A cobardia

Já não é a 1ª vez que Costa nos presenteia com um espectáculo como o que aconteceu ontem no PS.

Nada faz para desencorajar os seus "homens de mão" numa tentativa de assalto ao lugar de Secretário geral, e quando chega a altura acobarda-se perante a perspectiva de perder as eleições.

Costa joga pelo seguro "no pun intended". Prefere que este líder se desgaste pela sua evidente incapacidade para depois dizer que nada fez para o derrubar.

Uma guerra surda de está constantemente a acontecer dentro do PS. A clivagem do grupo parlamentar é óbvia.

O seu fraco líder espera fazer-nos acreditar que é só uma questão de pluralismo interno, quando todos sabemos que as alas vencedoras destituem sempre as perdedoras de lugares de importância dentro do partido.

Seguro não o fez. Deixou nas listas claros opositores, e paga agora pela sua ingenuidade.
À falta de Sócrates esta pandilha de malfeitores precisa de uma cara. Precisa de um pretexto.

E o pretexto é, pasme-se, a unidade do partido. Unidade essa desfeita constantemente pelos mesmos que o querem tirar de lá e por Costa no lugar.

A expectactiva de Costa de que Seguro ponha "ordem" no partido até Fevereiro é algo digno de uma boa risada. A unidade só não existe porque os seus apoiantes (de Costa) a minam constantemente.

Assim este estratega de trazer por casa terá na data aprazada um pretexto para concorrer contra Seguro. Contra um Seguro enfraquecido pela sua própria incapacidade e pelo boicote constante de dentro do partido.

Costa mostrou a sua cobardia quando Sócrates se demitiu. Não quis avançar para um lugar que sabia ter uma herança pesadíssima. Deixou que Seguro ficasse à frente do partido e enfrentasse o pesado fardo de estar a liderar o partido que arruinou o país.

Queimado Seguro, saltaria então para o lugar.

Só que mesmo assim, Costa acha que Seguro ainda não está suficientemente descredibilizado. Precisa que Seguro mostre a incapacidade de unir o partido. Só quando Seguro não puder levantar-se do chão é que Costa avançará.

Dizia hoje Helena Roseta que Costa tem a capacidade de fazer consensos e é um factor apaziguador no PS. Mais que Seguro, que até agora não negociou não assumiu compromissos vitais nem se espera que o faça.

Nisso tem razão. É extraordinário como o líder do partido signatário do MoU e responsável pela sua negociação, vem hoje insurgir-se contra medidas que estão consagradas nesse mesmo memorando.

Desde a privatização da RTP à privatização da ANA. Desde a redução da despesa ao aumento dos impostos, o PS assinou todas essas clausulas. Comprometeu-se a cumpri-las em caso de vitória eleitoral.
Mas assim que pôde Seguro enjeitou todas as culpas e todos os compromissos assumidos. Transformou-se numa espécie de Bloco nas críticas e mestre em soluções que mais não são que "vento"

O que me parece é que Costa não fará diferente. Não o pode fazer sob pena de ter a ala Socratista a retirar-lhe o apoio.
Caso Costa alguma vez assumisse a responsabilidade do partido na situação a que chegamos (que publicamente sempre negou) estaria directamente a dizer que pessoas como Silva Pereira, Vieira da Silva, Lello e outros que tais eram co-responsáveis do descalabro financeiro do país.
Mas são precisamente esses  os que querem ver Seguro fora. E foram estes indivíduos que criticaram Seguro de não defender a "honra" do PS de forma suficientemente veemente quando foi acusado de ser o responsável pelo estado do país. Como tal consideram o partido desunido e Seguro um líder incapaz.

Mas se, segundo Helena Roseta, Costa é capaz de consensos e compromissos parece faltar-lhe a coragem de se assumir como candidato a um lugar quer perca quer ganhe na corrida ao mesmo.

Não se é corajoso por concorrer só quando não há outra alternativa senão ganhar.
Ter coragem é concorrer convicto de que as suas ideias são merecedoras de mérito e defesa. Ter coragem é aceitar o veredicto de quem vota quer se perca quer se ganhe.

E Costa mostra um assustadora cobardia para quem pretende um dia ser 1º ministro deste país.