Para acabar o ano em beleza

Hoje tive o prazer de assistir a mais um balanço do ano num programa de um tal António José Teixeira.

Um senhor de fala pausada, admirador convicto do senil Mário Soares, a quem fez uma série de entrevistas há uns anos atrás.

Não o suporto. Não é tanto pelo claro desvio ideológico que imprime aos seus programas. É mais pela falta de vergonha de o assumir.

Hoje a confirmar a sua desgraçada tendência para a aldrabice a manipulação lá tinha outra personagem insigne da nossa intelectualidade - Irene Pimentel.

E é ao ouvir pessoas assim, cheios de pergaminhos e curriculo, que eu percebo como é fácil um burlão fazer-se passar por inteligente. É que os nossos inteligentes têm conversa de burlão. Vai tudo dar no mesmo.

Dizia esta senhora que o objectivo deste governo era, independentemente de haver crise ou não, baixar o custo do trabalho em Portugal.
Segundo ela essa era a intenção de Passos Coelho e Gaspar que saberiam perfeitamente o estado do país quando assumiram o poder.

Ora para uma historiadora é uma visão simplista da realidade. É até simplista para qualquer imbecil que vagueie pelas ruas.

Parece que ninguém se lembra do que estávamos a passar no final de 2010 e 2011 com um deficit de 9% (após correcção pelo Eurostat) com um desemprego já acima dos 12% e com gastos do Estado completamente fora de controlo..
É esquecer que o 1º ministro de então se viu forçado a pedir dinheiro emprestado para o país não parar de honrar as suas obrigações. É esquecer que desde 2000, com os negócios ruinosos feitos pelos nossos governos, se destruiu completamente qualquer hipótese de ter um país viável.

Em vez de reformar e corrigir deixou-se tudo na mesma, ou em muitos casos agravou-se seriamente a situação. As grandes revoluções propagandeadas por Sócrates de modernização da Administração Pública resultaram em nada.
Desígnios como a banda larga ou os PC's nas escolas foram um sorvedouro de dinheiro do Estado e hoje já não há um Magalhães em condições de funcionamento.
Fachada atrás de fachada sem qualquer escrutínio inteligente por parte dos media.

Querer esquecer isto e reduzir a situação apenas a um desígnio ideológico da direita é de uma desonestidade total. Ou pode ser um caso de perfeita indigência intelectual, coisa que pulula pelo nosso meio universitário pejado de catedráticos encostados a benefícios e sinecuras aguardando a vez para uma qualquer nomeação do partido do seu coração.

Este programa é ele próprio um exemplo perfeito do balanço que se pode fazer de 2012 num país a contas com uma súbita mudança de vida com os dramas que isso acarreta.

Um exército de ex-políticos, gente mediana e gente medíocre que passou um ano a comentar o que não sabe, o que não entende e o que não os afecta.
Um exército de gente que espera um retorno ao tempo em que uma lambidela de sapato garantia 4 anos de alívio.

E fazem-no por duas grandes razões:
Ou porque agora estão afastados do poder e dos poderosos por serem da cor partidária errada, ou porque sendo da cor partidária certa não gostam de quem lá está.

Não há verdadeiramente interesses comuns. Vemos isso muito bem no PSD. Temos os Capuchos, os Pacheco Pereiras, que acharam que seria prejudicial para si queimarem-se neste desgraçado contexto, a destruir dia após dia tudo o que possa ser feito pelo executivo.

Quanto ao desígnio nacional ele é igualmente relativo. Não querendo perceber que a perpspectiva de ruína nos afecta a todos temos um sem fim de greves fortemente lesivas para o país orquestradas por forças políticas a quem não se conhece um único exemplo de regime democrático passado ou presente no qual se inspirem.

Na verdade o que a comunicação social conseguiu em 2012 foi o enjoo total de uma grande parte dos cidadãos. Com um claro desvio esquerdista, manipulou, empolou ou simplesmente mentiu durante um ano inteiro.
Para quase ao acabar do ano se cobrir de ridículo. Ridículo que esperam agora resolver com um tribunal a acusar um burlão. E como não podia deixar de ser o burlão até era assíduo do Partido Socialista.

Foi realmente uma merda de ano. Temo que 2013 não seja melhor. Se os indicadores económicos começarem a mostrar um clima mais favorável teremos um contra ataque na comunicação social ao qual nunca assistimos. O PS quer desesperadamente voltar ao poder. Para isso conta com uma comunicação social a soldo para destruir tudo o que possa acontecer de bom e realçar a menor falha ou hesitação do governo em funções.

Um bom 2013. Na medida do possível