Os media: Quase uma semana sem eles

Passei a quase totalidade da semana sem ver um noticiário ou ler um jornal. On line incluídos.

E convenhamos que se passa uma semana muito melhor.

Houve uma pequena excepção: Creio que foi ontem apanhei um jornalista "estagiário" a descrever as comemorações do 10 de Junho e a presença de Cavaco Silva nas mesmas.

O que ficou patente foi a necessidade quse patológica que estes jornalistas de trazer por casa têm de trazer outros assuntos a notícias que nada têm a ver com eles.
É mais que suficiente descrever as comemorações ou o sítio onde vão ter lugar sem ser necessário tecer comentários sobre a taxa de popularidade do PR ou de a atribuir ao facto de ele não demitir o Governo.
É dos tais casos em que a bucha "ideológica" é metida por um qualquer desgraçado a quem calho uma reportagem de exterior e ficou sem nada para dizer.

É nestes pequenos pormenores, e notem que foi o deslize da semana, que se nota até que ponto esta militância é constante e muitas vezes despropositada.
Como não vi mais nada de notícias, aquela referência soava completamente extemporânea e muito pouco isenta.

Não consigo entender como é que a SIC Notícias ou a TVI conseguem justificar estas linhas editoriais. Não entendo em que é que Balsemão aproveita com este tipo de campanha cerrada anti governo. Será para evitar a competição de uma RTP privatizada?Será por puro desleixo? Por ódio a Passos, como tantos outros "históricos" do PSD. Não consigo perceber e até agora todas as explicações não passam de especulações.

O que vejo é que estes jornalistas se borravam de medo com Sócrates e qualquer coisa errado que pudessem dizer e que agora num regime de "direita" "sem democracia" tudo lhes é permitido. Duvido seriamente que tenham assessores a telefonar a directores tecendo criticas em relação ao alinhamento noticioso. Nem os vejo a dar tempo de antena a membros do Governo para defesa de casos pessoais obscuros. Sócrates tinha direito a um tempo de antena interminável. Hoje não há qualquer comparação com essa bem oleada "máquina de propaganda".

A tal imagem da ilegitimidade ou a exacerbação de uma suposta clivagem entre parceiros de Governo foram sem dúvida nenhuma os motes da imprensa nacional. Andam nisto há meses. E ficaram especialmente tristes quando perceberam que Cavaco pouca atenção lhes deu. Esperavam porventura uma espécie de Sampaio. O PR de todos que fez um favor ao PS e por tabela arranjou uma enorme chatice para o país inteiro.

A esquerda vê-se como detentora de um direito inquestionável ao poder. Quando estão eles foi o "povo" que assim quis. Quando estão os outros o "povo" quer que eles saiam. Mesmo quando se compara um governo incompetentíssimo como o 2º de Sócrates, monoritário e vitorioso à custa de manobras puramente eleitoralistas com o de Passos que é nem mais nem menos que um governo maioritário.

Este direito divino ao poder que a esquerda acredita deter, é parte da "narrativa" mediática todos os dias que passam. A direita má e a esquerda boazinha.

Mesmo que a esquerda não tenha programa a não ser o mesmo que o do Governo. Sem dinheiro para esbanjar nem banca a quem pedir emprestado, a esquerda terá de alinhar pelo diapasão da Troyka sob pena de um ano após a sua gestão se ver confrontada com outra bancarrota.

E os media, desavergonhados, nunca fazem as perguntas difíceis. E convenhamos que fazer desmoronar Seguro com uma ou duas perguntas seria a coisa mais fácil do mundo. Tem apenas chavões, eleitoralistas para variar, que nunca poderão ser postos em prática.

Com tudo isto não admira que não tenha sentido falta da campanha de propaganda pro esquerda dos media. E foi uma semana bem melhor que a média.