Que se lixe a troyka?

Tal como qualquer outro português detesto ter de aceitar que as opções da nossa política económica sejam ditadas por gente que nem sequer nos representa.

Não gosto de ser informado que a minha pensão vai ser reduzida a nada ou que o subsídio de desemprego vai ser apenas simbólico através de um qualquer relatório do FEEF.

Mas as minhas apreciações não podem ficar pela mera superficialidade. Deixo esse tipo de coisas para gente intelectualmente superior como sejam António José Seguro ou membros da esquerda ululante.

O que nos trouxe aqui foi precisamente a "sensibilidade" destes asnos bem pensantes. Para pagar os direitos constitucionalmente consagrados e ao mesmo tempo evitar sobrecarregar fiscalmente a população (coisa que nem sequer conseguiram) estes criminosos contraíram dívida para poder pagar esses direitos.
Bastava fazer umas contas, que ainda por cima estavam feitas, para se perceber que o modelo ia durar uma dezena de anos. Puseram a mão à frente dos olhos e fingiram que estava tudo bem. Enterraram-nos ate ao pescoço em dívida e em impostos. Saíram pela porta grande. Deixaram aos outros a solução do problema e sentaram-se na plateia a berrar a plenos pulmões contra tudo o que eles possam fazer.

Mas o que assusta é a craveira intelectual dos críticos. Uma tal Blandina Vaz comentava há pouco na SIC Notícias a imprensa do dia. E como qualquer básico dotado de um raciocínio básico e de opiniões mais determinadas pelo sectarismo do que pela inteligência dizia coisas como:

O governo está a destruir a escola pública pondo professores no desemprego.

Como se o facto de haver professores no desemprego fosse condição suficiente para haver uma escola pública má. É como dizer que se houver engenheiros desempregados temos uma engenharia de má qualidade.

Esta gente sempre aceitou a ideia da economia de mercado desde que houvesse sectores que estivessem protegidos das suas leis. Protegidos da oferta e da procura. Se o número de alunos numa escola necessitar de 100 professores, esta gente defende que se tenham 150 porque existe um direito inalienável ao emprego.

Claro que isto só é aplicável ao sector público, porque no sector privado a oferta de emprego existe para fazer face às necessidades da procura. Mas como estes bem pensantes estão no Estado não podiam estar-se mais a cagar para o que se passsa com os trabalhadores do privado. Que até agora suportaram a 100% o desemprego neste país.

O sector privado sustenta o sector público na sua totalidade. Suporta o desemprego porque eles não podem perder o emprego e ainda passa pela humilhação de os ver sair à rua a berrar contra a Troyka que teve de vir salvar esta trampa de país que sustentou estruturas do Estado acima do que tinha capacidade para fazer.
E é o trabalhador do privado que ainda tem de gramar ser mal tratado por esta gente que acha que quando está no trabalho não tem nada que estar a aturar os chatos dos utentes, que são um incómodo.

Estes anti troyka têm os seus salários pagos pelo empréstimo do FEEF. Os maquinistas da CP, os professores do ensino público, os profissionais da saúde pública, os trabalhadores da TAP etc etc são em 1ª instância os beneficiários do empréstimo que Portugal contraiu. Tal como uma parte da dívida contraída antes. Todos os que fazem do protesto a sua principal actividade são os que mais beneficiam com a esmola internacional. Porque bem vistas as coisas tem sido o Estado recorrendo a este dinheiro e ao dinheiro sugado aos contribuintes a manter a sua pornográfica dívida durante dezenas de anos. Para que eles possam manter os "seus direitos".

Eles são os únicos que estão em posição de poder fazer uma greve dia sim dia não sem serem corridos do emprego que muitas vezes têm grande dificuldade em justificar. E como qualquer bom português querem manter a todo o custo e se possível com horas extraordinárias em abundância e aumentos acima da inflação.

O que caracteriza o discurso destes activistas anti troyka é um completo desfasamento da realidade. É em última análise uma manifestação de um incrível egoísmo relativamente aos benefícios. Claro que falam em "nome de todos", mas na verdade estão a pensar apenas em si. Alguma vez eles saíram à rua pelos outros? Antes de lhes chegar ao bolso a eles? Naaahh.
Falam da constituição como se a letra escrita numa lei pudesse suplantar a realidade.

O emprego no sector privado não é nem nunca foi garantido.

Esta senhora estava chocada por João Salgueiro dizer que existe muito trabalho para fazer e não o choca se um licenciado o fizer. Acrescentou que havia muito médico, engenheiro e quadro superior a trabalhar nos mais diversos empregos no nossos país vindos sobretudo da Europa de Leste.
Mas esta senhora acha isto indigno. E é, até um certo ponto.
Mas ela defende que alguém fique quieto anos a fio com um "subsídio" garantido pelo Estado dizendo que não a todo e qualquer emprego só porque não encaixa naquilo que é a sua expectativa de licenciado? É assim que esta débil mental acha que se vai resolver o problema do desemprego jovem?
Quantas vagas acha esta fulana que vai haver para absorver todos os licenciados de trazer por casa que se produziram ao longo dos últimos 15 anos? Em coisas como Ciência das Religiões?

O Português tal como esta gente o concebe é um calão, cheio de direitos e sem qualquer dever, que devia pagar imposto 0 e receber ajudas do estado quando espirra.
Como é óbvio o Português não é assim. E esta visão do que é ser português é profundamente insultuosa para um povo que sempre soube sair por cima de qualquer situação sem necessidade de um estado paternalista e estúpido. E que seria ainda mais estúpido com gente deste calibre a pensar no destino do país.

Esta forma de pensar, esta mania de se chocar com tudo, de andar sempre a exigir desculpas e de se fingir muito sensível é a todos os títulos um vómito. Um vómito produzido por inúteis que só berram agora porque lhes mexeram no bolso. Antes disso acontecer não podiam estar mais alheios à destruição das estruturas do país. Desde que "o deles" chegasse mensalmente o país bem podia ir pelo cano abaixo.
Pois o país foi pelo cano abaixo. E podem vir para a rua lutar e perder tempo porque a economia não muda magicamente por decreto nem com manifestações.
Vivam com isso