Nós somos assim

Um país de gente sem coragem, de gente sem ideias. Um país de imitadores. Um país de gente que passou a criar páginas no Facebook ou a criar petições patetas por tudo e mais alguma coisa.

Mas organizar-se e lutar por um objectivo comum livre de sectarismos e tiques partidários é que não conseguimos.

Depois de uma manifestação organizada na AR com o cantar da Grandola Vila Morena, a mania pegou.
E agora todo e qualquer imbecil faz o mesmo. Acham graça. Parecem pensar que é a forma de resolver os problemas do país. Cantando. E cantando sempre a mesma merda. Vão-me desculpar mas não fosse o facto de a canção em causa ter sido o sinal para avançar no 25 de Abril permaneceria como uma canção medíocre no alinhamento de Zeca Afonso. Ele fez muito melhor e com muito mais significado.

E ainda por cima esta gente canta-a com o único intuito de evitar que os outros falem. Esta gente que passa a vida a falar acerca da liberdade de expressão tenta evitar que os outros falem.
Não é nada que me espante. Não acredito nem nunca acreditei na conversa gasta do amor que a esquerda tem pela democracia. A primeira coisa que os Arménios, Jerónimos e quejandos fariam se subissem ao poder era criar uma democracia travestida em que eles seriam os únicos com direito a falar.

O conceito de democracia para esta gente começa quando eles ganham. E como nunca ganham, para eles nunca há democracia.

Há até aqueles que votam em quem lhes promete mais para o bolso e passada a 1ª medida que não lhes agrada se tornam em activistas do contra. O pretexto? Não fizeram o que tinham dito.

Lavam a consciência e justificam o volte face. É uma corja de mercenários do voto que acredita apenas na mais alta oferta. Não tem nenhum conceito de sociedade, nenhum ideal de país a não ser algo que envolva viver o melhor possível trabalhando o menos possível. Chega a ser repugnante a forma como embarcam na mania das multidões de bater em quem está no chão.

Têm justificação para tudo. Por muito boçal que seja. Segundo eles pode enxovalhar-se Relvas porque o curso dele não vale nada. Pode enxovalhar-se Passos porque ele está a causar todos os males. Pouco importa recordar esta corja de estúpidos que quem acabou com o dinheiro foi o tipo que se pirou para Paris e que deixou a  este a tarefa odiosa de ter de ir pedindo dinheiro à Troika. Para os estúpidos há justificação para tudo. Pode perfeitamente justificar-se que Arménio diga um disparate que nunca seria admitido a alguém de "direita". Os estúpidos aceitam tudo de quem gostam e não toleram nada a quem não gostam. Nem quando o que fazem ou dizem está certo.

O estúpido por definição compreende tudo ao contrário, e debate como ... um estúpido. O problema é que fazem um chinfrim tão grande que por vezes temos a tentação de pensar que só existem estúpidos. São muitos, de facto, talvez a maoria. Mas ainda há muita gente que não o é. Só que por decoro, por respeito ou apenas porque não gostam de espalhafato não se manifestam.

Explicar a esta gente que uma legislatura e um governo com apoio maioritário dura 4 anos é demais para a cabeça deles.
Nem se aperceberam do chorrilho de porcaria que Sócrates fez nos mesmos 4 anos e que empenharam o futuro do país por mais de 10.

Nessa altura como não lhes tocava era tudo uma boa. Era a TV nova, o carrinho trocado com 4 anos, as férias a crédito com juros fantásticos.

Os poucos que viam a desgraça no horizonte eram velhos do Restelo, salazarentos e pessimistas. Hoje andam todos estes parvos a vaticinar desgraças dia após dia, confundindo previsões com um desejo secreto de que se tornem realidade. Sem perceber que se os seus vaticínios se tornassem realidade teríamos um pais na mais absoluta miséria.

Esta gente que alia uma enorme falta de tolerância e de sentido democrático a uma enorme falta de gosto e imaginação descobriu que chateia se cantar aquela merda de música. E não consegue sequer ter a decência de pensar noutra forma de luta que não espezinhe os direitos dos outros.
Nunca tentam prevalecer pelo mérito da sua argumentação ou pela qualidade das suas ideias. Fazem-no tentando silenciar os outros.

Ter jogo de cintura para conseguir conviver respeitando os direitos dos outros mesmo que não se concorde com eles não é apanágio da esquerda. A tolerância é para eles apenas uma coisa que exercem com os do seu grupo (e nem isso). Para eles os outros não são sequer dignos de ser ouvidos.

Será por isso que nunca passam de ter uma representação marginal nos actos eleitorais? Será porque sabem isso que tentaram assaltar o poder pela força em 1975 e anseiam pelo mesmo nos dias que correm?