seu patético líder, tivesse trazido á discussão que se possa dizer que seja substancial ou minimamente quantificável ou implementável. São apenas palavras vazias, modas de uma semana que têm apenas como objectivo desgastar a imagem do governo e dos partidos que o constituem.
Nem quero imaginar o que seria uma situação destas nas mãos do PS com Seguro como primeiro ministro. E parece-me que nem eles conseguem imaginar.

Quando um partido faz toda a sua argumentação à volta do adiamento do prazo e do relaxamento do deficit e depois diz que o governo falhou precisamente porque sem alargamento do prazo ou sem relaxamento do limite não consegue atingir os valores em causa, ou é um partido liderado por estúpidos ou gente que não é tão estúpida assim mas que é duma desonestidade intelectual de ir às lágrimas.
Se bem que usar a palavra intelectual quando nos referimos a Seguro é como dizer que Sócrates era engenheiro civil e percebia à brava de economia.