Outras formas de protesto

Apareceu uma nova forma de protesto que é, finalmente, imaginativa e que não espezinha os direitos dos outros.

Falo obviamente de pedir as facturas com os números de contribuinte dos nossos governantes.

De tão divertida e imaginativa que é, percebe-se imediatamente que não podia ser nada pensado numa qualquer sessão partidária de um PCP ou de um BE.

Tem a ironia de uma partida bem pregada e ao mesmo tempo mostra claramente que um movimento da população pode ser muito mais inventivo e ter muito mais significado do que ter um ou dois parvos a cantar o Grândola Vila Morena.

No entanto a partida peca por um pequeno detalhe. Tem como alvo o "mensageiro".

A lei que está a ser aplicada agora é da lavra de sua excelência o sr. Guterres. É de 2001.

E como todas as coisas neste país que dizem respeito a leis apareceu para resolver um "problema" mas ficou-se por aí. Não foi nunca aplicada nem resolveu problema nenhum. Mais ou menos como os anúncios de Sócrates nos debates quinzenais serviam para se antecipar à oposição e na verdade nunca acontecia nada depois disso.

Seria portanto da mais elementar justiça que se juntassem uns quanto NIF's à lista que anda a ser usada para fazer mossa nos serviços fiscais.

Acho da mais elementar justiça que se incluam os NIF's de Guterres e o de Sócrates.

Se o 1º seriviria apenas para chatear, o segundo podia ter um resultado prático interessante.
É que o Sr. Sócrates declarou 40.000 Euros de rendimento em 2011. Se "ele" gastar uma quantidade respeitável de dinheiro em restaurantes isso pode fazer soar os alarmes do fisco e despoletar uma auditoria aos seus rendimentos. Seria de chorar a rir ter esse vígaro investigado, sobretudo agora que "trabalha" para uma farmacêutica suíça envolvida em escândalos de concertação de preços em produtos derivados do sangue (para hemofílicos) e considerada empresa não grata na América Latina.

Não é por acaso que nesse escândalo estão também envolvidos alguns "camaradas" do mensalão.
Lembram-se do lugar de "consultor" do governo Brasileiro que se falou que Sócrates poderia vir a ter?

O que eu me pergunto é que skills terá o engenheiro da treta que lhe permitem ser consultor da indústria farmacêutica no Brasil. O que é que ele poderá trazer aos negócios a não ser a compra de favores e pagamento de "comissões"? Ou será que é isso mesmo que uma empresa já envolvida em vigarices do mais alto calibre precisa?

Mas adiante, arranjem lá o NIF desse fdp que eu sou o primeiro a comprometer-me a dá-lo TODOS os dias que for a um restaurante.

Nós somos assim

Um país de gente sem coragem, de gente sem ideias. Um país de imitadores. Um país de gente que passou a criar páginas no Facebook ou a criar petições patetas por tudo e mais alguma coisa.

Mas organizar-se e lutar por um objectivo comum livre de sectarismos e tiques partidários é que não conseguimos.

Depois de uma manifestação organizada na AR com o cantar da Grandola Vila Morena, a mania pegou.
E agora todo e qualquer imbecil faz o mesmo. Acham graça. Parecem pensar que é a forma de resolver os problemas do país. Cantando. E cantando sempre a mesma merda. Vão-me desculpar mas não fosse o facto de a canção em causa ter sido o sinal para avançar no 25 de Abril permaneceria como uma canção medíocre no alinhamento de Zeca Afonso. Ele fez muito melhor e com muito mais significado.

E ainda por cima esta gente canta-a com o único intuito de evitar que os outros falem. Esta gente que passa a vida a falar acerca da liberdade de expressão tenta evitar que os outros falem.
Não é nada que me espante. Não acredito nem nunca acreditei na conversa gasta do amor que a esquerda tem pela democracia. A primeira coisa que os Arménios, Jerónimos e quejandos fariam se subissem ao poder era criar uma democracia travestida em que eles seriam os únicos com direito a falar.

O conceito de democracia para esta gente começa quando eles ganham. E como nunca ganham, para eles nunca há democracia.

Há até aqueles que votam em quem lhes promete mais para o bolso e passada a 1ª medida que não lhes agrada se tornam em activistas do contra. O pretexto? Não fizeram o que tinham dito.

Lavam a consciência e justificam o volte face. É uma corja de mercenários do voto que acredita apenas na mais alta oferta. Não tem nenhum conceito de sociedade, nenhum ideal de país a não ser algo que envolva viver o melhor possível trabalhando o menos possível. Chega a ser repugnante a forma como embarcam na mania das multidões de bater em quem está no chão.

Têm justificação para tudo. Por muito boçal que seja. Segundo eles pode enxovalhar-se Relvas porque o curso dele não vale nada. Pode enxovalhar-se Passos porque ele está a causar todos os males. Pouco importa recordar esta corja de estúpidos que quem acabou com o dinheiro foi o tipo que se pirou para Paris e que deixou a  este a tarefa odiosa de ter de ir pedindo dinheiro à Troika. Para os estúpidos há justificação para tudo. Pode perfeitamente justificar-se que Arménio diga um disparate que nunca seria admitido a alguém de "direita". Os estúpidos aceitam tudo de quem gostam e não toleram nada a quem não gostam. Nem quando o que fazem ou dizem está certo.

O estúpido por definição compreende tudo ao contrário, e debate como ... um estúpido. O problema é que fazem um chinfrim tão grande que por vezes temos a tentação de pensar que só existem estúpidos. São muitos, de facto, talvez a maoria. Mas ainda há muita gente que não o é. Só que por decoro, por respeito ou apenas porque não gostam de espalhafato não se manifestam.

Explicar a esta gente que uma legislatura e um governo com apoio maioritário dura 4 anos é demais para a cabeça deles.
Nem se aperceberam do chorrilho de porcaria que Sócrates fez nos mesmos 4 anos e que empenharam o futuro do país por mais de 10.

Nessa altura como não lhes tocava era tudo uma boa. Era a TV nova, o carrinho trocado com 4 anos, as férias a crédito com juros fantásticos.

Os poucos que viam a desgraça no horizonte eram velhos do Restelo, salazarentos e pessimistas. Hoje andam todos estes parvos a vaticinar desgraças dia após dia, confundindo previsões com um desejo secreto de que se tornem realidade. Sem perceber que se os seus vaticínios se tornassem realidade teríamos um pais na mais absoluta miséria.

Esta gente que alia uma enorme falta de tolerância e de sentido democrático a uma enorme falta de gosto e imaginação descobriu que chateia se cantar aquela merda de música. E não consegue sequer ter a decência de pensar noutra forma de luta que não espezinhe os direitos dos outros.
Nunca tentam prevalecer pelo mérito da sua argumentação ou pela qualidade das suas ideias. Fazem-no tentando silenciar os outros.

Ter jogo de cintura para conseguir conviver respeitando os direitos dos outros mesmo que não se concorde com eles não é apanágio da esquerda. A tolerância é para eles apenas uma coisa que exercem com os do seu grupo (e nem isso). Para eles os outros não são sequer dignos de ser ouvidos.

Será por isso que nunca passam de ter uma representação marginal nos actos eleitorais? Será porque sabem isso que tentaram assaltar o poder pela força em 1975 e anseiam pelo mesmo nos dias que correm?

Os media (12)

Hoje ouvi alguns excertos do debate na AR.

E um dos mais passados na rádio foi a pergunta de Seguro e a resposta de Passos Coelho.

o que é que ainda aí está a fazer sr. Primeiro Ministro?
estou a limpar a me*** que os senhores fizeram durante mais de 10 anos no Governo

Para perguntas estúpidas nada melhor que uma resposta à altura.

Seguro parece esquecer-se, porventura pela repetição exaustiva dos seus chavões, da responsabilidade criminosa que o PS e ele têm no estado do país.
Ter o atrevimento de fazer uma pergunta destas é típico de alguém que não se enxerga realmente. De alguém que é tão bom a "batalhar" verbalmente que com a sua tirada cretina expõe completamente a jugular. Seguro é realmente um incapaz. Não pode ser tão boçal como Jerónimo que de emoção em emoção anda pelas ruas  a inventariar desgraças (sem nada fazer em troca a não ser prometer o paraíso na terra) mas é um tribuno absolutamente miserável.

Mas como é que se transforma este faux pas numa coisa quase heroica?

Não é difícil. Basta descrever isto no Público.

A forma como este pasquim de merda tem de resolver os espalhanços de Seguro e de outra aves raras da pseudo esquerda é transcrever a pergunta e... omitir a resposta.

Assim o Público faz um artigo que anda apenas e só à volta das acusações e nem uma única vez refere a resposta, ou as respostas de Passos, quase deixando parecer que Passos esteve embaraçado e completamente apático perante o bombardeamento de Seguro.

Por qualquer ângulo que se tentem perceber os critérios jornalísticos que estão por detrás de um artigo assim, a única coisa que sobressai é que não é mais que um favor feito a Seguro.

Se Seguro é um tribuno medíocre quando tem de enfrentar as respostas, omitem-se as respostas. É tudo uma questão de imagem.

Não fora a casualidade de ter ouvido o excerto na rádio ficaria convencido que Seguro ganhou por um landslide. Mas a verdade é que Seguro acabou sempre por expor a fragilidade da sua argumentação. O crescimento e emprego, o renegociar com a Troyka etc etc. Repetidamente a mesma superficialidade. Mesmo quando sabe que é imposta uma redução da despesa dum determinado montante contrapõe... um montante menor.

Sabendo perfeitamente que nem ele nem Passos nem o país estão em posição de negociar o que quer que seja. Sabendo ele que se amanhã chegasse ao poder tinha a maior batata quente da história para resolver. Não só porque é uma situação difícil como não teria forma de realizar todos os disparates que andou a dizer. Desde o emprego e o crescimento ao governo "sensível".

Seguro é um palhaço. De má qualidade. Com pose ensaiada e pouco à vontade quando precisa de se impor. Veja-se a figura que ele fez e faz dentro do próprio partido. Não se dá ao respeito e não o respeitam, obviamente.

Mas com a imprensa do lado dele não há que temer. Expresso, Público e os media audio visuais encarregar-se-ão de fazer dele um líder carismático. Até ao dia em que se fartarem dele e Costa decidir cortar-lhe a garganta. Aí a imprensa passa de gostar de um Zé sem Graça para um António Calculista num espaço de 10 minutos.

Abençoados media que temos neste país. A única coisa que posso desejar é a inexorável falência de tais pardieiros. Com todo o seu staff. Pode ser que depois o PS lhes arranje emprego.

Os media (11)

Se mais provas fossem necessárias para confirmar a forma como o jornalismo nacional está completamente no bolso da esquerda, o exemplo que se segue seria a fotografia do criminoso no local do crime. O flagrante delito.

Sabe-se que a realidade é aquilo que os media querem que seja. E desde que a esquerda não ganhou as eleições em Portugal, o que os media querem é fazer passar uma realidade de horror diário, de luta dos trabalhadores, de selvagem neo liberalismo.

Não é fácil tentar perceber a realidade no meio da bruma. Não é mesmo nada fácil. Mas ainda há quem tente.

O congresso da Internacional Socialista foi mais uma oportunidade para Seguro, com a sua clamorosa tendência para a irrelevância, parecer um líder Europeu.

A verdade é que ombrear com o homem que foi a face do descalabro socialista na Grécia não é bom para niguém. Ainda mais quando dito senhor se permite vir a Portugal dar lições sobre austeridade.
Ele que deixou a Grécia na ruína. Ele que deixou o povo Grego no desespero. Ele que tudo fez para encher os bolsos dos abastados na Grécia. Ele que aplicou austeridade sobre austeridade na Grécia sem qualquer resultado prático. E ao mesmo tempo ignorou avisos de massiva figa fiscal de gente poderosa no país.

O PASOK deixou um cenário de guerra. Arruinou um país com milhares de anos de história e tradição. transformou a Grécia no estado pária da Europa. Encontrou uma país na miséria e ainda o deixou afundar mais. Nas mãos do PASOK o desemprego subiu de 10% em 2009 e deixa-a com mais de 20% quando sai em 2011.

E é este economista de Harvard e da London School of Economics que se permite vir a Portugal falar de austeridade.

Mas o mais fascinante de tudo isto é que é de dentro dos próprios socialistas que se levanta alguém que lhes aponta o dedo e diz: "Vocês são os culpados. Vocês que se vêm reunir em hoteis de 5 estrelas e que chegam em carros de luxo são os culpados."

A pessoa que teve esta coragem foi Beatriz Talegón da Juventude Socialista Espanhola.
Nem um pio nos media acerca do seu discruso. Nem uma notícia depois disso. Nada.

Mais do que ser o PSD ou ou CDS em Portugal ou o PP em Espanha a dizer isto, é alguém de dentro do PSOE que o diz. E não há maneira de dizer que ela não tem razão.

Foram eles os responsáveis. Disso não tenhamos a menor dúvida. E se voltarem para lá farão de novo o mesmo.



Entrevista a António José Seguro

Em várias ocasiões tem criticado o Governo pela austeridade excessiva. Caso fosse primeiro Ministro o que faria?
AJS: Nada. Não fazia nada. Na verdade ficaríamos melhor. Se este Governo quando faz alguma coisa tem a ver com austeridade, se eu não fizesse nada seria muito melhor para o povo português.

Mas não lhe parece que isso poderia ser pior? Que agravaria ainda mais o Estado do país?
AJS: Não. Pelo contrário. Repare que outros Governos do PS não fizeram nada. E não nos colocaram nesta situação de recessão. Nessa altura vivia-se muito melhor, o Estado Social funcionava perfeitamente e não tínhamos esta situação desesperante que vivemos hoje.

Mas a oposição afirma que foi precisamente por isso que a situação chegou a este ponto.
AJS: Não creio. O PSD desculpa-se com o passado. Eu prefiro olhar para o futuro. Nunca diria, se fosse primeiro ministro, que a culpa foi de quem esteve antes no poder.

Não me vai dizer que as heranças do passado não têm qualquer importância?
AJS: Claro que têm. Mas apenas se forem más. Veja o exemplo de Santana Lopes e o estado em que deixou a Economia. Se bem se lembra o deficit estava em 6.83%...

Na verdade isso era apenas uma projecção para o caso de nada ser feito até ao fim do ano, o que podia não ser verdade...
AJS: Sim, mas uma previsão de Vitor Constâncio. E não sabemos se  o Governo faria alguma coisa. Só podemos contar com o que tínhamos nessa data. E só um economista genial poderia fazer previsões a meio do ano com precisão até à centésima. Logo a seguir o esforço do Governo PS em colocar o deficit em 3% foi notável.

Mas foi precisamente nessa altura que se começou a desorçamentar a despesa do Estado. Não terá sido isso apenas uma forma de esconder o "verdadeiro deficit"?
AJS: De maneira nenhuma. Se o deficit do Estado baixou não vejo porque razão temos de estar a incluir despesas que são responsabilidades de outras entidades...

Mas essas entidades eram públicas. Criou-se quase um Estado paralelo
AJS: Mais razão me dá. Hoje o PSD não consegue sustentar UM Estado. O Governo PS sustentou dois. E com um deficit fantástico.

Que acabou por ser corrigido pelo Eurostat em várias ocasiões. Na verdade os números não eram exactamente aqueles.
AJS: Já se sabe que há sempre ligeiras correções

2% é uma ligeira correção? Então isso quer dizer que 2% é uma espécie de margem de erro que se pode desprezar? Podemos encarar  os números do desemprego pelo mesmo ângulo?
AJS: Isso não. O desemprego é uma coisa completamente diferente. Na verdade ainda deve ser maior do que os números oficiais. Deverá andar pelos 20%. Não podemos confiar no Governo.

Os números do desemprego no fim do Governo de José Sócrates já enfermavam desse mal?
AJS: De modo nenhum. Nessa altura o Governo Sócrates criou centenas de milhares de empregos. O problema é que por problemas informáticos muitos desempregados continuaram inscritos nas listas induzindo o INE em erro. O desemprego por essa altura deveria rondar os 2% ou 3%.

Então sendo 2% a margem de erro, nunca estivemos tão bem como nessa altura?
AJS: Sem dúvida. Tudo o que se disse dos governos Sócrates é completamente falso. A crise não foi culpa de Sócrates. Foi sim da forma como o ministro das finanças lidou com a crise internacional.

Tem falado muito no emprego e crescimento. Como se propõe fazer isso?
AJS: Fomentando as duas coisas...

Mas como?
AJS: Bem, isso são detalhes técnicos. Eu olhos as coisas dum ponto de vista político. A minha intenção política é que haja emprego e crescimento. Os técnicos depois encarregam-se de fazer as coisas acontecer.

E que técnicos escolheria para essa tarefa?
AJS: Há muitos. Só no PS estou a lembrar-me de uns cinco ou seis. Gente com créditos firmados como Zorrinho ou Galamba. Nas artes seria óbvio que Maria de Medeiros ficasse com a pasta da cultura. É preciso fomentar o emprego e o crescimento também nas artes. Ela sabe como fazer isso no cinema.

Inês de Medeiros?
AJS: Não, Maria de Medeiros. A Maria de Medeiros entrou num filme internacional

...mas é a Inês de Medeiros que é deputada do PS.
AJS: Sim, mas eu não olho para a cor partidária. Isso é um detalhe técnico ser ela ou a irmã.

Mas esse fomento das artes seria feito com subvenções estatais?
AJS: Claro. O Estado tem um papel fundamental em fomentar a arte e a cultura. Não é um gasto, é um investimento

Um investimento pressupõe um retorno. Qual é o retorno do cinema português por exemplo?
AJS: Enorme. Enorme. Não há um português que não tenha ouvido falar de Manuel de Oliveira.

Mas os filmes dele nem fazem na bilheteira metade do investimento...
AJS: Não podemos olhar para estas coisas com uma visão economicista. Não pode ser só dinheiro dinheiro, dinheiro.

Outro assunto. António Costa, qual a sua opinião acerca desta luta pela liderança do PS?
AJS: Não há uma luta. É um diálogo entre camaradas que se respeitam e que querem exactamente a mesma coisa.

A liderança do partido e ser primeiro ministro?
AJS: De todo. Que querem o melhor para o partido e para o país.

Então porque é que apoiantes seus o acusaram de ser desleal?
AJS: Sabe, as declarações de alguns dos meus camaradas foram feitas a quente. Estavam convencidos que António Costa não gostava de mim. Que não me respeitava. Foi nesse contexto que fizeram aquelas declarações que foram prontamente mal interpretadas pela imprensa.

Mas caso houvesse eleições no partido, as hipóteses de António Costa ganhar são mais altas do que as suas?
AJS: Não creio. Os militantes sabem a forma como me tenho batido pelo emprego e pelo crescimento. Que sou contra a Troika. Ou melhor de ir além da Troika. Só isso é prova suficiente de que eu sou perfeitamente capaz de estar à frente do partido e do Governo.

Mas isso é algo um pouco vago. Não é preciso consubstanciar essas propostas?
AJS: Se eu ganhar é isso que eu vou fazer. Para já é uma questão política.

Acusam-no de ser um líder fraco constantemente desafiado por facções dentro do PS. O que diz disso?
AJS: Isso é um problema de imagem e de comunicação. A maior parte das coisas ou se resolvem ou se destroem com imagem e comunicação. Nesta caso também. Essas facções, como lhes chamou são apenas pessoas com uma opinião divergente. E isso é muito democrático.

Mas a verdade é que, como diz o povo, se querem ver livres de si...
AJS: Essa pode ser a ideia que passa para o exterior do partido. Mas não é a realidade. A realidade é exactamente o contrário.

Que se quer ver livre deles?
AJS: Não, de modo nenhum. São pessoas muito válidas e seguramente conseguiremos encontrar lugares nos mais diversos organismos onde possam exercer o seu trabalho tranquilamente.

Então está a dizer que teriam de abandonar o grupo parlamentar?
AJS: Sendo eu um defensor da não acumulação de funções teria de ser. Mas seria efectivamente uma promoção. Veja por exemplo Pedro Silva Pereira, um excelente economista. Poderia ficar à frente qualquer das nossas empresas públicas.

...ele é advogado...
AJS: É o mesmo. Advogado ou economista, o que é que isso interessa? Acaba por dar no mesmo. Eu poderia escolher um Advogado para o banco de Portugal, ou um economista para ministro da Justiça.
O que importa é a vontade política.

Obrigado pela entrevista. Gostaria de deixar alguma palavra para os Portugueses?
AJS: Gostaria de lhes dar a minha certeza de que o emprego e o crescimento são o caminho. Que não podemos ir além da Troika como tem sido feito por este Governo. E dizer-lhes que se eu for primeiro Ministro irei pedir à Europa, pedir não, exigir que a Europa nos ajude a criar o emprego e o crescimento de que precisamos.
Não aceito na postura deste Governo que tem medo de exigir aquilo a que temos direito na Europa.

E acha que a Europa cederia a essas exigências?
AJS: Sem dúvida. O que é preciso é força e determinação. E nesse particular eu sou a pessoa indicada para o fazer.

Jerónimo acusa Passos: "Descarrilamentos são culpa do Governo"

Jerónimo acusou hoje Passsos Coelho da epidemia de descarrilamentos ferroviários que tem acontecido no país.

"O governo é responsável pelos descarrilamentos recentes" disse Jerónimo em tom exaltado.
"A privatização da REFER levou a que isto acontecesse" continuou.

Espantada a bancada do PCP pediu um intervalo para conferenciar com o líder. Fontes bem informadas dizem-nos que alguns dos membros da bancada usaram expressões como "está parvo camarada?" e "não devia de haver debates depois do almoço" em reacção às acusações de Jerónimo ao Governo.

Aparentemente Jerónimo acredita que a REFER foi privatizada.

Já num passado recente Jerónimo tinha acusado o Governo de haver pessoas sem electricidade na zona do Oeste. Segundo ele porque o Governo tinha vendido a REN aos chineses.

É sabido o pavor que os chineses têm da electricidade, pelo que Jerónimo concluiu que seria por isso que eles não mexiam nas linhas eléctricas caídas. O equívoco permaneceu até um camarada ter esclarecido Jerónimo que os trabalhadores que repunham as linhas eram portugueses e que só estava demorar mais devido à extensão dos estragos em linhas de alta e média tensão.

Em reacção às palavras de Jerónimo membros da bancada parlamentar do PSD fizeram-nos saber que já há muito tempo que se sabe que Jerónimo não parece estar bem da cabeça.
Mesmo na sua bancada os deputados concordam com ele apenas por receio de expulsão do partido.

"O homem não está bem" comentava um deputado do PSD após o episódio. "Ele já não era brilhante, mas com estas teorias arrevesadas de conspiração perdeu completamente o bom senso. Ficou com esta mania patológica de acusar o Governo de tudo".

Sectores mais moderados do partido defendem a medicação compulsiva de Jerónimo. Outros defendem a interdição pura e simples. Há ainda aqueles que acham que se a mentira despudorada der bons momentos de televisão e conseguir conquistar alguns eleitores "menos perspicazes" isso só serve o partido e a glória revolucionária do proletariado.

Prudência precisa-se

Há de facto coisas que eu não percebo.
Este governo nomeia Franquelim Alves para Secretário de Estado.

E quem é este senhor? Nada mais nada menos que um ex-administrador da SLN. Vem dos tempos de Oliveira e Costa e "sobrevive" até ao tempo de Miguel Cadilhe. Apenas porque Cadilhe quando pensou em o afastar achou que a indemnização era tão disparatada que o deixou ficar.

Acontece que este senhor esteve no olho da tempestade quando se roubava à direita e à esquerda no BPN. Segundo ele sabia o que se passava. E não fez nada? Com um cargo da responsabilidade que exercia não fez nada?
Pode não ter beneficiado directamente com a "brincadeira", mas só o facto de se manter em silêncio ao longo da orgia de roubo que ocorreu no BPN é razão mais que suficiente para se pensar que não é homem que exerça cargos ao mais alto nível executivo no país.

Do lado do Governo é um bruto "faux pas". Em primeiro lugar porque estar ligado ao BPN num cargo como aquele é, nos dias que correm, pretexto mais que suficiente para todos lhe começarem a chamar ladrão. Pode não se ter provado nada em tribunal, ou mesmo nem ter sido acusado de nada. Mas como se dizia no PSD "à mulher de César não basta ser séria. Tem de parecer séria"-

E convenhamos que "no parecer sério" um administrador do BPN nunca se vai safar.

A outra asneira monumental e que indicia algum mal estar na nomeação é o facto de se omitir a sua passagem pela SLN no curriculo tornado público- Esta sim é uma calinada das boas. Mesmo que o homem fosse um santo, só isto deixa logo antever que alguém quis esconder alguma coisa.

Com este tipo de podres no passado seria de esperar que toda a oposição se "indignasse". Até Seguro, líder dos corruptos mais corruptos deste país, entre os quais se encontram muitos que meterem a mão no saco BPN.

O Bloco está indignado também. E querem demissões, e querem impugnação da nomeação etc etc. Querem tudo. Mas o problema é que não se podem agarrar a nada de substancial para invocar a não nomeação do homem. Se nada se provou contra ele, não há nenhuma razão para não o fazer.
Objectivamente é assim. É um argumento tão válido como dizer que ele era amigo de Oliveira e Costa ou Dias Loureiro. Isso só por si não pode ser fundamento para evitar que o homem seja nomeado.

Mas isto é a visão de um ponto de vista estritamente legalista. Outra coisa é visto do ponto de vista da prudência politica. E convenhamos que este governo não teve nenhuma ao por o homem nesta posição.

É de uma amadorismo completamente escusado.
E não me venham com a treta de que ele era o homem para o lugar. Deve haver milhares deles que nunca estiveram ligados ao BPN e a quem a oposição nunca poderia apontar o dedo.

Começo a achar que há uma certa teimosia de Passos Coelho em querer demonstrar que por muito que a oposição berre, nada consegue com estas campanhas espalhafatosas.
Mas eu preferia que ele contrariasse a oposição ao colocar as contas públicas em ordem, acabara com a mama de muitos dos rapazes da oposição em Universidades, Fundações, Institutos etc etc. Aí sim, era pô-los aos gritos por boas razões.

Dar o flanco assim, é uma perfeita patetice.
É tão pouco prudente como andar com um fósforo aceso na refinaria de Sines. Vai acabar numa explosão dos diabos.

Dois pesos e duas medidas

Anda muito em voga criar movimentos de indignação por declarações de personagens mais ou menos mediáticos.

Quando Isabel Jonet abriu a boca cairam-lhe em cima. Como se o que ela dissese fosse tornar o mundo pior. Como se a manifestação da ideia de que se deve ter alguma contenção nos tempos de abundância para passar menos mal nos tempos de escassez fosse algo de extraordinário ou digno de crítica.

Crítica essa que foi ao nível do insulto. Por parte de gente eleita com graus académicos elevados e que se esperaria que tivessem algum pingo de inteligência. Mas infelizmente a formação e a inteligência conseguem ser ultrapassadas pela demagogia, pelo insulto fácil e pela mais pura falta de vergonha e igualdade de critérios.

Aconteceu o mesmo com Fernado Ulrich. E duas vezes.

O que Fernando Ulrich diz é algo de óbvio. Não manifesta um desejo de que amanhã estejamos a dormir debaixo da ponte. Mas diz algo que é perfeitamente possível - Não sabemos o que se pode passar amanhã. Por uma desgraçada volta da vida poderemos estar numa situação de total indigência. E isso não mata ninguém.

Nem sequer percebo a indignação destas criaturas politicamente correctas quando não são capazes de dar um passo para o lado para ajudar alguém que necessite. Para ajudar alguém que por uma volta do destino tenha ficado numa péssima situação. Precisamente aquilo em que Isabel Jonet atinge níveis de excelência - Ajudar quem precisa.

Ulrich tem razão. A Grécia aguenta. Não tem outro remédio senão fazê-lo porque a realidade é o que é e não basta manifestar que não devia ser assim para tudo mudar.

Veja-se Louçã que chamou de tudo a Isabel Jonet mas que diz que o "Estado" é que devia ajudar. Esta ideia de nos desresponsabilizarmos pelos outros e de colocar uma entidade mais ou menos abstracta a fazer esse papel é extremamente cómodo. Louçã diz, está dito. Nada acontece, mas ele disse e a sua consciência social fica apaziguada.

O que Ulrich diz é o que tem estado a acontecer a milhares de pessoas neste país. Porque deram muitas vezes passos maiores que a perna, porque ficaram sem emprego e não conseguem sair do buraco. Passam mal, muito mal mas pelos vistos aguentam.

Como aguentaram as vítimas da guerra. Com o racionamento, com a escassez com o medo.
Não tinham outro remédio.

Há um certo pavor de ouvir a verdade. Se alguém diz uma coisa que ainda que chocante é uma verdade insofismável salta-lhes a tampa. Este tipo de afirmações são convertidas em títulos e sound bytes que quase faz parecer que Ullrich disse que se formos todos sem abrigo não faz mal (e que era o que ele queria) ou que Isabel Jonet prefere pobrezinhos para poder "mostrar" aos utros como é caritativa.

Este tipo de atitude é nojenta. Parece que só se tem legitimidade para falar se formos miseráveis. Se por acaso for alguém bem na vida, por muito solidário e compassivo que seja, será sempre apontado a dedo "porque está desligado da realidade".

Por outro lado temos um camarada de esquerda que se refere a alguém distinguindo-o pela cor da pele e não se passa nada. Tem até o apoio de gente abjecta como João Soares veja-se bem.

O que seria se Ulrich tivesse dito que os "escurinhos em àfrica passam mal mas aguentam"?
O que seria se alguém que não fosse completamente conotado com a esquerda dissesse o que disse Arménio? Era conversa no jornal para uma semana. parvalhões a fazer páginas no facebook e a bloga toda, desde a rosa à vermelha, a bater nesse hipotético alguém com os insultos típicos de quem não tem nada de útil para dizer ou fazer.

Ser de esquerda não quer dizer que não se seja racista. Se não acreditam nisso olhem para a história do povo cigano debaixo do regime de Ceausescu. Acham que não eram descriminados? Que não eram miseráveis e maltrapilhos? Que podiam aceder ao que os não ciganos tinham?

Arménio não é racista, dizia um dia destes um camarada dele na SIC notícias. Pois não. Para Arménio há os "pretos" que ele gosta e os "pretos" que ele não gosta.
Porque é que ele teve logo de fazer a distinção pela cor? Porque é que na TV não se pode dizer que um detido é negro ou brasileiro, mas Arménio pode fazer esse tipo de distinção sem ter nada de "racista"?

As declarações "polémicas" como as de Ulrich ou Jonet só são polémicas por aproveitamento político. Como o foram as de Ferreira Leite ou outros casos semelhantes.

A cartilha esquerdista de fazer ruído mediático é assim desde o início do século 20. Seguem-na à risca desde essa altura. Usar tudo, seja substancial ou não, para atacar o adversário. Conhecem bem a sua audiência. E sabem bem que para falar para estúpidos convém usar os seus baixos sentimentos de inveja (neste caso para com um banqueiro) para levar a água ao seu moinho. Sócrates elevou esta técnica ao mais alto nível a que já se assistiu neste país. E esse nada tinha de esquerda. Só aprendeu a usar os métodos comunistas para o que lhe convinha.

Se já não conseguia suportar o tipo de sociedade preconizada  por esquerda potencialmente genocida, é cada vez mais insuportável para mim ter de conviver com o constante eco que dão a este tipo de coisas. Coisas sem importância e sem consequência. Como se fosse preciso esquartejar mediaticamente e periodicamente uma qualquer personagem não conotada com a esquerda.

A minha rotina passa agora por ver cada vez menos noticiários, ouvir cada vez menos rádio e ler cada vez menos imprensa. É um antro de pulgas e ratos. É algo de completamente insuportável.

Este país precisa mesmo de uma mudança de fundo. Podíamos começar por deixar os media ir à falência e começar tudo de novo. Com gente séria, com gente isenta. Com gente com um mínimo de qualidade.  Isto é totalmente intolerável.