Again and again and again

Mário Soares afirmou na noite desta terça-feira que nunca houve em Portugal um Governo tão odiado e humilhado como o de Passos Coelho. “Nem no tempo de Salazar”, afirmou o antigo-presidente da República. E nem no tempo de Salazar viu tanta fome no país, acrescentou.
Não sei o que move este homem. Não sei se é o facto de poder ver alguns dos seus inúmeros privilégios ameaçados. Se é apenas por ser o que sempre foi - um medíocre convencido que era algo de extraordinário.
Mas uma coisa é certa: A idade não ajuda.

O homem que diz lutar pela democracia e pela tolerância não tolera que um governo eleito maioritariamente faça coisas com as quais ele não concorda. Como se por acaso fosse condição necessária para a governação ter a sua aprovação.

A de alguém que fez e disse as mesmíssimas coisas que hoje ouvimos. Austeridade, sacrifícios etc etc.

Mas com uma ligeira diferença. è que depois de ele ter feito o que fez nunca mais teve de preocupar-se com deixar de viver à grande. Passou o país pelas maiores agruras mas Soares, família e amigos sempre tiveram a mão "amiga" do Estado para garantir um bom nível de vida.

Seja como for, é manifestamente exagerada a retórica de Mário Soares. De tão exagerada e persistente cheira a esturro.

Nem a esquerda radical diz metade do que diz Soares. Talvez por saber que não é verdade. Talvez por saber que a miséria não é de agora. Talvez por saber o que se pode fazer nesta conjuntura.

Soares não quer saber. Anda com a lata de gasolina e com os fósforos a pegar fogos em todo o lado.
Quase dá a sensação que vai incrementando o tom para provocar uma resposta de Passos Coelho. Parece gritar cada vez mais alto para que alguém lhe dê a importância que há muito perdeu.

Soares devia lembrar-se do miserável resultado eleitoral que teve da última vez que foi a votos e perceber de uma vez por todas que a sua audiência é meramente conjuntural. Ele representa muito pouco. Muito menos do que a comunicação social faz questão de amplificar.

Consideram-no um senador. Só se for pela idade. Mais ou menos como se considera Manuel de Oliveira um realizador de cinema por ter 104 anos. O que realiza é intolerável. O que é fascinante é ainda continuar. Se de um posso escolher ver o que ele faz, do outro já não tenho outro remédio senão gramar o seu constante matraquear de lugares comuns, de pseudo socialismo (sim porque foi ele que o meteu na gaveta pelo idos 80) e do seu profundo respeito pela democracia.

Soares não é fixe. Soares é lixo.