Pequenos homens, grandes façanhas

Marques Mendes. O nódoa, para aqueles que se lembra.

Uns dos tais críticos sistémicos do governo de Passos Coelho foi mais longe ontem do que qualquer político tinha conseguido ir.

Numa crónica inenarrável não só referiu algo que não devia como se revelou na sua totalidade.

Começou por revelar em primeira mão que ia ter lugar um Conselho de Estado. Ora, sendo conselheiro, não me parece que seja muito correcto comportar-se como alguém a quem não se pode fazer nenhuma confidência. Não cabe de certeza a um conselheiro vir revelar que vai ter lugar um conselho de Estado.

Mas comparado com o que veio depois, esta inconfidência é uma coisa menor.
"Passos Coelho, com este conjunto de medidas apresentadas nesta altura deu um sinal político aqui. É de que já não acredita em ganhar eleições. É uma espécie de deitar a toalha ao chão, o que lhe pode vir, de resto, a criar problemas amanhã, dentro do partido, quando deputados, autarcas e gente perceberem que vão perder tudo. Agora, Paulo Portas não desistiu de ganhar eleições pelo que pode haver aqui uma clivagem".
A única coisa na mente destes indivíduos é o seu tacho futuro. A única coisa que os preocupa, e por isso o país está como está, é a perpetuação num lugar qualquer pago pelo Estado.

Na verdade eles não estão minimamente preocupados com o facto de o país se poder tornar em qualquer coisa de aproveitável.  Eles estão preocupados com o resultado das eleições seguintes que pode determinar o tacho a que podem ter acesso.

"perder tudo"... Porque não têm mais nada. Porque gente como Marques Mendes nunca foi nada sem o partido. E isso deve ser aterrador para quem sempre teve um nível de vida simpático e a bajulação de muitos pelo facto de ter poder ou de estar perto de quem o tem.

Até o facto de estar a comentar numa TV, certamente pago, só acontece pelo que foi na política.

É vergonhosa a forma como esta gente vê a política. Não se importariam nada de queimar o país desde que isso significasse que eles não perdiam nada.

Eu sabia que os comentários aparentemente "desinteressados" de toda esta gente tinha de ter alguma coisa por trás. Marques Mendes, certamente sob a influência de qualquer substância não mediu as palavras. Saiu-lhe. Foi o primeiro a deixar cair a máscara do interesse público e a focar-se exclusivamente nos "pequenos" interesses particulares. Nos quais certamente se encaixará o dele.

Pela revelação do Conselho de Estado que aparentemente não vai existir, a única coisa que o Presidente podia fazer era convidá-lo a deixar de ser conselheiro. Mas sabemos que um conselheiro não é demitido e sabemos que o facto de Marques Mendes ter sido o lambe botas de Cavaco também fará com que Cavaco não fala nada. Aos amigos perdoa-se tudo.

Mas quanto ao que ele disse do partido, é vergonhoso que isso não tenha consequências.

Pela primeira vez tinha ficado impressionado com um político que disse que punha o país à frente do partido. Se salvar o país implicasse perder as eleições, pois que as perdesse.

Infelizmente a corja que tem no partido não vê as coisas assim. Que se lixe o país. As eleições e os tachos estão primeiro.